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História Summer Holidays - Sterek - Uísque


Escrita por: c-r-u-e-l-l-a

Notas do Autor


oioi, só queria avisar que hoje não temos avisos. beijos e boa leitura <3

Capítulo 6 - Uísque


Mudo a posição das almofadas em cima do sofá pela décima vez, fingindo estar insatisfeito. A casa inteira ainda está uma bagunça, mas não posso sair da sala agora, o Derek e a Maddy estão discutindo na cozinha e apesar de me sentir péssimo, não consigo parar de ouvir.

— Você não é mais uma criança, Madeleine. O que você fez ontem foi intolerável! — Derek exclama alto. Ele está furioso, realmente furioso.

— Estávamos apenas nos divertindo, qual o problema?! — Maddy o responde no mesmo tom de voz. Eles começaram a gritar um com o outro a cerca de dois minutos. 

— “Qual o problema”? “Qual o problema”? A polícia me telefonou, Madeleine. Os vizinhos fizeram uma denúncia por causa da música alta e dos jovens importunando a vizinhança! Se eu não tivesse visto a ligação eles viriam até minha casa e eu seria preso, consegue compreender isso? Havia cerca de cinquenta menores de idades na minha casa bebendo e fumando. Onde você estava com a cabeça?!

— Eu já pedi desculpa, ‘tá legal? O que mais você quer de mim?

— Eu quero que não aja como uma criança imatura. Eu quero poder confiar em você!

— Confiar em mim? — Maddy ri, uma risada alta e forçada — É claro que você não confia em mim, você não sabe quem eu sou há sete anos. Você sumiu da minha vida, você me viu crescer por telas. — Ela grita, mais alto agora — Não conhece meus gostos, meus amigos. Qual a minha comida preferida, pai? Você sempre esteve ausente e agora quer me cobrar confiança?

Me sento no sofá e começo a roer minha unha de tanto nervosismo. A essa altura eu não consigo fazer mais nada além de escutar a conversa dos dois. Me sinto mal pela Maddy, mas também pelo Derek. Consigo entender um pouco dos dois lados e também me sinto culpado. Eu devia ter feito alguma coisa ontem para impedi-la, não devia ter deixado chegar naquele ponto, devia ter visto que tudo aquilo não era apenas diversão, mas também provocação. Eu vi a Maddy chateada momentos depois do Derek sair, e a ideia da festa surgiu nesse mesmo curto período de tempo. Como eu pude ter sido tão idiota?

— Não estamos falando sobre isso, Madeleine. — Derek diz com a voz mais controlada, porém ainda rígido. 

— É claro que é sobre isso, Derek. — Maddy por outro lado continua a gritar — Já parou para pensar que nada teria acontecido se você estivesse aqui? Se não tivesse me largado para ir trabalhar em menos de uma semana que estamos juntos “de férias”?

Derek não a responde dessa vez. Tudo fica em silêncio por alguns segundos, então eles retornam a falar de maneira inaudível para mim, murmurando de forma rápida e raivosa, impossível de acompanhar. Contenho à imensa vontade de ir até lá escutar mais de perto e volto a arrumar a sala, recolhendo todos os copos descartáveis vazios que estão espalhados pelo chão.

Alguns minutos depois de muita tensão, passos do salto do coturno pesados e apressados começam a ecoar no piso da casa e aumentam à medida que se aproximam do cômodo onde eu estou. Arremesso os últimos copos dentro de um saco preto de plástico e viro-me. Maddy entra na sala e me encara, seus olhos estão avermelhados de lágrimas contidas.

— Maddy… — Eu sussurro, pensando em algo para dizer.

— Não venha atrás de mim. — Ela pede gentilmente — Preciso de um tempo.

Aceno com a cabeça e ela caminha apressadamente até a porta, abre-a e atravessa, batendo com força ao fechar. 

Quando me viro para continuar de onde parei, noto a presença silenciosa do Derek na sala também. Ele está parado encarando a porta fechada, suas mãos estão encaixadas na calça jeans preta e seu rosto tem uma expressão ilegível. Não aparenta mais estar tão furioso, mas mesmo assim cálculo o que dizer para que toda a fúria dele não se volte contra mim.

