Nos separamos por falta de ar, colamos as nossas testas uma na outra e ela me deu um selinho rápido. Nossa, que beijo.
— Você é bipolar? - Perguntei um pouco ofegante
Sim depois desse beijo maravilhoso essa foi a primeira coisa que eu pensei em perguntar, uau que romântica, parabéns Skyllar.
— Que? - Ela franziu a boca
— A algumas horas atrás você parecia envergonhada e com raiva, depois você entrou na porcaria do carro do Caleb e foi não sei para onde com ele e agora você chega aqui me beijando cheia de desejo e ternura - Percebi que fui rude e brinquei com a situação para não estragar o clima - Não oferece nem uma coca-cola e nem uma coxinha, já vai enfiando a língua na minha boca, credo.
— Olha quem fala - Ela riu e fez impulso para frente, envolvendo o meu rosto com as mãos e me beijando novamente, dessa vez de forma mais calma
— Parece que você gosta bastante de me beijar - Falei quando ela me soltou
— Eu tenho fortes sentimentos por você, Skyllar - Ela me olhou séria - E eu realmente quero os perceber melhor, talvez te beijar ajude
Ela sorriu. Fazer ''certas outras coisas'' também ajudariam, talvez...
— Então você está me usando? - Não foi isso que ela disse, mas foi assim que eu compreendi
— Não, não - Ela se sentou, me olhando nos olhos - Eu não quero te magoar, essa é a última coisa que eu quero
Ela esperou eu responder algo, mas eu apenas me sentei na cama e olhei para baixo, pensativa.
— Esse beijo serviu para alguma coisa? - Perguntei depois de algum tempo
— Sim - Ela sorriu - Finalmente eu pude sentir o o verdadeiro gosto dos seus lábios
— Eu pensei que só era eu que tinha essa curiosidade - Coloquei as mãos no seu rosto e a puxei para perto de mim, eu me deitei e ela fez o mesmo, ficando por cima, então ela colocou a cabeça no meu ombro e a sua mão direita no meu braço, afagando-o.
— Tem problema se eu ficar aqui essa noite? - Ela perguntou e afundou o seu rosto no meu pescoço, dando um beijo rápido no mesmo, me fazendo arrepiar.
— Claro que não - Respondi e passei os meus braços pelas suas costas, por fim, apertando a sua cintura
— Obrigada - Ela roçou os lábios no meu pescoço e sem querer eu soltei um ''hm'' baixinho
Ela riu baixo, ela fez de propósito para me provocar.
Aos poucos comecei a sentir a sua respiração e a pressão do seu peito contra o meu ficar mais calma, passei a minha mão pelo seus longos fios de cabelo e ela respondeu ao meu toque apertando o meu braço com pouca força, até que ela parou e eu percebi que o último gesto que ela fez antes de adormecer foi sorrir.
Eu realmente não estou entendendo o que deu nela, mas o que importa é que eu estou feliz, isso já me basta.
Eu queria ficar acordada para aproveitar mais um pouco a sua presença e o calor do seu corpo, mas as minhas pálpebras começaram a pesar e aos poucos fui me rendendo ao sono, ainda mexendo nos seus cabelos até que a minha mão parou e eu não senti mais nada.
Acordei com a claridade em meus olhos, tinha esquecido de fechar as cortinas ontem, eu ia me levantar depressa mas o peso em cima do meu corpo não me permitiu, a Rosa ainda estava aqui.
— Ah, realmente aconteceu - Pensei, eu acordei pensando que tivesse sido um sonho
Ri, enquanto tentava me ajeitar e senti um formigueiro no braço, percebi que ela já não estava em cima de mim como ontem, agora ela estava com todo o peso no meu braço.
Não queria a acordar, mas isso teria de ser feito de qualquer jeito, não poderíamos faltar a aula de hoje.
— Rosa? - Toquei no seu ombro, empurrando levemente o seu peso para o espaço vazio na cama - Você está acordada?
