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História Synthetic Love - Capítulo 6 - Chris


Escrita por: SexyDrug

Notas do Autor


Olha quem apareceu!
Eu demorei um pouco mais para postar esse, eu sei, é que eu estou tentando cumprir a meta de fazer capítulos maiores, já que os últimos tiveram apenas umas 600 palavras.
Boa Leitura, amo vocês! <3

Capítulo 6 - Capítulo 6 - Chris


Acordei com a doce voz dela ecoando na minha cabeça.
Me levantei, coçando os olhos e borrando a maquiagem de ontem que não consegui tirar, peguei o celular na cômoda, Ricky avisou que começaria um tratamento para largar as drogas.
Me aliviei por um instante, talvez Ricky não fosse desperdiçar todo o dinheiro que eu lhe daria.
Tomo um banho como de costume, vou preparar um chá, olho pela janela da cozinha, as árvores do jardim pareciam morrer, mas era somente o outono chegando, as folhas estavam em cores que variavam de vinho a bronze, o céu nublado, eu costumava achar tempos assim lindos, mesmo pelo fato de tudo ao meu redor estar morrendo.
A morte às vezes é bela, pensei comigo mesmo.
Saio para caminhar, isso acabou se tornando um costume, ajudava a afastar a depressão e a monotonia dos meus dias.
Eu inspiro o ar frio da estação, aproveitando o calor do chá ainda no estomago.
Acabo trombando com alguém em meio a meus devaneios idiotas. O homem me fita com seus olhos castanhos, e posso observar uma série de tatuagens em seu pescoço, mãos e rosto, as únicas partes de seu corpo que estavam expostas, ele cerra uns punhos “Bang-Bang” estão escritos em seus dedos, em seu rosto, “Unbreakable” na testa, uma pequena lágrima no olho esquerdo e no direito “R.R” imortalizado em sua pele.
Ele pisca seus olhos cheios de lápis para mim, ajeita sua jaqueta de couro cheia de spikes e brilhantes, balança seu cabelo longo e escuro, sorri para mim e depois de colocar um cigarro na boca ele vai embora.
Balanço a cabeça, foi só um trombo com um cara que tem um estilo parecido com um meu, talvez um pouco menos exagerado, não havia porque me prender aquilo.
Mas por algum motivo eu sinto como se reconhecesse aquele homem.
...
Ashley chegou mais cedo naquela noite.
Sorri ao vê-la.
-Trouxe uma composição própria para você. –Ela parecia radiante.
Sorri ao pegar o papel que ela me entregou com a cifra.
-Eu toco você canta? –Perguntei
Ash assentiu com a cabeça e entrou. Sentei-me no piano, observei a cifra, a coloquei a minha frente e comecei a tocar.
-I'm not afraid to cry through thick and thin, If only you noticed, If only you could see ,The struggle, the solace, I'm not afraid to be. Just let the past go, it's ancient history.
Eu olhei para ela com o canto dos olhos, ela estava debruçada no piano, cantando suavemente, seu rosto parecia angelical, eu a via mover aqueles lábios pintados de preto de forma calma, ela liberava cada palavra com uma emoção incrível, eu devo ter me desconcentrado e errado uma tecla, o que fez com que Ashley sorrisse, eu retribuí, mesmo sabendo que ela não o veria.

-If you keep shutting me out, it's gonna haunt you, When you choke on your words, Don't you go and make a scene. I am the one you need. I am the part that boils when you feel me through your veins.
Meu coração disparou ao vê-la abrir os olhos bem no momento em que eu voltei a encará-la, eu abaixei o rosto, deixando meus cabelos caírem para cobrir meu rosto, e eu tive a impressão, que quem dava um sorriso invisível agora, era ela.

-Don't you go and make a scene,Nothing is what it seems. Are we gonna let this go to waist and let it all decay? Don't you go and make a scene.
Ela parou de cantar, eu a fitei.
-É só isso que escrevi, por enquanto. –Ela me tirou de meus devaneios.
Pisquei para voltar à realidade.
-Ash, é lindo. –Minha voz tremeu. –Você fez tudo isso, sozinha?
-Fiz. A cifra, a letra, tudo. Nikki me ajudou, mas 99% do trabalho é meu.
-Estou sem palavras, isso é... –A frase saiu mais como um sopro de ar quase inaudível.
Ashley sentou ao meu lado.
-Sua vez. –Disse sorridente. – Você canta, eu toco.
***

