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História Summertime sadness - Video games


Escrita por: lanadiamandis

Notas do Autor


Oi gente <3
Aqui está o prox cap. Explico mais nas notas finais <3

Boa leitura <3

Capítulo 12 - Video games


Fanfic / Fanfiction Summertime sadness - Video games

É para você, para você, é tudo para você.

Todas as coisas que faço

Eu te digo o tempo todo

O paraíso é um lugar na Terra com você

Diga-me as coisas que quer fazer

Eu ouvi que você gosta das garotas más

Querida, isso é verdade?

Isso é melhor que eu pensava

Eles dizem que o mundo foi construído para dois

Só vale a pena viver se alguém está te amando

E querida, agora você ama.

 

Mary

[Ma-ry] - do latim Maria, do grego Mariam, do hebraico Miryam. No novo testamento, a mãe de Jesus e santa em várias igrejas.

Mary.

Aquela que finge inocência.

Mary é comumente conhecida como aquela menina boa, por exemplo, a virgem Maria. Porém, Mary é uma menina má que nunca é pega.

Minha Mary.

Oh deus! Vocês não sabem o quanto eu estava feliz por ter aquela garota como a minha namorada. Era um titulo cujo eu imaginava francamente, nunca ser dado a ninguém. Eu nunca havia namorado alguma garota ou garoto antes. A ideia sequer passava na minha mente, por questões de própria falta de vontade nos assuntos pra mim “de adultos”. Afinal, eu estava cuidando do meu irmão pequeno, evitando ao extremo que ele visse as brigas em casa, assegurando-lhe com firmeza durante as noites sem estrelas que tudo estava bem e papai não iria embora de casa, o cobrindo, o dando seu leite na cama e ligando a luz do seu abajur, pois ele era muito medroso e os galhos da bétula do nosso jardim eram assustadores demais para um garotinho. Não me pergunte, não ouse me perguntar, qual era a localização da minha genitora, pois eu não sei lhe responder. As vezes as brigas eram feias e ela partia de casa, voltando apenas na noite do dia seguinte. Quando isso acontecia, eu não via o meu pai, pois ele se isolava no seu quarto e só saia para satisfazer suas necessidades físicas. Não nos falamos. E eu olhava em seus olhos machucados quando nos encontrávamos na cozinha, pela manhã, suplicava sem muito drama para que ele mentisse para o Tommy, ou o garoto iria chorando para a escola. Por esses motivos, eu não conseguia pensar em outra coisa além da minha família. Por causa disso, eu nunca tive um relacionamento.

Como ela era a minha primeira fonte de relacionamento saudável que eu estava tendo em anos, deixei me espelhar totalmente naquela garotinha. Tomei parte de sua personalidade para mim  (como vovó havia dito, eu não tinha uma personalidade fixa. Isso me fez pensar se eu era realmente tão maleável a ponto de ser uma pessoa “falsa” sem uma personalidade totalmente construída). Dentre das muitas coisas que eu comecei a fazer, vale destacar três:

Primeira, Mary era uma menina muito delicada. Ela gostava de prender o cabelo com tranças e fitinhas, enquanto eu usava rabos de cavalos usando elásticos de silicone. Sua roupa de manhã era perfeitamente impecável, seu material sempre estava arrumadinho sobre a mesa, os sapatos sempre brilhantes sob a cama e ela fazia questão de passar um creme da Victoria’s secret “Hello Darling” feito de nectarina com peônia ou como ela dizia “nectarine blanche et pivoine” – nota-se que Mary sabia um pouco de francês, um francês americanizado, meio arranhado por assim dizer, mas mesmo assim ainda era considerado francês.

Por causa disso, eu mudei meus hábitos. Meu uniforme e material sempre estavam arrumados assim como a minha cama, nada fora do lugar e eu sempre cheirando a cremes. Claro que ela percebeu, porém nada disse, somente sorriu – um sorriso vale mais do que mil palavras. Eu estava igual a uma garotinha, coisa que eu não sei se gostava.