— Tecnicamente - Ela respondeu depois de um tempo, com uma voz rouca
— Você está em cima do meu braço... - Disse sem aguentar o formigueiro forte, mas ela não se mexeu - E está doendo
— Ah desculpa - Ela rolou na cama para sair de cima do meu braço e ficou de costas para mim, agarrando em um travesseiro para voltar a dormir
— Eu queria ficar o dia todo na cama com você - A abracei por trás e dei um beijo no topo da sua cabeça - Mas temos aulas hoje, as férias já acabaram
— Que horas são? - Ela perguntou, com a voz ainda rouca e sonolenta
Soltei-a e estiquei o meu braço para pegar no meu celular em cima da cômoda, havia mais duas mensagens do Número Desconhecido, mas não me importei com elas e apenas olhei as horas.
— Seis e trinta e cinco - Respondi e volta a abraça-la
— Mais cinco minutos então, ainda temos tempo
Concordei com ela e a abracei mais forte, desejando que o tempo passasse devagar, mas depois de alguns minutos decidi que era hora de nos levantarmos.
— Nós temos que nos levantar... - A encorajei
Ela assentiu e eu retirei os meus braços de volta dela, ela se espreguiçou e se virou para mim, apoiou o seu peso no cotovelo, se inclinou e me deu um beijo calmo.
— Bom dia - Ela disse, sorrindo
— Bom dia Albina - A provoquei
Ela fez uma careta e me deu língua, mas depois riu.
— Por alguns minutos quando eu acordei, eu pensei que tivesse sido tudo um sonho - Contei e não consegui parar de sorrir enquanto olhava para ela
— Então me namorar era o seu sonho? - Ela sorriu convencida, opa a gente namora?
— Talvez - Eu não quis admitir e virei a cara tentando esconder as minhas bochechas provavelmente vermelhas
Ela se levantou devagar e foi até o meu banheiro, eu também me levantei e fui pegar uma muda de roupas no guarda-roupa e duas toalhas, caso a Rosa fosse tomar banho.
Ela saiu do banheiro com o cabelo preso em um rabo de cavalo e com as bochechas húmidas.
— Eu vou só tomar banho e pegar a minha mochila em casa - Ela falou enquanto colocava o celular no bolso de trás da calça
— Você pode tomar banho aqui, eu já separei uma toalha para você e depois eu posso ir na sua casa com você para pegar a sua mochila - Ofereci a toalha e ela hesitou um pouco antes de a pegar
— Está bem - Ela sorriu de lado e colocou a toalha no ombro
— Eu vou usar o banheiro de baixo, pode pegar a roupa que quiser no meu guarda-roupa
Ela assentiu e voltou ao banheiro, peguei a toalha e as roupas e desci as escadas, a minha avó esta na cozinha tomando o café da manhã e eu procurei a minha mãe pela sala, mas nenhum sinal dela, quando eu me virei para ir no banheiro encontrei ela terminando de escovar os dentes.
Ela olhou para a toalha e as roupas na minha mão meio desconfiada.
— Porque você não toma banho no seu banheiro? - Ela perguntou depois de limpar as gotas de água nos cantos da boca
— A Rosalya está tomando banho lá em cima, ela dormiu aqui - Respondi na maior inocência
— Ah, eu não sabia que ela tinha dormido aqui - Ela levou tudo numa boa e saiu do banheiro para me deixar tomar banho
Tomei um banho quente rápido e coloquei as roupas, fui para a cozinha e comecei a fazer sanduíches para mim e para a Rosa, coloquei-os em um prato e peguei suco e leite na geladeira, eu não sei o que ela costumar beber de manhã, então peguei os dois.
Os coloquei na mesa e me sentei, esperando ela para comer.
Depois de alguns minutos ela desceu com o cabelo molhados caindo pelos seus ombros e costas, ela estava usando a mesma calça e ténis com que veio, mas estava com uma blusa minha de uma banda de rock.
— Bom dia - Ela cumprimentou a minha mãe e avó e sorriu
— Bom dia Rosa, dormiu bem? - A minha avó perguntou
— Sim - Ela me lançou um olhar cúmplice - Muito bem
Felizmente ninguém percebeu.
Ai deuses, um dia ela ainda me mata com esses comentários nada inocentes.
A minha avó começou a oferecer tudo o que tinha no armário e na geladeira como ela faz com todos que vêm aqui em casa. a Rosalya rejeitou todos gentilmente e apenas comeu o sanduíche simples de queijo e presunto que eu fiz e bebeu um pouco de suco de laranja.
