História Sweet Serial Killer - Capitulo 10

-O Stilinski não está a receber visitas.

Essas simples palavras e cheias de rudeza fazem-me encarar o guarda que tivera coragem de as pronunciar fazendo-me estreitar os olhos na sua direção.

Fazia talvez uma semana desde da minha última visita, eu tinha estado demasiado ocupado para vir aqui fazer a visita diária que me tinha comprometido fazer quando aceitei entrar naquela louca aventura.

Naquela semana mantive a minha concentração voltada na forma como é que eu podia levar a que Stiles admitisse que era inocente de todos aqueles homicídios, que ele não era o Broken God, mas o meu foco para além de estar em encontrar provas para provar a inocência de Stiles também foi dirigido para o meu marido, quer dizer ex-marido, que decidiu que era uma boa hora entrar novamente na minha vida com o objetivo de me reconquistar.

Será que ele não percebia que não havia nada para ser reconquistado?

Abanei a cabeça tentando organizar os meus pensamentos novamente voltando a olhar na direção do guarda que proibira a minha entrada, continuava no mesmo lugar com os seus braços ao lado do seu corpo fazendo lembrar um pouco a uma estátua.

-Eu tenho livre acesso para ele. - obrigo-me a dizer não fazendo a mínima ideia do porquê de ter que dizer aquelas palavras, o guarda era o mesmo das outras vezes em que eu viera à prisão.

Uma semana foi o bastante para ele se esquecer do meu propósito ali?

-Ele não está a receber visitas. - volta a repetir o guarda no modo automático dirigindo-me agora um olhar que se era para me intimidar em nada ajudou.

-E posso saber o porquê disso? - questiono cruzando os meus braços olhando em forma de desafio para o guarda que pareceu divertir-se com aquele meu gesto.

-O Stilinski teve contacto com uma visita. - é a única resposta que obtenho do guarda tendo a certeza quase que automaticamente que ele não podia revelar aquela informação.

A memória dos problemas que tive para conseguir ter visitas surgiu na minha cabeça fazendo-me lembrar dos vários avisos que recebera de Isaac, o meu advogado, falando que Stiles Stilinski não recebia visitas de ninguém a não ser alguns aprendizes a detetives.

-Eu sou a única visita. - constato não consigo evitar sorrir pensando que aquela desculpa do guarda era uma tentativa de me enganar, uma tentativa para fazer-me parar de fazer perguntas o que ele não sabia é que eu não me deixava enganar assim tão facilmente.

-Se assim diz... - é a única coisa que o guarda diz arriscando a encolher os ombros.

Aquele simples movimento conseguiu-me irritar fazendo-me cerrar as mãos ao lado do meu corpo enquanto olhava para o guarda em desafio conseguindo notar o divertimento na sua expressão facial.

-Eu não me vou embora daqui se é isso que está a pensar. - afirmo com determinação dando um passo em frente querendo dar a entender que em nenhum momento ele me faria sair dali.

Tudo bem se eu não podia ver o Stilinski, mas eu não sairia daqui sem respostas.

-Ótimo, assim temos tempo suficiente para conversarmos. - aquelas palavras não saíram do guarda que aliás colocara-se ainda mais direito no momento em que aquela voz masculina tomou conta do lugar fazendo-me olhar na direção donde tinha vindo a voz.

Detetive Ian!

O homem que me tinha conseguido convencer a fazer com que Stiles perdesse a calma, o homem que fizera perder toda a confiança ou aquilo que podia chamar que o Stiles tinha em mim e tudo para nada.

-Vá à frente. - é a única coisa que o detetive Ian diz apontando para o pequeno corredor que eu tinha seguido na semana passada, corredor que me levaria para o escritório do diretor Lance.

Eu conseguia perceber no olhar de Ian que ele não me estava a dar nenhuma hipótese de me safar daquela conversa e eu não sabia o porquê de querer safar-me, havia algo nele que me fazia estremecer e sentir-me desconfortável na sua presença.

Coagida a ficar no mesmo espaço que Ian mantive-me perto da porta com o objetivo que se algo acontecesse que me deixasse demasiado desconfortável eu pudesse sair dali o mais depressa possível sem haver chances de Ian me conseguir deter.

-O que é que queria falar comigo? - questiono cruzando os braços enquanto via o detetive a rodear a secretária e a sentar-se na poltrona por trás desta sem qualquer cerimónia.

