— Lucas? – chamei baixinho quando ouvi sua respiração. Gabi e João me observava com atenção.
— Anna? – disse, com surpresa na voz — Que foi? E essa voz de choro? Não faz isso…
— Vem aqui? – pedi.
— O quê? – perguntou, não acreditando — Eu ir aí te ver?
— Aham… – respondi apenas
— Ok… Chego aí em 15 minutos. Não chora, já já estou aí. Te amo.
Ele não deixou nem que eu respondesse, já desligou. Joguei o celular no sofá e respirei fundo.
— Tira esse Henrique e Juliano daí – digo, vendo os dois na TV. Eles riram e Gabriela colocou uma eletrônica — Parem de ficar me olhando, que coisa!
— O que vai ser? – Gabi perguntou
— Não sei… Agora que sei realmente o que aconteceu, consigo confiar nele. Lógico que fica, mas a questão não é mais ele, sabe? Eu tenho certeza que vou olhar nos olhos dele e ter a certeza.
— Quem diria, né? – João disse olhando Gabi — Logo ela falando essas coisas. Nunca te vi assim...
— Fazer o que, né? – digo, rindo — Sempre achamos que a primeira seria a Gabi.
— Bem que eu queria… – ela disse e deu um gole em sua bebida.
— Mauro não larga e nem deixa livre – João disse e ela riu sem humor.
— A única que poderia mudar isso, sou eu. Mas eu não consigo – ela disse — Enfim! Acabamos de sair de um drama, ninguém quer outro.
Depois de alguns minutos, vi a maçaneta da porta girar. Meu coração começou a disparar e logo o corpo de Lucas atravessou a porta. Ele deixou o capacete do lado da porta, onde sempre deixava. Me levantei e corri até ele. Lucas me encaixou em seus braços, onde pude sentir seu cheiro me preencher. Ele começou a dar beijos no topo da minha cabeça, enquanto eu só conseguia ficar enfiada em seu peito.
— Eu não quero mais falar disso – digo, abafada devido eu ainda estar em seu peito.
— Ei, calma – ele disse. Só então percebi que estávamos ali há um tempo — Eu tô aqui e vou ficar. Temos todo tempo pra ficarmos agarrados.
Sorri e me soltei levemente, o olhando. Os olhos castanhos cheios de brilho, o sorriso encantador, a barba perfeitamente alinhada, os lábios vermelhos, seu “tique” com a sobrancelha, mexendo ela regularmente… Eu o amo tanto.
— Eu amo você – digo, acariciando seu rosto.
— Eu também te amo, meu bem– ele sorriu e me beijou
Mas o beijo não durou muito, pois ouvimos um gritinho fino e fofo.
— Lucas! – Maria Júlia gritou, correndo.
Ele se abaixou um pouco e minha irmã pulou nos braços dele. Ela estava com um sorriso estampado no rosto, e ele não estava diferente. Logo meus pais entraram em casa.
— Lucas, meu filho! Quanto tempo! – disse minha mãe, surpresa, abraçada ao meu pai.
— Minha filha solta ele que eu também quero abraçar esse rapaz! – meu pai disse e Júlia desceu.
Eles se abraçaram, mas minha irmã não soltou a mão de Lucas. Ela sempre foi muito apegada a ele. Ele se dá muito bem com crianças.
— Essa menina viu sua moto lá fora e saiu correndo – minha mãe disse, rindo.
— E esses olhinhos, filha? – meu pai me perguntou. Possivelmente estavam um pouco vermelhos — Ele te pediu em namoro?
— Pai! – ri alto — Claro que não. Não é nada demais.
— Vamos comer, trouxemos do restaurante – minha mãe disse. E logo sorriu quando viu João e Gabi ali
— Nós também existimos, tá bom? – João fez drama e nós rimos.
Fomos todos pra cozinha. A mesa é de seis pessoas, então Maria Júlia ficou no colo de Lucas, que conversava com ela alegremente. Eu sempre valorizei esses momentos, que todos estavam confraternizando. Sempre me fez bem.
[•••]
Já era quase onze horas da noite. Gabi e João já haviam ido e meus pais já foram deitar. Eu, Lucas e Júlia estávamos jogando um jogo no celular de Lucas. Mas quando vi a hora, disse que ela fosse dormir.
— Hoje acordei com uma puta saudade da minha família, e essa noite... Era tudo que eu precisava – pausei o jogo e lhe encarei.
— Sabe que sempre que quiser, pode vir – digo e vejo ele sorrir.
Lucas deitou na cama e colocou a cabeça na minha bunda, como se fosse um travesseiro. Ri e voltei com meu jogo no celular dele.
— Eu também estava com saudades da sua bunda, sabia? – ele disse em um tom sério e eu ri alto.