Depois que terminamos de comer, eu subi para pegar a minha mochila e ela foi logo em casa pegar a dela.
Arrumei algumas coisas na mochila, peguei o meu celular e desci as escadas pronta para me encontrar com ela.
Me despedi da minha mãe e avó e dei um beijo no meu gato, que estava dormindo perto da entrada.
Sai de casa, ela já estava me esperando e nós começamos a ir em direção à escola, conversando sobre várias coisas, até que uma dúvida me veio à cabeça.
— Você contou para alguém sobre eu ter te beijado? - Indaguei
— Não... - Ela olhou para o lado
— Rosalya - Chamei a atenção dela e fiz contato visual
— Ai está bem! - Ela falou com raiva, porque não conseguiu aguentar o silêncio - Sim, eu contei para a Cristina e para a Sam
— E o que elas disseram?
— Nada de mais... - Ela olhou para o lado de novo
— Você realmente não sabe mentir, hein? - Ri e não perguntei mais nada, se ela não se sente a vontade para falar eu não vou insistir
Ela não falou mais nada sobre esse assunto.
— O que nós deveríamos fazer na escola? - Ela me perguntou
— Eu é que sei? - Dei de ombros e a olhei
— Eu também não sei - Ela passou a mão pela nuca - Acho que deveríamos agir normalmente, como se nada tivesse acontecido, pelo menos por enquanto
— Eu não sei se vai dar muito certo - Passamos os nossos cartões no portão da escola e cumprimentamos um funcionário - Até porque acabamos de entrar juntas na escola e o Fabrício, a Dani e a Rita sabem que não estávamos nos falando
Olhei para o lado e os vi conversando sentados em um canto, até que eles olharam para onde estamos.
— E ainda mais, olha como eles estão olhando para nós - Deu um pequeno empurrão com o meu braço nela
Ela virou o rosto para os ver, mas depois desviou o olhar para um grupo de alunos que passou por nós e a cumprimentou.
O Fabrício estavam segurando um copo do Starbucks e com o queixo caído, nós olhando, estático, a Dani retirou rapidamente os fones do ouvido e abriu um pouco a boca com os olhos arregalados, já a Rita estava com um sorriso malicioso e com o rosto projetado para baixo, me lançando um olhar safado e engraçado. Essa dai já sabe de tudo.
Acenei e sussurrei um ''Até logo'' para a Rosa e fui para perto deles, enquanto ela ia falar com os amigos dela, mas o Caleb não estava entre eles. Suspeito...
— CONTA TUDO - A Dani se levantou e fez uma voz de patricinha quando eu cheguei perto deles
— Senta aqui - O Fabras indicou um lugar ao lado dele e a Rita me empurrou e me sentou onde ele tinha mandado
— Ela foi falar com você ontem? - A Dani se sentou na minha frente
— Vocês se beijaram? - O Fabras fez um sorriso malicioso e começou a levantar e baixar as sobrancelhas repetidamente
— Teve tesourinha de dez horas? - Adivinhem quem perguntou? Isso mesmo, a safada da Rita
Eles começaram a me interrogar e eu virei o meu corpo dando as costas para eles.
— Eu não vou falar nada - Disse e sorri
O Fabras se inclinou para trás para ver o meu rosto.
— Nem precisas falar, essa tua cara de satisfeita já diz tudo - Ele fez um sorriso malicioso e a Dani e a Rita fizeram um ''huuuum''
— Me deixem e paz, suas pestes! - Me levantei e comecei a correr para perto da sala, onde a maioria das pessoas da minha turma estava
Eles pegaram nas coisas deles e começaram a correr atrás de mim, implorando para que eu contasse algo.
Eu ouvi o toque para o início da primeira aula da parte da manhã e corri para entrar na sala antes que me alcançassem e me obrigassem a contar, me choquei contra alguns alunos que reclamaram mas quando viram que eu estava sendo ''perseguida'' começaram a rir. Sempre acontece essas situações na nossa turma e quase sempre eu, o Fabrício, a Rita e a Dani estamos envolvidos. Somos um imã de confusão.
