História Suddenly " l.h - 8° Capítulo

Me aproximo vendo o quão o céu estava limpo, a lua o preenchia com as estrelas. Sento-me no chão, abro uma das garrafas, fito o céu bebendo o líquido vermelho que desce com dificuldade, porém continuo a beber.

Não me tinha a certeza de quanto tempo eu estava ali, só me lembro de ver uma silhueta conhecida pelos meus olhos castanhos, era ele. Luke me viu e logo veio sentar-se junto à mim, levanto com uma certa dificuldade, o mesmo apenas me puxa, sua mão era muito fria e quente ao mesmo tempo, não sei explicar aquela sensação. Abaixo ao lado dele que me fita com seus olhos indescritívelmente azuis cristal. 

Ficamos nos olhando, eu não conseguia tirar aquela cena dele beijando a tal garota, desvio o olhar e volto a olhar o céu estrelado.

"Porque desviou o olhar?" Luke pergunta, mas não consigo responder, é como se tivesse algo prendendo as minhas palavras, tento abrir a boca e dizer o que eu queria, tento mas não tenho sucesso. Ele ainda está me encarando, por um instante me deparo perguntando-me o porquê de tudo ser tão confuso, há minutos vi uma cena horrível se passar na frente dos meus olhos, do garoto que mais gosto pegando uma de suas "vadias" e agora tenho essa sensação tentadora dos mesmos olhos azuis, dos mesmos cabelos claros, do garoto puto por quem acho estar apaixonada.

Percebo que não o respondi, sinto que ainda estou sendo observada por Luke, que logo volta a soltar sua voz rouca e calorosa.

"Porque não se vira para mim e, me olha Collins" sinto minhas pernas fraquejarem, é uma sensação boa, mas ruim, não sei ao certo o que ele me causa.

"Para que eu tenho que te amoolhar, Luke? Não tem tantas olhando pra você?" finalmente digo ainda encarando o lindo céu.

"Foda-se, quem disse que para beijar alguém precisa estar se olhando?" sinto meu braço ser puxado bruscamente vendo que nossa pele estar em contraste uma com a outra, a língua de Luke pede passagem e eu concedo, nossas línguas dançam uma espécie de dança sem fim, é uma combinação tão perfeita e ao mesmo tempo tão errada, apenas consigo sentir seus lábios em toque aos meus, violentos lábios tocando lábios calados e inseguros. Nesse momento quero apenas que ele me tome para si e me faça ver o que ele próprio me causa.

Estamos nos beijando, estou perdendo os sentidos, não quero ser tão fácil e cair como uma luva nas mãos de Luke, quero isso mas, não posso conter, ele é quente e frio, ele é chuva e sol, tempestade e neblina, é ódio e amor. Fico nos meus devaneios me soltando de seus beijos.

Sou encarada pelo garoto que sempre amei desde que o vi, aqueles mesmos olhos estão confusos, apenas pego na garrafa bebendo alguns goles ali em sua frente, caminho com dificuldade até a porta da varanda que dá nos corredores dos quartos, vou em direção ao meu e percebo passos atrás de mim.

"Você não pode fugir de mim Collins!" a voz de Luke me deixa estremecida, apenas continuo a andar até a porta do quarto.

Não respondo Luke e adentro o quarto fechando a porta; pego em uma blusa de frio azul e em uma calça igualmente moletom e as deixo em cima da cama, faço um coque simples nos meus fios castanhos que logo deixam a mostra minha pele pálida, adentro o banheiro e ligo a ducha que começa a cair sobre meu corpo.

Ao terminar meu banho, posso sentir o frio que vem da pequena janela do banheiro, saio do box e penso em pegar a toalha que sempre deixo ali, mas percebo que a mesma não está no lugar, o que foi "ótimo". Vou ter que sair do banheiro nesse frio. Ignoro a situação e escovo os dentes logo saindo do banheiro. Fecho a porta, me viro não querendo acreditar no que vejo.

"Porra Luke! Você é doido ou quê?" grito e pego uma toalha e me enrolo, olho para ele que está a brincar com seu piercing, maldito objeto em sua boca.

"O que? Ficou com vergonha de eu te ver assim? não deveria ter se coberto com a toalha Collins" diz o ser que com nenhuma preocupação está em cima da minha cama deitado e encarando o nada como sempre.

"Se eu não me engano é essa roupa que você vai vestir não é? Vai ficar parada aí?" ele pergunta ainda sem olhar pra mim e meio que agradeço por isso.

"Sim, vou me vestir! Quer sair do meu quarto?" digo dando de ombros, caminhando até onde estava minhas roupas.

"Tudo bem, vou sair, mas não me esqueci do nosso beijo" ele diz essas palavras confusas e fico apenas o encarando sair. Será que ele é mesmo o Luke que eu imagino que seja? Oh, como você me deixa confusa Hemmings.

"Não vai falar nada?" ele mais uma vez pergunta e desvio o olhar do mesmo, não consigo dirigir a palavra à ele, não sei o porquê. Fico ainda ali sem palavras me odiando por ter deixado a porta apenas encostada, agora o garoto que eu tanto amo está em minha frente a me olhar querendo resposta. Pego em minhas roupas e vou em direção ao banheiro e o tranco, dessa vez sem ninguém poder invadi-lo. Me visto e desmancho o coque agora, deixando meus cabelos encaracolados.

Abro a porta e não vejo ninguém, Luke por certo foi embora. Me aproximo do criado mudo onde estava meu celular, lembrando de que ainda estava a acontecer uma festa no andar de baixo. O ecrã do meu telemóvel brilha e vejo o número de Mell na tela, deslizo meu dedo aceitando a ligação.

Ligação On#

"Onde você está garota?" ela diz e não escuto música que à minutos tocava.

"Aqui em cima. A festa acabou?" pergunto.

"Sim, liguei para avisar que estou indo" fala e eu sou tomada pela dúvida se Luke iria com ela.

"Ok! Luke vai com você?"

"Não, há uns dez minutos passou aqui que nem um furacão, nem me disse nada" ela diz e eu apenas assinto.

"Nathan está por perto?" questiono ao perceber que esqueci totalmente de meu irmão.

"Não, ele subiu na hora que viu que não tinha mais ninguém na casa, todos foram embora. Nat deve ter amado a festa" diz com uma voz estranha, logo lembro do Luke me disse.

"Oh! que bom que ele gostou Mell, sinal que tivemos uma boa ideia, mas porque está dizendo assim?!" questino, a ouvindo suspirar ao outro lado.

"Nada Sam, apenas disse o que eu percebi" responde.

"Tudo bem! Pode ir agora, estou enrolando você. Está bem tarde" digo olhando para o relógio na parede que marca 01:44 da manhã.

"Verdade, tchau Sam" ela se despede e eu faço o mesmo.

A minha mente é tomada pelo acontecimento da noite.
Ele é um veneno e, eu não ligaria se ele acabasse por me envenenar.

*