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História Synthetic Love - Capítulo 19 - Chris


Escrita por: SexyDrug

Notas do Autor


Primeiramente... Oi!
Eu sei, eu sei, fiquei quase um mês sem postar capítulo, estive tão atolada em estudos ultimamente que mal tive oportunidade para sequer entrar no site.
E também porque, eu estive me preparando mentalmente para escrever o que vocês lerão daqui a pouco...
Esse capítulo é um tanto, digamos, "Forte", é o penúltimo dessa temporada, e bom, talvez pelo conteúdo dele, tenha sido mais "difícil' escrevê-lo.
Ele não está tão grande quanto eu gostaria, admito, mas como eu já disse, ele é um Season Finale, então eu espero que vocês tenham trazido uns lenços, pipoca e um calmante,
Avisando que nesse capítulo e no próximo as coisas parecerão um tanto confusas, mas não se acanhem, meus morceguinhos, as respostas para suas perguntas chegarão com a segunda temporada ;)
Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 19 - Capítulo 19 - Chris


A 22 tremia em minhas mãos. A mesma pistola que um dia pertenceu a Ronnie, agora brilhava nas minhas mãos, à luz da lua, e com algo ácido preenchendo minhas vísceras, eu pensava:
"Irei matar essa cobra com seu próprio veneno."
Com suor frio escorrendo pela testa, Craig me fitava, seus olhos escuros demonstravam apenas um sentimento: Medo.

É incrível como duas pessoas que poderiam se tornar inimigos mortais podem ser melhores amigos. Até, porque, para se meter numa missão suicida com alguém, você deve ter no mínimo um grande laço de confiança com ela. O que há entre mim e Craig é difícil de se explicar, eu poderia odiá-lo por um fútil ciume gerado por uma guerra passional entre nós dois. Mas aqui estamos nós, presos em um carro, armados e com as gargantas secas de pavor, prestes a realizar uma missão suicida. Tremendo como animais enjaulados, os cabelos já molhados com suor frio, a ansiedade se acumulando entre nós como fumaça, os dedos gélidos e olhos inquietos. "Até onde chegamos pelo amor?", pensei.
-Você pode desistir, se quiser. -Soltei um sorriso inquieto para Craig, enquanto recarregava a pistola dourada.
-Sério, Motionless? -Ele retribuiu o mesmo sorriso e destravou a válvula de segurança de sua arma. -Se estou aqui, é porque vou até o fim. Pela Ash.
-Pela Ash. -Repeti, e saímos do carro.
Craig havia me contado que costumava invadir mansões abandonadas na adolescência, um hobbie estranho, mas deveras útil. 
A casa tinha um ar fúnebre, os corredores empoeirados eram decorados de branco, dourado e azul. Os passos de Craig eram silenciosos e calmos, mas eu podia ver sua pistola tremer em suas mãos, eu o seguia, deixando a energia mórbida da casa soprar em meu rosto de forma agressiva, aquele vento era familiar, os ventos tristes que acoitavam meus olhos se assemelhavam à fantasmas me abraçando com dedos ácidos. Era a mesma energia de um cemitério.
Pessoas morreram ali, pessoas foram feridas ali.
Engoli a bile que ameaçava sair pela minha garganta, apertando a arma até que meus dedos ficassem tão brancos quanto a parede.
Craig parou de súbito e me olhou, seus olhos de amêndoa estavam inquietos, ele levou uma mão à orelha, como se dissesse "Ouça".
Tentei ouvir por cima da batida do meu coração e do sangue latejando em meus ouvidos e têmpora, Deus, eram gritos.

Gritos abafados.

Gritos de desespero.
E eles pertenciam à Ashley.
-Ash. -Sussurrei, apenas movendo os lábios, sem produzir som algum.

Craig assentiu, com os olhos molhados e a boca trêmula. A última porta do corredor pairava à nossa frente, semiaberta, com uma luz dourada saindo de lá, me agachei ao lado de Craig.
-Tem certeza que vai entrar primeiro? -Li os lábios dele, finos e pálidos, assenti com a cabeça.

Assenti com a cabeça e sussurrei.
-Você vai saber a hora de quebrar as correntes, eu irei distrai-lo. 
-Se você morrer, Christopher, eu te mato. -Craig brincou, tão baixo e quase inaudível.
-Idem. - Respondi quando ataquei o pescoço da mulher que se encostava no batente da porta.
Jane tentou gritar, mas eu tapei sua boca, sem olha-la nos olhos, fitei Ashley, que se remexeu na cama ao me ver.
Ela estava seminua e sangrando. Sua boca tapada com fita isolante, os cabelos mistos tão ensopados de suor e lágrimas, os olhos bronzeados, cor de ferrugem, trêmulos e indefesos.
Aquela visão me cortava o coração, com as lágrimas ameaçando sair, tapei a boca, pedindo silêncio, Ashley concordou com um gemido.
Jane se contorcia no meu colo, os cabelos púrpura, finos e leves como plumas se enroscavam nos meus braços. Eu a apertei, com o cano da Ruger calibre 22 apontada em sua cabeça.
Uma porta dentro do mesmo cômodo se abriu, e de lá saía um homem alto e musculoso com uma faca reluzindo em prata nas mãos.

Eu o reconhecia.
Já o havia visto na rua.
Já o havia visto em jornais.

