História Sweet Paris - Oi Londres

Me dirigi ao balcão de Check-in com os documentos já em mãos e graças a Deus não tinha fila, não deixei minha bagagem ser despachada já que foi somente uma mochila não era necessário, além de que para pegar a mala no desembarque demora uma vida inteira.

Assim que me acomodei no meu assento do avião tentei tirar um cochilo e quando não consegui aproveitei para checar meus e-mails, de Paris para Londres eram mais ou menos uma hora e meia.

Assim que abri minha caixa de entrada tinha um e-mail que me chamava atenção por ter escrito “URGENTE” em letras maiúsculas e claras.

“Marianne Goes espero que você tenha uma boa desculpa, não, uma ÓTIMA desculpa para ter cancelado suas entrevistas e a reunião para decidirmos as fotos do seu portfólio nos próximos três dias. Só para você ficar ciente, posso fazer uma queixa maravilhosa para a coordenadora geral, mas você é linda e se não fossem os pedidos das revistas brasileiras para um photoshoot, você estaria sem uma agência.

Não quero que me veja como uma megera, porque isso não sou, amo uma coisa chamada responsabilidade e é por isso que tive que ser de certa forma agressiva. Por favor entre em contato. ”

Me senti mal na mesma hora, não quero perder meu emprego nem ser irresponsável. Meu irmão está sozinho, o joelho dele deslocou e teve um quase rompimento de ligamento, ele fez/faz tanto por mim que me senti na obrigação de ir ajuda-lo. Ele mora sozinho, tem somente a Maria, a secretaria do lar, mas ela está com virose. O Oscar mora no mesmo prédio que o David mas a Lud está grávida então ele tem que dar atenção a ela, a Gabi faz faculdade e trabalha,  é impossível ela cuidar do David.

Expliquei tudo isso em meu e-mail em resposta a Angelina, espero que ela entenda.

Assim que desembarquei a Gabi correu em minha direção.

-QUE SAUDADE DE VOCÊ!-Ela gritou e eu apertei mais nosso abraço.

-Senti sua falta.- Disse quando nos afastamos.

-Nem me fale!-Voltamos a nos abraçar e fomos interrompidas por um Oscar ciumento.

-Acho que mereço abraço também.

-Claro que merece! -O abracei forte, ele era como um irmão para mim.

A família Emboaba é como se fosse da minha família, estão presentes em todos os churrascos, natal e ano novo. Graças ao David conheci essas pessoas maravilhosas.

-Cadê a Lud?-Perguntei assim que percebi que ela não estava presente.

-Enjoo, sabe como é né? -O Oscar disse passando a mão no cabelo, ele é tão tímido e isso é tão fofo.

-MEU DEUS OSCAR PARABÉNS! –Disse o abraçando novamente.- VOCÊ VAI SER O PAPAI MAIS FOFO DO MUNDO!

-Eu disse que você deveria falar que a Lud estava no shopping ou alguma coisa parecida.- A Gabi disse rindo e eu acompanhei. Ele é tão tímido que nem queria tocar no assunto de gravidez porque sabia que eu iria gritar, bem feito! Já sabe como eu sou e vai me lembrar de uma notícia boa dessa no meio do aeroporto.

O Oscar fez questão de levar minha mochila até o carro enquanto eu abraçava a Gabi dizendo o quanto ela estava linda com as novas mechas, que estavam puxadas para um branco que era a cara dela! E ela por sua vez, estava me perguntando tudo sobre a L’óreal Paris.

-Olha Mari, se não fosse a faculdade e o trabalho eu ajudaria o David.

-Para Gabrieli! Eu sei que você tem obrigações, todos vocês têm. E além do mais foi um ótimo motivo pra matar a saudade.

-O David precisou quebrar a perna? A saudade já era um motivo muito grande viu? -O Oscar fez graça.

-Cala a boca seu dramático.

-Nossa, chegou não tem nem vinte minutos e já está xingando a gente.

-Além de dramáticos são carentes, amo vocês.- Disse puxando a bochecha daquelas duas criaturas sentadas no banco da frente.

Entramos no prédio mais bem localizado de Londres ás margens do rio Tâmisa que para completar tem formato de um cruzeiro.

Bati na porta do apartamento do David, o Oscar estava com minha mochila nas mãos e insistiu em trazer, como não gosto de carregar peso deixei.

-MARIA! -Gritei assim que ela abriu a porta.

-Que saudade de você menina! - Ela enxugou a mão no avental e me abraçou.

-Aqui maninha-Oscar me entregou a mochila.- volto mais tarde, pode deixar que trago o jantar e o suco de uva pro puritano.

