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História Synthetic Love - Capítulo 15 - Chris


Escrita por: SexyDrug

Capítulo 15 - Capítulo 15 - Chris


-Cerulli! - Ricky berrava em frente à minha porta. Seus gritos pareciam o de um gato de rua sendo enforcado. -Merda, Christopher! 
-Horror, por favor, se acalme. -Devin Ghost parecia uma miragem ao lado de Ricky, com as mãos na cintura, fumando um cigarro e batendo as unhas postiças freneticamente em seu cinto.
-Hã... Disse ao entrar pelo jardim, esmagando algumas pequenas flores brancas com meu coturno. 
Ricky me encarou, sua maquiagem estava borrada, seus olhos azul-acinzentado pareciam ávidos e cheios de agonia, como os de um viciado em cocaína, se é que Ricky havia chegado á um ponto tão extremo de dependência. 
-Chris... -Sua voz saiu esganiçada. -Precisamos conversar...
Ricky engolia sua terceira xícara de café, parecia trêmulo e o café só o deixava mais agitado.
Devin penteava seus cabelos com os dedos, mordendo o lábio inferior de forma frenética, borrando todo o seu batom vermelho-sangue.
Era estranho ver os dois juntos, havia anos que não tínhamos um... "Encontro de banda", mesmo que mais três de nós estivéssemos faltando, era estranho ver aquela massa de maquiagem escura, jaquetas de couro e spikes reunida novamente, era um momento tenso, Ricky parecia que iria ter um derrame, mas, bem lá no fundo, naquela pequena gaveta onde nós escondemos sentimentos, memórias e pensamentos sádicos de nós mesmos, algo acordou: saudade.
-Olha, Cerulii, nós... hum... err...
-Temos uma notícia boa e uma ruim. -Devin cortou Ricky. - A boa é que eu entrei em contato com a banda, e planejamos nos ver novamente em breve! -Um traço de Animação saiu pela voz de Ghost, seguido de um meio-sorriso. -A má é que...
-Ronnie Radke! -Ricky Berrou, um filete de café puro e amargo saia da boca dele, ele parecia ter saído de um sanatório, agitando os braços. -Ele vai te matar, Motionless! Ele vai arrancar tua cabeça e pendurar na parede como um troféu, igual à... hm... a porra de um alce! 
Senti os cabelos da minha nuca se arrepiarem, mordi a parte interior da minha bochecha até sentir gosto de cobre.
Ronnie Radke
O nome do maldito pairou no ar como o primeiro floco de neve que precede uma nevasca devastadora.
Cerrei os punhos, minhas unhas cortavam a palma da mão.
-Como..? -Soltei um grunhido quase animal, a raiva rasgava meu diafragma como o fogo do inferno, senti meu rosto esquentar.
-Eu fiz merda, Christopher! -Ricky desabou no ombro de Devin. -Fodi com tudo, por alguns dólares em droga. -Ele fungou e Devin passou seus dedos longos pelo cabelo de Ricky.
-O-o... o que?! -Berrei.
Ódio, raiva, medo, confusão. Milhares de más energias preenchiam minha sala de estar.
Instantes de silêncio, mortais, lentos, dolorosos, como uma faca afiada.
Ricky gemia no colo de Devin.
-Ele quer a garota. -Devin explicou, fazendo carinho e Ricky, como se ele fosse eu gatinho de estimação. -Ashley..? Acho que é esse o nome, ele sabe que você está com ela, ele... Ia mandar o Ricky para sequestrá-la ou qualquer outra coisa que aquele nojento  queira fazer com ela. -A voz de Devin era suave como veludo, uma calma de karma quase angelical, seus olhos de caleidoscópio estavam baixos e frios. -Não sei como ele conseguiu essa informação, Ricky não quer me contar... Digo, não consegue me contar. -Continuou, com um ênfase fatal em "consegue", o peito magro de Ricky sobia e descia de forma irregular, ele não chorava mais, só gemia e tremia no colo de Ghost. -Ricky não queria fazer isso... Ele só queria pagar as dívidas dele. -A voz de Devin tremeu, do ângulo que eu o via, poderia muito bem confundi-lo com uma mulher, ele piscou aqueles olhos mistos de verde, amarelo e azul para mim, seus cílios longos encostavam nas sobrancelhas perfeitamente desenhadas,respirou fundo. -Ele foi ameaçado de morte, agora Ronnie está louco, e ele prometeu caçar você e a garota, nem que sejam necessárias algumas balas pra isso.
Um clima sombrio paira na sala, eu sinto uma enchente chegando dentro de mim, piscando para conter as lágrimas de ácido que insistem para descer pelo meu rosto, em um acesso primitivo de raiva, com um grito estendido, vindo do coro de todos os demônios cantando louvores ao ódio e a ira dentro de mim, jogo a caneca de Ricky no chão com um tapa, espalhando líquido quente e amargo pelo carpete, jogo a cabeça na mesa, a socando furiosamente como se fosse a cara daquele porco imundo do Radke, berrando como um bêbado.
