História Sweet Paris - Tchau Londres

O beijo foi calmo, o David alisava minha cintura e minhas mãos foram até sua nuca. Não sabia o que estava acontecendo, eu só quis, quis muito que os lábios dele encostassem nos meus.

O beijo acabou por falta de ar, agradeci uma quinhentas vezes pela luz estar apagada, provavelmente estou vermelha, vermelha não, roxa de vergonha e mais um monte de sentimentos. Ficamos calados por um tempo, o David não moveu um músculo se quer.

-Não sei porque -Tentei falar, mas a verdade é que não sabia de nada, meu coração batia a mil- Me desculpa. -Continuei deitada respirando bem devagar, talvez se eu ficasse imóvel seria como se eu nem estivesse ali.

-Isso nunca mais vai acontecer. -Ele disse por fim. E mais nada. Virei para o outro lado e fechei os olhos com força. MAS QUE DROGA EU FIZ?

Estava tentando dormir a quase uma hora e meia, mas simplesmente não dava. O David estava ali do meu lado, respirando, se movendo, pensando no quanto sou uma idiota...

-Mari? -Estava acordada, mas não respondi, a vergonha já foi demais por hoje.

Acordei com uma luz forte batendo no meu rosto, abri os olhos tentando me acostumar com a claridade e quando finalmente consegui me virei para o outro lado, David estava ali. Automaticamente meu cérebro tratou de me lembrar o motivo do meu corpo estar doendo somente do lado direito, dormi virada para um lado só a noite inteira porque beijei meu irmão. Credo, assim soa como se eu fosse uma pervertida.

Levantei bem devagar e abri minha mala que ainda se encontrava no chão do quarto.  Peguei um short jeans e uma blusa qualquer de manga e saí do quarto,não tomaria banho no banheiro do quarto pra não acorda-lo, não sei se estou pronta pra encara-lo á luz do dia. Fechei a porta com muito cuidado e iria em direção ao banheiro se não fosse o Taylor parado no corredor me olhando com a sobrancelha arqueada. 

-Oi- Ele disse, ainda tinha uma expressão intrigada.

-Bom dia.

-Bom dia, porque você estava fechando a porta do quarto assim? -Olhei para porta e olhei para ele, me ferrei.

-Pra não acordar ninguém, ainda ta cedo. 

-São onze horas da manhã. -Sorri e revirei os olhos.

-A gente foi dormir muito tarde e sinceramente? O que fizemos me cansou um pouco. -Ele riu e abaixou a cabeça. Passei por ele indo até o banheiro, mas fui puxada e presa na parede pelo seu corpo.

-Acho que mereço um beijo de bom dia. -Sorri sem mostrar os dentes e dei um selinho nele, ele me beijou novamente dessa vez sua língua pediu passagem e permiti, fomos interrompidos quando alguém fechou a porta com um pouco de força. Esse alguém era o David. Meu corpo inteiro gelou, ele olhou de mim para o Taylor duas vezes e deu um sorriso claramente  forçado.

-Bom dia.- Ele disse antes de ir em direção a escada com as muletas. Fiz menção de ir até o David mas as mãos do Taylor apertaram minha cintura, ele me olhava sem muito entender. Molhei os lábios procurando as palavras.

-Vai ajudar ele.- Ele disse por fim e me soltou. Rapidamente dei as costas e fui em direção as escadas, assim que dobrei o corredor  trombei com o David que estava parado.

-DROGA. -Ele gritou colocando a mão na bota ortopédica.

-Ai meu Deus desculpa. -Disse me inclinando para segurar seu braço e apoia-lo.

-Saco, viu. -Ele reclamou de novo.

-Foi mal, você fica parado aí no corredor também, né.

-Deve ser porque não consigo descer a escada! –Gritou.

-Por acaso suas duas pernas estão quebradas? –Perguntei me afastando, já que ele sabe ser ignorante sabe se apoiar sozinho.

-Quer saber? Não tenta ajudar! –Coloquei as duas mãos na cintura e prendi o riso sarcástico, ontem mesmo disse essa frase.

-Parece que nós dois sempre que tentamos ajudar um ao outro acabamos atrapalhando.

-Irônico, não? -Ele se encostou na parede e me olhou, um olhar indecifrável.

-Pois é, deve ser por isso que a gente tem que manter distância.- Disse por fim. Ele arqueou uma sobrancelha e riu, riu da minha cara.

-Volta pro seu namorado, vai viver sua vida independente, foi um erro te pedir ajuda.

-David para de jogar as coisas na minha cara.

-Não estou jogando nada, só estou falando o que está evidente aqui, você só pensa em si mesma.- Como assim só penso em mim? Eu peguei um avião e deixei meus compromissos, corri risco de ser demitida só para cuidar dele. Meus olhos se encheram de lágrimas, ele é um idiota.

-Ta legal. –Andei em passos rápidos até o quarto, bati a porta com força e me escorei nela, vi meu celular ascender a tela indicando um email, ia ignorar mas lembrei da Angelina e corri até ele, e surpreendentemente ou não, era ela.

“Seu irmão é o David Luiz? Porque diabos ninguém me disse isso antes?

Pode ficar aí durante esses três dias, mas trate de sair ao lado dele nos sites esportivos, os paparazzi estão querendo uma foto dele e uma palavrinha sobre a lesão, aproveita para aparecer!

