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História Symphony - Storm Symphony


Escrita por: crystalkayo

Notas do Autor


Infelizmente a fic está chegando ao fim :(

Se quiserem me encher no twitter, só procurar por crystalkayo :)

Novamente desculpa pelos erros de português!

Divirtam-se!

Capítulo 7 - Storm Symphony


Fanfic / Fanfiction Symphony - Storm Symphony

Dor.

Muita dor.

As palpebras que tentavam se abrir logo se fechavam, pressionadas, indicando que Caitlyn sentia muita dor. A mão tentou tocar o local onde sentia algo queimando dentro de si, mas fora afastada, o corpo amolecido era carregado por alguem.

A gente precisa tirar ela daqui, agora!

Se eu levar ela no hoverboard a policia inteira vai atirar em mim. Eu não posso, Vi.

Vi.

Ekko.

Reconhecia aquelas vozes, aquele calor em seu rosto quando seus olhos se entre abriram por um instante. As feições preocupadas, os olhos acinzentados desesperados procurando pelas íris azuladas, ouvia seu nome diversas vezes, os dedos enfaixados lhe segurando o rosto que mal conseguia se sustentar por conta própria.

Cait, hey! Fica comigo, a gente vai sair daqui. Vai ficar tudo bem, ok? Eu prometo, cupcake, a gente vai sair dessa… juntas, como sempre.

Foram as últimas palavras que ouviu antes de sentir o mundo ao seu redor apagar. A consciencia sumindo, a força se esvaindo de seu corpo, a respiração parando por alguns instantes.

Caitlyn sabia dos riscos que era se tornar uma defensora, a xerife de toda a cidade, se envolver em assuntos de Zaun, politicagem, cruzar linhas que praticamente poderiam colocar sua cabeça a prêmio. Colocar um alvo em suas costas. Mas que mal poderia acontecer? Se Vi estivesse lá, tinha alguem para lhe proteger. 

Tinha um motivo para atirar, e nunca errar.

“Qual é sua motivação para atirar, Kiramman?”

Vi não conseguia pensar em nada que não fosse tirar a policial daquele lugar. De leva-la para a emergência, pois podia sentir o corpo dela esfriando, o quão fraca ela parecia inerte em suas mãos. As manoplas serviam quase como um escudo para proteger uma das únicas coisas que ainda restava para Vi.

Perdeu Vander, Mylo, Claggor e agora Powder.

Ela não iria perder Caitlyn.

Não podia.

Parte da armadura de vigia estava rachada, marcada pelas correntes, os inúmeros tiros, uma das ombreiras faltava, o sangue manchava diversas partes denunciando o quanto Vi apanhou naquela luta. O olhar vazio e desesperado sendo um reflexo do buraco que Jinx deixou dentro de si. Mas sua dor não importava agora. 

Ao descer do pequeno barco que a levou devolta para a cidade, Vi viu os inúmeros defensores controlando a multidão. As explosões na prisão chamaram atenção, óbvio, e isso era bom, pois bastou segundos para os policiais se agilizarem.

Os gritos por um médico.

As vozes da multidão chocada ao verem o corpo da xerife inerte.

Vi apenas tremia enquanto via os médicos retirarem a policial das manoplas banhadas em sangue. 

E por um instante o silêncio.

Os olhos acinzentados assistiam os inúmeros policiais correndo de um lado para o outro, controlando ainda mais a multidão que queria saber o que tinha acontecido com a xerife. As faces furiosas, chocadas, outras decepcionadas, quase como se eles a culpassem pelo que havia acontecido com Caitlyn. O mundo ao seu redor parecia em câmera lenta, girando, e soltando os feichos das manoplas, Vi se sentou em um caixote qualquer, as mãos enfaixadas lhe cobrindo o rosto, os cabelos rosa por entre os dedos.

Powder se tornou Jinx por sua culpa, e agora ela havia ultrapassado o limite e atacado Caitlyn.

Era tudo sua culpa.

E ela tinha que fazer alguma coisa.

Alguns dias se passaram, as coisas pareciam mais calmas na cidade, mas a mente de Vi ainda era uma tempestade. 

