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História Suffocating Memories - Beauany - Capítulo 49.


Escrita por: Gih_Maiaa

Notas do Autor


Oi, oi, oi! 😘😘😘
Tô de volta com mais um capítulo dessa fic de meu Deus! 🙈🙉🙊
Atrasei um pouquinho porque tava com a família reunida, acabei perdendo a hora...

Espero que gostem! 🤗🤗
Desculpe os erros! 😅
Tenha uma leitura em paz! ✌🏻🖤

Capítulo 49 - Capítulo 49.


We're dancing on the edge of anxiety's ledge

And I might fall again, I might fall

We're walking on a rope of worry and I hope

That I don't fall again, I don't fall


Take me somewhere I can be

I can be myself

Oh, take me somewhere I am free

Free to be myself, and nothin' else


(Be Myself - Why Don't We)


Josh Beauchamp

Abri os olhos lentamente, sentindo leves cócegas em meu peito, imediatamente um sorriso me surgiu nos lábios. Any Gabrielly ainda dormia, a respiração ritmada e suave, precisei controlar-me para não tocar sua pele macia e correr o risco de acordá-la. A garota não tinha tido a noite mais fácil, e, mesmo após tudo que fizemos, pude sentir sua inquietação durante o sono.

O pesadelo de Cookie voltou à minha cabeça para atormentar meus pensamentos e me fazer desejar com todas as forças a morte de alguém, e, naquele instante, me senti indigno de estar ao lado daquela mulher que parecia tão tranquila e relaxada em seus sonhos. Mas porra, se algum dia ficasse frente a frente com o merdinha que fez tanto mal a minha noiva, eu seria capaz de matá-lo sem nem um resquício de piedade.

Soltei um longo suspiro de frustração, desejando com ânsia ter estado com ela no dia em que tudo aconteceu, simplesmente para poder proteger a mulher que tanto me faz bem. Encarando-a uma última vez, comecei a me afastar o mais devagar possível, eu sabia o quanto Any precisava descansar. Fiz o caminho do banheiro e me enfiei sob a água quente, não demorando mais que alguns minutos para me aprontar para meu primeiro dia no inferno.

Lancei uma olhadela em minha noiva, ainda adormecida, e depositei um beijo carinhoso em sua testa. Em seguida, fazendo o mínimo de barulho possível, deixei o quarto com uma pesada expiração. Seria um longo dia e, tenho certeza absoluta, não estou nem sequer um porcento pronto para reencontrar Riley e aguentar todas as merdas que serei obrigado a ouvir durante o pouco tempo em que permanecerei aqui.

Reunindo o máximo de paciência, fiz o caminho que me levaria ao local onde encontraria meus avós. E assim que cheguei na ponta da escada, tive vontade de retornar ao quarto, juntar todas as minhas coisas e partir dali com minha noiva. Mas eu jamais faria isso, além de ter dito para Cookie que estaria pronto para vir, tinha meu orgulho para não deixar-me desistir.

Levei um pequeno susto ao sentir uma mão quente apertar meu ombro, não precisei me virar para saber que era Any. Só soube que estava parado por mais tempo do que o esperado, quando fitei minha noiva e a encontrei com um sorriso doce e reconfortante que somente ela poderia dar, tentei repetir seu gesto e falhei miseravelmente.

- Bom dia, amor. - sussurrou contra meus lábios, seu hálito de menta fazendo cócegas em minha pele.

- Bom dia, Cookie. - respondi, tentando soar o mais calmo possível, ainda que não me sentisse de tal forma.

- Andei pensando, já que estamos no Canadá e aqui tem bastante gelo, bem que você poderia me levar para patinar outra vez. O quê acha?

- Acho uma ótima ideia! Depois do café vou levá-la à pista de Edmonton. - senti-me um pouco aliviado por não precisar passar tanto tempo na presença de alguém que me ama tanto quanto um nazista ama um judeu.

- Agora vamos, estou morta de fome. Alguém esgotou todas as minhas energias ontem... - Any Gabrielly riu, apertando minhas bochechas e beijando meus lábios levemente.