Em algum lugar, talvez não tão longe dali, duas mãos cheias de tatuagens acariciavam belos cabelos roxos, com os lábios juntos em meio à escuridão de um beco escuro, com a respiração ofegante e os pelos do corpo arrepiados.
-Desculpe interromper os dois pombinhos. –Sorri um par de olhos azuis gélidos. –Mas eu tenho alguns assuntos para resolver.
Um beijo se quebra.
-O que quer?
-O de sempre.
-Você tem dinheiro dessa vez, não? Porque da última vez eu fui piedoso até demais, você sabe que eu quero e posso fazer pior.
Uma cicatriz na perna pulsa, a aguda dor de uma bala.
-T-tenho. –Gaguejam os olhos azuis. –Tenho o suficiente para cobrir minhas dívidas.
A garota prende uma mecha púrpura atrás da orelha sorrindo com seus lábios carnudos e dentes brancos.
-Que ótimo! –O tatuado mostra o mesmo sorriso.
Dinheiro. Muito dinheiro, uma quantidade incontável em notas verdes é entregada, passada de mãos tatuadas para outras mais cobertas de tinta ainda. Os olhos verdes da garota refletem as notas de papel. Uma mordida no lábio. Desejo. Cobiça. Luxuria, talvez?
O homem dos olhos azuis mexe nervosamente em seu piercing, o tatuado entrega o pó à ele.
-Sabia que você não me decepcionaria. –Sorriu.
***
Ashley me deu um abraço. Mais forte que o da noite anterior.
-Já está tarde. Craig deve estar preocupado.
-Craig? –Perguntei.
-Um amigo. –A palavra “amigo” me fez sentir certo alívio, eu mentalmente me dei um tapa, sério mesmo, Motionless? – Eu estou morando com ele no momento, ele é um tanto... Protetor. –Riu.
-Tudo bem. –Sorri, guiando Ashley até a porta. –Tenha uma boa noite. Ash.
-Você também, Chris. –Ashley me deu um beijo na bochecha, e quando eu fechei a porta, desabei.
Apoiei minha cabeça nas mãos, o que está acontecendo com você, Chris? Perguntei á mim mesmo enquanto observava as palmas da minha mão, sujas com a minha maquiagem.
Fui direto a cozinha pegar uma garrafa de Whisky e encher meu copo, bebendo com a respiração pesada. Eu não podia, não a conhecia direito, era só uma amiga.
Senti o álcool pesar em meu estômago.
Toda a vez que a via, sorria, sempre que pensava nela, sorria, sempre que ouvia aquela voz macia como veludo, eu sorria.
Que erro estou cometendo, o maior dos erros: se apaixonar.
Eu não podia... De novo não, me transformar numa vítima de meu coração, depois ser tratado como lixo, é sempre a porra do ciclo, Chris seu idiota, depois de tantas vezes machucado, insiste em cair na merda desse feitiço de novo?
Por uma fração de segundo, senti as mãos dela sob as minhas.
Apertei o copo com força. Passando as mãos pelos cabelos, sentindo meu coração congelar, como sou trouxa, mal a conheço, eu nem sabia que ela morava com um amigo!
Meu segundo copo, o vidro tilintando ao bater nos meus piercings.
A cena de Jane e Ricky se repete em minha mente, mas ao invés de ver os olhos esverdeados da minha ex, eu vejo duas pequenas íris de bronze, a metade do cabelo preto caindo no rosto, a parte vermelha sendo acariciada pelas unhas pintadas de preto de Ricky, os olhos azuis dele mostram desejo.
Em um acesso de raiva jogo o copo na parede, observando os cacos transparentes brilhando no ladrilho da cozinha, eu estou ficando louco, Ashley não era igual Jane, não poderia ser, Ashley era doce demais para ser uma vadia gananciosa igual Jane, e Ricky... Mudou.
Ou pelo ou menos tenta.
Minhas mãos começaram a tremer, eu respirei fundo e me joguei de volta na cadeira, aquela maldita cena, quatro anos e ela ainda me machuca, a histeria dos meus traumas a repete em forma de flashback todas as noites em meus sonhos. Agora Ashley era um desses fantasmas.
Solto um grito gutural socando a mesa com força e enfio um antidepressivo na boca e o engulo com o Whisky direto da garrafa, que se foda, vai acabar com as paranoias da minha cabeça.
Uma lágrima suja de lápis desce pela minha bochecha magra, eu a limpo com os punhos, recolho os cacos do chão e os jogo fora, subo as escadas, me sentindo um pedaço de lixo, me jogo na cama e começo a chorar sem tentar impedir a mim mesmo, você é fraco, Christopher, é fraco para o amor! Berra meu subconsciente. Uma garota qualquer mexe com você tão facilmente! Tolo, idiota, trouxa, quem diria que por baixo desse casaco preto e tanta maquiagem existe uma bixinha chorona!
Como eu queria que os antidepressivos acabassem com os xingamentos do meu próprio subconsciente, me dobro em pose fetal, com a roupa que estou, com a maquiagem borrada, os cabelos bagunçados, eu adormeço, com olhos brilhantes e castanhos brilhando enquanto canta, com seus cabelos metade vermelhos, metade negros, com suas mãos delicadas e esqueléticas, com sua voz doce, com o seu nome ecoando em meus sonhos.
Ashley.



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