Estava jogada no sofá em frente a escadaria para o segundo andar, na casa dos Kiramman, o cotovelo tatuado apoiado sobre o encosto com detalhes dourado. Os dedos caleijados serviam de sustento para o rosto de Vi que apenas olhava para um ponto qualquer na mesa dourada de centro. A cor verde era uma escolha horrivel para o estofado, mas combinava com toda a casa. 

Vi.

A voz masculina chamou atenção da lutadora que não se moveu, mas ao menos ergueu o olhar para o homem de cabelos azuis, a barba cortada em um formato estranho, mas as feições pareciam mais suaves, amigavel. Os suspensórios pretos adornavam a camisa branca perfeitamente passada, e em mãos ele tinha duas canecas brancas, o simbolo da familia cravado em cada uma.

A senhora Kiramman é um pouco exagerada, não se preocupe. - Ele sorriu de maneira sutil, a mão extendendo uma das canecas para a lutadora.

Os olhos acinzentados focavam a porcelana branca a sua frente, ouvia ele, mas sua mente estava em um lugar distante, e logo seu foco foi um ponto qualquer no tapete vermelho e dourado.

O homem suspirou antes de colocar a caneca sobre a mesa dourada, o corpo se sentando no sofá ao lado da garota de Zaun. - Caitlyn sempre soube que era perigoso entrar para a policia, ainda mais virar xerife. Sabe que ela só aceitou o cargo com uma condição? - Ele começou, os olhos azuis semelhantes ao de Caitlyn focando a lutadora, que só conseguia olhar o nada naquele instante.

Ela só aceitou ser xerife se você se tornasse vigia. Você deve saber disso, ela perguntou para você e me lembro que ela disse o quanto você reclamou. - Ele continuou, o riso fraco antes de tomar um gole do chá na caneca, ambas as mãos segurando a porcelana, o olhar dele recaindo sobre o liquido quente dentro do recipiente. - Eu não sei o que te fez mudar de idéia, mas… ela se sente segura com você. Não liga pra minha esposa, ela é super protetora com a Caitlyn desde pequena.

Foi por alguns segundos que os olhos acinzentados focaram o homem de cabelos azuis, o suspirar baixo denunciando que Vi se recordava muito bem do que ele mencionava.

Caitlyn um dia apareceu e disse que gostaria que Vi se tornasse uma vigia. 

Vi… uma vigia.

Se tornaria tudo que odiou durante toda sua infância. 

Aquele pedido era quase uma ofensa.

O discurso de Caitlyn durou longos minutos, talvez horas, dizendo o quanto juntas elas poderiam tentar mudar as coisas. Melhorar a situação para Zaun.

Trabalharem juntas.

Discutiram feio naquela noite, ficaram dias sem se falar, e quando Vi escutou pelas ruas que Caitlyn iria negar o cargo de xerife, ela não conseguiu se conter.

Invadiu o quarto de Caitlyn naquela noite, discutiram novamente.

Você não vai desistir, Caitlyn! Você não precisa de mim, você é uma ótima investigadora! Olha o que você descobriu sozinha, imagina o que você pode fazer com a grana da policia de Piltover!

Eu não consigo sozinha, eu preciso de álguem de confiança pra me ajudar com Zaun. E você é a única pessoa que eu confio de olhos fechados! Você mesma me disse que o lado baixo ia me engolir viva quando nos conhecemos. Eu preciso de você, é dificil entender?!

As vozes das duas ecoavam pelo quarto, mas aquela frase foi como um soco no estômago de Vi. Nunca imaginou que a policial confiava em si daquela maneira, e foi como se um filme passasse em sua mente, os flashes passando, desde quando a viu atraves das barras da prisão, quando voltou para a ponte quando ouviu a explosão. Não conseguia deixa-la, e se aquilo significava se tornar o que mais odiava, ela iria.

A mão do homem mais velho tocou o ombro de Vi, acordando-a daqueles segundos de desvaneio e os olhos acinzentados toparam com um sorriso genuino. - Vi, a gente confia que você sempre vai proteger a Caitlyn. Obrigado por trazer ela para casa mais uma vez.

