História Sweet - Confused.

Akira olhava Takeshi zangado, achava que o melhor que ele podia fazer era ir embora mesmo.

-Ah, Aiko –Takeshi chegou perto do ouvido de Aiko, fazendo este corar e se arrepiar com o hálito quente –Não erre nos tiros, de novo.  Até mais, então! –Ele acenou e foi embora.

Akira estava de punhos cerrados e olhava para Takeshi com puro ódio. Aiko estava corado.

-O que vocês então esperando?! Vamos logo, eu estou com fome! –Nara chamou por eles.

-Eu também. –Declarou Ren.

-EEEHHH??? Mas você acabou de comer! –Senji o olhou perplexo.

Eles foram até os amigos, Akira e Aiko ficaram muito calados, o tempo todo, até que Nara decidiu perguntar o que acontecera.

-Nada. –Foi tudo que Akira disse.

Nara conhecia bem o amigo, então sabia que era melhor não insistir.

-Bem, se você diz...

Akira estava com as feições normalmente alegres e simpáticas, absolutamente sombrias. Aiko sentiu o rubor nas bochechas. Aquilo não era sua culpa, afinal. Por que o Akira ficava estranho toda vez que ele falava com alguém?  

Droga, e pra piorar tudo ainda tinha o Takeshi! Qual era a dele? “Nunca te machucaria” e agora toda aquela coisa pra explicar como se segura a arma, e o que foi aquele sussurro? Não podia ter mandado não esquecer falando normalmente?

Aiko cerrou os punhos com força, olhando pra baixo.

-Aiko-kun...

-Estou bem. –Ele levantou o olhar e relaxou as mãos. Não adiantava pensar naquilo naquele momento.

Pediram e comeram. Akira anormalmente silencioso e sombrio. Ren, por mais que fizesse piadas, não conseguia fazer o amigo agir normalmente. O moreno olhava o loiro preocupado, querendo saber o que havia acontecido. Sem sombra de dúvidas era culpa de Aiko.

Pagaram a conta e saíram. Aiko segurava o enorme cachorro de pelúcia em baixo do braço. Queria ir pra casa.

-Vou indo, agora. –Falou pra ninguém em especial.

-Já, Aiko-kun? –Perguntou Nara.

-Mas ainda nem vimos-

-Eu estou cansado. Vou embora, obrigada pelo passeio.

Disse isso e se virou. Saiu andando de cabeça baixa. Estava sinceramente de mau humor. Queria bater em alguma coisa. Então lembrou que teria uma chance de fazer isso, no treino de futebol na segunda-feira. Precisava descontar a raiva e a frustração em alguém.  E além de tudo, seu pai ainda queria que ele fizesse um esporte e continuasse forte.

Aiko ouviu um trovão, levantou a cabeça para olhar o céu, e sentiu uma gota gelada de chuva cair em sua testa e escorrer para os cabelos bagunçados. Apressou-se.

Ao chegar em casa, já estava encharcado, então a primeira coisa que fez foi tirar as roupas molhadas e tomar um banho quente. Saiu do banheiro já com o pijama. Uma calça de moletom cinza e uma camisa comum, também cinza.

Colocou as roupas e o cachorro de pelúcia pra secar e subiu as escadas. Sua irmã ainda não havia chegado. Deitou na cama e pegou o celular.

“1 nova mensagem”

“Desculpe.” –Takeshi-kun

Aiko se engasgou com a própria saliva. “Desculpe” .

“Pelo que?”

“Por ter te ajudado sem você pedir” A resposta foi imediata.

 Aiko sentiu as orelhas esquentarem. Deviam estar vermelhas. A lembrança do momento que Takeshi o havia ajudado a posicionar a arma voltou a sua mente nítida como se tivesse ocorrido naquele instante.

“Não tem problema. Eu não teria acertado” Aiko agradeceu aos céus por não se gaguejar em mensagens.

“Então tudo bem.”

Aiko respirou fundo e guardou o celular em baixo do travesseiro. Suspirou e virou de lado, inquieto.  “Droga, droga, droga” Pensou essa palavra muitas e muitas vezes. Até que caiu no sono.

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Akira coçou os olhos. Estava cansado, mas a raiva que sentia era maior do que a vontade de dormir. “Maneko Aiko”, pensou. Por que ficava tão mexido por aquele garoto? Porque sentia ciúmes tão facilmente? Não, não queria dividi-lo com ninguém. O achava encantador.

Pegou o celular e viu que tinha uma mensagem de Ren.