- Não me arrependo de nada! - afirmei e um sorriso malicioso se formou em meu rosto, antes de permitir que ela se afastasse, murmurei - E pretendo esgotar suas energias toda noite, pelo resto de nossas vidas.

Cookie corou, mas o brilho em seus olhos de chocolate me fizeram ter certeza de que era exatamente isso que ela desejava. O simples pensamento de ter aquela garota só pra mim o resto da vida, conseguia me fazer sentir o cara mais sortudo de toda a história.

A mão de Any entrelaçou-se a minha e me deixei ser arrastado escada abaixo, esquecendo por um instante que encontraria alguém que me odeia. Paramos na porta da sala de jantar, onde os donos da casa tomavam seu desjejum. E assim que meu olhar encontrou o de Riley, senti meu estômago revirar e querer devolver o quase inexistente conteúdo que ainda estava por lá.

- Ah, vocês já estão acordados! - começou minha avó quando percebeu o clima pesado que se instalou no ambiente - Sentem-se para tomar café, devem estar com fome. O quê gosta de comer, querida? Posso pedir para Myra trazer...

- Não se preocupe. Eu como qualquer coisa, senhora. - falou Cookie e um pequeno sorriso se espalhou por seu rosto.

- O quê pretendem fazer mais tarde? Josh, querido, por que não leva Any para conhecer... - vovó não teve tempo de concluir sua sugestão, já que a voz áspera de Riley a cortou.

- Então esta é sua noiva, Joshua?

Ergui meu olhar até o de Riley, sentindo-me incomodado por ter de responder. Em um movimento discreto, Cookie repousou sua mão esquerda em minha perna, em uma tentativa de acalmar-me.

- Riley, essa é Any Gabrielly, minha noiva. - respondi sem vontade de falar com ele.

Senti os olhos escuros do homem avaliando-a de maneira meticulosa e notei quando Any Gabrielly parou de respirar, um leve tremor percorreu seu corpo e fez o máximo para escondê-lo. Levei minha mão direita para sua coxa e deixei-a descansar lá, repetindo seu gesto com a mesma intensão.

- Sempre achei que você acabaria casado com Courtney. Ela é uma boa garota, vem de uma ótima família. - resmungou meu avô, desviando o olhar. Qualquer outra pessoa não teria percebido, mas eu percebi quando o coração de minha noiva se afundou ao entender que não havia passado na análise.

Silêncio.

As bochechas de Cookie assumiram um tom de vermelho pela vergonha e ela fitou o prato vazio em sua frente. O revirar no estômago me fez ter certeza de que não conseguiria comer nada, e o aperto em minha perna, chamou-me a atenção. Any estava envergonhada e, provavelmente, com vontade de desaparecer. Minha expressão se fechou um pouco mais ao encarar Riley, queria socá-lo por fazê-la se sentir mal.

- Vamos Cookie? - perguntei, encarando-a e senti minhas maçãs do rosto esquentarem. Me senti envergonhado por usar o apelido já tão familiar em meus lábios. Ouvi o riso debochado de Riley, tive vontade de saltar sobre a mesa e apertar seu pescoço, aquele cara já estava me tirando do sério com toda aquela arrogância.

- Onde vocês vão, querido? - minha avó se dirigiu a mim, apertando o garfo em suas mãos com um pouco mais de força.

- Vou levá-la para patinar um pouco. Eu estava ensinando Any Gabrielly a patinar no gelo.

- Hum. - Riley voltou a resmungar, provavelmente não gostado do fato de ela não saber fazer algo tão simples para ele.

- O Brasil não é um país muito conhecido pelo gelo, então... - tentou explicar, mas o sorriso no rosto de vovó dizia que estava tudo bem Any não saber patinar.

- Então foi essa garota que te fez ir ao Brasil, Joshua? - questionou o homem com um sorriso de escárnio estampado no rosto.

- Essa garota tem nome, e exijo que seja usado. - retruquei com raiva, usando um tom agressivo e muito parecido com o de meu avô.

