História Submerso - kiribaku - Idiota

Meus ouvidos ainda chiavam, o pedido que eu fiz não saindo da minha mente um segundo sequer. Ele viria certo? Eu pedi olhando diretamente para ele! Estamos juntos a muito tempo, mas e se ele desistisse de mim por medo? Ou talvez eu realmente não valo o esforço.

Como ele estaria se sentindo agora? Feliz? Bravo? Com vergonha ou nojo? Apenas sacodi a cabeça, aceitando a água de Jirou enquanto ela se sentava do meu lado no banco de madeira do camarim.

– Você está muito nervoso, eu tenho certeza que ele vai vim – Ditou calma, bebendo sua água enquanto limpava o suor da testa com uma toalha.

– Como você pode ter tanta certeza? – Resmunguei incomodado, nossos colegas se amontoando para entrar na sala, mas Sero estava tentando os atrasar.

– Pra namorar com você, tem que ter coragem, porque noção não tem.

– Ora seu Pikachu maldito! – Eu iria me levantar para persegui-lo, mas eu estava cansado e preocupado demais no momento, não havia recebido uma mensagem sequer.

– Estou brincando, você sabe.

Me assustei ao ouvir um estrondo de onde Hanta estava, logo o banco foi rodeado de pessoas, todas falando ao mesmo tempo e fazendo minha cabeça doer.

– Calem a porra da boca malditos!!! – Vorifiquei irritado, fazendo as vozes diminuírem até ficar apenas burburinhos – Um de cada vez. 

– Você acabou de se declarar?! – Gritou a morena no meu rosto, quase cuspindo em mim.

– Não estava na cara? Ou você é surda? – Debochei, fazendo a cara de bolacha entrar em algum tipo de choque e flutuar.

Isso me fez refletir, ele era lerdo, mas não a esse ponto, certo? Estava bem explicito, mas ele sempre foi muito sonso, de qualquer jeito, ele tinha que vir, eu não sei o que fazer se ele não aparecer.

– E-Ele.... ele tem sentimentos – A olhei espantado, a raiva crescendo dentro de mim – Achei que era apenas um pinscher!  

– Quem é a garota?! – Gritou a esverdeada antes de eu brigar com a outra garota, a palavra ecoou pela minha cabeça e eu não soube o que responder.

– Ela é bonita? Legal?

– Meiga? Brava? Séria? 

– Gostosa?

– Cala a boca Mineta!

– Da nossa sala?

– Não é uma garota – O meio a meio disse calmo fazendo eu arregalar os olhos e engasgar, me perguntei como ele saberia daquilo, a sala ficou muito silenciosa e provavelmente Jirou tiraria sarro de mim depois.

– Nos desculpe Bakugou por supor que seria uma garota, em nenhum momento você citou sua sexualidade, mas foi muita besteira nossa já supor – Iida se pronunciou mexendo suas mãos para cima e para baixo, se eu não estivesse tão curioso e incomodado, eu teria rido da situação.

– Todoroki?! – A garota invisível, que eu nunca lembrava o nome, gritou do meu lado, eu literalmente não a tinha visto ali – É o Todoroki?!

– O que?! Não!! – Me levantei apressado, apontando para ele antes de eu infartar ali mesmo – Como caralhos você sabe que é um garoto?!

– Eu vi vocês no vestiário outro dia, fui buscar minha bolsa – Explicou simples, fazendo eu virar um pimentão, eu só queria entrar dentro de um buraco e nunca mais sair de lá.

– O que você viu?! – Perguntei nervoso, provavelmente eu teria um colapso antes de saber minha resposta.

–  Vocês estavam conversando e começaram a se beijar, então eu sai de lá... não queria ser uma vela e eu tinha mais coisas para fazer – Explicou calmo, arqueando uma sobrancelha, seu sorrisinho de lado odioso se abrindo – Por que você está com essa cara?

– Por que ein, biribinha? – Provocou a alien, ficando do meu lado em um segundo para fazer meu ouvidos doerem ainda mais – Fizeram alguma coisa lá que não podia?