“Akira-kun, o que houve? Você não estava no seu normal. Pelamordedeus me diz o que foi!”

Akira emitiu um estalo com a língua e deixou o celular de lado. Deitou na cama e se enfiou sob as cobertas. Por que era tão difícil?

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Takeshi entrou em casa já arrependido do que havia feito. Não era de se arrepender, afinal, defendia que é melhor fazer e deixar rolar do que não fazer e ficar preso. Mas dessa vez havia ficado em dúvida. Pegou o celular ainda a caminho do próprio quarto. “Desculpe”.  Não pensou muito bem pelo quê estava se desculpando exatamente. Muito provavelmente era pelo fato de ter sido tão ousado.

Mas de certa forma não fora tão ousado, fora?  Não, e não importava.

Ele achava Aiko uma pessoa... como poderia descrever? Interessante, Aiko definitivamente despertava seu interesse. Era pequeno, tinha cabelos castanhos sempre bagunçados de um jeito agradavelmente rebelde, tinha olhos também castanhos que eram uma coisa que facilitava muito para se ler o Aiko, como um livro aberto. Era fácil saber o que ele estava pensando.

Riu consigo mesmo.

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Aiko acordou devagar... Estava realmente com preguiça. Fora dormir tarde na noite anterior, assistindo filmes junto com Nita.  Já era segunda-feira. Mas o que mais o animou foi saber que teria seu primeiro treino de futebol americano em sua nova escola. Iria mostrar para o Ren.  Tomou banho e se vestiu apressadamente. Foi para a escola praticamente correndo.

As aulas pareceram demorar mais tempo que o normal, mas assim que o último sinal do dia tocou ele levantou da cadeira num salto.

-Ei, Aiko-chan. Pra que toda essa empolgação? –Akira se aproximou com a mochila nas costas –Tudo isso por causa do futebol?

-Tsc. –Ren, que estava, como sempre, grudado em Akira revirou os olhos, suspirando.

-E-Eh, acho que sim. Estou com saudade dos esportes, e estou bem animado pra começar.

-Certo. Vamos, então.

Seguiram juntos até o campo. Desceram até o vestiário, onde trocaram as roupas comuns pelas de educação física (uma camisa cinza com um short vermelho). O treinador cumprimentou a todos e mandou que fizessem exercícios de aquecimento. Deviam dar vinte voltas correndo em volta do campo, para começar. Aiko se posicionou, assim como todos os outros. Ao seu lado, Akira e Ren.

Ren tinha o olhar concentrado. Aiko também. Ia mostrar a “sereia”.

O apito soou.

Todos partiram, numa velocidade aceitável, acostumada, menos Ren e Aiko. Estes dispararam como duas balas de uma espingarda. Correram velozmente sempre cm pouquíssima diferença. Ren bufou. Como ele podia ser tão rápido? Aumentou a velocidade.

Aiko continuou, e alcançou o moreno sem muita dificuldade, os dois já estavam na terceira volta, enquanto os outros estavam na segunda.  Aiko se sentia livre, o vento gelado do inverno batendo em seu rosto, enquanto ouvia a respiração acelerada ao seu lado. Ren devia estar morrendo de raiva. E realmente estava.

As voltas foram completadas sem pausa. Aiko e Ren estavam sentados no chão, ambos arfando. O suor escorria pelo rosto de Aiko, e o coração estava acelerado. Takeshi se aproximou, também respirando pesadamente.

 -Pra quê isso?

 -H-hã?

-Pra que essa velocidade toda? Você –ele respirou –Você não precisava ir tão rápido.

Aiko riu, Ren observava de dentes trincados. Sentiu uma mão em seu ombro, e viu que o dono desta era Akira.

-Isso foi ridículo, sabia? –O loiro estava sério. Os braços cruzados no peito.

-Eu não tenho culpa se seu rápido.

-Você queria ser melhor que ele. Se bem que não conseguiu, né? Vocês estavam lado-a-lado o tempo inteiro. –Ele deu um leve sorriso irônico.

Ren cerrou os punhos. Até Akira estava debochando dele?

-Tsch. Não quero nem saber. E também não ligo pra sua opinião. Pouco me importa! –Rosnou.

Akira suspirou, fazendo pouco caso da afirmação do outro, depois se virou e saiu de perto do moreno, que chutou a grama fofa sob seus pés, arrancando um pedaço da mesma.

Aiko, que viu a cena, não pode deixar de rir internamente. “Nunca que eu vou deixar ele passar por cima de mim”.