- Abaixe o tom para falar comigo, garoto! - alertou o Beauchamp mais velho, o rosto ríspido e desgostoso - Você me deve respeito.

- Assim como você respeita aqueles que possuem uma opinião diferente da sua? - voltei a retrucar, um sorriso debochado no rosto.

Any tocou minha mão para chamar atenção e meus olhos suavizaram assim que encontraram os dela. Porém, senti que minha postura continuava tensa.

- Amor, se acalma. Não me senti ofendida, deixa isso para lá... - sussurrou ela, em suas íris pude ver a suplica para que saíssemos logo de lá e deixássemos Riley discutindo sozinho.

No fundo, tudo que eu queria era simplesmente poder ignorar cada uma das palavras que ele dizia, mas ainda não consigo fazer isso. Uma pequena parte de mim, sempre termina magoada por ouvir palavras tão hostis de alguém que já foi meu herói, alguém a quem sempre tentava orgulhar. Caralho, eu sou patético.

Any entrelaçou nossos dedos e fomos juntos para o quarto.

- Trouxe seus patins? - perguntei, encontrando os meus dentro da mala.

- Sua mãe disse que eu não poderia esquecer, então aqui estão eles. - ela ergueu o par de botas azul com lâminas na parte inferior que eu havia lhe dado meses atrás.

Um sorriso preencheu meus lábios ao lembrar da noite em que presenteei minha noiva com o par de patins que Priscila me ajudou a escolher, foi a primeira vez que dissemos "eu te amo" um para o outro, e também a primeira vez que disse essas três palavras para alguém que não fosse da minha família.

- Pode pegar meu casaco que está na sua mala, por favor? - perguntei depois de revirar minhas coisas e não encontrá-lo.

Cookie me entregou seus patins para que pudesse guardá-los junto com os meus e voltou para sua mala, pegando minha jaqueta jeans e sua bolsa.

- Acho que podemos ir, certo? - questionou ela, ajeitando a gola de minha camisa com um sorrisinho no rosto.

- Vamos.

No instante em que saímos do quarto ouvimos o barulho da porta da frente sendo fechada e a voz de meu avô cumprimentando o neto querido, fechei os olhos em agonia. Aquele não era um bom momento para reencontrar e ter de lidar com Riley, tinha acabado de sair de uma breve discussão com o outro Riley e não estava nem um pouco afim de encontrar meu primo.

- Fica calmo, em breve estaremos em casa. - Cookie murmurou próxima ao meu ouvido, sua mão apertando a minha levemente. Um sorriso ladino pequenino apareceu em meus lábios.

Minha garota conduziu a nós dois às escadas, porém, assim que paramos no topo senti seu corpo tensionar e seus dedos apertarem os meus, no mesmo instante em que o calor que sempre emanava desapareceu. Virei o rosto a tempo de ver a cor de sua pele, Any Gabrielly estava mais pálida do que eu.

- Cookie, está tudo bem? - perguntei de forma tosca, sabendo que alguma coisa de errado tinha acontecido.

- Jo-Josh é ele. - Any ergueu os dedos trêmulos para apontar na direção de meu primo, mas antes que tivesse tempo de questioná-la sobre o que estava acontecendo, minha noiva desmaiou e por muito pouco não desabou escada abaixo.

- Any! - gritei assustado, meu corpo tão trêmulo quanto o dela instantes antes.

A cabeça de todos se voltou em nossa direção e o olhar surpreso do Riley mais jovem me fez desconfiar de que não sabia sobre minha chegada.

- Priminho, então você veio... - Riley continuou falando e um brilho malicioso surgiu em seus olhos. Mas eu estava pouco me fodendo para o que aquele merdinha dizia, tudo que era importante naquele momento era o corpo inerte de Any Gabrielly.

Passei um braço por trás de suas pernas e o outro por suas costas, erguendo-a do chão e me pus a caminhar de voltar para meu quarto.