– C-Cala a boca! – Desviei dela, voltando a me sentar no banco para beber água, tentando me acalmar, ele estava demorando tanto – Eu não fiz nada de errado.

– Espera, se o Bakugou é gay – Revirei os olhos por aquele toco de amarrar jegue estar abrindo a merda da boca – Isso quer dizer que um dos maiores concorrentes da sala está fora?

– Eu nunca disse que era gay! E eu ainda vou ser um herói, isso não muda nada.

– Ele está falando do ranking de garotos mais desejados da UA – Kaminari se pronunciou, parecia cansado daquela conversa.

– Mais algum garoto está fora também?

– Pare de ser idiota!

– B-Bem... – O esverdeado chamou atenção tímido, e eu nunca fiquei feliz com o fato dele estar roubando atenção – E-Eu.

– O que?! – Iida se pronunciou inconformado – Por que não me contou?

– Eu sabia! – Se vangloriou a morena, dando um sorriso de fora a fora vitoriosa – Eu ajudei ele a conquistar o boy!

– Estamos namorando – O bicolor interferiu, entrelaçou as mãos, sorriu pequeno, quase tímido.

– Sabia! Eu não disse que eles estavam estranhos?! – O Pikachu berrou no meu ouvido, amaldiçoei todas as suas futuras e passadas gerações.

Logo um novo burburinho se formou na sala sobre o novo casal, não me importei, apenas acenei de cabeça para eles e voltei a encarar a porta esperançoso, mas a cada minuto que se passava eu ficava mais nervoso.

– Ele vai vim, deve ter se distraido no caminho, você sabe como ele é – Tentou me consolar, falhando de novo, apenas pirragueou e apontou para a porta – Tem gente da nossa turma chegando até agora e acho que de outra turma também.

– Jirou, era para ele já ter chego.

– Você disse que ia esperar por ele a noite toda.

Concordei com a cabeça a contra gosto, respirei fundo e esfreguei o rosto nervoso, ansiedade me corroendo. Devia ter se passado uns dez minutos para o assunto voltar para mim.

– Como ele é? É da nossa sala? É bonito? Legal? Bravo? Sério? – Voltaram a me bombardear de perguntas, mas eu não podia entregar quem era ele sem sua permissão, prometi isso para mim mesmo.

– Eu não posso falar – Kyouka concordou com a cabeça do meu lado, dando tapinhas no meu ombro – Vocês são um bando de fofoqueiros e eu não vou espalhar por aí a não ser que ele aceite.

– Faz sentido já que você não falou o nome dele no show – Resmungou alguma das garotas, mas eu já não sabia qual.

– Fala só um pouquinho sobre ele – Resmungou Uraraka, eu já estava ficando de saco cheio dela.

– Eu não--

Parei a frase ao meio depois de ouvir um baque da porta de ferro, meus olhos correndo instantaneamente para lá. Aconteceu tudo muito rápido, mas minha mente conseguiu fotografar a cena em câmera lenta. Senti seus braços abraçando minha cintura, me envolvendo delicadamente e com carinho, então quando eu menos percebi, estava sendo girado no ar.

Segurei em sua camiseta, o pânico de cair e bater de cara no chão vindo com tudo. Enrosquei minhas pernas na sua cintura, ele continuava girando e eu me perguntei como a gente não se estabacou no chão, quando eu fiquei tão leve assim?

– Tsukiiii! – Me encarou com aqueles enormes olhos rubros, seus dentinhos pontudos formando um sorriso radiante. Eu conseguia sentir sua respiração ofegante, nossas testas coladas e um pequeno sorriso se desenhando no meu rosto.

– Achei que não viria – Fui sincero, sussurrando para só ele ouvir, e não o bando de patetas berrando atrás de nós – Seu idiota.

– Isso chega a ser uma ofensa para mim! – Bufou inconformado, fazendo um bico emburrado logo em seguida – Eu precisei pegar uma coisa no quarto antes, só isso.

Resmunguei me desgrudando do seu abraço, um pouco chateado por ele ter se preocupado mais com outra coisa do que comigo. Logo já estava um amontoado de pessoas envolta do ruivo, seria uma longa noite.