O lugar tinha mudado desde da última vez que eu ali estivera, o velho computador tinha sido agora substituído por um portátil. Havia alguns arquivos espalhados pelo chão do escritório, mas não ao ponto de atrapalharem o caminho de passagem.

Dava para perceber que o detetive estava ali instalado e sabe-se lá por quanto tempo ele ficaria por ali.

-Primeiro eu queria felicita-la por ter conseguido irritar o Stiles tal como queria. Nunca o tínhamos visto daquela forma, foi realmente bom vê-lo daquela maneira. - declara Ian abrindo um sorriso de felicitações na minha direção o que me fez afastar finalmente da porta e aproximar-me a passos duras da secretária deixando as minhas mãos baterem em cima da parte de trás da cadeira de frente para o Ian.

-Bom? Bom? O que é isso tem de bom? Eu perdi a confiança que ele tinha de mim, eu tenho a certeza que esta treta dele não poder receber visitas tem mais haver com ele não me querer ver. - deixo escapar transparecendo toda a raiva que eu sentia de toda aquela situação, Ian tinha sido o culpado de tudo aquilo.

Ele é que devia estar a lidar com aquelas consequências não eu.

A gargalhada do detetive Ian encheu a sala e por alguns segundos foi o único som que se ouvia no cómodo. Era uma gargalhada divertida, mas ainda assim tensa como se ele estivesse a forçar aquela risada fazia-me sentir ainda mais desconfortável ao ponto de dar um passo atrás com a intenção de me aproximar da porta.

-É querido da tua parte achar que tudo isso é por tua causa. - afirma Ian quando consegue finalmente controlar a sua risada tensa ao mesmo tempo em que se levantava da poltrona dando a volta a secretária para poder encostar-se à mesma enquanto olhava para mim com um sorriso malicioso a beirar os seus lábios. -Pergunto-me o que é que possas ter dito ao Stilinski para ele se irritar daquela forma.

-Não é da tua conta. - assim que as palavras escapam da minha boca arrependo-me ao perceber o olhar irritado que recebo de Ian que rapidamente é disfarçado com uma máscara de indiferença, mas não a tempo de eu conseguir perceber que eu o tinha conseguido irritar o que me fez engolir em seco enquanto arriscava a dar mais alguns passos atrás ao mesmo tempo que voltava a falar na tentativa de distrair o detetive ao ponto de o fazer esquecer aquela situação. -O que é que queres dizer que não é por minha causa? O Stiles não pode mesmo receber visitas? Não é uma desculpa para não me deixar entrar?

-Ele teve contacto com uma visita. - revela Ian aquilo que eu já sabia desencostando-se da secretária e dando um passo na minha direção fazendo-me dar um passo atrás, a distância que ele parecia querer encurtar estava boa para mim daquela maneira.

-Eu sou a única visita.

-Não é isso que diz os registos, uma Allison Argent visitou no dia seguinte após a tua visita. - informa Ian passando os seus olhos por toda a extensão do cómodo com um novo sorriso a beirar os seus lábios como se alguma coisa o divertisse, mas antes de eu poder criar coragem para dizer-lhe alguma coisa a atenção do detetive veio para cima de mim para logo de seguida acrescentar divertindo-se com as suas palavras. -Se eu soubesse que ele se iria irritar só com a visita daquela mulher eu teria te poupado o trabalho.

Allison Argent.

Ela tinha sido a namorada de Stiles quando os dois eram adolescentes, era a namorada dele até ao momento em que ele foi preso. Ela dissera que não tinha nada haver com o Stiles, que na verdade não o via desde do dia em que ele fora preso, essa foi a única coisa em que eu acreditara que era verdade que a Allison dissera, mas algo tinha mudado.

Algo tinha a feito vir fazer uma visita ao Broken God e eu estava ruída de curiosidade para saber o que poderia ser.

-Dá para perceber pela tua expressão que tu sabes quem é a Allison Argent, a famosa amada do Broken God. Quem diria que ele é capaz de ter sentimentos por outra pessoa se não por ele mesmo? - a voz de Ian arranca-me dos meus pensamentos a tempo de alargar a distância entre nós dois ao perceber a aproximação que ele arriscou fazer.

-Espero que a raiva que ele agora sente de mim tenha valido alguma coisa para si. - é a única coisa que digo enquanto o desejo de sair daquele escritório o mais depressa possível aumentava dentro de mim.