A segunda coisa era como Mary era energética. Gostava de dançar, cantar, pular e jogar tênis. Pobre de mim, eu não conseguia ter fôlego para acompanha-la na maioria das coisas. Eu dançava pior que a vovó Bea, eu podia cantar bem – de acordo com a minha namorada – mas a timidez me impedia de soltar a voz, eu não sabia jogar tênis direito e bom, eu poderia pular só que eu não gostava. Passou-se certo tempo – na verdade, muitos anos – e eu ainda não conseguia acompanha-la em tudo aquilo. Na verdade, a única coisa que eu realmente conseguia fazer era dançar ao som dos clássicos do “ABBA” – vide dancing queen – e cantar algumas musicas que eu gostava para a loira. Sem contar que por causa dela que eu entrei no grupo de teatro da escola e eu estava progredindo consideravelmente. Para ter ideia, nossa professora estava a redigir uma nova peça para fim de ano e ela deixou claro que haveria uma garota como protagonista.

Como toda peça de final de ano, achei que fosse algo a ver com o natal. Rachel me contou que todos os anos a escola produzia uma peça sobre Jesus e seu nascimento e essas coisas, e parecia que em um ano Mary tinha sido a virgem Maria – nada peculiar – e ela atuou muito bem. Só que nesse ano a peça não teria fundo religioso, o que era estranho para uma escola católica, porque a professora estava querendo “renovar” as coisas por ali (eu soube que a senhorita Smith foi demitida dois anos depois de minha formatura e voltaram a fazer peças com cunho religioso).

E assim vamos para a terceira característica que adquiri da loira: O gosto pelas artes e literatura.

Não é um segredo que ela gostava de livros. Mary praticamente cresceu em uma livraria, com direito a centenas de exemplares dos mais diversos assuntos. E isso a tornou uma garota poética, que conseguia exprimir suas emoções pela escrita. Afinal, Mary era uma garota triste, melancólica e ao mesmo tempo surpreendentemente feliz. Havia beleza em sua tristeza. Havia algo de poético em sua dor, o que me encantava profundamente e também causava inveja, afinal nunca consegui fazer da minha dor uma fonte de inspiração para nada. A minha tristeza era nada além de pura tristeza, vazia e inconsistente, sem valor a agregar a sociedade, sem nada além de dor.

Digo isso com tanta asserção por conta do que ocorrera em uma das tardes nas quais a loira se retirava para suas ocupações na biblioteca da escola e me deixava só, em nosso pequeno quarto. Um dia desses tive a chance de encontrar uma pequena agenda de capa de couro marrom desgastado, jogado no canto da escrivaninha. Com letras garrafais ela escreveu:

“Todos os meus amigos me perguntam por que eu continuo forte

  Eu os disse que quando você acha o amor verdadeiro, você vive com ele

  Ah, é por isso que eu continuo aqui”.

Datado no final de abril de 2006, onde Mary deveria estar beirando seus dezesseis anos recém-feitos de vida, com toda a dor e instabilidade de uma adolescente problemática, assim tão igual a mim. Por isso eu digo, meus caros, em como ela era boa em conseguir transformar a sua dor em algo tão bonito quanto uma roseira.

Aos poucos, Mary foi me apresentando este mundo onde você poderia transformar seus sentimentos em palavras e cada palavrinha carregava um significado único que no final se transformava em um poema e minha dor antes impregnada em meu peito, se libertou indo de encontro as folhas de caderno pautadas.

Meu primeiro poema foi ovacionado pela loira. Na verdade, não continha nada além de um simples verso dedicado a ela:

“É para você, é para você, é tudo para você

Todas as coisas que faço

Eu te digo o tempo todo

O paraíso é um lugar na terra com você”.

E sem contar o amor que eu comecei a nutrir pelo teatro. A pequena mostrou-me o quanto era bom atuar, cantar, dançar, sorrir. Ela me deu algo para viver, ela me deu motivos. E essa felicidade recém-descoberta me rendeu elogios por parte da senhorita Smith, que ficou tão encantada comigo e com o meu amor pelo que eu fazia que decidiu me dar um papel de destaque em sua peça “O milagre de natal” – cujo qual ainda não tinha uma historia pronta, somente alguns personagens, como o meu, a “anja” Madeleine e o principal, príncipe Stuart, esse que por acaso era um dos garotos mais charmosos da escola e claro, um dos que mais me irritavam com seus olhares maliciosos. Ele tinha um grande fetiche por lésbicas, algo nada comum, então apenas imagine em como ele ficou quando soube que havia um casal de lésbicas na escola! Mesmo que fosse um boato (verdadeiro).