-EU OUVI ISSO IDIOTA! -David gritou de algum lugar próximo.

-E o vinho? -A Gabi perguntou.

-Ah vai ter sim.

-Aí sim-Disse rindo enquanto dava as costas para os dois e ia em direção a sala.

-Nem se animem pirralhas, é para maiores de vinte e um anos. -O David disse enquanto se aproximava. Eu dei língua e a Gabi tapou os olhos do Oscar com uma mão e com a outra deu dedo.

Ele estava com o cabelo molhado, com uma blusa branca e uma calça moletom cinza, estava andando com a ajuda de muletas. Andei rápido em sua direção e o abracei sem jeito por causa da perna e da muleta.

-Tchau.- A Maria disse fechando a porta e andando até a sala.- E então querida, vai querer algo pra comer?

-Quero sim, mas eu preparo Maria, você está doente, ainda está pálida.

-Eu disse a ela que você viria e ela não precisava se preocupar. -O David disse balançando a cabeça negativamente- Mas essa daí é a teimosia em pessoa.

-Não vou deixar você desse jeito moleque! -Maria pegou no cotovelo do David e eu peguei o outro para colocá-lo sentado no sofá.

-Obrigado viu Maria? Sem você não sou nada. -Ele disse mimando a senhora que abriu um sorriso enorme e foi para a cozinha.

-E esse cabelo não vai pentear não? -Perguntei rindo da situação que estava a cabeça dele.

-Esperei você.

-Por acaso você quebrou o braço?

-Ai que grossa! To doente.

Revirei os olhos e abri a mochila procurando meu pente e creme de cabelo. Sentei nas costas do sofá me posicionando atrás do David e comecei a pentear o cabelo dele.

-Como é a vida em Paris? -Ele disse fazendo um sotaque terrível quando falou “Paris”.

-David, você não é bom em inglês, muito menos francês.

-Isso, debocha. -Ri.

-É bem legal, sabe, a cidade é linda.

-Já fez amiguinhas?

-Tenho vinte anos, daqui uma semana vinte e um, para de me tratar feito criança.- Disse batendo o pente na cabeça dele.

-AI! Nossa calma aê pouca sombra.- Não acredito que ele ainda lembra desse apelido idiota.

-Pouca sombra? -Disse saindo de trás dele e parando na frente com os braços cruzados. Ele começou a gargalhar riu tanto que se jogou para trás.-Ta rindo do que abestalhado?

-Você odiava quando eu te chamava assim, uma vez você correu atrás de mim, eu fui pra rua e você pegou a bicicletinha rosa pra me alcançar.

-Foi, e eu caí e ralei o joelho todo.

-E eu te carreguei até em casa, até chorei me sentindo culpado.

-Talvez você se sentiu culpado porque foi culpado.

-Vem cá. -O David abriu os braços e eu cruzei os meus.- Anda logo marrenta.

Andei em sua direção e como estava sentado ele me abraçou pela cintura. Ele levantou o rosto posicionando o queixo na minha barriga e sorriu. Sorri falsa para ele o que o fez gargalhar.

-O tempo passa rápido né? -Ele disse, ficando sério repentinamente. Concordei com a cabeça e comecei a acariciar seus cabelos, David fechou os olhos e sorriu sem mostrar os dentes, seus dedos fizeram carinho em minha cintura e um arrepio subiu pelo meu corpo até o ultimo fio de cabelo. Ele era lindo. Ele é lindo. A camisa branca colada no corpo o cabelo molhado com os cachos caindo no rosto, ele é...David abriu os olhos e me encarou, foi como se ele pensasse a mesma coisa, como se estivesse notando algo que nunca viu em mim. Por um momento achei que ele tivesse percebido algo, mas nossa, eu só havia pensado aquilo, como ele ia perceber?

-Aqui seu lanche Mari-Maria entrou na sala o que me fez pular de susto para longe do David. Ele franziu o cenho me olhando, mas não disse nada.

-Obrigada Maria Lurdes. -Disse dando um beijo estalado na bochecha dela e me sentei á mesa que ficava na sala, mas por ser tão grande quase não dava pra ouvir a televisão ligada naquele mesmo cômodo.

-Só Maria ou só Lurdes, será que você nunca aprende? -Comecei a rir e a Maria entrou na cozinha rindo e balançando a cabeça negativamente.

Olhei para o David sentado no sofá e tratei de rapidamente tirar tudo aquilo da minha cabeça, isso foi bizarro e nunca mais vai acontecer.