História Sweet Serial Killer - Capitulo 15

-Pensas-te na minha proposta?

Essa é a primeira coisa que Stiles me pergunta assim que me vê a entrar na sala, as suas mãos algemadas começavam a ser uma rotina para mim assim como aquele sorriso atrevido que ele mantinha nos seus lábios.

-Eu não... - começo a falar pronta para responder quando a memória da minha última visita me veio a cabeça.

Nesse dia tinha sido o Stiles a fazer todas as perguntas, ele teve direito a três perguntas e tudo porque ele achava que esta era a minha forma de me redimir de o ter irritado.

-Hoje eu é que faço perguntas. - pronunciou-me ocupando finalmente a cadeira disponível deixando cair sob a mesa os cadernos que eu tinha conseguido que o Scott me emprestasse.

Aqueles cadernos continuavam a ser um enigma para mim, o código com que todas as informações pareciam estar escritas era um código que eu desconhecia e que não estava presente nos livros de decifrações que a Alika que me fizera ler depois de descobrir aquilo que eu estava a tentar fazer.

Foi depois de algum tempo que eu finalmente aceitei a ideia que talvez só o Stiles fosse o único a revelar o que estava escondido naqueles cadernos afinal tinha sido ele o criador de todo aquele código.

-Eu adoro mulheres decididas! - o comentário atrevido de Stiles faz-me soltar um suspiro de resignação ainda que dentro de mim eu sentisse algo aquecer só ao ouvir aquelas palavras.

-Eu preciso da tua ajuda. - falo dessa forma deixando os meus olhos caírem sobre os cadernos tentando os organizar de forma a que aquele que continha o nome das duas primeiras vitimas estivesse em primeiro lugar.

-E eu estou aqui para te satisfazer... Estou pronto para te ajudar naquilo que for necessário, loira morango. - a malícia presente na voz de Stiles fez-me sentir as bochechas quentes enquanto eu obrigava os meus olhos a erguerem-se o suficiente para assim perceber o sorriso que residia nos seus lábios.

Percebendo que ele estava a lidar com tudo aquilo com grande divertimento eu abri finalmente o primeiro caderno virando o mesmo na sua direção para logo de seguida ver o moreno a inclinar-se o suficiente para conseguir ler o que estava escrito no caderno.

-O nome Ellen Paige devia significar alguma coisa? - pergunta Stiles encostando-se nas costas da sua cadeira e puxando as suas mãos para o mais perto de si até onde as algemas lhe permitiam.

-Não te lembras da tua primeira vítima? - interrogo sendo que essa minha questão foi o suficiente para arrancar o sorriso dos lábios dele.

Eu sabia que ele não era o Broken God e aquilo dele não saber o nome nem se quer da sua primeira vítima só me provava uma vez mais aquilo que eu já sabia, mas se ele queria continuar agir daquele jeito então eu tinha que continuar a tratar todas as minhas perguntas como se ele fosse o assassino frio.

-O que é que estás a tentar fazer Lydia?

-E a Vivian Rose? Ou talvez a Callie Sandler? - pergunto não arriscando em responder à sua pergunta, coloquei todos os cadernos diante dele, todos eles abertos na página onde os nomes das vítimas estavam escritos.

Não desviei uma única vez os olhos do rosto de Stiles vendo o momento em que os seus olhos se estreitaram enquanto arriscava a olhar para os cadernos que eu dispusera à sua frente. Fui apanhada de surpresa quando ele ergueu os seus olhos para mim deixando-me ver a frieza presente nos seus olhos lembrando-me da forma como ele tinha agido comigo quando eu lhe dissera que sabia da sua inocência.

-Eu falei para parares não falei?

Stiles ergueu-se do seu lugar e abriu a boca como se estivesse pronto para chamar pelo guarda, mas antes que dele poder fazer isso já eu me tinha levantado também do lugar fazendo com que os seus olhos caíssem em cima de mim.

-Eu só estou a tentar colocar os pontos nos “is”, eu preciso de algumas respostas e sendo tu o Broken God quem melhor me poderia dá-las? - questiono erguendo uma sobrancelha sugestiva na direção de Stiles que estreitou os seus olhos na minha direção como se tentasse compreender algo que eu tivesse dito.

