História Synthetic Love - Capítulo 4 - Ash

Voltei para o apartamento, pensando no que fazer com o presente de Ronnie, era um colar muito bonito, mas era um presente de uma das pessoas que eu mais odeio em todo o mundo, ainda um bem material.
Pensei em jogar fora ou vender.
Não tive coragem de fazer pouco caso.
Então fiz o que faço com todas as coisas que ele me dá: guardar.
Mesmo que eu nunca use.
Guardei numa caixinha encima da cômoda do quarto de Craig, ele saiu do banheiro, usava um colete jeans, uma camiseta listrada e uma calça preta colada, pegou um chapéu preto que ficava atrás da porta e abraçou minha cintura.
-Vamos?
Assenti com a cabeça, Craig me deu um capacete enquanto vestia o seu, subimos na moto, ele a ligou, partimos em alta velocidade pelas ruas, até que ele parou numa cafeteria e puxou uma cadeira para que eu me sentasse, enquanto ele olhava o cardápio, observei o local, estávamos sentados numa mesinha de vidro com cadeiras marrons, dava para ver dentro da cafeteria por uma vitrine de vidro, havia mais mesas como a nossa e um balcão, passando o olho pelas mesas agora, vi um par de olhos castanhos-mel me vidrando.
Chris.
Retribui o olhar e ele sorriu como se dissesse:
 “Conversamos depois.”
Craig havia pedido um expresso e um croissant, eu pedi apenas um cappuccino, não estava com fome, eu observava Chris digitar no celular, de vez em quando ele me olhava de volta e sorria.
-Ash? –Craig chamou.
-Sim? –Pisquei para sair do meu transe.
-Você está... Distante hoje. –Ele me olhou com cara de preocupação.
-É só o sono, tudo bem, depois que eu beber o café passa.
-Você já não bebeu muito café hoje?
-Não se preocupe Craig, estou bem. –Coloquei minha mão em cima da de Craig, que estava apoiada na mesa.
-Eu me preocupo com você, Ashley. –Seus olhos castanhos, quase pretos, estavam tristes. –Você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa. –Seus olhos brilharam, como se um relâmpago passasse por detrás deles. Eu sabia que podia. - Se tem algo que está te magoando, pode me contar. –Ele apertou minha mão.
-Digo o mesmo. –Inclinei a cabeça para o lado, Craig terminou o café.
-Vou pagar nosso “Almoço”, quer ir para outro lugar?
-Pode ser. Depois decidimos?
Craig assentiu e se levantou, fui ver Chris.
-Christopher?
-Ah, olá Ashley. –Ele sorriu. –Bom te ver aqui.
-Também estou feliz em te ver, desculpe não atender suas ligações, é que eu...

-Não tem problemas. –Assentiu com a cabeça. –Você está livre essa noite?
-Hm... –Olhei para Craig que esperava impaciente, a atendente resolver algum problema com o troco. –Talvez não hoje, acho que amanhã, por quê?
-Por que eu queria te convidar para ir um pouco lá  em casa, adoraria te conhecer melhor. –Seus olhos castanho-mel brilharam com um fascínio quase doentio, a quantidade exagerada de lápis preto em suas pálpebras realçava a cor deles.
-Ah, S-Sem problemas, Chris. –Disse um pouco vermelha ao me perceber o encarando.
-Ok, eu te passo o endereço por mensagem?
-Ótimo. –Eu disse com a voz ainda meio tremida. Dei um sorriso torto. –Eu tenho que ir, até Chris!
Não esperei uma resposta dele, Craig saiu de dentro da cafeteria, parecia frustrado.
-O que foi? Você demorou.
Craig bufou.
-A mulher do caixa derrubou todo o troco no chão e ainda me deu menos do que devia. –Ele ajeitou o chapéu. –Mas, tudo bem. –Ele deu um sorriso torto. –O que acha de um cinema agora?