-Não! Não! Merda, merda, porra....
Esfrego os olhos e observo o par de andróginos à minha frente, ambos me olham como animais assustados, Ricky treme e senta-se de forma decente novamente.
-Eu vou quebrar a porra da sua cara, horror! -Berro para ele, que se encolhe como um cão, Devin me olha como se eu tivesse uma AK-47 em mãos. -Vou quebrar a cara daquele filho da puta do Ronnie também!
-Motionless. -Ghost solta uma súplica delicada como pétalas de rosa enquanto levemente afasta as mãos dos ombros de Ricky. -Se acalme... a gen...
-Cale essa boca! -Interrompo Devin, que com o susto, crava as unhas na mesa com força o suficiente para deixar deus dedos em carne viva. -Eu não vou deixar aquele escroto encostar um dedo na Ashley novamente! Quem diabos ele acha que é?
-Um traficante milionário...? -Ricky revela sua marca registrada em horas tensas, comentários desnecessários, seguidos de risadinhas nervosas.
Eu o pego pela gola da jaqueta.
-Horror, porra! Eu... Pensei que ainda era seu amigo... -Minha voz tremeu, nossos rostos estavam tão próximos um do outro, meus cílios postiços roçavam a bochecha dele, eu largo sua jaqueta de couro e ele se afasta de mim. -Como pode? 
-Chris, não fui eu... foi a Jane.
Devin ficou pálido como um morto.
-Cara... Você ta ficando louco?
-Chris, me escuta, ela ta trabalhando com o Ronnie agora...Ela é namoradinha dele ou sei lá, faz tudo por ele. -Ricky solta mais risadinhas, o que me dá vontade de dar um tapa naquelas bochechas magras e pálidas, a menção à minha ex-namorada me puxa para o sofá como milhares de mãos famintas me arrastando até o Hades.
Quero chorar, quero dar um tiro naquele sorriso sínico de Ronnie, quero proteger Ashley, quero beijá-la e impedir que qualquer mal à atinja  quero dormir e fingir que os últimos quatro anos da minha vida foram um sonho ruim.
-Christopher... -A voz de Ricky soa ensopada de culpa e aguda como a de uma criança. -M-me perdoe, eu tentei impedir, mas ele ia me matar, literalmente... Ia matar a Jane... Eu não podia...
-Você ainda a ama? -Digo, sem olhar para Ricky.
-S-sim... 
-Que ótimo. -Sorrio de leve, um sorriso não-intencional, gerado pela histeria do momento. -Porque eu não sinto mais nada.
Ricky se senta ao meu lado.
-Cara, hã, eu sei que você deve gostar da garota.
-Jane?
Ricky balança a cabeça e da um sorrisinho doce, o que faz com que seu piercing mova com o canto do lábio.
-Não, a Ashley.
Assinto com a cabeça, com cabelo formando uma cortina escura no meu rosto, para cobrir a vermelidão no rosto e os olhos inchados.
-Eu sei que você quer protegê-la, mano, e eu... Vou te ajudar, ok? Do mesmo jeito que você me ajudou antes.
-Horror... Eu... 
Ricky me interrompeu.
-Eu quero ajudar, Chris. -Seu rosto tornou-se sério. 
Devin nos interrompe com dois copos de vodka.
-Hey... Onde você achou isso? -Digo ao tomar o primeiro gole, meu amigo dá de ombros.
-Achei que vocês precisavam de alcool para se acalmar. 
Ricky recusa.
-Melhor não, acho que vou ter que permanecer sóbrio por um tempo. -Sorri, os olhos claros relampeando. -Senhores, e senhora... -Ricky diz com um deboche amigável para Devin, que mostra o dedo do meio à ele, rindo. -Temos muito o que conversar, e dessa vez, sem gritar ou atirar xícaras, por favor.
***
Uma lágrima escorre de um olho castanho escuro, a primeira gota de sangue que desce do ferimento que há no coração do jovem de chapéu, jaqueta jeans e alargador.
-Ora, ora, ora, o que temos aqui? - O tatuado se aproxima, estalando os dedos das mãos. 
O homem de jeans olha com olhos marejados ao tatuado de colete de couro.
-Não devo nada à você, Ronald.
-Escuta, Sr. Mabbitt, podemos fazer um acordo justo, de paz, ok? Sem brigas, sem derramamento de sangue. -O tatuado levanta os braços, um sinal de paz, seria? -Você me entrega minha doce Ashley, e eu lhe dou o que quiser, dinheiro, fama, drogas... Que sabe até uma garota nova para você? -Ele ri, de forma lenta. -Uma que não vai te fazer chorar igual ao bebê idiota que você é.
-Você é doente! - O garoto de olhos escuros como chocolate e sobrancelhas arqueadas treme com a brisa fria outonal que passa pelos seus braços nus. -Eu não quero uma prostituta e nada com você! Eu nunca vou deixar você por essas patas imundas de sangue na Ashley, ouviu? Nunca! 
-Ok, legal, tudo bem. -O tatuado revira os olhos escuros de ódio. -Se não vai me entregar aquela vaca do jeito fácil... -Ele saca a 22 dourada  do cinto e desativa a trava de segurança. -Vai ter que ser do jeito difícil.
***



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