— Ela vai ficar bem. — Murmuro numa tentativa de ajudar em algo.

Derek olha para mim. Seus olhos verdes parecem estar mais escuros e ameaçadores, mas não consigo quebrar o contato visual com ele. 

O silêncio entre nós dois se estende. Por um lado, é melhor do que gritos e ofensas, mas por outro é insuportável não saber qual vai ser sua próxima atitude. Ele vai me mandar voltar para minha casa? Vai dizer que é tudo culpa minha? Vai me proibir de ver a Maddy esse verão? Será que ele vai contar para o meu pai tudo o que eu fiz nesses últimos dias, inclusive da maconha?

Derek não precisa dizer nada para me punir, minha mente já está me torturando. 

— Eu sinto muito. — Eu sussurro, porque não suporto mais o silêncio entre nós.

Derek balança a cabeça, exalando profundamente. Quando penso que ele finalmente vai dizer algo, ele vai em direção a porta da sala, agarra sua jaqueta em cima do sofá no caminho e sai de casa, me deixando sozinho no silêncio. 

 

 

Arrumar a casa inteira sozinho foi realmente um sofrimento, mas também um pouco terapêutico. Depois de uma hora sem notícias do Derek e da Maddy, conclui que eles não voltariam tão cedo e aproveitei a casa inteira só para mim. Liguei o som no último volume e limpei todos os cômodos, a piscina e até mesmo aparei a grama. Todo esse trabalho me custou o dia inteiro e muita dor na coluna, mas também me distraiu de qualquer pensamento ou paranoia.

No final da tarde recebi uma mensagem da Maddy, ela disse que estava na casa do mesmo garoto que estava transando ontem e está bem. Me mandou algumas fotos para mostrar que estava sóbria e segura, a localização atual dela pelo GPS por questões de segurança, prometeu voltar antes das 23h e pediu insistentemente para eu não contar nada ao Derek. 

No início, fiquei um pouco receoso em esconder essa informação do Derek depois de tudo que aconteceu recentemente. Entretanto me senti menos preocupado quando cheguei à conclusão de que ele deve nem voltar hoje.

 

São 20h13 e eu decidi assistir um filme de terror para encerrar a noite. Não sou fã do gênero, mas é uma ótima opção para me distrair. Enquanto estou preocupado em descobrir qual personagem vai ser a próxima vítima do monstro não consigo me importar se o Derek vai me expulsar assim que voltar para casa, ou se eu estraguei o verão não sendo um amigo responsável – e qualquer outro pensamento que envolvem Derek, eu, beijo, festas e Maddy –.

Fecho a porta do microondas, programo alguns minutos e enquanto a fica pronto vou até a bancada da ilha central e apoio meus cotovelos nela com o celular na mão para ver memes no Twitter.

Arrasto o dedo na tela, mas não tenho tempo de ler nada. Um barulho incomum na sala de estar chama minha atenção e eu faço silêncio, tentando escutar mais alguma coisa.

— Merda.

É a voz do Derek. Suspiro mais calmo, eliminando a possibilidade de alguém estar invadindo a casa. 

Eu escuto um barulho novamente, dessa vez é a mesa de centro raspando no chão. 

— Merda! — Derek repete mais irritado dessa vez.

 Deixo o celular em cima da bancada e caminho em direção a sala. As luzes estão acesas e Derek está agachado recolhendo algo do chão. Atravesso o sofá e me aproximo dele sentindo um forte cheiro de uísque. Eu esqueci de limpar alguma coisa? 

— Derek? Precisa de ajuda?

Ele ergue a cabeça, olha para mim e eu me arrependo no mesmo instante de ter vindo até aqui recebê-lo, com certeza eu sou a última pessoa que ele quer ver hoje e…

— Stiles! — Derek exclama estranhamente feliz e abre um sorriso tão largo que faz suas bochechas tocarem seus olhos.

Ele está sorrindo para mim?

— Uau, a casa está ótima. — Derek se apoia no sofá e se levanta com dificuldade, cambaleando para os lados — Você é ótimo, Stiles. 