- Por favor, acorda Cookie... Minha doce Cookie. - sussurrei em seu ouvido, as palavras saindo como uma prece desesperada. Não havia me dado conta da presença de minha avó, até que sua mão pousou na maçaneta e abriu a porta para que pudesse entrar no cômodo e depositar Any sobre a cama.

Passei meus dedos por suas bochechas, sentindo a frieza de sua pele e a fina camada de suor que recobria seu rosto. Os lábios antes rosados, agora tinham a coloração quase tão clara quanto da neve que se espalhava pelo chão da cidade. Aproximei minha testa da dela e senti sua respiração fraca bater contra mim, meu coração batia ensandecido por ver Any Gabrielly naquela situação. Um súbito medo invadiu-me por não saber o que fazer, meu corpo estava petrificado e não conseguia forças para mover um músculo sequer e encontrar uma forma de fazê-la despertar.

- Querido, você precisa fazer com que Any inspire isso para que possa acordar. - a voz de minha avó era calma, provavelmente em uma tentativa de diminuir toda aquela apreensão que eu sentia por ver minha noiva desmaiada.

Estiquei uma das mãos para pegar o algodão que me era oferecido, mas eu tremia tanto que sabia não ser capaz de segurá-lo. Me senti impotente por não conseguir fazer uma tarefa tão simples, ainda mais que no dia anterior fiz exatamente a mesma coisa para ajudar Juny, após ela descobrir sobre o noivado, mas agora, não era capaz de ajudar Any Gabrielly.

- Eu não consigo, minhas mãos estão tremendo demais... - sussurrei, minha visão turva pelas lágrimas não derramadas.

Vovó empurrou-me levemente, obrigando-me a sair de cima da garota de olhos fechados e pele pálida. Queria ser mais útil, mas o fato de Cookie estar desmaiada não colaborava em nada com meus nervos, alguma coisa a tinha assustado e eu precisava saber o que era para resolver e apagar a preocupação dela.

O resmungou fraco que escapou dos lábios de Any, fez-me virar em sua direção outra vez e encarar o franzir de seu nariz e cenho ao sentir o cheiro forte de álcool, provavelmente. Meu coração voltou a bater e meus pulmões voltaram a funcionar assim que fitei as íris chocolate que sempre me faziam ter esperança, ela ainda estava assustada com seja lá o que for.

- Ah meu Deus, obrigado. - agradeci em um murmúrio, sentindo a alma finalmente voltar ao corpo.

A mão de minha avó descansou em meu ombro, acalmando-me um pouco mais. Seu sorriso dizia que tudo ficaria bem, mas eu só acreditaria nisso quando minha noiva dissesse com suas próprias palavras.

- Cookie, você está... - ela assentiu devagar, os olhos brilhantes com uma camada de lágrimas prontas para escorrer.

- Querido, podemos conversar por um instante? - nem sequer me dei ao trabalho de encarar Juny, apenas neguei veemente.

Minha noiva apertou meu braço, indicando que eu poderia ir. Com um último olhar ansioso, levantei e acompanhei vovó até o lado de fora do quarto.

- O quê aconteceu com sua Any, Josh? - seu tom baixo o suficiente para que a conversa ficasse apenas entre nós.

- Eu... Eu ainda não sei, vó. Ela passou por algumas coisas quando ainda morava no Brasil, quase teve depressão e, apesar de não acontecer com tanta frequência ultimamente, Any sofre com ataques de pânico. - expliquei e sem perceber encarei a porta encostada do quarto.

- Sinto muito, querido. Mas... Alguma coisa séria deve ter feito isso com ela hoje e você vai precisar ter calma para lidar com tudo. - concordei, sabendo que precisaria ser paciente para compreender tudo o tinha acabado de acontecer com a mulher que amo.

- Sei disso, e bom, Any e eu sabemos lidar muito bem um com o outro. - respondi otimista, ainda que no fundo temesse o que estava por vir, o aperto no peito indicava que coisa boa não poderia ser.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, apenas me encarando.

