História Sun in darkness - Capítulo XXVII

          Nico
      Três semanas depois
   O dia estava agradável, tio Plutão veio passar o fim de semana em casa, Haz e Lili estavam se revesando na bicicleta, com o Will correndo igual louco atrás delas, é incrível como fizeram amizade rápido.
   Tia Marie já estava com uma barriga bem notável, mas no momento estava mais interessada em rir das idiotices do Bob do que qualquer coisa.
   - Eu estou feliz por vocês - meu tio se virou de repente pra mim. - Sabe, no começo, quando vocês falaram de casamento, nunca tinha te visto tão feliz como naquele dia. O Will está realmente sendo maravilhoso com você, ele te ama.
   - Eu o amo também tio, e muito - ele sorriu fraco, olhei pras minhas crianças de novo. - Me pergunto se meu pai estivesse vivo, será que ele brincaria com a neta?
   - Cabeça dura do jeito que era? Bem provável que ele mandasse o Will parar de agir que nem idiota correndo atrás das meninas do que sair correndo atrás das meninas.
  Dei risada do meu tio. Realmente era isso que meu pai faria.
   O casamento da Caly iria sair daqui um mês, Pipes resolveu morar em um ap com o Jason, Lia e Rey estavam numa nova lua de mel no Havaí, Leo e Clarie, bom, continuam sendo o casal mais idiota aqui. Bob ainda mora comigo e com o Will, o que é irritante.
  Avistei o Will vir irritado ao meu encontro, meu tio observando sua expressão resolveu ir atrás da minha tia.
  - Ela se recusa a colocar o capacete! - se sentou nos meios da minha perna.
  - Você não está muito obcecado em segurança não?
  - Obcecado? - me olhou incrédulo. - Eu estou protegendo a minha filha da arma de guerra que o Bob comprou!
  - Pra começar, é nossa filha, e pra completar, é apenas uma bicicleta Will.
  - Apenas uma bicicleta Nico? Ela pode cair sabia?
  - E ralar o joelho, que criança nunca caiu da bicicleta e ralou o joelho? Você está sendo muito infantil.
  - Eu não sou infantil na cama, você sabe disso - ele murmurou no meu ouvido, o que me fez rir.
  - Você é um idiota - dei um beijo nele.
  - Paaaaaaaaiiiiii - Lily veio correndo. - Pai, eu quero sorvete.
  - Vamos na sorveteria então meu amor - Will sorriu pra ela.
  - Não - ela fez um bico. - Eu quero o pai, não o pai dois.
  Ele olhou indignado pra ela, e eu, claro, caí na gargalhada.
  - Viu pai dois? Ela me quer.
  Ele me deu um tapa na cabeça, e recebeu um na perna da pequena Lily.
  - Vai chamar a Haz meu amor, vamos todo mundo pra sorveteria.
  Em menos de dez minutos estávamos todos na sorveteria, sério, todos mesmo. Exceto a Lia e a Rey que eu já disse o que está fazendo, Leo brincava de quem comia sorvete mais rápido, e a Lily era a que estava ganhando. Will discutia com Bob (ainda por causa da bicicleta). Tia Marie conversava com a Pipes sobre chá de bebê, Tio Plutão observava a Has lambuzar a mesa de sorvete. 
  - Como é estar casado? - Jason me lançou um olhar preocupado.
  - Maravilhoso, uma briga nova a cada dia!
  - Pipes que juntar as escovas também - ele remexia em seu sorvete com pouco interesse.
  - Mas vocês já não moram juntos?
  - Ela quer vestido braco, alianças douradas, daminha de honra, e toda aquela enrolação.
  Estudei minha amiga por um tempo, ela lançava olhares para a mão esquerda de minha tia, e fazia perguntas baixas mas sem disfarçar o olhar pro meu tio.
  - E você? O que você quer?
  - Aí que tá Nico! Eu a quero mais que tudo, mas não quero o casamento dos sonhos dela. É muita coisa pra pouco bolso.
  - Vocês vão encontrar um jeito, sei que vão - sorri pra ele que retribuiu um pouco fraco de mais.
  - QUEM QUER IR NA FESTA DA DREW?
  - Leo! A Drew não é nossa amiga panaca - Clarie lhe deu um tapa no braço.
  - Pai dois eu quero ir na festa - Lily fez beicinho pro Will.
  - Agora você lembra de mim né? - ele cruzou os braços pra ela.
  - Leo, eu sou casado - balancei meu dedo pra ele.
  - E daí? Ninguém quis te pegar quando era solteiro, porque acha que iriam querer agora?
  - Eu tenho uma filha, retardado - joguei meu sorvete nele.
  - Nico, eu e sua tia podemos ficar com a Lily se quiser - meu tio sorriu pra mim.
  - EU QUERER FESTA! - Lily subiu na mesa. 
  Desde quando ela ficou agressiva assim? Cade aquela menina tímida de três semanas atrás?
  - Isso é o resultado da bicicleta - Will sussurrou no meu ouvido. - Eu disse que não era uma boa ideia.
  Gargalhei dele.
  - Bob, você não vai na festa - Rachel lhe lançou um olhar penetrante.
  - Ah docinho, é só uma festa!
  - Eu disse não.
  - LEO, VOLTA AQUI!
  Clarisse se levantou correndo.
  - O que aconteceu? - minha tia nos encarava assustada.