Em manchetes que iam de crianças que sofreram abuso dos pais até suspeita de tráfico ilegal, o rosto de Ronnie Radke imprimido em preto e branco mal se comparava à suas feições ao vivo, em cores e banhadas na luz dourada do cômodo.
Ele tinha um rosto bonito, tatuagens na testa e no canto das pálpebras, olhos nem tão pequenos e nem tão grandes, escuros como o céu antes de uma tempestade, um nariz fino e um tanto longo, e o sorriso. O sorriso demoníaco de um sádico.
-Parece que eu tenho visita. -Rosnou, sarcástico.
-Solte a Ashley.
-Ou você vai...?
-Vou enfiar uma bala no crânio dessa aqui. -Cutuquei Jane com o cabo da Ruger. Que soltou um grito abafado.
Eu estava blefando.
Não mataria ninguém, não conseguiria, eu iria salvar Ashley sem sujar minhas mãos, eu havia prometido à ela em silêncio: Não me tornaria um assassino igual o homem que estava à minha frente.
Ronnie soltou uma gargalhada alta.
-Eu posso fazer isso por você. - E sacou uma arma do cinto.
A bala perfurou o olho direito de Jane, e quando o estrondo do tiro ecoou, já era tarde demais.
Um líquido quente e vermelho jorrava do antes tão angelical rosto de Jane, o sangue arterial manchava meu sobretudo, rosto e cabelos, o corpo de Jane deslizou delicadamente por mim, eu pude sentir o ar que lhe restava vazando de seus pulmões, o calor se esvaindo, e o último resquício de vida expelido para fora desse plano.
Jane caiu já dura no chão, sujando o carpete de escarlate.
Eu tinha um passado problemático com Jane, ela havia destruído minha banda, ela havia feito com que eu odiasse Ricky por anos, ela era uma traidora. Mas, mesmo assim, quando vi seu único olho esmeralda restante, morto, vítreo e vazio, os cílios longos com gotículas de sangue e o rigor mortis fazendo seus dedos delicados tremerem pela última vez, eu senti pena da pobre mulher, que já não pertencia mais à esse mundo.
-Seu monstro. -Sussurrei, quando a poça crescente de plasma metálico atingiu minha bota e a molhou com sangue quente.
-Não é a primeira vez que alguém me diz isso. -O sorriso de Ronnie permanecia imortalizado em seu rosto, o cano da sua calibre 57 fumegava. - Então... O que farei com você, Christopher Motionless? Quer pronunciar suas últimas palavras?
Então, esse era o fim.
O cano da arma apontado para mim, a lágrima que descia até meu nariz e pingava no cadáver de Jane, essa seria minha última visão?
Quando que pelo canto do olho, a cena observada por mim fez com que eu sorrisse e levantasse o rosto.
-Claro. -Olhei fixo nos olhos de Ronnie, e proferindo as palavras lentamente, sentindo o gosto doce e ao mesmo tempo amargo que elas deixavam na minha boca, eu disse: -Você. Perdeu.
Levantei a minha Ruger, e atirei na parede ao lado de Ronnie o susto era a deixa, e com todo o âmago do meu ser eu gritei para Craig, que carregando Ashley no colo, tentava fugir.
-Corra!
Ronnie guardou a arma e sacou o facão, investindo diretamente em mim.
Desviei, e corri para a cama, numa tentativa falha de me esquivar dos ataques violentos e ágeis de Ronnie, usando o móvel como escudo, até que, de raspão, a lâmina raspou pelo meu pescoço.
Senti um líquido quente escorrer, o corte era superficial o suficiente para não ser letal, mas a dor latejava, e por instinto, levei a mão ao pescoço, para estancar o sangramento.
O movimento desajeitado de Ronnie fez com que a faca caísse ao meu lado, suja com meu próprio sangue.
Com as mãos molhadas, avancei até Ronnie, o socando no queixo, e o vendo cuspir um líquido rosa e espumoso, misto de saliva seca e sangue.
Se tem uma coisa que aprendi com Ashley, é que seu passado nunca desaparecerá, mesmo que você o ignore ou tente esquecê-lo, ele sempre será uma parte sua.

E se tem uma coisa, que ela aprenderá comigo, é que se vai até o inferno por uma pessoa que você ama.
Ronnie se levantou, tentando me acertar na lateral do rosto, revidei com um golpe no nariz, ele segurou minha mão com força, a puxando e estapeando meu rosto repetidas vezes, eu senti um gosto metálico e doce na boca, o gosto do sangue, tão presente naquela terrível noite.
O chutei na canela e ele me empurrou, me jogando de costas no chão, meu coração ameaçava quebrar minhas costelas, mechas molhadas de sangue e suor do meu cabelo caíram sobre meu rosto, eu ofegava, o efeito da adrenalina se esvaia, a dor finalmente começara a me consumir, e quando Ronnie levantou a arma para o tiro final, o tiro que separaria meu espírito de meu corpo, dois braços o seguraram pelo pescoço e  o puxaram para trás.
Craig usava todo o seu peso para prender Ronnie, que soltava gritos guturais de puro ódio, fiquei estático, impotente, ofegante, enquanto via os dois homens brigando à minha frente, sentado naquele piso ensanguentado, trêmulo e com a visão embaçada pelas lágrimas.
Engolindo sangue e saliva, me levantei para ajudar Craig, mas foi tarde de mais.
Porque ao mesmo tempo que as sirenes soaram lá fora, o sangue do meu mais novo amigo sujava a parede de vermelho...



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