- Eu reparei no jeito que você ficou depois que Any desmaiou... - vovó fez uma pausa, para em seguida prosseguir - Quando Ursula me disse que você estava namorando, não imaginei que estivesse tão ligado assim a essa garota. Ela parece boa.

- Ela é a melhor, e eu a amo. Amo Any Gabrielly com todas as minhas forças, ela faz parte de mim e sei que faço parte dela. Aquela garota está no meu coração, vovó.

- Reparei querido, é possível ver todo esse amor em seus olhos! Eles sempre brilham quando está perto ou simplesmente falando nela, assim como os dela fazem com relação a você. - ela sorriu e eu retribui.

Toquei na maçaneta para retornar ao quarto, mas minha vó segurou meu braço para impedir. Encarei-a confuso, esperando que ela dissesse alguma coisa.

- Sobre o que aconteceu mais cedo com seu avô...

- Não se preocupe, não me importo com o que ele diz. - comentei ríspido.

- Querido, ele só... - Juny parou, olhando no fundo dos meus olhos - Ele só não sabe como agir perto de você, Riley sabe que errou ao tratá-lo daquele jeito anos atrás. - vovó esperou alguma resposta vinda de mim, mas não obteve nada, então acrescentou - Eu te peço, meu filho, tenta relevar o que seu avô disser.

Eu apenas assenti, finalmente abrindo a porta e entrando no cômodo onde minha noiva estava deitada. Assim que a avistei, minha postura relaxou, um pouco de toda a tensão se esvaindo.

- Como você está? - indaguei, sentando-me ao lado dela e entrelaçando nossas mãos.

Any apenas piscou, os lábios se inclinando minimamente.

- Fiquei tão assustado quando te vi caindo... - acariciei as maçãs de seu rosto com ternura, apreciando a pele macia que começava a ganhar cor outra vez.

- Meu super-herói me pegou, ele sempre me salva. - sua voz estava fraca e fez meu peito se apertar.

Eu não disse nada, apenas colei nossas testas e fechei os olhos, nós dois fechamos. Cookie interrompeu nosso silêncio com um tom temeroso.

- Tenho que te contar uma coisa, mas preciso que me prometa que não vai fazer nada, Josh.

Franzi o cenho para suas palavras, sabendo que Any Gabrielly me diria algo que me faria desejar socar alguém bem específico.

- O quê foi, Cookie? - afastei-me dela apressado, a expressão de preocupado causando vincos em minha testa.

- Aquele garoto que estava lá embaixo, quem é?

- Meu primo, Riley. Viemos para o aniversário dele. - respondi desconfiado. Any se sentou e brincou nervosamente com os dedos sobre o colo - Você está me deixando preocupado, por que está perguntando sobre aquele babaca, Cookie?

- Josh... - as lágrimas começaram a anuviar seus orbes e a respiração perdeu o compasso.

- Any Gabrielly, me diz logo. - exigi, soando mais irritado do que deveria e a forma como ela se retraiu me fez suspirar - Tudo bem, me desculpe, eu não deveria ter falado assim com você.

- Antes de dizer qualquer coisa, você precisa me prometer que não fará nada, Joshua.

Bufei, não queria prometer sem saber o que era antes. Talvez eu não conseguisse cumprir minha promessa, e se tinha uma coisa que não queria, era decepcionar Any Gabrielly.

- Me promete? - insistiu.

Não encontrei outra forma de fazê-la prosseguir, então simplesmente disse.

- Tudo bem, Cookie, eu prometo. - minha noiva ergueu o mindinho e esperou até que eu o envolvesse com o meu.

- Riley, seu primo, é o mesmo garoto que tentou... - ela não precisou terminar, pois entendi perfeitamente onde Any queria chegar.

- Filho da puta!

Comecei a me levantar, tudo em minha frente estava vermelho, minhas mãos coçando para enrolarem-se em um pescoço e apertar até que todo o ar de seus pulmões fossem roubados. Riley tinha sido o filho da puta, desgraçado, que havia tentado estuprar Any Gabrielly, o ser mais doce e incrível que já cruzou meu caminho. Eu tinha que matar aquele merdinha e nada poderia me impedir, nem mesmo o fato de ir parar atrás das grades, estava pouco me fodendo para isso.