E aquelas últimas palavras eram como um abraço na lutadora. Que finalmente ouvia palavras de gratidão de pessoas vindo do lado alto. Não era pelo reconhecimento, mas o fato de sentir que estava fazendo algo certo. Elas eram uma dupla, as melhores de Piltover, e enquanto uma estivesse de pé, a outra voltaria.

O homem mais velho decidiu deixar Vi sozinha com seus pensamentos, a caneca ofertada ainda fumegando sobre a mesa de centro e com um pequeno sorriso nos lábios a lutadora colocou seu corpo para frente, os cotovelos apoiados sobre as próprias coxas quando alcançou a porcelana. O chá quente era quase como um conforto para seus hematomas, um abraço indireto que parecia acalmar a tormenta de pensamentos.

A porta grande se entre abriu lentamente, as costas largas coberta pela regata preta empurrando-a, já que suas mãos estavam ocupadas pela canecas de chá. O rosto se virando e os olhos acinzentados procurando pela mulher de cabelos azuis na cama. 

Ela estava lá, mas ao invés de descansar ela tinha diversos papéis espalhados sobre o lençol, a prancheta em mãos, o caderno preto de anotações aberto entre as pernas cruzadas de maneira infantil, a caneta entre os dedos girando lentamente, e aquele era um claro sinal de que ela estava pensando. 

Você devia estar descansando, xerife. - Vi tentou ganhar a atenção da policial, que simplesmente manteve o foco no papel a sua frente. 

Ela trajava apenas uma regata azul escuro, com alças finas, que escondiam os curativos que rodeavam o torso magro. O tiro havia pegado fundo, mas nenhum ponto vital, e ela precisava de descanso por algumas semanas, talvez pelo restante do mês, mas o problema era tirar o trabalho das mãos de Caitlyn.

A caneca com chá quente foi o que ganhou atenção da policial, as mãos abaixando a prancheta e a caneta, o olhar indo da porcelana nas mãos conhecidas até as íris acinzentadas. - Eu posso usar esse tempo em casa pra tentar tirar um pouco da papelada da minha mesa. - E foi com um agradecimento que Caitlyn pegou a caneca, o gole do chá lhe arrancando um suspiro satisfeito.

Você quase morreu e ta pensando em papelada, você é impossivel, cupcake. - Vi riu, soprado, e no instante que a policial pegou a caneca, as costas dos dedos tocaram a face alheia. O carinho leve contra a bochecha clara fazendo com que ela fechasse os olhos brevemente. A lutadora acomodou uma das pernas na cama, a oposta para fora da mesma, se sentando de lado, e naquela posição conseguia ficar parcialmente de frente para Caitlyn.

Não é como se você fosse me ajudar, então eu preciso usar esse tempo para me livrar desses papéis antes que eles comecem a se multiplicar. - A xerife respondeu com um sorriso sobre os lábios finos, e sem pressa ela depositou a caneca na cômoda ao lado da cama. As mãos livres indo diretamente ao rosto de Vi, que tinha um curativo pequeno em uma das bochechas, e a maneira como as íris acinzentadas lhe encaravam denunciava o quanto ela estava frágil, perdida na própria mente. Não tinha como culpa-la, depois de ouvir o ocorrido naquele dia, evitou tocar no assunto para não aumentar a tormenta na mente alheia. 

Lembra de quando tinha tanto papel na sua mesa que eu mal conseguia te ver? - Vi tambem largou a caneca na cômoda ao lado, assim uma das mãos se apoiou no colchão macio, seu corpo se inclinando levemente para frente e a distancia de ambas as faces era quase inexistente. 

Você quer dizer todo mês, não é? - Caitlyn riu junto da mulher de cabelos rosa, o polegar passando levemente sobre o curativo na face alheia. - Especialmente quando você decide quebrar metade da cidade para capturar um ladrão. 

Você ta exagerando, Cait. - Vi retrucou, o riso de ambas escapando ao mesmo tempo. Os digitos torceram levemente a regata azul escuro, puxando a policial para mais perto, o reclamar baixo de dor quase automatico e por um segundo Vi se esqueceu que ela estava machucada. - Desculpa… 

Por quebrar metade da cidade? - A mulher de cabelos azuis deixou claro que não ligava, o riso curto escapando antes que os dedos finos deslizassem pelo pescoço tatuado, a nuca sendo o local onde se agarrou ao puxar Vi para mais perto, os lábios se encaixando e aquele toque superficial era só o começo.

