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História Summertime sadness - Black beauty -parte 1


Escrita por: lanadiamandis

Notas do Autor


Oi gente <3 espero que gostem desse cap. Boa leitura <3 <3

Capítulo 40 - Black beauty -parte 1


Fanfic / Fanfiction Summertime sadness - Black beauty -parte 1


Eu pintei as minhas unhas de preto 
Eu pintei o meu cabelo em um tom mais escuro de marrom 
Porque você gosta das suas mulheres espanholas, morenas, fortes e orgulhosas 
Eu pintei o céu de preto 
Você disse que se você tivesse as coisas do teu jeito 
Você ficaria comigo a noite toda 
E isso mudaria o humor de sua alma 

 

Havia sido durante um passeio ao parque com o Buddy que eu havia notado o que a minha namorada andava cometendo contra ela mesma. Em um momento de puro descuido, enquanto Mary intentava controlar o comportamento desenfreado do cachorro, usando a rédea curta, ela deixou a vista parte do braço esquerdo e meu cérebro não captou instantaneamente de forma correta, o que lá estava. Confesso que também não estava muito atenta, minha cabeça estava nas nuvens, porém quando a verdade me atingiu, eu olhei novamente para o braço machucado, e boquiaberta perguntei:

– Foi você que fez isso?

Ela fechou a cara, tentando passar uma imagem de garota agressiva e rebelde. Percebi que ela tentou puxar a manga da blusa, cuidadosamente para que eu não percebesse. Não como se isso fosse adiantar. Creio que tivesse sido somente um reflexo sistemático.

– Fiz o quê?

– Esses machucados no teu braço.

Ela contraiu os lábios.

– Não sei do que está falando. Mas, não fiz nada. Você está viajando.

– Mary, eu sei bem o que eu vi – me aproximei dela afim de conseguir capturar seu pulso, porém a mesma deus dois passos se afastando – Eram queimaduras? Me pareciam queimaduras.

Ela deu um risinho nervoso.

– Você nem sabe o que viu, Carmen.

O leitor poderá questionar o quão paciente eu realmente afirmo ser. Digo, eu disse algumas vezes o quanto eu entendia a dor cujo minha loirinha estava vivendo e o quanto eu era amigável e simpática a tal sentimento, mas naquele momento, naquele dia, eu não suportei. Eu estava atingindo o meu limite. Mary estava se mostrando ser uma pessoa totalmente diferente da qual eu havia conhecido no internato e mesmo eu sabendo que todo mundo tem diferentes personalidades, eu não acreditava estar vendo a mesma garota nem ramificações dela. A depressão estava matando a minha doce garota e a transformando em um ser inapto de amor, vazia, com um vazio que era difícil de destruir com amor ou esperança. E eu não conseguia entender o por quê, já que eu era compreensiva e amável. Eu estava me esforçando para deixá-la feliz e o que eu estava recebendo de volta? Machucados no braço? Era assim que ela me agradecia pelo esforço?

– Você não quer que eu te ajude, não é? Você quer ficar depressiva para sempre – afirmei com a voz instável. Eu estava prestes a ter um ataque de choro e fúria no meio de um parque lotado de homens fazendo ginástica, mulheres com cachorros e crianças a brincar. Muitos dos nossos vizinhos estavam por perto, e isso seria um vexame para minha imagem.

– Não estou depressiva.

– Tá, tá, então o que você chama essa droga ai?

Mary se acuou, semelhando-se a uma gatinha assustada.

– É uma tristeza passageira – murmurou com o semblante taciturno, ombros pesados e voz melancólica – Eu vou ficar bem.

– Depressão não é passageira e você não vai ficar bem se você não quiser!

– Você diz isso porque você nunca esteve assim. Você não sabe o que eu sinto. Não tem nem ideia, na realidade – rapidamente ela estava transformando a sua dor em raiva e percebi que logo estaríamos gritando uma com a outra no meio do lugar publico. – Eu estou no inferno e é difícil de sair dele quando tudo te coloca lá de novo.

– Como assim? Como você diz isso se nós temos uma vida maravilhosa juntas? Como você pode estar no inferno se está tudo bem agora?

– Bem? Carmen, nada está bem. Você prefere se convencer de que tudo está lindo e maravilhoso, mas nada está e você sabe muito bem disso.

– Do que você está falando? Tá tudo bem.

– Ah, mesmo? Então por que você esteve bebendo novamente, ontem de noite? Por que você não consegue ficar uma hora sem fumar um cigarro, hein? É por que tudo está bem?

– Mary, deixa de ser louca, você sabe que eu fumo todos os dias porque eu sou viciada, assim como você e bebo ocasionalmente, sem distinção de dia ou hora. Para de inventar desculpas.

– Desculpas? Ah, antes de tudo aquilo acontecer comigo, você conseguia fazer um maço durar três dias. Agora, você não consegue nem ao mesmo ficar um dia com um maço. Você está fumando o dobro de antes!

