História Sweet Dream or Beautiful Nightmare - The Great Gatsby Part. 1

– E como foram as coisas com a sua avó? – Perguntei.

Já marcava 14:00 da tarde e de acordo com Joanna nós passaríamos a tarde inteira no salão “Nine Zero One”. Eu não acreditei quando descemos do taxi e ela disse que tínhamos um horário neste salão. “Você só pode estar louca” eu disse a ela enquanto dava meia volta para chamar outro taxi. “Não seja estraga prazeres, estaremos entre celebridades, você sabe que nós precisamos disso”. E após uma longa discussão Joanna acabou me vencendo pelo cansaço. “Meu Deus, você sabe que tipos de pessoas frequentam este lugar? Nem em cinco anos de trabalho eu me daria ao luxo de vir a um lugar como este”. Sussurrava para ela enquanto entravamos no local. “Confie em mim, vai dar tudo certo”.

                Agora estávamos sentadas em cadeiras de couro preto confortáveis com algum produto de hidratação no cabelo.

– Não muito boas... – Ela dizia enquanto folheava uma revista de moda. – A minha avó não gostou de saber aonde estou morando e que estou trabalhando em uma livraria. De acordo com ela, um Reese não nasceu para trabalhar em “lugarzinhos” como esses. – Ela suspirou cansada. – Ela não se importa comigo, mas, sim com a droga deste sobrenome, ela pensa que a qualquer momento eu posso fazer algo que vá envergonhá-los de novo. Poxa... eu era apenas uma adolescente estupida querendo chamar atenção na época, agora eu sou uma mulher adulta, aprendi com os meus erros e amadureci. – Ela olhou para mim e sorriu. – Você e o Dave me acostumaram mal, por isso, eu não quero mais voltar para um lugar onde as pessoas não gostem de mim pelo o que eu sou. Ao menos eu tenho o meu avô, ele sempre me entendeu e foi muito amoroso, mas, como eu ele tem problemas em lidar com a senhora Ivanna também, então meu avô foi convidado para pescar com alguns amigos e eu decidi voltar para a Califórnia.

                Eu mal conseguia imaginar como funcionavam as coisas no mundo da família da Joanna. Ela me mostrou uma foto de sua avó, ela era uma cópia bem mais velha da neta, os mesmos olhos azuis e os fios loiros. Ela me contou que sua avó era da Rússia e veio para Nova York estudar, acabou conhecendo o seu marido na universidade e eles se casaram. Tanto a família de seu avô quanto a de sua avó vinham de uma longa linhagem de advogados, então eles sempre foram muitos severos com seus filhos quanto a imagem da família. Para uma garota que sempre teve tudo e era mimada por todos, consigo entender como foi fácil para Joanna se perder.

– Vamos deixar isso de lado por hoje e vamos nos concentrar em ficar maravilhosas para a festa. – Disse ela.

                Concordei com a cabeça e sorri, apenas por hoje vamos nos permitir não pensar em mais nada.

                Estava em uma das salas do salão retocando o batom, já estava com o vestido em meu corpo, sapatos de salto e agora colocava a tiara tentando não desfazer o meu elaborado penteado. – Tudo certo, acho que vou ver se a Joanna já está pronta. – Assim que peguei minha bolsa senti algo vibrar, percebi que era o celular e levei minha mão para pegá-lo. Assim que o retirei olhei que algo estava enroscado nele, era a pulseira que estava junto com o livro. – Já não me lembrava mais que você estava aqui. – Olhava para o visor e observei que a ligação perdida era do Dave, mas não retornaria de volta contando que ele ligasse para Joanna. Voltei meu olhar para a pulseira e novamente aquelas iniciais me intrigavam. – T.B.S... Aonde será que eu já vi essas iniciais antes? – Apesar de masculina gostava do estilo da pulseira sem pensar acabei a prendendo em meu pulso esquerdo.

– Helena você já esta pronta? – Joanna entra sem bater e me causa um grande susto.

– M-Minha nossa Joanna, quer me matar? – Disse enquanto levava a mão em direção ao coração que estava acelerado.

– Não seja dramática. Eai como estou? – Ela girava lentamente para que eu pudesse analisar toda a sua produção.

                Ela usava um vestido preto de melindrosa sem mangas, a parte de cima possuía lantejoulas da mesma cor do vestido que dava um ar luxuoso. Usava também luvas pretas que iam até os cotovelos, mas deixava seus dedos a mostra. Para finalizar usava pulseiras de perolas em ambos os pulsos, um cordão também de perolas e uma tiara com lantejoulas e uma pena na cor preta.

– Reese você está uma gata! Parece que realmente saiu de algum filme dos anos vinte. – Dizia enquanto fingia estar aplaudindo.