As respirações se mesclavam, e pouco a pouco as línguas buscaram o contato uma da outra. O toque lento, sutil, quase como se estivessem se conhecendo mais uma vez. Provando do gosto uma da outra. As unhas curtas de Caitlyn apertaram a pele tatuada, deixando claro que não queria que ela se afastasse. Vi se permitiu apoiar parte de seu peso sobre a mão na cama, e a oposta procurou pelo torso magro, quase que de maneira automatica, se esquecendo do curativo. 

O gemido de dor foi instantaneo, o toque cessando, e os lábios se partindo. As íris acinzentadas olhavam assustadas. - Ah… droga, é automático, Cait… Juro que não-

Ta tudo bem, eu não vou quebrar. - Caitlyn interrompeu, as mãos voltando a segurar a face assustada, o olhar procurando o seu semelhante e quando o encontrou apenas sorriu, os dedos acariciando o rosto alheio. - Ta tudo bem, ok? Vem aqui, me ajuda com essa papelada.

Não era como se Vi realmente fosse ajudar em algo, mas sabia que ela precisava de um pouco de conforto enquanto sua mente vagava por lugares que não deveria. 

Afastou alguns papéis para que pudesse acomodar a garota de cabelos rosa entre suas pernas, o torso largo e forte se acomodando, de lado, parcialmente contra o da policial, de maneira que não causasse nenhuma dor ou desconforto a ela. O braço de Caitlyn se apoiou em um dos ombros tatuados, os dedos se perdendo nos cabelos raspados e curtos enquanto deixava que ela apoiasse o rosto contra si.

Vi se permitiu aproveitar daquele carinho, daquele pequeno momento de conforto que ela nunca teve quando mais nova, mas que desde que conheceu Caitlyn, parecia algo constante em sua vida.

Alguem que se importava com ela.

Caitlyn tinha seus problemas, óbvio, mas ela sabia o quanto Vi tinha em mãos algo muito mais complexo. Uma situação delicada que não tinha como decidir quem era certo ou errado. Por isso mesmo ela se limitava a apenas escutar, e por mais que acreditasse que Powder se foi, e só restava Jinx e o caos, ela preferia não dizer. 

Discutir com Vi machucava.

Muito.

Caraca, você anota tudo… tipo tudo mesmo… - A voz de Vi rompeu o silêncio, os dedos folheando o caderno preto de anotações da policial.

Me ajuda a pensar. - Caitlyn respondeu, os dedos ainda perdidos nos cabelos rosa, afagando-os enquanto o olhar focava alguns documentos em sua mão, lendo o conteúdo deste.

Acho que quando eu preciso pensar… sei lá, eu vou arranjar briga num bar. - Vi concluiu, passando para a próxima página do caderno, o corpo se movendo levemente, as costas se acomodando contra o torso da policial, porem desta vez tomou todo cuidado possivel para não pressionar o machucado.

Quase como uma reação, no instante que Vi se moveu, o braço de Caitlyn passou ao lado do torso forte, os dedos se acomodando sobre o abdômen definido, e por alguns instantes o olhar procurou as feições alheia. - Não me faça ir tirar você do cercadinho da vergonha. - A xerife comentou, quase séria demais.

O cercadinho da vergonha era uma sessão bem famosa na delegacia. No subsolo ficava as celas onde colocavam alguns ladrões de pertences pequenos, ou que aguardavam algum julgamento. Entretanto uma das celas era bem mais larga, cabia provavelmente umas dez pessoas ali dentro, era ali onde a policia de Piltover depositava os bêbados encrenqueiros.

Uma ou duas noites ali bastava para que não causassem mais problemas.

Vi riu, um pouco alto, os olhos se fechando brevemente antes de erguer o rosto e buscar as íris azuis. Aquela expressão tipicamente séria, mais rigida, completamente diferente da sua que mantinha o sorriso largo sobre os lábios. - Quem disse que eu vou brigar com riquinho mimado, cupcake? - Debochou. - Vocês de Piltover nem sabem o que é uma briga de bar de verdade.