  - Ah, o Leo parece que foi comprar uma roupa pra festa, a Clarie vai bater nele antes de ele chegar na loja, o Bob quer ir na festa, a Rachel ta proibindo, a Pipes foi levar a Haz pra comprar mais sorvete e o Will e o nosso sobrinho estão usando a Lily de desculpa pra não sair de casa - meu tio falou tudo tão rápido que ainda estou absorvendo a história. Como ele conseguiu acompanhar tudo o que passou na mesa?
  Acabamos por ser jogados pra fora da sorveteria. Deuses! Eu havia esquecido como esse grupo era barulhento.
  Ok, vale dizer que estamos todos na frente da casa da Drew. Fui chutado da minha própria casa para vir nessa festa e isso não está legal. Pra começar tem gente na calçada bebendo muito, muito mesmo. Will está apertando minha mão com força, como se alguém fosse tentar me tirar dele aqui, Clarisse comprou uma coleira pro Leo, sim, é sério, o Leo está mesmo de coleira, de ferro, e apertada porque o menino já está ficando roxo. 
  Jason e Pipes não vieram, tiveram uma discussão em casa e foram embora.
  E a Drew está completamente estranha com todos.
  Tentamos nos enturmar. Bom, pelo menos eu e o  Will tentamos, é muita gente desconhecida, muitas meninas atiradas e meninos que comem com os olhos. Eu estou com saudades da Lily, e realemte espero que aqui não tenha aquelas brincadeiras típicas de festa.
  - O que você acha amor? - ouvi a voz do Will distante.
  - O que? Ah, desculpa, eu estava distraído.
  - Eu estava perguntando sobre o que você acha da gente ir embora?
  - Bom, eu concordo.
  Foi quando me levantei que ouvi uma voz muito bem conhecida.
  - Mas vocês já vão?
  Me virei desejando não ter certeza sobre quem era, minha respiração falhou e meu coração parou de bater, Will engoliu em seco e prendeu a respiração.
  - Você?
      ***
  - Isso não pode, não, não está certo! - Will andava de um lado pro outro na sala.
  Minha tia está com as meninas no quarto, e meu tio pálido.
  - É o que eu estou falando, essa é a verdade!
  - É IMPOSSÍVEL - meu tio se levantou num pulo.
  - Não, não é impossível!
  - Nico, fale alguma coisa - Will me olhou preocupado.
  - O que você quer Perseu? - minha voz sai baixa, porém firme.
  - Eu estou tentando explicar sobre o seu pai Nico!
  - O meu irmão está morto muleque! E você deveria estar na cadeia - meu tio rosnou.
  - Eu deveria estar sim na cadeia, e estou arrependido pelo que fiz - Will solta uma risada sarcástica - mas, eu estou falando a verdade. Nico, seu pai pode sim estar vivo.
  - O meu pai morreu, e você também deveria ter morrido.
  - O seu pai ainda pode estar vivo. Você acha mesmo que ele iria se matar assim? Num acidente de carro?
  - Ele me deixou um vídeo, e lá ele já estava se despedindo de mim! O meu pai está morto, e se você não acredita, lá no cemitério tem uma lápide com o nome dele.
  Ah, sim, velamos um caixão vazio, o enterro dele não tinha nada além de uma caixa de madeira, seu corpo não havia sido encontrado.
  - Um pedaço de pedra! Você viu quem estava no caixão?
  - Não, não encontraram o coro dele - Will disse bravo. 
  - Exatamente, quem garante que ele não nadou até a praia, ou ficou na água por um tempo?
  - O que você quer Perseu? Me torturar? Não irá funcionar, saiba disso, ele morreu, ele está morto.
  - Como você saiu da cadeia moleque? - meu tio disse depois de muito tempo.
  - Meu pai pagou a fiança.
  Olhei pro meu tio, ele está vermelho, de raiva claro, e eu estou zangado, o que esse cara quem comigo? Ele já ferrou com a minha vida, e meu pai vivo? E daí se não encontraram o corpo dele? Ele caiu no mar, já está morto, afogado talvez, ou por algum animal.
   - Olha Percy, já faz muito tempo isso, ele se foi, eu já esqueci isso, já esqueci de você, porque você está aqui? Você não pode mais encostar em mim, então o que você quer?
  - Eu fui um babaca Nico.
  - Foi mesmo - Will murmurou.
  - E eu quero poder te ajudar de alguma forma, eu recebi uma ligação depois que saí da cadeia, e a voz era a do seu pai.
  - Ótimo - falei - me dá o número, ligo agora mesmo e depois te expulso da minha casa por ter vindo me perturbar.
  - Não posso, era restrito.
  Dessa vez foi meu tio que deu a risada sarcástica.
  - Acha que acreditamos mesmo nisso?
  Will passou a mão pela minha cintura, Percy abaixou a abeça, talvez tentando manter a calma, só sei que nunca o vi desse jeito, agir dessa forma, convicto.
  - Porque você foi tão retardado? - soltei. - Você quis apenas abusar de mim! Nunca ligou pro que eu sentia! Você fez tudo aquilo comigo cara, o que você fez no armazém, aquilo não tem perdão, aquilo que você disse pra polícia, aquilo não tem perdão!
  - Eu sei, não estou pedindo perdão, estou tentando te ajudar, sei que é difícil pra você tudo isso, e eu estou sim arrependido daquilo, mas por favor acredite em mim!
  Eu estava prestes a mandar ele embora quando seu celular começou a tocar.
  - Alô? Estou. Espera - ele estendeu o telefone na minha direção - é pra você.
  Peguei relutante, não tirava os olhos dos olhos dele, coloquei o aparelho no ouvido e reconheci a respiração.
  "- Nico? É você?"