Até certo ponto, eu havia me negado a ser parte disso. Na verdade, eu não sabia que ela me escolheria. Eu era aquela menina quieta e introvertida que só tinha uma única amiga e gaguejava a cada vez que alguém diferente ia ao seu encontro. Como que eu poderia ter sido escolhida para ser um dos personagens principais?

Mary – que foi escolhida para ser parte do coral – disse que eu irradiava beleza e luz por onde passasse e todos conseguiam enxergar isso. Eu era talentosa, bonita e carismática, além de ter uma voz suave e cada vez que eu cantava – palavras da Mary – eu parecia um gatinho a miar. E ainda mais, ela havia dito que eu deveria fazer uma graduação em artes ou algo assim. Claro que eu não queria. Para ser honesta eu não sabia o que eu queria ao certo para a minha vida. Eu era somente uma menina de dezessete anos que ainda se perguntava se absorventes internos tiravam a virgindade. Eu ainda tinha aquele sonho bobo de dirigir o meu próprio conversível em uma estrada vazia, cantando clássicos no ultimo volume e rindo, rezando para não derrapar e morrer. Minha vida não tinha um rumo certo e isso me assustava.

– Sabe, deveria usar uma coroa de flores. Anjos usam coroas de flores na cabeça – a loira contemplou enquanto sentada em meu colo, folheando uma revista de moda e tendo seus cabelos penteados por mim.

– Onde eu vou arrumar flores?

– Eu compro pra ti! Considere isso como seu presente de aniversario.

– O meu aniversario é em junho.

– Ah! Presentinho adiantado!

– Não quero mimos, garotinha.

– Não são mimos! São flores. E você vai ficar muito linda com flores na cabeça, feito uma princesa. - Ela se acomodou melhor em meu colo, agora apoiando todo o corpo em mim - Carmencita, você é muito confortável, sabia? – disse esforçando-se para olhar para mim. Sua cabeça estava encostada no meu peito e minhas pernas começavam a formigar. 

– Você está me chamando de gorda, é?

Ela riu.

– Não diria gorda, eu diria confortável. Como uma almofadinha – eu lhe dei um tapinha na coxa desnuda, mas ela prosseguiu – Aquela almofada para gatos, sabe?

– Não vai me dizer que você é a gata?

– Meow meow, Carmen – eu beijei a parte de trás da cabeça da menina, sorrindo logo após. Ela era uma graça mesmo quando era infantil. Na verdade, eu adorava seu lado meigo de criancinha.

– Carmen, sabe o que eu estava pensando?

– Não, amor.

– Eu estava pensando... Estamos no final de outubro já.

– Sim, e?

– E tem o feriado de ação de graças chegando...

– Sim, verdade – eu joguei o pente na cama e passei a encara-la com dificuldade, mesmo que ela não estivesse fazendo o mesmo dada a sua péssima localização visual – O que está planejando?

– Bom... Nada ainda. Mas...

– Mas?

– Mas eu queria que viesse passar o feriado comigo e com a minha família.

Arqueei as sobrancelhas em pura surpresa. Ora, de onde esse papo todo estava vindo? Como ela podia sequer cogitar em uma ideia insana – eu adorava a Mary sendo louca, mas o louca voltada para o lado obscuro do sonho americano e não o louca de “ideias insanas envolvendo a sua família” – e me envolver nisso? Ela queria que sua mãe extremamente religiosa me matasse? Assasse-me ao invés do peru e me servisse para ser comida pela sua família?

– Não vi isso chegando – declarei estupefata – De onde tirou isso, garota?

– Você não gostou?! – ela se virou e seu semblante era um misto de tristeza com surpresa – Achei que iria gostar de conhecer minha casa.

– Não é pela casa ou por você, é por causa da sua família – desabafei totalmente sem pudor – Eu não sei se estou pronta para isso. Estamos namorando nem faz um mês!

