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História Subversos - Contos da Escuridão - O Sedutor das Sombras - V


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Este capítulo tem um ritmo um pouco lento, é como uma introdução para a chegada do meu personagem favorito, o CONDE D, que será o protagonista do quarto conto.


Espero que gostem e não deixem de comentar.

Capítulo 15 - O Sedutor das Sombras - V


Capítul Cinco: Vagante

[Douglas]

 

Aquela semana passou lentamente.

Cinco dias haviam passado desde a aparição do Homem Que Ri e nenhuma morte ou tragédia havia acontecido, o que me trazia alívio, mas ao mesmo tempo receio de que a qualquer momento meu alívio se transformasse em desespero e dor.

Foram os cinco dias mais longos da minha vida. Não dormi direito, não trabalhei direito e como se isso não bastasse, Vilma simplesmente andava mais estranha do que o habitual. Por alguma razão, ela aparentava estar desesperadamente faminta por carne o tempo inteiro. Quando não estava comendo, estava na biblioteca fazendo pesquisas.

Durante aqueles dias, não houve um momento em que eu não me pegasse olhando para a casa de Esteban tentando imaginar o que ele poderia estar fazendo. No começo, tentei acreditar que tudo era algum tipo de invenção minha, mas era impossível fugir da realidade quando lembrava do corpo de minha tia congelado em meu freezer, pelo menos parte dele, já que Vilma se livrava de um pedaço sempre que podia.

Ѫ

Era uma manhã de domingo. Eu estava cansado de conviver com as lembranças macabras que aquela casa despertava em mim, por isso resolvi pegar minha bolsa e bater perna no único lugar decente da cidade, o Centro de Compras Vassago, quem sabe assim eu obtivesse alguma resposta.

Na entrada do lugar havia uma homenagem ao meu pai, o principal idealizador do projeto. Parei e observei sua fotografia por um instante. Havia um brilho em seus olhos que eu não lembrava existir, era como se meu pai não fosse o mesmo após a inauguração do dia 02 de julho de 1999. Como isso era possível? Poderia o dinheiro ter o poder de corromper tanto uma pessoa? Tudo bem que papai nunca foi atencioso e sempre se preocupou excessivamente com o trabalho, mas sua mudança foi brusca demais, coisa que nunca fez muito sentido pra mim.

Passeei por algum tempo e parei em frente a uma loja de pelúcias, lembrando-me do quando eu gostava de ursos. Minha mãe costumava me dar um por semana de presente, mas com o tempo, acabei deixando de gostar, papai dizia que minha inocência havia passado e que eu precisava me desapegar daquelas coisas, mas a verdade é que talvez os ursos fossem a única coisa que me fazia lembrar da inocência que um dia fora roubada de mim.

Segurando uma lágrima cheia de melancolia e tristeza, suspirei e caminhei até os elevadores. Um segurança me parou e me informou que dois dos elevadores estavam quebrados e que eu deveria pegar apenas o último à esquerda. Agradeci a informação e segui em frente.

Para a minha sorte, o elevador estava lá, parado, como se esperasse por mim. Havia um rapaz de cabelos grisalhos segurando um manequim. Ele trajava terno azul e devia ter um pouco mais de 1,70 de altura, com os braços fortes e peito másculo. Não pude deixar de notar o quanto ele era cheiroso.

O cumprimentei timidamente e ele logo deu um riso abafado, percebendo meus olhares nada discretos. Olhei para o chão, envergonhado.

Apertei no botão equivalente ao terceiro andar e logo a porta fechou.

Suspirei tentando pensar num assunto, mas antes que eu conseguisse falar qualquer bobagem, as luzes apagaram e o elevador parou. Apertei os botões aleatoriamente e nada aconteceu.

— Que porra tá acontecendo aqui? — berrou o rapaz se aproximando de mim e apertando os botões também — Ficamos presos. Que droga!

— Podemos tentar abrir a porta e sair. — Sugeri e obviamente, fui ignorado. Ele começou a gritar por socorro, mas ninguém parecia ouvir, na verdade, tudo estava em completo silêncio, exceto pelo som de nossas respirações e berros.

— Acho que podemos tentar. — Concordou ele, com a voz rouca. Nesse instante, eu podia sentir seu bafo quente no meu rosto. A sensação de não enxergar nada além do escuro era desesperadora.

A situação estava ficando cada vez mais assustadora. Fiquei com tanto medo que peguei as portas com as duas mãos e tentei separá-las com a ajuda do rapaz. Consegui me espremer pelas portas e pulei para o corredor, logo em seguida ele veio com certa dificuldade.

Ѫ

Já estávamos longe das portas quando ouvimos um gemido metálico e, em seguida, um estalo alto. Assim que nos viramos, o elevador de repente caiu cerca de quatro centímetros. Fiquei feliz por estarmos fora de lá.