Any segurou meu braço com força, impedindo meu avanço até meu alvo. Fitei-a com olhos furiosos.

- Você prometeu que não faria nada! Josh, por favor... - lamentou ela, mas eu não conseguia entender o motivo de tudo aquilo. Any Gabrielly deveria ser a primeira a desejar a morte daquele estupradorzinho de merda - Você não pode piorar ainda mais a relação com sua família, Josh. Não pode, não por minha causa!

- Aquele arrombado tentou abusar de você, não vou perdoá-lo nunca. Nunca, está me ouvindo? - sussurrei, porém, com a força que usei para pronunciar cada uma das palavras, mais parecia que estava gritando.

- Eu já estou bem, amor. Superei essa história no dia em que me entreguei para você, não vamos reviver tudo aquilo...

Naquele momento eu não estava com raiva, estava possesso e louco para fazer com que Riley conhecesse o diabo antes do previsto. Meu corpo inteiro tremia de ódio, cada ponto exalando como estava me sentindo, mas a mão de Any forçando seu peso contra meu braço impedia meu avanço. Afastei-a com um empurrão fraco, jamais machucaria minha noiva como aquele filho da puta ousou fazer.

- Eu não vou permitir que aquele... Aquele... - não consegui terminar, já que Any colou sua boca na minha com brutalidade.

Senti o toque de Any Gabrielly passear por meu couro cabeludo, aproximando-nos ainda mais, sua língua brincando com a minha e explorando todos os cantos já conhecidos por ela. Meu cérebro nem sequer ousou pensar em qualquer coisa que não fosse minha Cookie, agarrei sua cintura com minhas duas mãos e a apertei junto a mim com força. Nunca tínhamos dado um beijo tão bruto e furioso. Para falar a verdade, nunca tinha feito isso com ninguém, e eu não costumava ser delicado com nenhuma das garotas com quem trepava.

Ainda que meu peito clamasse por ar, Any parecia faminta e agarrava a gola de minha camisa para impedir que me afastasse. Senti seus dentes puxarem meus lábios e antes de separar nossas bocas de uma vez, deixou um último beijo no local.

- Já estou bem, amor! Nós estamos bem, não precisamos reviver essa história. Por favor... - implorou ajoelhada sobre a cama, os olhos brilhantes e ao mesmo tempo suplicantes.

- Não posso deixá-lo se safar dessa, Any. Riley tentou te estuprar, não pode ficar impune! - retruquei.

- Eu não quero relembrar aquilo, não quero reviver as minhas piores lembranças... Porque é isso que vai acontecer, Josh, assim que você confrontar seu primo, vou ser obrigada a lembrar de tudo.

Percorri os fios em minha cabeça, bagunçando-os um pouco mais e depositando toda minha frustração naquele gesto, deixei um grunhido escapar e me afastei da cama.

- Isso que está me pedindo... - comecei a resmungar de costas para Any - Me prometa, preciso que você me prometa uma coisa para que eu possa ficar mais tranquilo. - virei-me na direção dela e a vi concordar - Se Riley ousar respirar perto de você, vai me contar imediatamente!

- Prometo. Prometo que vou fazer isso. - Cookie veio até mim e voltou a me tocar, em seguida sussurrou próximo aos meus lábios - Obrigado, amor.

Neguei lentamente com a cabeça, encostando nossas testas.

- Que poder de convencimento, hein senhorita Soares?

Any Gabrielly riu, beijando-me de uma vez. Ela não me permitiu sair daquele contato por um longo tempo, mantendo-me em seus braços, apertei-a contra mim desejando poder proteger a garota mais incrível que já cruzou meu caminho.

- Eu te amo. - minha voz sussurrada, para que as palavras permanecessem apenas entre nós.

- Eu te amo. - respondeu ela no mesmo tom, os braços envolvendo meu pescoço com carinho - Para sempre?

