História Sunflower - 1

"Então", soltou o Vernon, suas mãos unidas pelos dedos gelados, a pontinha desses vermelha, assim como suas bochechas. 

O mais velho tinha uma mala em sua outra mão, assim como o Boo, que o ajudava, fingindo que não estava tão pesado quanto aparentava. O terminal estava lotado de ônibus, as pessoas iam e vinham com malas tão grandes quanto às do Chwe, e aquilo o deixava inquieto.

Era tanta movimentação que o deixava apreensivo, e ele segurava sua mão com certa força, pensando que, se afrouxasse um pouquinho seu aperto, seu namorado sumiria para sempre. Mesmo que a separação fosse inevitável. Passou a língua pelos lábios enquanto caminhavam a passos de pinguim, o mais baixo com a mala mais à frente do corpo, pedindo desculpa cada vez que a mala em suas mãos batia em alguém, por mais suave que fosse.

Nisso o Vernon se assemelhava a ele, e os dois se sentaram nos primeiros bancos que acharam. O mais novo soltou um suspiro aliviado, deixando a mala em seu colo, o tom vinho combinando com sua roupa de mesma cor, assim como deus fios. HanSol vestia um casaco idêntico, porém em um azul celeste, entreaberto porque o frio já não era tão intenso.

Suas mãos se separaram por instantes, enquanto o Chwe abria a mala, a procura do bilhete. SeungKwan balançou suas pernas de nervoso, antes de perceber que ele não os encontrava, e se desesperar junto dele. Começou a revirar a mala em seu colo, e ao achar, soltou uma exclamação, que saiu mais alto do que o imaginado, chamando a atenção de todos a sua volta.

HanSol riu, enquanto ele pediu desculpas pelo incomodo e se ajeitava no banco, arrumando seu cabelo com a mão livre, entregando o bilhete timidamente para o mais alto. Suas mãos se encontraram, e o Vernon a segurou com delicadeza, e beijou seus dedos rapidamente, fazendo-o sorrir, e a ansiedade passar.

Evitaram se olhar, mas os olhos do mais novo passeavam pelas pessoas, pelos letreiros dos ônibus, e mesmo que estivessem levemente adiantados, ainda se sentia desconfortável. Afinal, em mais alguns minutos, o Chwe embarcaria em um ônibus de viajem, e só voltaria no verão.

Haviam convencido os pais de HanSol para que ele ficasse mais alguns dias, mas agora, nem o rapaz podia enrolar-se mais ali, muito menos o Boo, que teria início na faculdade no dia seguinte.

O sol surgia ao fundo preguiçoso, iluminando aos pouquinhos o terminal, SeungKwan deixando escapar um  bocejo, antes de disfarçar com a mão aberta, o Vernon conferindo pela milésima vez se o horário estava certo, e se o seu ônibus já estava ali.

Apertou deus dedos com um pouquinho mais de força, quando o veículo negro começava a estacionar devagar, parecendo acompanhar a preguiça do dia, o letreiro a frente se apagando, e a portinha se abrindo em mesma velocidade. O Boo engoliu a seco, seu estômago se esfriando, assim como seu corpo, seus pensamentos logo se voltando para a quantidade de tempo que ficariam longe.

Não tinha como não ficar inseguro, ou se sentir solitário novamente. Sentia seu coração bater em um ritmo lento e preocupado, ao mesmo tempo em que não queria deixar transparecer, não queria que seu namorado percebesse o quanto estava inseguro.

O Vernon lhe lançou um olhar questionador, visto que o mais novo balançava a perna sem parar, e por vezes mordiscava o lábio inferior. As pessoas desembarcavam, e ele sabia que, após uma rápida limpeza, o ônibus já estaria apto para partir.

"Então", repetiu o mais velho, apertando a mala em seu colo, o bilhete pousado sobre esta com cuidado. "Nervoso?", perguntou, um pequeno sorriso.

"Por que eu estaria nervoso?", retrucou em falsa calmaria, e o maior riu, acariciando sua mão com o polegar. "Quem vai embora é você, e não eu", completou, e o outro se remexeu desconfortável.

"É", ele murmurou, olhando ao redor, antes de pousar seus olhos sobre si. "Eu estou nervoso", confessou, seus olhos caindo para as mãos unidas, e o Boo se inclinou no banco para lhe afagar o rosto com cuidado, tentando lhe passar conforto. "Mas desta vez sem enrolação", soou um pouco mais convencido, e o menor sorriu

"Nada vai ficar para o verão?", perguntou SeungKwan em um tom de brincadeira, e o Chwe riu, antes de negar com a cabeça.

"Além de mais beijos, nada", disse, lhe roubando um beijo rápido que deixou os dois corados, fazendo-os desviarem os olhos no mesmo instante. 

Ouviram a chamada para o ônibus soar nos auto-falantes espalhadas pelo local, a voz metálica ecoando em meio à multidão, e o coração do mais novo se apertando, sabendo que chegou a hora. Eles se levantaram no mesmo instante, suas mãos se desconectando para se arrumarem, o Boo arrumando seu cabelo novamente, e o Chwe às roupas, conferiu o bilhete pela milésima vez, e abriu um sorriso nervoso, carregado de ansiedade.

"Me ligue todos os dias", mandou SeungKwan, apontando para seu peito com o indicador, seus olhos brilhando como se fosse algo extremamente importante. "Mande mensagens, fotos, sempre, sem desculpas", continuou, cutucando-o a cada palavra, o maior se contendo para não rir.

"Sim senhor Boo", respondeu, batendo continência, fazendo-o revirar os olhos, e rir, a bochecha ganhando cor novamente. "E o senhor vai fazer o mesmo? Temos um acordo?", perguntou em um tom brincalhão, estendendo a mão para selarem a promessa.

O mais baixo sorriu, e apertou a mão, antes do Vernon o puxar para um abraço com uma única mão, visto que a outra segurava sua mala, e poderia lhe machucar pelo peso. Eles riram baixinho, aproveitando o seu momento, antes de suas bocas se encontrarem pela última vez, e eles trocarem o beijo mais apaixonado até então. Se afastaram quando a voz metálica chamou novamente para o ônibus, e o Boo suspirou.

HanSol ainda lhe afagou o rosto tão fofo de olhos tão brilhantes, e lhe deu um selar casto, como se prometesse voltar logo para si. Trocaram olhares extremamente significativos, e não precisaram dizer as palavras para saber que se amavam, e que sentiriam muitas saudades um do outro.

SeungKwan ficou vendo-o embarcar pelo vidro, acenando pequeno mesmo com ele de costas para si. Seu coração batia em uma sinfonia lenta de despedida, mas ele ainda mantinha a fé, seus girassóis ainda precisavam de si, e ele tinha até o verão para fazê-las desabrocharem, para que HanSol pudesse voltar, e vê-las esperando por ele, assim como Boo, com seu melhor sorriso e todo seu coração.