Só então, ouvi uma risada fraca. Parecia o riso de uma criança. Houve um forte estrondo e o elevador estremeceu, como se tivesse sido atingido por uma tremenda força vinda de cima. Caiu um pouco mais. No espaço entre o elevador e o teto, vi uma pequena mão emergir da escuridão. Era a mão de uma criança. 

Recuei contra a parede, incapaz de me mover. O rapaz de terno azul começou a se desesperar enquanto um grito terrível ecoava vindo do elevador e, enquanto eu observava, a lacuna ficava cada vez maior. Na penumbra, eu podia distinguir claramente um rosto que saía da abertura. Era o rosto de um menino de oito ou nove anos. Ele olhou diretamente para o rapaz em desespero e sorriu. Foi nesse instante que o garoto se virou e vi que metade de sua cabeça simplesmente não estava lá. Era apenas uma bagunça sangrenta.

— O que você quer? — perguntei quase sem voz.

O garoto gargalhou alto e então, de suas costas, um longo tentáculo negro se ergueu e perfurou o rapaz de terno azul, que ficou paralisado enquanto o tentáculo parecia lhe sugar de dentro para fora.

Soltei um grito e corri o mais rápido que pude. Eu precisava sair daquele lugar infernal.

Desci as escadas e antes de chegar ao final, tropecei e bati a cabeça com força.

Quando abri os olhos, eu não mais estava naquele lugar bizarro, mas estava novamente no Centro de Compras Vassago. Tudo estava normal e algumas pessoas me olhavam como se eu fosse louco.

— Douglas! Como… O que aconteceu com você? — perguntou Vilma saindo de uma livraria e correndo para me ajudar a levantar.

— Eu não sei… havia um rapaz de terno azul e uma criança com um tentáculo… aí eu caí e voltei pra cá… eu… preciso sair daqui!

— Sim, vamos. Tenho que te contar tudo o que descobri sobre esse lugar e acredite, aqui é o último lugar onde você gostaria de estar.

Ѫ

Vilma me tirou do Centro de Compras apressadamente e me levou para um restaurante na orla. Sem perder tempo, jogo uma pilha de livros sobre a mesa e começou a folheá-los desesperadamente. Permaneci calado. Eu ainda tentava entender o que tinha acabado de acontecer.

— Olha isso! — disse Vilma mostrando uma página cheia de palavras minúsculas. Fingi entender, mas na esperança de que ela explicasse. Vilma revirou os olhos — Esses livros são sobre a História de Vassago. Aqui diz que a cidade sempre foi cercada por mistérios, mortes e desaparecimentos através dos tempos e não é só isso. Dá uma olhada! Em 1969 moradores alegaram ter visto a presença de seres que pareciam humanos, mas que não eram humanos. Esses seres tinham expressões vazias e se satisfaziam com a maldade. E, de acordo com o mapa, os avistamentos foram todos em um ponto específico da cidade, e adivinha só qual ponto é esse?

— Não faço ideia.

— É o mesmo lugar de construção do Centro de Compras Vassago!

— E o que isso significa exatamente?

— Não tenho certeza e, pra ser sincera, nem sei se devo acreditar nisso, mas, o fato é que o índice de acontecimentos estranhos aumentou desde a inauguração daquele lugar, que, acredite ou não, coincide com o dia em que minha mãe e meu padrasto surtaram. No mesmo período aconteceram uma série de coisas estranhas e casos em solução.

— Como por exemplo, a mudança repentina do meu pai. — falei reflexivo.

— Acho que seu pai libertou alguma coisa quando construiu o Centro de Compras Vassago naquele lugar, o que nos leva ao Esteban e ao seu estranho comportamento quando te encontrei. O que disse que tinha acontecido mesmo?

— Bom, eu… peguei o elevador e tudo ficou escuro. Havia um rapaz comigo. Nós conseguimos sair do elevador, mas então uma criança com metade da cabeça o matou e eu fugi. Quando dei por mim, estava caindo da escada e então você me encontrou. — Vilma me olhava pensativa.

— Você apareceu caindo da escada, de repente. Foi como se estivesse em dois lugares ao mesmo tempo, ou passando de um lado para o outro, mas por quê?

Ficamos em silêncio por um instante. Nossos olhares denunciavam o quanto tudo aquilo soava como uma grande loucura.

De repente um vento forte soprou, assustando as poucas pessoas que ali estavam. Folhas voaram por todos os lados e nuvens pesadas e escuras começaram a ameaçar uma terrível tempestade.

Mesmo com toda a escuridão que havia se formado, uma luz se destacou do outro lado da rua, num letreiro azul e vermelho, piscando incessantemente e atraindo nossa atenção:

 

“GABINETE DE CURIOSIDADES DO CONDE D!”

 

PRÓXIMO CAPÍTULO: O CONDE


Notas Finais




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