História Sweet Devil _ Jikook - Capítulo 1

- Papai? O que está fazendo com esta faca? - pergunta a pequena criança de apenas dez anos.

O homem sorriu maldoso ainda de costas para o garoto, e lentamente se virou.

- Isto? É seu presente.. - disse frio ao pequeno, virou as costas e subiu as escadas - Venha pega-lo Jeon! - ordenou ríspido. 

A criança inocente o acompanhou felizardo, por achar que iria ganhar, finalmente,um presente de seu pai; Mas ele se arrependeu profundamente ao abrir a porta do quarto onde o pai se encontrava esfaqueando violentamente sua mãe.

Ao ver aquilo, Jungkook correu.. correu para tentar se salvar, sabia que ele era o próximo; Subiu na pia da cozinha e entrou no minúsculo armarinho, que por pouco não tocava o teto, e se permitiu chorar, chorar por sua mãe, por seu irmãozinho, Taehyung, de apenas dois anos de vida que iria morrer, pois Jungkook era uma criança e também, não saberia se iria sobreviver, mas chorava principalmente, por sua vida

Logo ouvira passos lentos, ao que parecia estar descendo as escadas...

- Jungkook? Vamos.. vamos brincar meu filho? - só agora o garotinho percebeu, seu pai estava alcoolizado.

Jeon se encolheu ainda mais no pequeno espaço e aguardou sua morte com os olhinhos fechados com força e lágrimas grossas escorrendo pelas bochechas vermelhas;

- Seu pirralho insolente! Apareça logo! - esbravejou o homem.

O pequeno então viu, que ao seu lado tinha uma faca de açougueiro pendurada na porta do armário; Ele tomou uma decisão arriscada, mas ele preferiu isto, do que ficar trancafiado lá dentro.

O que aconteceu em seguida foi tudo muito rápido, Jeon abriu a porta do armário e pulou nas costas do homem - que antes  era seu pai - e lhe cortou a garganta, fazendo-o cair de joelhos no chão branco. A poça de sangue se fez presente e se seguiu manchando todo o piso.

Jeon Jungkook foi desesperado procurar por seu irmão, porém tudo o que encontrou foi lençóis manchados de sangue e o pequenino com uma abertura na cabeça e no peito

Jungkook chorou novamente, deixou que suas lágrimas banhacem seu rosto, limpando os resquícios de sangue que foram respingados nele; chorou por longas horas, se culpando pela morte de sua família, ele poderia ter salvo sua mãe e seu irmão, simplesmente ligando para a polícia quando aquele velho chegava em casa totalmente bêbado agredindo sua mãe. Mas ele não o fez.

Ouviu o som de sirenes invadir seus ouvidos e logo a porta foi aberta, dando visão a três policiais.

No fim, Jeon Jungkook, com apenas dez anos, foi para um orfanato em Seul.

Anos se passaram naquele orfanato e o pequeno Jeon, via seus amigos serem adotados ... E ele, nunca fora nem ao menos olhado com ternura e carinho por alguém.

Ele sentia, agora, o cheiro da tristeza, o gosto da solidão, e a cor azulada da decepção..

Levantei em um salto; todas as noites em que repousava minha cabeça no travesseiro eu tinha pesadelos com meu passado infeliz. Com minha infância roubada.

Resolvi que deveria tomar uma ducha, já que estava lavado de suor. Me despi e liguei o chuveiro no modo frio. Apoiei minhas duas mãos na parede gélida do banheiro e me permiti perder-me em pensamentos; As coisas poderiam ter sido diferentes, se não fosse por minha estupidez!

Saí do box e me olhei no espelho, vi grandes bolsas arroxeadas em baixo dos meus olhos, resultado de noites em claro.

"Horrível Jeon Jungkook! Seu imprestável!" 

Foi com esse pensamento que levei meu punho ao espelho, o quebrando, e com isso cortando minha mão que já se encontrava ensanguentada, não me importei muito e simplesmente a lavei, sentindo os cortes arderem com o contato da água.

Vesti uma calça jeans preta comum, uma blusa manga comprida cinza simples, uma jaqueta de couro igualmente preta, e um all star vermelho; peguei minha touca vermelha e meu cachecol preto, colocando ele de modo em que tampasse até meu nariz e sai de casa.

Eu morava em uma casa humilde, com a pintura azul já descascada; a mesma ficava mais isolada de tudo e todos, então eu desenvolvi a mania de sair no meio da madrugada quando tinha algum pesadelo ou não conseguia dormir, simplesmente porque a luz do luar e o farfalhar das folhas me acalmavam... 

Andava pelas ruas desertas no meio da estrada de um túnel formado por árvores velhas, alí, só podia se ouvir o grasnar dos corvos que rondavam a lua cheia.

Já era mais de meia noite quando reparei em uma enorme cabana que parecia estar abandonada, do outro lado do pântano que acompanhava a rua. O que era estranho, pois todas as noites eu vagava por esse caminho e nunca teria visto aquela cabana, que pelo tamanho, poderia ser considerada uma mansão. 

Senti o vento gélido bater contra meu corpo, fazendo-me estremecer, as nuvens antes inexistente se fizeram presentes e eu já sabia o que viria a seguir, uma tempestade estava se formando, relâmpagos e estrondos altos, o vento se tornou agressivo, resolvi então, me abrigar naquele casarão; pois para minha casa eu não iria.. Apenas lembranças horrendas me caiam sobre a mente naquele lugar. 

Atravessei as enormes árvores da floresta, dando vista ao pântano, e o casarão...