-Estávamos apenas a testar uma teoria. - afirma com naturalidade Ian abanando uma mão como se enxotasse aquela ideia.

-Uma teoria? Está a dizer que aquilo que eu arrisquei foi por causa de testar uma teoria? - interrogo deixando a raiva transparecer na minha voz, antes de perceber já sentia as minhas mãos a fecharem-se ao lado do meu corpo prontas para baterem em algo.

-Como eu disse, se soubesse que a Allison Argent iria visitar o Stilinski eu não tinha feito o pedido a si. - algo na sua resposta não me fez acreditar que ele realmente faria aquilo.

-E então? Conseguiu provar que essa teoria é válida? - questiono cruzando os meus braços percebendo que a distância segura que se mantinha entre mim e o detetive era a única coisa que me impedia de perder o controlo.

-Ainda estamos a testa-la.

Obriguei-me a fechar os olhos tentando manter-me calma, ele estava a testar os meus limites e eu conseguia perceber isso, mas se ele pensava que me fazia perder o controlo assim com tanta facilidade teria que pensar novamente.

-É por isso que o xerife está ausente? - questiono lembrando-me do homem que acompanhava o detetive Ian nas outras vezes que eu o vira, era a primeira vez que o via sozinho.

-O xerife Stilinski tem a sua própria esquadra para liderar, ele confia em mim ao ponto de resolver os problemas que persistem. - declara o detetive com um olhar feroz nos seus olhos como se quisesse deixar claro que não precisava de ninguém a cuidar dele.

-Stilinski? - interrogo em dúvida ao notar que ele tinha o mesmo nome que Stiles, teria aquilo sido um engano, talvez uma coincidência ou estaria Ian a colocar-me à prova.

-John Stilinski, o xerife Stilinski, o pai do Broken God. - fala Ian revirando os olhos deixando transparecer assim o desprezo que sentia ao pronunciar aquelas palavras.

-Stilinski? - a palavra volta a escapar da minha boca fazendo-me soar como uma idiota.

-Tu não fazias a mínima ideia. - compreende finalmente o detetive fazendo com que o divertimento beirasse os seus olhos antes deste cruzar os braços à frente do corpo e arrisca-se a sorrir na minha direção. -Isto vai ser tão divertido!

-Talvez seja a altura de me ir embora. - afirmo apontando para trás de mim demonstrando assim o desejo que eu tinha desde do momento em que pôs os pés naquele escritório.

-Sim, talvez seja uma boa ideia. - concorda Ian que não conseguia desfazer o sorriso trocista dos seus lábios mostrando que toda aquela situação o divertia.

Antes mesmo de Ian lembrar-se de alguma coisa que me detivesse naquele escritório por mais alguns minutos abandonei o cómodo começando a atravessar o familiar corredor com as paredes demasiado próximas ao ponto de me fazer sentir claustrofóbica.

Não conseguia parar de pensar naquilo que acabara de descobrir, como é que era possível eu não ter conseguido perceber a semelhança entre os dois homens? Agora que colocava os rostos dos dois lado a lado conseguia notar algumas semelhanças.

Então aquela visita de quando eu me cruzara pela primeira vez com o detetive Ian e o xerife não deveria ter sido assim tão formal como eu pensava. Aliás, se bem me lembro eles estavam a discutir quando o guarda Carter interrompeu o encontro.

Eu estava tão distraída com os meus pensamentos que só percebi que já tinha chegado à entrada da prisão quando choquei contra um corpo. Acabei por perder o equilibrio não indo ao chão por sentir uma mão forte a agarrar-me pela cintura impedindo que o trombo fosse pior.

-Desculpe eu... - as palavras evaporaram-se da minha boca quando deixei-me hipnotizar por uns intensos olhos castanhos.

Não consegui evitar deslizar os meus olhos pela extensão do rosto do homem que me agarrava notando assim o seu queixo torto que podia ter sido uma consequência de um maxilar partido, os seus lábios eram grossos e tentadores enviando um convite silencioso para acabar com a distância que existia entre nós.

-Eu também estava distraído. - desculpa-se o homem abrindo-me um sorriso torto de tirar o fôlego enquanto me soltava quando percebeu que eu já estava segura, impedi-me de dizer alguma coisa embaraçosa como pedir para ele continuar a tocar-me. -Sou o Scott McCall.