Levou algum tempo, mas quando Stiles se voltou a sentar no lugar o seu rosto tinha adquirido aquela máscara de indiferença que ele mantivera nos nossos primeiros encontros, mas ao contrário desses encontros iniciais o sorriso atrevido que ele tivera nos seus lábios durante os mesmos não existia naquele momento.

-O que é que queres saber? - pergunta finalmente Stiles cruzando os seus pulsos, um por cima de outro, uma atitude que eu já tinha percebido que ele tinha quando o seu real desejo era poder cruzar os braços.

Aquela pergunta foi o gatilho que eu precisava para puxar os cadernos novamente para mim e começar a folhar um deles, aquele que continha os nomes das duas primeiras vítimas.

-Foi o Scott que me emprestou estes cadernos. - começo por revelar querendo abrir a conversa com uma informação que seria simples para o Stiles processar.

-É claro que ele emprestou... Ele está sempre pronto ajudar mulheres lindas. - debocha Stiles com um brilho irritado nos seus olhos para logo de seguida estalar a sua língua no seu da boca e inclinar-se na minha boca. -Diz-me... Vocês já se beijaram?

Não consegui evitar franzir a testa transparecendo a confusão que eu sentia com aquela pergunta sem contexto de Stiles, antes de eu poder pensar em responde-la obriguei-me a focar naquilo que era importante naquele momento.

-Tudo o que está escrito nestes cadernos está em código e o Scott falou que só tu me poderias dizer o que aqui estava escrito. - pronuncio deixando que os seus dedos puxassem para si um dos cadernos, consegui perceber antes dele ergue-lo que aquele era o caderno onde o nome da Cora estava escrito.

-Filho da... - Stiles cortou bruscamente o xingamento que estava prestes a soltar deixando cair de volta na mesa o caderno para logo de seguida lançar-me um olhar afiado que fez o meu corpo congelar no lugar ao não esperar um olhar daquele. -Não acredites em nada do que aquele... Aquele... Afasta-te dele Lydia, ele não é quem diz. Afasta-te dele!

O tom ameaçador presente na voz de Stiles fez-me encolher no lugar e olha-lo duma forma que eu nunca tinha olhado nem mesmo quando eu pensava que ele era o Broken God.

A cólera presente no rosto de Stiles era verdadeira e sincera assim como a raiva que era transmitida pelas suas mãos fechadas em cima da mesa.

-Stiles... - tento falar sentindo a minha garganta apertada devido ao medo que eu sentia naquele momento, um medo que não me deixava mexer no lugar.

Algo deve ter transparecido no meu rosto porque no momento seguinte Stiles baixou os seus olhos para as suas mãos encarando as mesmas como se algo de errado estivesse nelas, não levou muito tempo para ele voltar os seus olhos para mim agora com um pedido de desculpa reunido no seu olhar.

-Eu não escrevi estes cadernos, Lydia. Tens que acreditar em mim. - a imploração de Stiles apanhou-me desprevenida, mas foi a aproximação das suas mãos que me surpreendeu, mas antes que o contacto físico pudesse acontecer eu puxei as minhas mãos para mim.

-És um serial killer. - só percebi o significado daquilo que eu dizia quando eu acabara de dizer as palavras em voz alta, mas agora já era tarde demais para eu corrigir o estrago que fizera.

-E eu a pensar que estávamos a conseguir criar laços afetivos. - é capaz de falar finalmente Stiles depois de alguns minutos em silêncio, um silêncio tenso que uma faca facilmente conseguiria cortar. -Mas... Oh bem, se estás aqui só para obter as tuas respostas, quem sou eu para recusar dá-las?

-Stiles... - chamo pronta para atrever-me a tocar na sua mão e assim quebrar uma das regras estipuladas logo no inicio daquela loucura, mas antes de eu poder pensar em realizar tal ato já Stiles tinha voltado agarrar no caderno que continuava à sua frente.

-Eu conheço este código. - revela finalmente Stiles com a sua indiferença habitual, puxou o caderno ate à beira da mesa ao ponto de me fazer acreditar que o deixaria cair, mas antes de eu poder tomar alguma atitude já ele acrescentava no mesmo tom. -Criei-o para eu e a minha mãe termos a nossa própria linguagem, era a nossa brincadeira.

-O que é que está aí escrito? - forço-me a perguntar fazendo uma nota mental para mais tarde perguntar sobre a sua mãe afinal era a segunda vez que eu sabia algo sobre a mãe dele.