– Deve ser por que eu estou estressada? Por que eu trabalho? Porque eu tenho muito a fazer? Por que você não facilita nada pra mim e fica me jogando na cara a cada minuto o quão omissa eu sou ou o quão ruim eu ajo e que eu deveria ficar quieta, já que a minha opinião nunca importa e que eu sou uma materialista fútil? Você não acha que eu estou cansada dessas nossas brigas constantes? Eu estou cansada de precisar agir como se eu fosse a sua mãe, Mary, sendo que eu sou apenas a tua namorada! Você não vê isso?

Eu me arrependi segundos depois que a minha boca havia pronunciado tais atrocidades contra a garota. Eram atrocidades verdadeiras, porém não poderiam ser ditas a alguém impulsivo e depressivo como a menina. E digo, esse foi um dos piores erros que eu poderia cometer, além dos três erros principais. Vamos dizer que esse foi uma consequência dos tais erros.

– Então é isso, eu sou um fardo – falou com lagrimas nos olhos – Eu vou para casa, Carmen. Vamos Buddy, vamos para casa.

Eu não a impedi ou agi de alguma forma. Eu não iria. Eu necessitava assim como ela, ficar sozinha por certo tempo, pensando nas coisas que foram ditas. Remoendo-me por dentro pelas besteiras cometidas. Porém, eu temia deixá-la sozinha uma vez que ela já havia machucado o próprio braço, então ela poderia fazer algo contra si própria, em um nível mais alarmante.

Contudo, eu preferi pensar que ela ficaria bem, então eu sai, indo para o único lugar aonde eu poderia receber apoio sem me sentir culpada: o escritório do Nick.

– Eu não sei o que fazer com ela, Nick – eu murmurava entre lagrimas de desespero, algumas caindo dentro do copo de vodka que o moreno havia servido para mim ao me encontrar em tal estado deplorável, na porta do estúdio.

– Você pode interná-la. Ou tentar convencê-la a ir para o psicólogo.

– Ela está muito brava comigo, ela não aceitaria. Ela nunca aceitaria. Ela é a rainha da manha, vai bater os pés mil vezes e recusar qualquer tipo de ajuda. Para ela, isso é fraqueza.

– Você precisa entender que ela está em uma fase difícil e vai agir assim mesmo. Você precisa ter paciência.

– Ok, eu tenho paciência. Muita. Mas ela esgotou isso. Ela fez algo que eu não esperava nunca que ela fizesse. Ela ainda negou na minha cara, tipo ela acha que eu sou burra? O que ela quer, afinal? Acabar com ela mesma?

– Talvez. Talvez ela queira.

Eu o encarei nervosa, um nervosismo ligado a aflição e angustia e a imagem de uma Mary morta invadiu a minha mente, me deixando catatônica.

– Ela não pode fazer isso.

– Ela pode. Você acha que ela não pode, mas ela pode. E ela vai, se ela não buscar ajuda.

Nick, dentro de sua vil alma, havia um homem tão inteligente e sensitivo. Eu sinto muito em te odiar tanto, mas é que seu sarcasmo às vezes é desnecessário. Você poderia ser mais vezes assim, como naquele dia e eu talvez te amasse para sempre.

– Como eu vou fazer isso?

– Já disse, Lana, tente convencê-la sem ser muito evasiva e agressiva. Deixe que ela perceba o quanto é necessária e que a ideia de ajuda parta dela mesma.

– Isso nunca vai acontecer.

– Vai sim, mas você precisa implantar a ideia de uma melhora, na cabeça dela. Você precisa ser a pensante nesse grupo, Lana.

– Nick...

Ele me entreolhou com amabilidade no olhar.

– O que foi?

– Eu... Eu agradeço a sua ajuda. Foi boa.

Ele riu.

– Posso ser um terapeuta?

– Pode – respondi entre sorrisos – Mas você não daria certo.

– Por que não?

– Ah, porque você cantaria todas as pacientes. Isso é contra a lei dos psicólogos.

– Meh, eu não faria isso. Você tem uma visão deturpada de mim.

– Claro que faria.

– Você acha que eu faria, porque eu fiz isso com você algumas vezes. Porém, eu não cantaria todas as garotas... Só aquelas que se parecerem com você.

Dei-lhe uma leve bofetada no braço, o deixando a rir de sua própria piadinha infame. Nick era uma boa pessoa. Apesar de tudo, ele era bom.

**

O medo me contagiou apenas quando eu pisei meus pés dentro daquela residência. Mary não estava lá. Mary não estava em lugar algum. Buddy, meu amado cachorro, estava no quintal, dormindo, o que significava que ela havia chegado em casa, porém saído logo depois. Eu não sabia para onde ela tinha ido, até porque ela não teria para onde ir, então eu me desesperei. Mary estava inconsolável e sem esperanças. Eu havia matado o amor dela por mim, talvez não completamente, mas quase. Eu não queria que ela partisse, eu não queria que a mesma fosse embora da minha vida. Eu a amava muito. E eu estava arrependida de tudo que eu fiz. Mas as chances de serem muito tarde para dizer aquilo a ela, pareciam crescer. Onde ela estava?