Um beijo.”

Ah, o dia não tinha como ficar pior. Joguei o celular no chão tamanha a raiva que me subiu. Como sou irmã do David Luiz posso viajar e ligar o famoso fodesse para o trabalho que estava tudo certo. Ele sempre tem que se meter na minha vida até na única coisa que eu posso dizer que conquistei sozinha ele se mete. Aposto que a Angelina vai querer que eu poste fotos com o David e esteja mais presente no dia a dia dele, só para ganhar fama.

 Juntei algumas peças de roupas minhas que estavam espalhadas, peguei minha escova no banheiro. Iria embora hoje mesmo daquela casa. Coloquei uma calça jeans e uma jaqueta, fui no banheiro conferir se tinha pego tudo e quando voltei o Taylor estava parado no meio do quarto.

-Você ta indo embora? – Droga.- Acho que a gente precisa conversar antes.

-Já não conversamos ontem? -Perguntei enquanto ia em direção a cama para fechar a mala.

-Você sabe que não é isso. O que o David estava fazendo aqui dentro?

-A casa é dele, você sabe que ele entra e sai dos cômodos na hora que ele bem quiser.

-Sei, sim. Mas estava na cara que ele dormiu aqui.

-Ah é, você virou vidente? -Perguntei ainda tentando fechar a mala, o Taylor me puxou pelo braço e me virou.

-Tem como me explicar?

-Olha Taylor se eu tentar falar vou chorar, se eu chorar vou ficar com raiva de mim mesma e vou acabar descontando em você, vamos deixar isso pra outra hora?

-Não Marianne, nem tudo é no seu tempo!

-Ah então você também acha que eu só penso em mim mesma? Vai, joga na minha cara.

-Não quis dizer isso.- Respirei fundo e contei até mil mentalmente.

-Se quiser posso te explicar tudo no final de semana, quando você estiver em Paris, agora tenho que sair daqui porque briguei com o David e ele não quer me ver nem pintada de ouro e o sentimento é meio que recíproco.- Se ele continuar insistindo vamos acabar brigando, e o que menos quero agora é discutir.

-Ta.-Ele disse colocando as mãos no bolso da calça, me virei e fechei a mala. Coloquei a alça no ombro e me virei.

-Desculpa por ser grossa.

-Quer que eu te leve até o aeroporto? Aluguei um carro.

Desci as escadas e dei de cara com a Maria tirando as coisas do café da manhã da mesa.

-Ué, ta indo onde com essa mala?

-Vou voltar pra Paris.

-Mas você só iria depois de amanhã! - Ela colocou tudo o que estava segurando na mesa e veio em minha direção –Sobrinha minha não sai de casa com fome! Vem aqui.- Ela me arrastou até a cozinha e dei graças a Deus pelo Taylor ter ficado na sala.

-Nem to com fome. - A Maria me deu as costas e abriu a geladeira.- Sério Maria, não se preocupa. Ei! -A chamei, ela se virou. –Eu briguei com o David.

-Santo Deus vocês dois tem uma relação de amor e ódio, nunca vi! -Ela colocou a mão no rosto, reprovando o que falei.

-Tenho que voltar agora pra Paris, te amo ta? –Andei até ela e a abracei forte.- Você é como minha segunda mãe.

-Também te amo minha filha. Tem mais alguma coisa? Você está toda tristinha.

-Tem, mas é problema do trabalho. Desculpa ter que deixar esse encosto com a perna bixada pra você cuidar mas não vai dar mesmo.

-Sem problemas meu amor, já to até melhor, viu? Vê se não fica brigada com o David, ele é insuportável, mas te ama muito.

Balancei a cabeça negativamente e dei um abraço apertado nela. Cheguei na sala e o David estava sentado no sofá, o Taylor não estava mais na sala então decidi ir direto para o saguão. Quando estava fechando a porta do elevador algo bloqueou a porta o que fez ela abrir novamente. Foi a muleta do David. Ele entrou no elevador e apertou o botão para que a porta se fechasse novamente.

-Marianne, por favor tem como você parar de levar as coisas muito a sério? -Continuei parada sem abrir a boca, ele não teria uma palavra se quer minha, aposto que queria me ouvir gritando com ele só para ficar de consciência limpa, achando que fui embora porque realmente só penso em mim.-Não precisa ser extremista ta legal?

A porta do elevador abriu e eu saí dele muito rápido, cheguei até a porta de saída do prédio e não vi nem sinal do Taylor, quer saber? Vou de Táxi. Assim que pisei para fora do prédio vários paparazzi começaram a tirar fotos, o susto foi tão grande que quando tentei voltar para dentro do prédio me bati com a porta de vidro e caí no chão. O David me estendeu a mão e só para não fazer virar capa de jornal esportivo e de fofoca que a irmã do David Luiz deixou ele no vácuo, resolvi estender a mão e aceitar a ajuda.

-Belo tombo. –Ele disse rindo assim que fiquei de pé. Olhei séria para ele e soltei nossas mãos.

-Como você é sínico! - Ouvi duas buzinas e me virei, vendo o Taylor dentro de um carro, parado em frente ao prédio, sem pensar duas vezes corri até ele.