História Superman - Noite Fria

10/10/2006

      Era uma daquelas noites bem frias, mas com o céu tão limpo que podíamos ver umas centenas de estrelas brilhando lá em cima, era realmente uma noite linda na cidade de São Paulo, uma daquelas noites que Nicolle Scalicce ficaria feliz em poder estar viva para poder comtemplar. Mas não hoje, não com Nicolle, ela já sabia que nunca poderia confiar na felicidade, pois sempre junto a ela sempre alguma coisa ruim acontece, e hoje não foi diferente.

      Nessa noite fria e bonita, Nicolle festejava seu aniversário junto com os amigos em um bar próximo à sua casa. Estava tudo perfeito, a música, as companhias, as bebidas, mas Nicolle sabia que não poderia se entregar a felicidade, na realidade ela nunca se entregava isso para ela era uma verdade definitiva, nunca fique inteiramente plena, pois o destino sabe como ser cruel, e hoje como de costume e como já dito, não foi diferente.

      Logo após o parabéns e aos muitos brindes, Nicolle foi fumar do lado de fora do bar, juntamente com o seu fiel companheiro o cantil de vodka, ela sempre fazia isso, dava profundos tragos de cigarro e com a fumaça ainda em seus pulmões bebia um longo gole do cantil, para ela isso era o seu “coquetel de fuga e prazer”, de uns tempos pra cá isso era a única coisa que a relaxava. E enquanto desfrutava de seus minutos de relaxamento, foi abordada por três rapazes, eles não a reconheceram de início, mas ela sim e como em pouquíssimas vezes em sua vida orou a Deus para que eles não se lembrassem, mas como o habitual, eles a reconheceram, mas como não se lembrar desses lindos olhos azuis, cheios de medo – dizia um. Partiram para cima dela, cheios de fúria pelo fato dela não ter morrido como eles haviam planejado em uma noite a uns anos atrás, e por esse fato eles terem perdido dois membros queridos da gangue de psicopatas.

      Por sorte, talvez no calor do momento de fúria, o trio não tenha percebido que estavam em frente a um bar cheio de gente e que estavam em uma avenida movimentada, e decidiram tentar acertar as contas com ela justamente ali, e graças a oração de Nicolle seus muitos amigos surgiram na hora para poder salvá-la daquela situação que com certeza não acabaria bem. Nicolle se viu no meio de uma confusão, onde aqueles três homens estavam sendo encurralados no meio da rua por todos os seus amigos presentes que cheios de ódio nem viam onde acertavam os socos e pontapés, mas ela não viu o desfecho da história dos três monstros, não conseguia mais ficar ali. Tirou a conclusão naquele momento, que alguém lá em cima só poderia estar de birra com ela, não aguentava mais tanto sofrimento e dor na sua vida, não queria mais ter passar por nada ruim, não tinha mais psicológico para isso, e se o cara lá de cima quisesse ferrar com ela, ela faria isso primeiro.

      Viu um taxi passando bem na hora, andando mais devagar do que de costume, pois queria ver que confusão era aquela, ela aproveitou o gancho e já deu sinal, precisava sair dali. Seus amigos nem puderam a impedir, eles sabiam que depois disso não poderiam deixar ela a sós com seus pensamentos. Ela entrou no taxi e deu o endereço de sua casa e no curto caminho até chegar lá, selecionou uma dezena de músicas de seus artistas favoritos, queria chegar ao fim escutando a voz de todos que ela admirava.

      Chegando em casa pegou calmamente em sua farmácia de remédios, todas as pílulas que a acompanhavam ao longo de muitos anos e com a ajuda de um martelo transformou todas em pó, e com o restante da vodka de seu cantil misturou com aquelas pílulas trituradas, fazendo assim seu último drink. Bebeu tudo de uma vez só, e para tirar o gosto amargo de sua boca, pegou em sua geladeira uma garrafa de cerveja bem gelada e foi para o sofá escutar suas músicas favoritas e esperar pelo inevitável.