História Sweet Love - Eu não sou louca

Andy não me tocava, não falava comigo, nem ao mesmo parecia sentir vontade. Estávamos dentro do avião e eu me sentia mal. Sentia uma necessidade muito grande de falar com alguém.

-Que horas são? –Pergunto para Andy.

-Não sei, meu celular descarregou. –Ele responde serio.

-Hum.

-Sabe, podemos ficar assim até Ohio se quiser, mas também pode falar comigo até Ohio, se quiser. –Ele fala, olhando para baixo.

-V-você está brabo, comigo?

-Eu? Não. Você está comigo  eu sei disso.

-Sou tão feia assim? Tão irritante ou simplesmente não posso te fazer feliz?

-O que?

-Pra você em trair com ela.

-Ana, você é a garota mais incrível que eu já conheci.

-Esquece.

-O que?

-Eu não deveria ficar brava com você, nós nem mesmo namorávamos.

Antes dele responder o avião pousa. Andy não me diz para onde exatamente minha mãe havia se mudado, ele apenas me faz entrar em um carro, que eu me questiono de como  ele conseguiu tão rápido. Já dentro do carro ele parece pensativo.

-Você conhece The cats girls? –Andy pergunta.

-Sim. Tenho que desenhar um tipo de símbolo pra elas, eu ia te contar isso quando voltei pra sua casa.

-Hum.

-Por que pergunta?

-Você vai ver.

Depois de um bom tempo de viagem, com um silencio perturbador entre nós dois, Andy estaciona me frente a uma linda casa branca. As cercas eram altas e as janelas e portas exageradamente grandes, deixavam tudo mais divertido.

-É aqui. Sua mãe comprou essa casa.

Saio do carro, encantada com cada detalhe do lugar. Entrando na casa, era tudo tão lindo, em decorado e em perfeito estado.

-Onde está minha mãe? Quero vê-la. –Digo seria.

-Ela já está vindo, foi resolver umas coisas.

-hum. –Eu me sento no sofá. –Você não me respondeu.

-O que?

-Por que fez aquilo? Me trouxe até aqui, por que disse que queria me mostrar algo.

-E eu quero, mas tem que me prometer que vai tentar entender.

-Lá vem você com esses seus mistérios. –Eu falo seria.

-Sim. Agora, prometa.

-Eu prometo que vou tentar entender.

-Eu a beijei sim, não durou mais que dois segundos, eu juro. Mas tudo que eu queria... era que ela não te contasse, pelo menos não por enquanto. Sua mãe me pediu pra manter segredo e eu o fiz. –Seus olhos se enchem de lágrimas. –Ela ia contar e eu sabia que não era a hora certa.

-Contar sobre o que?

-Sobre mim. –Uma moça entra na sala, as roupas... as mascara.... o cabelo... era a guitarrista da banda, The Cats Girls.

-V-você é a guitarrista, aquela que quer o desenho.

-Sou mais que isso.

-Andy... eu não entendo.

-Eu também não. –Ele responde.

-Como assim?

-Como Scout sabia de você? –Andy encara a garota.

-E-eu, não pude evitar. –Ela responde.

-foi tentar vê-la? –Ele a pergunta.

-E eu teria conseguido se não fosse você.

-Do que estão falando? Querem por favor me explicar o que está acontecendo? –Pergunto confusa.

-Ana, por favor.

-Chega Andy, ela precisa saber. ELA TEM ESSE DIREITO.

-TANTO DIREITO QUANTO VOCÊ TEVE DE ESCONDER DELA?

-EU NÃO PODIA ARRISCAR A VIDA DELA!

-AH CLARO, MAS A MINHA TUDO BEM , NÉ?

-NÃO SE FAÇA DE IDIOTA ANDY!

-JULIET, CHEGA! –Andy grita. Eu paraliso.

-J-Juliet? –Meus olhos a fitam. Meu coração praticamente está saltando pela minha boca.

Ela tira a mascara e a peruca que cobria seus longos cabelos loiros. Juliet estava ali, na minha frente, ela me encarava aflita. Eu corro até seus braços, não em lembro de chorar tanto na minha vida, não me lembro de me sentir tão confusa assim, tudo que sei é que eu a amo, que não vou deixa-la.