- E depois, minha pedra.

Envolvi o corpo de Any outra vez, sentindo o leve tremor que antes me passara despercebido, e lamentei não ter notado mais cedo, minha noiva dizia ter superado tudo o que viveu naquela fatídica festa, mas seus tremores diziam o completo oposto. Se eu não estivesse tão furioso, teria percebido imediatamente a mentira estampada em seu belo rosto.

- Agora vamos, ainda quero te levar para patinar um pouco. - avisei, seus dedos apertando os meus em resposta.

Eu sabia que Any ainda não estava pronta para estar no mesmo cômodo que Riley uma segunda vez no mesmo dia, então nos guiei até a porta dos fundos e saímos sem que ninguém percebesse. Minha noiva apertou minha mão em um agradecimento silencioso, mas que respondi da mesma forma. As ruas canadenses ainda estavam cobertas por uma fina camada de neve e o brilho nas íris chocolate fizeram o músculo em meu peito se agitar, como em todas as outras vezes que Cookie estava por perto. Caminhamos por alguns metros, havia poucos anos desde a última vez em que estive naquele lugar, mas desejei nunca ter estado ali. Poderiam colocar uma venda em mim que eu ainda seria capaz de encontrar o caminho certo para um dos meus lugares favoritos no mundo.

Talvez fosse clichê, mas as árvores formando um arco sobre nós tornava o passeio um pouco mais romântico. Um suspiro escapou por meus lábios assim que paramos em frente ao lago congelado, tudo em volta coberto pela neve e do outro lado da margem era possível ver os pequenos chalés. Any parecia encantada com a visão em sua frente.

- Josh... - ela girou em seu próprio eixo, analisando o lugar - Esse lugar é incrível! Como o encontrou?

- Eu estava fugindo um pouco daquela casa e Jonah veio atrás de mim, ficamos andando sem rumo por um bom tempo e então chegamos aqui. Desde então esse se tornou nosso lugar. - contei.

- E eu deveria mesmo estar aqui? - perguntou receosa, entretanto, não parecia nem um pouco afim de retornar para meu inferno particular.

- Sim, você deveria. Jonah e eu prometemos um para o outro que cada um só poderia trazer uma única garota até aqui, e teria que ser aquela que fizesse nossos corações disparar e a respiração ofegar... E bom, encontrei essa garota em você.

- Amor, isso é tão...

- Brega? - sugeri, fazendo-a revirar os olhos.

- Eu ia dizer fofo. É uma das coisas mais fofas que vocês poderiam fazer!

- Não sou fofo, sou foda, Cookie. - retruquei, roubando-lhe um beijo - Mas agora vem, porque viemos até aqui para patinar.

- Tem razão, vamos!

Any tomou a mochila que estava comigo, sentou-se em uma das pedras próximas e começou a descalçar os tênis para colocar as botas azuis com lâminas, repeti seu gesto e graças a minha prática, terminei primeiro. Ajoelhei em frente a cacheada e a ajudei a amarrar o cadarço dos patins, apertando-os na medida exata para que não ficassem nem frouxos e nem apertados demais.

- Pronta? - indaguei, entrelaçando nossos dedos e auxiliando-a para que ficassem de pé sobre as lâminas.

- Sempre! - afirmou com convicção.

Ao contrário da última vez em que esteve em um rinque de patinação, Any Gabrielly não temeu cair e nem ao menos hesitou quando deixei que tentasse deslizar sem minha ajuda. Seus pés corriam graciosamente de um lado a outro com maestria, como se já tivessem feito tais movimentos milhares de vezes. O sentimento de orgulho que preencheu meu peito se espalhou por todo o corpo assim que a vi arriscar um pequeno salto, acompanhei de perto seu reconhecimento de espaço, fazendo o mesmo.

- Acho que você está pronta para participar de uma Olimpíada! - comentei, fazendo-a me encarar.

- Com certeza traria uma medalha de ouro pra casa, não acha?