Eu olhei para o lado e vi a Rosa conversando com a Sam e a Cristina, que me olharam com desprezo e reviraram os olhos com raiva quando eu sem querer me embati contra elas. Ótimo, mais duas queridas alunas que me odeiam. Eu fico imaginando o que elas disseram quando a Rosa disse a elas que eu a beijei, pela cara que a Rosa fez mais cedo não deve ter sido coisa boa.
Eu me distrai pensando e bati de cara na porta da sala que eu pensei que estava aberta, meio tonta eu consegui segurar no braço de alguém, abaixei a cabeça e esperei os meus olhos conseguirem focar e a minha cabeça parar de pensar que estava tudo rodando. Quando eu olhei para cima vi que era o Ryan me segurando.
— Você está bem? - Ele perguntou, preocupado
Alguns alunos pararam de rir e me olharam preocupados também, já a Sam e a Cristi seguravam o riso. É, agora eu tenho certeza que essa cabelo água de salsicha e essa Cristi Cristi me odeiam.
— Eu to... OPAAA - Respondi mas gritei no final quando senti a Daniela pulando em cima de mim, fazendo ambas cairmos no chão
A Rita também pulou, me fazendo soltar um gemido de dor pelo peso em cima de mim.
— CONTA TUDO! - A Rita rolou para o meu lado e mesmo no chão, me olhou com uma cara de psicopata, me segurando pelo colarinho
Alguns alunos riram e outros se perguntavam o que estava acontecendo.
— Ei, vocês vão matar ela esmagada - O Fabras pegou na Dani e puxou de cima de mim, a Rita ainda segurando no meu colarinho, se levantou e me puxou para ficar em pé, ainda meio tonta ela me segurou para não cair
— Vocês só fazem porcaria - Tapei os olhos com as mãos sentindo uma leve dor de cabeça começar a me perturbar
— A gente vai continuar até você contar, a gente merece saber - A Daniela cruzou os braços
— Eu conto depois - Entrei na sala onde alguns alunos já estavam sentados nos seus lugares e eles fizeram o mesmo, sentando nos seus respetivos lugares, que eram longe de mim.
Aleluia, um pouco de paz... Só que não.
Na aula de inglês eu me sentei ao lado da Camila e eles começaram a jogar bolas de papel em mim, eu abri algumas e elas diziam sempre para eu contar o que tinha acontecido, se eles continuassem com isso a professora ia nos notar e iríamos para a rua, então eu peguei um deles e comecei a escrever, então eles pararam e eu vi o Fabras com um sorriso vitorioso nos lábios, lhe lancei um olhar de ódio e virei a minha cara para voltar a escrever.
Depois de transformar a folha de papel em um origami com forma de shuriken, eu o joguei para a Rita que fechou os punhos em sinal de vitória quando conseguiu pega-lo facilmente, depois de ler e me fazer um sorriso malicioso e voltar a transforma-lo em um shuriken, ela sussurrou o nome da Daniela e ela olhou para trás, a Rita o lançou para a Dani que o pegou e começou logo a ler, depois de ter lido, ela fez o mesmo que a Rita e o lançou para o Fabras que prestava atenção em tudo e não parava quieto tentando ler o papel na mesa da Dani, o Fabras o apanhou com dois dedos, com o shuriken no meio deles e os alunos que observavam a nossa brincadeira fizeram uma pequena festa, espantados. A gente não fez isso do nada, a gente já treinou muito, principalmente nas aulas suplementares quando a professora saia para fazer alguma coisa, mas essa foi a primeira vez que deu certo.
Sabem o que é isso? Resultados de assistir muito Naruto.
Mesmo um pouco chateada com eles, sorri e vi o Fabras mexer a boca para me dizer algo.
— Essa Rosalya é safada hein
Revirei os olhos e voltei e o ignorei.
Não resisti e olhei para trás vendo a Rosa se divertir com o shuriken que estava na mão dela. Olhei espantada para o Fabras e vi que ele estava se segurando para não rir alto com o meu desespero. Felizmente ela não abriu aquele papel porque eu não contei apenas o que aconteceu, eu fiz alguns comentários que não foram nada inocentes.
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