Franzo minha testa, tentando assimilar o que está acontecendo: forte cheiro de uísque, Derek sorrindo, roupas e cabelos bagunçados, falta de equilíbrio, “você é ótimo, Stiles”… Puta merda, puta merda.

Derek está bêbado!

— Você bebeu? 

A reposta está óbvia, mas ainda assim não consigo acreditar que ele ousou voltar para a casa dessa forma depois de tudo o que me disse ontem e depois da discussão com a Maddy hoje.

Derek põe seus dedos em seus lábios e dá um sorriso torto para mim.

— Shhh! A Maddy não pode saber. — Ele sussurra e ri em silêncio.

Droga, ele está muito bêbado. 

— Eu concordo, você precisar ir para a cama.

— Não diga o que fazer, eu sou o adulto aqui. 

Seu tom é firme e ele ficou sério de repente. Abro a boca, pensando no que dizer ou como me desculpar, mas Derek começa a rir, uma grande gargalhada.

— Você acreditou. — Ele caçoa, ainda rindo.

Reviro os olhos, mas estou sorrindo. Derek bêbado é brincalhão. Brincalhão e ainda mais bonito. Seus cabelos estão levemente bagunçados, ele está sem jaqueta, descalço, com alguns botões da camiseta abertos, mas o detalhe mais me chama a atenção é que ele não para de sorrir.

— Derek, a Maddy não pode descobrir que você está bêbado, certo?

Ele confirma, parando de rir.

— Então você precisa se esconder, precisa ir para o quarto.

— Hum… faz sentido.

— Faz, não é?

— Então eu vou.

Derek começa a andar, mas não consegue dar quatro passos sem tropeçar no carpete ou em seus próprios pés. Me aproximo desajeitadamente e coloco meus braços em sua cintura porque dificilmente ele vai conseguir as escadas sozinho. 

— Eu vou te ajudar, se apoie em mim.

Ele realmente faz o que eu peço e de repente sinto o peso dos músculos do seu braço no meu ombro me empurrar para baixo. Respiro fundo e com muito esforço começo a andar. Agora estamos quites.

— As suas pintinhas no rosto são muito bonitas, sabia? — Ele se inclina para mim e toca meu rosto, quase nos batendo. — Você tem muitas delas no seu corpo também, sabia?

Eu estou concentrado demais em não cairmos para prestar atenção no que ele está falando. Tudo que consigo assimilar é a parte “pintinhas bonitas”, que me deixou extremante envergonhado. Meu Deus, ele está tão bêbado. 

— Derek, anda. Precisamos chegar no seu quarto. 

— Ok. — Ele diz como se estivesse tentando se concentrar. — Quarto.

— Isso. Seu quarto.

Levamos o triplo de tempo que uma pessoa normal leva para subir uma escada. Mas depois de muito esforço e dor no ombro, estamos no corredor. 

— Já estamos no quarto? 

— Falta pouco.

Abro a porta com uma mão e empurro com meu corpo para entrarmos no quarto. Levo o Derek até a cama e o coloco sentado. 

— Eu não quero dormir. 

— Apenas se deite, eu vou pegar um remédio para você. Vai se sentir melhor.

— Eu não quero remédio.

— E o que você quer? Um lobisomem que sapateia?

Mais risadas. 

— Você é engraçado.

— E você está bêbado.

— Sim.

Ele sorri e fica em silêncio, acho que pensando sobre isso.

— Eu vou buscar o remédio.

Ameaço virar-me, mas sou surpreendido quando a mão do Derek segura meu braço e me puxa para ele, fazendo-me ficar em sua frente, entre suas pernas. Se eu perdesse um pouco mais do equilíbrio estaria sentado em seu colo agora. Sinto meu rosto arder de vergonha somente com a ideia. 

— Fica aqui. 

— Eu não vou demorar. 

Ele ainda está segurando meu braço. Me mantendo próximo dele, tão próximo que consigo sentir o cheiro do seu gel e perfume misturado com o forte cheiro de uísque caro. Tão próximo que eu poderia tocá-lo com apenas um esticar de braço.

— Senta. 

— Derek, eu…

— Por favor. — Ele sussurra suplicante. 