A primeira tinha vindo de Scott que me cedera mais informação do que aquela que o Stiles acabara de me dizer, mas ainda assim existia uma parte de mim que queria saber mais, mas por agora eu tinha me concentrar no objetivo daquela visita.

Stiles levou algum tempo para me responder aquela pergunta, pois os seus olhos mantiveram-se ligados fixos naquilo que estava escrito no caderno por algum tempo como se precisasse de avivar a sua memória sobre aquilo que tinha escrito ou pelo menos era esse o único pensamento que me passava na cabeça para explicar toda aquela demora para me dar uma resposta.

-É um diário. - responde finalmente Stiles depois de algum tempo que se revelou impaciente para mim, olhei com ansiedade para Stiles esperando por mais alguma resposta que não demorou a chegar. -Fala sobre o antes e o depois do crime... Conta pormenores também sobre o homicídio como se fosse a cena dum filme. Dá para imaginar com muita segurança aquilo que aconteceu com as vítimas.

-O que é que fala sobre o antes? - pergunto posicionando-me na ponta da cadeira enquanto sentia o meu coração a pulsar o sangue agora numa velocidade maior.

-Coisas normais... O sorvete que elas comeram, a música que estavam a escutar, a cor dos olhos, a cor dos lábios, a blusa... - Stiles parou bruscamente aquilo que falava e arregalou os olhos de forma assustada como se acabasse de perceber algo que ainda não tinha percebido.

-Stiles... - chamo-o atrevendo-me a estalar os dedos à frente do seu rosto, mas nem isso o conseguiu tirar dos seus pensamentos.

Antes de perceber já o Stiles tinha puxado os outros cadernos para perto de si e folhava os mesmos com uma ferocidade assustadora parando por alguns segundos em algumas páginas e logo de seguida voltava-se para outro caderno confirmando alguma informação.

-Stiles! - chamo-o desta vez num tom mais alto que deve ter ser ouvido no outro lado da porta porque no momento seguinte eu ouvia a mesma a ser aberta atrás de mim, mas desta vez eu tinha conseguido despertar também a sua atenção.

-É a roupa. - não fazia sentido aquilo que ele acabara de dizer e isso deve ter sido transparecido pelo meu rosto porque no momento seguinte Stiles batia na mesa com alguma agressividade e encarava-me com o desespero a beirar os seus olhos. -É a roupa!

-O tempo acabou. - é o anuncio que ouço vindo atrás de mim antes que eu pudesse compreender o significado daquilo que ele me acabara de dizer.

-Espere... - peço num tom autoritário erguendo-me do meu lugar quando o guarda Carter se aproximou pronto para retirar as algemas do Stiles substituindo-as pelas outras.

Os olhos do guarda pararam em cima de mim com as sobrancelhas levemente erguidas como se ele não esperasse uma atitude daquelas da minha parte.

-O tempo acabou! - repete o guarda agora num tom mais lento e ameaçador como se eu fosse idiota o suficiente para não entender aquelas palavras.

-Espere, eu só preciso...

-Na próxima visita, escritora. - pronuncia-se o guarda Carter com todo o desdém reunido na palavra “escritora” deixando mais do que claro o sentimento de desprezo que sentia pela minha profissão e sem mais delongas agarrou no braço de Stiles obrigando-o a levantar-se do seu lugar.

Não levou muito tempo para ambos desaparecerem da sala deixando-me para trás sozinha com tempo suficiente para reunir os cadernos espalhados pela mesa.

Roupa.

Aquela palavra continuava a ecoar na minha cabeça em busca dum significado claro para Stiles ter subitamente ficado em estado de alerta, mas a única coisa que me vinha a cabeça era o significado literal da palavra.

Arrisquei a olhar para um dos cadernos abertos percebendo que o mesmo estava aberto na parte da Cora.

A página que estava aberta tinha uma única coisa, um único desenho isolado, mas tão belo como aquele que eu vira no caderno de desenhos que o Scott me mostrara algumas semanas atrás.

Arrisquei a passar os dedos por aquele desenho não conseguindo deixar de sentir o medo de borrar a beleza daquela perfeição.

Camisa amarela e saia azul com flores brancas.

Era a roupa com a qual a Cora estava vestida no dia em que a perseguição começou.