-C-como pode fazer isso? Você está viva! VIVA! E ME FEZ ACHAR QUE EU ESTAVA LOUCA TODO ESSE TEMPO!

-Ana, por favor, me escuta.

-É SÓ O QUE VOCÊS DOIS SABEM FALAR “ME ESCUTA” ?

-Olha, eu sei que você ficou mal. Eu tentei achar outra maneira, quando soube que tinha engravidado, eu soube que minha vida havia acabado.

-Você é louca?

-Olha, tudo que fiz foi forjar minha morte, só.

-SÓ?

-Eu conheci As garotas da The Cats Girls, elas me mostraram como eu podia viver em paz. Eu sabia que não tinha futuro com um emprego ou algo assim. Eu não gostava muito de Rock mas agora até que curto mais. Porém todas fizeram a mesma coisa que eu, forjaram a morte  e sumiram do mapa.

-Mamãe sabe de tudo, não é?

-Eu precisei de ajuda e mamãe ajudou.

-Foi por isso que eles discutiram.

-Sim. Depois disso eu obriguei Andy a me ajudar. Já fazia um tempo que eu estava desconfiando que ele gostava de você, só não sabia o quanto. Porém nem tudo saiu como planejado. Tem um grupo de motoqueiros por aqui, eles não gostam de nós depois que nos envolvemos em uma briga de bar com eles. Juraram acabar com cada uma de nós e com aqueles que nos ajudarem.

-M-mas, então, todas vocês estão “mortas” e tocam em uma banda? Desde quando você sabe tocar tão bem assim, guitarra?

-Eu aprendi.

-E Gabriel?

-Ele vai morar com a nossa tia por enquanto.

-Você tentou me ver não foi? Por que?

-Ana, você é minha irmã. Eu queria muito ver você, saber que estava sofrendo foi horrível pra mim.

-Não está brava por eu ter beijado Andy?

-Você fez muito mais do que isso, não fez? –Ela pergunta. EU baixo meu olhar. –Não estou não. Não posso fazer nada se ele gosta mais de você. Além do mais, eu tenho descoberto outros gostos. Você ficaria surpresa. –Ela diz sorrindo. Eu sorrio de volta.

-Senti sua falta, praga oxigenada.

-Também senti sua falta, projeto de aborto. Acho que vocês dois tem que conversar, vou tomar alguma coisa. –juliet diz, saindo.

-Ana, sinto muito por tudo isso.

-Eu também, Batandy. Eu sei que tem mais algumas coisas por trás de toda essa história, só que por mais que eu tente, eu não consigo ficar brava com você.

-De verdade?

-De verdade.

-Ana?

-O que?

-Você me perdoa?

-Sim, eu perdoo você.

-EU sei que não é o melhor momento, eu sei que você merece mais que isso, mas eu mandei fazer isso pra você... eu ia te entregar antes, mas não tive  oportunidade. –Ele diz tirando uma caixinha do bolso. Ele a abre. Era um anel em forma de morcego, ele sabia do meu amor incondicional por morcegos.

-Andy! –Ele o coloca me meu dedo. Me abraça forte.

-Você quer namorar comigo? –ele sussurra em meu ouvido.

-Quero, Batandy. –Eu digo o beijando. Penso comigo mesma, “e agora Scout, quem é que vai preferir quem?”

-Eu te amo, Aninha.

-Eu também te amo. Me desculpa não ter acreditado em você.

-Teve seus motivos. E eu entendo.

-Obrigada. Você conhece a banda, todas as moças?

-Não. Elas se recusam a mostrar o rosto.

-Parece que isso tudo é muito estranho.

-Acredite meu amor, eu sei pouco mais que você sobre tudo isso, quer descobrir mais? Tente tirar algo de usa mãe ou irmã, por que pra mim, elas não falam nada.

Eu e Andy passamos as próximas duas horas ali, na sala, falando coisas sem noção um para o outro, sem medir consequências, discutir o passado ou pensar no futuro, apenas aproveitando o presente, já havíamos notado que este era  a nossa única certeza.