Seus olhos esverdeados me encaram. Abro a boca e torno a fechá-la duas vezes. Eu devia negar, mas não consigo. Ele nunca pediu por favor.

Sua mão afrouxa no meu braço e eu me sento do seu lado com coração está disparado. Estamos muito próximos.

Olho para baixo, para os meus dedos, não consigo continuar encarando seus olhos verdes. Como vou sair dessa agora?

— Posso perguntar uma coisa?

— Já perguntou.

— Por que você parece sempre tão nervoso perto de mim? 

“Por quê?” “Por quê?”. Olho para ele, mas desejei não ter feito isso. Derek está me observando de perto, seus olhos verdes parecem mais intensos e brilhantes. É desconcertante, mas não de uma forma ruim. Esse é o primeiro dos milhares de motivos que existem.

— Está nervoso somente com a minha pergunta?

— Eu… — Eu não sei o que dizer. Mal consigo respirar. Estamos muito próximos. 

Derek sorri amplamente para mim, se inclina na minha direção e suas mãos tocam meu cabelo, arrumando-os para trás com os dedos. Fico com a respiração presa e não consigo me mover. 

— O que está fazendo? — Pergunto em voz baixa quando ele rodeia-me a orelha com os dedos e muito suavemente, acaricia o lóbulo.

Seus dedos causam um formigamento na minha pele e eu me sinto mais sensível. Isso não é bom. Preciso me levantar, preciso sair de perto dele, sei que o Derek sóbrio não tem o mínimo interesse em mim, mas o Derek bêbado me parece diferente... o jeito que ele me olha é diferente. Me faz lembrar a praia, o som das ondas, a areia no meu pé, os nossos lábios se tocando… 

Olho fixamente para a boca esculpida dele tão próxima de mim… Oh, não, não, não. 

Pensa na Maddy, pensa na sua melhor amiga, pensa na bola de neve que isso vai se tornar se você não levantar e sair do quarto agora. Pensa. Pensa. Pensa.

— Derek, nós não podemos…

— Apenas relaxe, Stiles.

Seu corpo se inclina mais um pouco e antes que consiga pensar em fazer algo, ele me beija.

Quando sinto a maciez dos seus lábios no meu não consigo mais resistir. Fecho os olhos com o coração batendo freneticamente e o sangue correndo disparadamente por todo meu corpo. 

Eu odeio uísque, mas na sua boca ele tem um gosto sensacional. Tudo no beijo do Derek é sensacional. Ele me beija lentamente, mas com urgência e fervor. Eu tinha me esquecido como isso era bom. Não foi a maconha, não foi o álcool, não foi uma memória falsa. Beijar Derek é fascinante, todos meus pensamentos viraram fumaça. Eu só consigo pensar no tanto que eu o quero. 

Uma de suas mãos me segura pela nuca e sua outra desliza pelas minhas costas e ele me aperta contra seu corpo, aprofundando nosso beijo. Ele também me quer. 

— Quanto tempo acha que temos? — Derek pergunta, sem parar de me beijar. 

Quando abro os olhos percebo que já estamos totalmente em cima da cama.

— Eu não sei, está tarde. Minutos, talvez?

Seus beijos descem em direção a minha mandíbula, queixo e pescoço. 

— É o suficiente.

Para o quê? 

Ele começa a desabotoar sua camisa desajeitadamente e se afasta um pouco para tirá-la do seu corpo. Oh. Meu. Deus. Eu farei tudo que esse homem quiser.

Derek agarra meu rosto e me beija novamente, mais exigente, sua língua e seus lábios desejando os meus. Suas mãos retornam para os lugares anteriores, minha nuca e minhas costas, mas dessa vez ele não para, sua mão segue avançando até meu traseiro e ele me conduz para cima sentar em cima das suas pernas.

O tecido da minha calça de moletom é leve e eu consigo sentir perfeitamente a ereção quando Derek me aperta contra seus quadris, me fazendo desejá-lo loucamente. Aqui e agora. Nada me faria mudar de ideia. 

— Stiles? Cheguei. — Ouço uma voz feminina e distante me chamar, e logo em seguida o barulho de coturnos pesados andando pela casa.  

Abro os olhos, atônito. Mais que bosta. 



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