Verdade, meu rifle não faz idéia do que é brigar de verdade. - O sorriso pequeno se estendeu nos lábios de Caitlyn, as sobrancelhas finas se arqueando levemente.

Ah não… eu não compraria uma briga com você e aquele rifle, nem vem.  Eu sou idiota, mas não tanto. - Vi franziu o cenho, o rosto maneando levemente em negação, o sorriso ainda no canto dos lábios e logo ela voltava sua atenção para o caderno em suas mãos. - Sei lá, você pode explodir minha cabeça a quatro quadras de distancia. To de boa. 

Caitlyn apenas riu, o afago no abdômen definido deixou claro que ela não iria brigar com ninguem.

As chances de você encontrar Caitlyn em uma briga de bar era quase nula. Talvez você a encontrasse, apenas para buscar Vi, mas não brigando de fato. 

Eram completamente opostos.

A calma e a raiva.

A paciencia e a impulsividade.

Talvez fosse o equilibrio perfeito.

Nossa olha que legal isso aqui. - A voz de Vi ganhou a atenção da garota de cabelos azuis mais uma vez. - A Vi é muito melhor que eu. Uma parceira de trabalho incrivel. Ela fica tão gostosa quando…

E antes que a lutadora pudesse continuar, Caitlyn retirou o caderno das mãos dela, o olhar confuso e frustrado como se ela tentasse se lembrar se havia de fato escrito aquilo. Pois ela sabia que escrevia algumas coisas que não tinham nada haver com os casos.

Vi apenas ria, a confusão da policial era adoravel, e melhor ainda era a cara frustrada dela lhe encarando ao notar que estava inventando aquelas palavras. - Relaxa eu tô inventando… Você fica tão fofa confusa.. - Comentou, e por um segundo se arrependeu de suas escolhas.

Caitlyn tinha uma agilidade, e técnica incrivel, e aquilo era notavel na maneira rápida como ela torceu um dos braços fortes para trás, o corpo de Vi sendo jogado para o lado e pressionado contra a cama. - Repete.

Aih! Aih! Ok, ok! A xerife Caitlyn é muito melhor! - A voz escapou quase que automaticamente. Podia sentir o peso da policial em suas costas, a voz dela no pé de seu ouvido, os cabelos azulados lhe tocando a pele. E quando teve os braços livres, e um segundo de distração por parte de Caitlyn, murmurou. - Mas você ainda é fofa quando fica confusa.

A xerife apenas revirou os olhos lentamente, o sorriso pequeno nos lábios enquanto voltava a se acomodar na cama, o incomodo do machucado lhe fazendo fechar os olhos por alguns instantes, e por mais que não fosse dizer, Vi tambem ficava adoravel quando vinha toda preocupada lhe ajudar.

Vi tinha todo aquele tamanho, a cara de poucos amigos, e quase sempre preferia bater primeiro antes de perguntar qualquer coisa, mas a maneira como as íris acinzentadas lhe encaravam denunciava o quanto ela se importava. Poucas pessoas tinham aquele privilégio que Caitlyn tinha, e por um segundo ela se sentia grata por poder receber todo aquele carinho. Mas ela se sentia ainda mais feliz por não ter errado.

Vi tinha um grande coração.

Ela só precisava de álguem para domar toda aquela raiva dentro dela.

Alguem para silenciar aquela tempestade que assolava a mente dela.

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As chamas queimavam ao redor do corpo caído de Vander, a criança de cabelos azuis de joelhos no chão em frente aos destroços, e ela chorava chamando por seu nome.

Tentou correr, e quanto mais tentava, mais longe ela parecia. A imensidão crescendo, e cada vez ouvia menos a voz de Powder. Corria mais, a mão estendida como se tentasse agarrar qualquer resquicio de sua irmã. A voz trêmula pedindo desculpas.

Powder!