Ela ria enquanto fazia uma reverencia como agradecimento. – Obrigada cara amiga, mas, nem tudo pode ser perfeito não é mesmo? – dizia enquanto girava para sair pela porta.

– Como assim? O seu figurino está perfe... – Engoli minhas palavras assim que meus olhos pousaram nos sapatos dela. – Joanna isso não vale.

Ela riu e piscou para mim. – Não importa o século em que eu esteja Helena, eu nunca saio para a batalha sem o meu Loubotin.

                Reviro meus olhos ao ouvi-la dizer “batalha” e sigo-a em direção a saída do salão, mal podia esperar pela batalha que nos aguardava mais tarde.

– Você não reclamar e nem perguntar como eu consegui isso? – Ela dizia de forma brincalhona enquanto cutucava meu braço.

                Estávamos dentro de uma limusine, pelo cheiro e os equipamentos eletrônicos devia ter sido lançada aquele ano. Nos autofalantes tocavam as músicas preferidas de Joanna e no teto havia pequenas lâmpadas que criavam jogos de luzes coloridas. Eu estava me sentindo dentro de uma boate.

– Depois do convite para o Premiere Super Club, esse vestido e o salão. – Ergui minhas mãos como se estivesse me rendendo. – Eu não duvido de mais nada.

– Ora sua... – Ela me atacou e começou a me fazer cocegas.

– O-Ok Joanna você venceu, apenas pare. – Pedi enquanto tentava me controlar em meio as cocegas.

                Ela sorriu vitoriosa e afastou suas mãos de mim. Me recompus e suspirei a dar o que ela queria.

– Como você conseguiu essa incrível limusine?

– Que bom que perguntou. – Ela dizia irônica e cruzava suas pernas. – O Matt disse que eu poderia utilizar o seu motorista para nos levar a festa, afinal, não poderíamos pegar um taxi desse jeito, não é mesmo?

                Concordei com a cabeça e riamos juntas ao imaginar a reação de algum taxista que fosse nos levar.

– Falando nele. – Ela me mostra a tela do celular e pude ler o nome do Matt. – Provavelmente quer saber se já estamos chegando. Garotas nunca chegam no horário.

                Enquanto ela conversava com o Matt, eu me distraia navegando pela internet a procura de imagens do The Great Gatsby, afinal a única coisa que eu sabia sobre o tema da festa é que seria dos anos vinte.

                Uma notificação surge no visor do meu celular e percebo que é do Dave. Abro o whatsapp e baixo a foto que ele havia mandado. Caio na risada ao ver que ele está fantasiado usando uma peruca loira e uma máscara. Ao notar minha animação, Joanna se despede de Matt e volta sua atenção a mim.

– O que tem de tão engraçado aí? – Disse curiosa.

Ainda rindo, viro meu celular para que ela possa ver.

– Ah! Não é engraçado. Para falar a verdade ele ficou mais bonito do que eu imaginei.

– Mas por que ele está vestido assim? Não me diga que ele irá junto com a gente? – Perguntei animada.

– Sim, eu o convidei também, ele ficou superfeliz a princípio, mas quando eu sugeri que a gente se arrumasse junto ele quase surtou, disse que as horas extras no restaurante não eram nada comparado a estar dentro de um salão de beleza. – Dizia inconformada.

– Por acaso você se esqueceu do dia em que o convidou para te acompanhar até o salão? O Dave me disse que você o segurou lá por cinco horas, não me admiro que ele tenha reagido assim.

– Oras... Ele é muito dramático, ele até recusou vir junto com a gente na limusine. Eu disse que o Matt havia liberado a limu e poderíamos curtir juntos a noite toda, mas ele simplesmente fechou a cara, disse que iria sair tarde do trabalho e que nos encontraria na festa. – Dizia emburrada enquanto cruzava os braços.

                Estava obvio o motivo por Dave não ter aceitado, ele nunca iria querer algo vindo de algum namorado novo da Joanna. Provavelmente ele só aceitou vir, pois, sabia que eu também iria. Na verdade, fiquei muito feliz com isso, afinal a festa estará cheia de desconhecidos.

– Senhorita Reese chegamos ao Premiere Super Club. – Disse o motorista enquanto parava o carro.

– Ah! Um detalhe importante que eu esqueci de mencionar a você. – Ela dizia enquanto o motorista abria a porta para sairmos.

Olhei curiosa e esperei que continuasse.

– A fantasia do Dave faz par com a sua, ele estará trajado de Gatsby. – Disse sorridente.

– E foi algum de seus contatos que conseguiu a fantasia dele também? – Perguntei divertida.

Ela suspirou pesado e me olhou. – Digamos que para encontrar a dele foi um pouco mais complicado. Mas vamos deixar isso de lado e focar no mais importante está noite que é? – Ela esperou que eu continuasse.

Sorri de lado e bati meus quadris ao dela. –  Diversão.