-Sou a Lydia... Espera, tu disseste Scott McCall? O melhor amigo do Broken God? - interrogo interrompendo as minhas próprias palavras enquanto obrigava-me a avaliar agora com mais atenção o homem à minha frente.

A roupa informal que usava dava-lhe um olhar descontraído que eu não me lembro de ver nas fotografias que eu tinha estado a analisar na semana que se passara, o rosto tinha mudado um pouco, estava mais maduro, mas aquele sorriso... O sorriso que eu tinha visto na fotografia de final de curso estava ali presente para abalar as estruturas de qualquer mulher.

-Tenho a certeza que ele prefere ser chamado Stiles Stilinski e eu não sei se fico assustado por saberes essa informação visto que já faz anos desde que eu apareci pela última vez no jornal. - declara Scott coçando a parte trás da sua nuca enquanto agora esboçava um sorriso tímido xingando-me mentalmente por ter conseguido assustar talvez a única pessoa que me poderia ajudar com as respostas que eu sabia não conseguir obter pelo Stiles.

-Desculpa, eu não queria... - abano a cabeça abanando todos os insultos que o meu cérebro soltava naquele momento para me ofender antes de obrigar-me a voltar ao inicio esboçando um sincero sorriso e estendendo uma mão na direção do moreno. -Sou a Lydia Martin, o Stiles concedeu-me algumas entrevistas para eu poder escrever um romance policial baseado no caso do Broken God.

-Eu acho que já tinha ouvido algo sobre isso. Ele responde-te ás perguntas que fazes, não é?

-Algo desse tipo. - respondo forçando-me a acrescentar logo de seguida ao deparar-me com a expressão de confusão por parte de Scott. -Nós temos um acordo, ele faz-me uma pergunta eu respondo e depois é a minha vez de fazer uma pergunta. Estamos a avançar lentamente.

-Stiles sempre conseguiu convencer uma pessoa a fazer aquilo que inicialmente não queria fazer. - declara Scott encolhendo os ombros fazendo-me perguntar quantas vezes ele já tinha sido manipulado pelo Stiles.

-Eu também consigo dar a volta a ele. - solto recebendo de volta um sorriso malicioso por parte de Scott que me fez corar amaldiçoando-me mentalmente por ter mostrado daquela forma que ele me estava a conseguir afetar, quase que imediatamente lembrei-me da minha “proibição” para visitar Stiles fazendo-me acrescentar para Scott. -Eu não sei já tentas-te, mas o Stiles não pode receber visitas durante esta semana.

-Oh sim... O guarda já me informou, na vez que eu finalmente crio coragem para o vir visitar ele faz asneira e é proibido de receber visitas. - confessa Scott revirando os olhos como se estivesse cansado daquelas atitudes do Stilinski.

-É a primeira vez que o vens ver? - não consigo evitar perguntar deixando que a minha curiosidade falasse mais alto obrigando-me acrescentar quase que automaticamente não querendo parecer uma daquelas mulheres que gostava de saber as fofocas de todos. -Se não quiseres responder não precisas de responder.

-Quando foi preso o Stiles fez-me prometer que não o visitava, ele não queria que o visse neste cenário. Que se a revelação do seu segredo, sobre ele ser um assassino, não acabou com a nossa amizade as visitas na prisão iriam acabar por fazer isso, ele não queria que acontecesse. - revela Scott encolhendo os ombros coçando novamente a parte de trás da nuca que começava a perceber que podia ser um tique nervoso que ele tinha.

Obriguei-me a morder o interior da minha bochecha impedindo de me fazer quaisquer perguntas intimidadoras para Scott que o pudesse deixar desconfortável com a situação, eu já tinha esticado a corda com a minha pergunta anterior não podia abusar mais.

-Tenho que ir agora... - informo segurando a minha bolsa mais perto de mim enquanto sentia os olhos observadores de Scott em cima de mim.

Comecei a afastar-me em direção a saída quando ouvi o meu nome fazendo-me olhar uma vez mais para Scott que caminhava até mim encurtando a distância que existia entre nós.

-Isto pode parecer demais, mas eu podia ajudar-te com o romance que estás a escrever afinal eu sou o melhor amigo do Broken God. Ninguém o conhece como eu o conheço, eu posso ajudar-te. - anuncia Scott surpreendendo-me com a disponibilidade que me oferecia e que verdade seja dita eu já tinha pensado em pedir.

-Eu aceito!