– Antes de ser a minha namorada, você é a minha melhor amiga, Carmen. Pare de ser boba. Quero que me acompanhe porque eu gosto da sua companhia e não porque quero que minha mãe te aceite na família, como a minha namorada. Direi que és minha melhor amiga, oras!

– Ok, eu posso até ir contigo, Mary. Mas o que direi aos meus pais?

– Diga apenas a verdade, Carmen. Diga que quer passar o feriado comigo – ela fez uma pausa, presa em sua própria reflexão. Então, virou-se para a parede e começou a sibilar – Ora, seus pais não ligaram para você o semestre todo e estamos quase nas férias de inverno. Eles não iriam realmente se importar se você fosse passar o final de semana comigo na minha casa, iriam? Além do que, minha mãe está só com a minha avó e o tio. Não tem nem muita gente, vai ser bem tranquilo.

A ideia em si não era de todo o mal, mesmo que parecesse. Eu apenas estava arredia por se tratar de algo muito diferente da minha realidade. Mas, a palavra “tranquilo” me soou bem. Sabia que minha mãe era louca por uma boa festa, então ela adoraria convidar a família inteira para o dia de ação de graças. Eu não iria descansar, pois eu teria que dar um auxilio na cozinha e na arrumação da casa, além de aguentar os parentes chatos me perguntando sempre a mesma coisa sobre o internato, namorado, vida e afins. O que você, Carmen, quer fazer da vida? E a faculdade, já pensou? Hora de fazer a carta para alguma instituição, hein? Muito bonita, deveria namorar alguém. Deve ser uma quebradora de corações e tanto, não? Além de suportar minhas tias mexendo nos meus cabelos e bochechas, meus priminhos invadindo meu quarto e sumindo com as minhas barbies, meus tios bêbados chatos com suas conversas sujas e caricias “acidentais” e provavelmente assistir de camarote outra briga dos meus pais, quando todos tiverem partido. Meus caros, certamente isso não era a minha ideia de diversão.

– Ela não vai desconfiar?

– Não se atuarmos bem. Mas, ela não imagina que eu goste de garotinhas... Eu tenho uma reputação bem forte no quesito garotos. Ela acha que sou a garota heterossexual da vizinhança. E além disso, é só dois dias, Carmen. Consegue ficar sem me beijar por dois dias, não consegue minha pequena Carmen?

Soltei um risinho, caindo em seu jogo sujo.

– Não sei se consigo, meu amor – mirei a sua boca e ela percebeu, pois mordeu os lábios com muita sensualidade.

– Posso lhe contar um segredinho, Carmencita?

– Pode.

– Eu sempre quis fazer aquilo lá na casa da minha mãe... Quer dizer, com uma garota. Nunca fiz aquilo com uma garota, na minha casa.

– Considero isso extremamente perigoso.

– E excitante – completou-me.

– Sua mãe nos pegaria e me mataria, sem duvidas.

– Nos mataria – corrigiu-me – e pense o quão legal seria ir para o paraíso. Poderíamos ficar juntas lá, sem ninguém para nos julgar.

– Paraíso é um lugar na Terra com você, querida. – deixei-me levar pelas emoções e eu a beijei, com todo o amor que brotava de mim.

Estávamos em um terno paraíso, um paraíso na Terra onde tudo era perfeito, e o que não era nós fazíamos. Tínhamos o nosso amor, puro e inocente, doce e insano, quente como o inferno rogado pelas almas preconceituosas que nos julgavam.

Mas ainda sim, um paraíso.

 


Notas Finais


Então, eu ia fazer uma fic extremamente grande, tipo muito enrolativa (sério) e eu decidi cortar algumas partes que iam acrescentar coisas só que não tão importantes a ponto de fazer diferença na parte final. Se eu não fizesse isso, a fic nunca iria acabar.
Além disso a fic vai ter duas partes, tipo a parte um que é a do internato (e eu acho que só tem mais alguns caps no internato, dai elas se formam e talz) e a parte dois que seria a duas adultas e tem uma passagem de tempo. Mesmo assim espero que gostem né, eu enrolo demais quando eu escrevo :((
Até logo!! E tenham um bom dia!!!!


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