Eu liguei para ela e deu caixa postal. Sem contato e em uma ânsia eufórica por informações, eu decidi sair na rua, tentando encontra-la em um golpe de pura sorte.

Passei entre as arvores e perguntei as meninas que brincavam com uma bola rosada, se elas haviam visto a Mary. Todas negaram, logo voltando a atenção aos meus olhos marejados e aflição no tom de fala. Uma me perguntou se eu estava bem, se eu gostaria de um pouco de água. Eu disse que não e me retirei antes que alguém me pedisse para explicar o que realmente estava acontecendo.

Passei pelas moradias americanizadas, as bandeiras voando junto ao vento, perguntei a um senhor que arrumava o seu jardim se ele havia visto uma garota loira de mais ou menos um metro e sessenta e sete, vestindo uma saia florida e blusa de mangas compridas, branca. Ele disse que não, então eu continuei a andar.

Passei pela ponte que ligava a zona residencial com a financeira. Havia um cara fumando, encostado na grade de gesso e ele também não havia visto o meu amor por lá. Acabei pedindo a ele um cigarro e fiquei por ali mesmo, observando a altura da ponte, as copas das arvores cujo quais enfeitavam a beirada do rio, balançando vagarosamente, vi um barquinho passando, a água turva (por causa da grande quantidade de chuvas ultimamente, entretanto a água geralmente era azul escura, quase cristalina), uns pássaros negros pousando sobre as grandes e formosas lâmpadas que iluminavam por todo o comprimento daquela ponte, uma ponte bem grande e longa, ouvi umas meninas conversando sobre algo. O cara do cigarro se despediu de mim, desejando sorte em minha busca e partiu em retirada, caminhando no lado oposto do qual eu havia vindo. Eu bati no cigarro, jogando as cinzas no oceano. Um outro pássaro pousou sobre a lâmpada. Constatei que já estava prestes a escurecer e nada da Mary. Joguei o cigarro no chão, dando uma leve pisadinha. Eu estava bem mais calma por causa da nicotina, mas aos poucos o desespero foi me possuindo, a medida que o sol se punha no horizonte.

Murmurei para mim mesma que já era hora de partir. Eu iria voltar para casa e esperar pela garota lá. Se Deus estivesse ao meu lado, ela voltaria sã e salva. Ou aquela noite terminaria em duas desgraças ao invés de uma.

– Carmen – a voz amansada da garota ecoou em meus ouvidos assim que coloquei meus pés dentro de casa – Achei que não voltaria mais.

Foi instantâneo. Pulei sobre a garota que estava sobre o sofá e agarrei-a, abraçando-a fortemente. Senti o aroma adocicado de seu perfume, o cheiro de limpeza em seus cabelos, ouvi seu coraçãozinho disparado, senti o toque de seus dedos em minhas costas. Minha garota estava bem! Viva e aparentemente havia me perdoado.

– Você sumiu, sumiu. Eu fui atrás de você, eu te liguei, perguntei pras meninas da rua, eu achei que tivesse te perdido. Onde estava, Mary? Onde você estava?

– Eu estive no cabeleireiro. – eu me desprendi da loira e a encarei confusa. Ela havia sumido, pois estava no cabeleireiro? Eu havia me preocupado a toa? – Olhe para mim – e eu vi, seus fios loiros cortados até o ombro (esses que eram tão longos!) e suas unhas pintadas no tom mais brilhante de preto, os lábios cobertos de batom vermelho-carmim e o sorriso afável, mostrando os dentes brancos.

– Ficou linda – disse, tocando em seu cabelo – Mas, por quê?

– Eu concordo contigo. Eu assumo que estou depressiva e vou reagir contra isso. Pensei em começar, mudando o meu visual. O que acha?

– Linda – repeti – Ficou linda.

– Além disso, quero que me ajude a comprar umas roupas novas. Quero mudar o meu armário.

– Eu acho que posso te ajudar com isso. Podemos ir estrear o teu visual na cidade, assistir um filme e fazer compras no shopping. O que acha?

– Eu estou dentro, meu amor.

Ponderei por alguns segundos se deveria perguntar a ela ou até mesmo citar o ocorrido de mais cedo, naquele exato momento. Então eu perguntei, delicadamente.

– Mary, você me perdoa pelo o que eu disse mais cedo? Eu não quis te ofender. Eu não te acho um problema na minha vida, na verdade eu amo te cuidar. – acariciei seus fios sedosos (e limpos!) e ela sorriu.

– Eu fui muito irritante, Carmen. Eu provoquei isso. Mas, isso é passado. Agora, tudo irá ficar bem.

As mentiras bonitas, a verdade feia. Como você pode, Mary? 


Notas Finais


Eu já terminei o prox cap e estou fazendo algumas mudanças nos outros. Eu estou sem tempo livre pq eu tô trabalhando e estudando. Eu postarei o prox cap em minha folga e responderei TODOS os coments no mesmo dia. Eu li todos, li mesmo, todos todos. E agradeço de coração aos comentários fofos de vocês <3 muito obrigada <3
Beijos e até breve!!


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