Assenti, segurando a risada e acelerando os movimentos das minhas pernas. Fiz um salto um pouco mais elaborado que Dytto me obrigou a aprender anos antes, não imaginava que aquilo me seria útil algum dia.

- Onde aprendeu isso? - perguntou ela, parecendo surpresa por minha habilidade.

- Dytto me forçou a aprender... - resmunguei, querendo evitar o nome da garota, mas não tendo outra opção. Talvez tivesse chegado a hora de conversarmos sobre ela.

- E quem é Dytto? E Courtney? - Cookie cruzou os braços em frente aos seios, esperando por minha resposta.

Suspirei, não estava nem um pouco afim de falar sobre isso agora.

- Seus avós falaram sobre ela, quero saber de quem se trata. Só isso, Josh.

- Tudo bem, se você insiste tanto... - Any assentiu - Ambas são a mesma pessoa, mas Court não gosta de ser chamada pelo nome, então criou o nome de Dytto. Nós nos conhecemos quando pequenos e mesmo depois que minha família se mudou para Los Angeles, todas as vezes que tivemos que voltar aqui, ela estava me esperando na varanda de sua casa. Acabamos nos envolvendo mais do que o esperado...

- Assim como seu envolvimento com Charlie? - o tom era um pouco amargurado, talvez ciumento.

- Sim, Cookie. Nós tínhamos uma relação baseada em sexo, eu sabia que ela queria alguma coisa mais séria, mas tudo que poderia dar era isso, nada mais. Eu sabia que a Dytto não era a garota certa pra mim, não podia alimentar falsas esperanças. Basicamente é isso, depois que passei a evitar esse lugar, perdemos o contato e cada um foi pro seu lado...

Ela ficou em silêncio por alguns instantes, mas depois de um longo suspiro, perguntou.

- Vamos encontrá-la na festa do seu... - a voz falhou e senti a forma como seu corpo estremeceu - Na festa do seu primo?

- Ainda não sei, Riley tinha uma quedinha por Dytto. Mas ela nunca deu bola, só queria a mim.

- Hum... - em um movimento brusco Cookie se virou em minha direção, o indicador apontado em riste - Se você ousar se engraçar para o lado dela, juro que arranco suas bolas e penduro na porta do nosso futuro apartamento!

Arregalei os olhos, surpreso com sua explosão de ciúmes, ainda que não haja a mínima possibilidade de eu sequer olhar para Courtney. Não quando tenho Any Gabrielly Rolim Soares, quase Beauchamp, como noiva.

- Estamos entendidos, Joshua Kyle Beauchamp?! - insistiu, ficando na ponta dos pés para que ficássemos da mesma altura.

Tudo que fui capaz de fazer, foi assentir. Mas ao que parece não foi suficiente para ela, já que seus olhos brilharam faiscantes.

- Sim, mais do que entendidos!

Em instantes toda a raiva dela se dissipou, voltando a ser a criatura doce que geralmente é.

- Acho que agora podemos voltar a patinar, certo amor? - concordei, ainda em choque pela repentina mudança de humor.

Porra, o que diabos estava acontecendo com a minha garota?!

Estamos dançando no limite da borda da ansiedade

E posso cair de novo, posso cair

Estamos andando em uma linha de preocupação e eu espero

Que eu não caia de novo, eu não caio


Me leve a algum lugar onde eu possa ser

Eu posso ser eu mesmo

Oh, leve-me a algum lugar que eu seja livre

Livre para ser eu mesmo e nada mais


Notas Finais


Pessoal, quero pedir desculpa pela demora pra atualizar.
Com essa história de volta às aulas em 100%, ando não conseguindo escrever tanto quanto gostaria... 😥
Também quero avisar que provavelmente essa história não vai demorar muito pra acabar, mas ainda teremos alguns capítulos importantes pela frente. 🙌🏻
E não se preocupem, a próxima história já está em processo de escrita, e modéstia à parte, estou gostando muito de como está ficando.

Espero que tenha gostado! 😘🖤
Até a próxima! 👋🏻
Beijos! 💋💋


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