Em um impulso Vi se sentou na cama, o suor frio escorrendo por seu rosto, a respiração ofegante fazendo as costas largas se moverem para cima e para baixo. As mãos logo cobriram o rosto assustado, o corpo se virando para se sentar na beirada da cama afim de não incomodar a policial que dormia ao seu lado.

Mais um daqueles pesadelos onde ela tentava voltar para se desculpar com Powder, mas sempre que tentava só ficava mais longe. 

A mão direita caiu entre as pernas, a esquerda ainda sobre a própria testa, e as íris acinzentadas encaravam o chão de marmore brilhante. 

Era tão dificil digerir que havia perdido sua irmã, mas tambem era dificil acreditar que ela havia machucado a pessoa com quem Vi mais se preocupava.

Mas ela tambem machucou a pessoa que mais tentou proteger por anos. Não gostava de lembrar que bateu em Powder naquele dia.

Um toque sutil.

A voz sonolenta lhe chamando.

O som da chuva fraca batendo contra o vidro da janela.

O silêncio.

Os braços de Caitlyn passaram por baixo dos de Vi, abraçando o torso forte, os lábios encostando contra a curva do pescoço tatuado. - Calma… ta tudo bem…

E foi quase automatico como a respiração da lutadora começou a se controlar, puxando e expirando o ar de maneira profunda, lenta, os olhos se fechando brevemente, a mão direita indo até o braço que lhe envolvia, acariciando-o como se estivesse agradecendo. - Eu perdi ela, Cait… - A voz fraca escapou, trêmula.

A policial preferiu o silêncio, os braços apertando mais forte no torso alheio, os dedos agarrando a regata preta.

Eu deveria ter escutado você e o Ekko anos atrás… Powder se foi a muito tempo… - Vi continuou, os dedos apertando o braço da policial. - Eu não queria aceitar isso, e agora ela quase te… Eu… - Parou por breve segundos, o rosto se afundando contra as palmas das próprias mãos. - Eu não sei o que fazer, Cait…

O suspirar pesado da garota de cabelos azuis deixou claro o quanto ela sentia aquela situação. Não entendia, mas conseguia sentir o quanto atormentava sua companheira e aquilo era o que mais lhe incomodava. 

Jinx queria o caos, e nada mais. Não era nada novo, mas a maneira como ela atormentava Vi pedindo que ela escolhesse entre um lado ou outro, era o que mais lhe deixava irritada.

A gente vai dar um jeito nisso, juntas, ok? - A voz baixa, quase arrastada de Caitlyn escapou quando deitou o rosto nas costas largas, os braços ainda apertando fortemente o torso maior. - Como a gente sempre faz… do nosso jeito. 

Vi não pode deixar de sorrir com aquelas palavras. Os dedos deslizando sobre os fios rosa, respirando fundo por um instante. O leve manear do rosto deixando claro que ela entendia.

Iria levar semanas para digerir todos aqueles acontecimento, e talvez sempre teria algo no fundo de sua mente lhe fazendo se importar com Jinx. Algo que a fazia acreditar que Powder estava perdida, e com medo, em meio a todo aquele caos e tormento visiveis nos olhos rosados.

Quase como o tormento que assolava a própria mente.

A diferença era que Vi conseguiu enxergar as coisas de maneira diferente. Demorou a entender porque Vander havia feito aquele acordo, porque ele preferia ser levado ao invés de deixar Vi se entregar. Não podia melhorar Zaun, ao menos não as custas das vidas dos outros. A melhor maneira era ficar em Piltover, como vigia, tentando tudo a seu alcance para que as coisas fossem melhores.

E sabia que podia contar com Caitlyn para tudo. Afinal foi ela, uma garota do lado alto, que lhe estendeu a mão e lhe resgatou daquele mar vermelho onde Vi se afogava em fúria. Perdida na própria sede de vingança.

E que mais uma vez a resgatava de se afogar naquela tempestade.

Melhores de Piltover, certo?

 


Notas Finais


Como eu disse, infelizmente a fic está chegando ao fim.

Talvez só mais um ou dois capitulos restantes :(

Espero que estejam gostando até aqui!

Capitulo novo só domingo ou segunda por motivos de força maior (trabalho)

Obrigada por ler e comentar sempre <3


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