— Para de ser besta, Lucas – digo, ainda rindo.
— É sério, pô… – ele disse vagamente, enquanto subia meu short.
Lucas alisou toda a região com a mão e depois deu um beijinho, me fazendo rir.
— É sério isso? – o olhei pelos ombros. Ele assentiu sorrindo
Lucas deu um tapinha e depois mordeu com força, me fazendo gemer de dor.
— Ai, Lucas! Isso dói, seu animal! – resmunguei e ele passou a língua quente na mordida, me causando um certo alívio. Isso é bom
— Assim tá melhor? – ele perguntou depois de um chupão ali.
Neguei com a cabeça e ele riu. Ele fez o mesmo processo na outra nádega, mas dessa vez eu puxei o cabelo dele.
— Me deixa, isso aqui é minha propriedade! – disse e depois deu um tapa forte.
— Que sua o quê, rapaz! – ri irônica.
— É minha. Você não consegue fazer isso… – ele disse e deu outro chupão na mordida. A sensação é muito prazerosa, devo confessar
Eu ri negando com a cabeça e ele sorriu cafajeste. Lucas passou o dedão sobre as mordidas e sorriu as olhando, como se fosse uma obra de arte
— Olha, já tá ficando roxa – ele me olhou sorrindo e se levantou bruscamente quando ameacei bater nele.
— Você é muito idiota – ri desacreditada quando vi as marcas
— Não finge que não gostou, gostosa – ele sorriu e se aproximou novamente.
— Saudades de você me chamando assim… – sorri e ele me beijou, sem delicadeza alguma
A falta de ar se fez presente e eu me virei, deitando de barriga pra cima. Lucas ficou entre minhas pernas e deitou a cabeça na minha barriga.
— A gente podia namorar, né? – ele disse, preenchendo o vazio e eu arregalei os olhos
— Como é?
— Seu pai falou aquilo e eu fiquei pensando… Antes, éramos como namorados, só que sem o rótulo – ele disse me olhando e eu concordei — Então?
— Mas namorar de aliança e fotinha no Instagram? – perguntei, rindo.
— Do seu jeito – ele disse e eu sorri, acariciando seus cabelos
— Não sei, Lucas… Não é uma coisa que se pergunta assim… Pergunta de outra forma… – digo, despretensiosa
— Tá insinuando um pedido de namoro? – ele perguntou, sorrindo de lado. Apenas ri e dei os ombros — Mas pra isso eu preciso de uma certeza.
— Eu te amo, Lucas. Isso não basta? – pergunto e ele sorri.
— É mais que o suficiente… – ele sorriu grande e eu o acompanhei.
Bateram na porta atrapalhando nossos olhares fofos. Falei um “entra” e ela se abriu, revelando uma anã loirinha.
— Ainda não foi dormir, Maria Júlia? – perguntei, em um tom sério.
— Eu escutei um barulho embaixo da minha cama, não quero ir lá – ela disse manhosa
— Para de graça, pirralha, já é quase meia noite
— Para de ser insensível, sua chata – Lucas disse, se levantando. Ele pegou na mão dela e saiu. Me levantei — Não tem nada aqui, vou te mostrar. Vem
Lucas a levou até a cama e abaixou, colocando a lanterna do celular lá.
— Viu? – Júlia assentiu e abraçou suas pernas. Lucas beijou sua testa — Pode ficar tranquila, qualquer coisa eu tô aqui do lado.
Ela deitou e Lucas cobriu minha irmã com o edredom. Eu sorria maravilhada do batente da porta. Ele é tão iluminado. Fechamos a porta de seu quarto e voltamos ao meu.
— Podíamos ter uns pirralhos, né? – ele disse enquanto trancava a porta e eu me jogava na cama.
— Quê? Tá ficando louco? – perguntei, rindo.
— Que foi? Imagina um mini-Luquinhas? – ele disse e eu ri alto.
— Meu filho não vai ser safado igual você – digo e ele fez cara de ofendido.
— Ele já vai nascer engajando – disse e eu ri
— Somos novos, Lucas – digo, agora séria
— Mas nunca é cedo. Sempre é tarde, mas nunca é cedo demais – ele disse sério, mas eu não aguentei e ri
— Filosofando essas horas? – digo, sorrindo — Mas sério. Eu e meus irmãos somos propensos a uma gestação de gêmeos. Imagina agora dois mini-Luquinhas – digo e ele ri
— Sério?
— Sim, meus avós, tanto maternos quanto paternos, tiveram gêmeos. Meus pais têm irmãos gêmeos – explico a ele
— Ah, damos um jeito – ele diz, dando de ombros, como se fosse simples.
— Apaga essa luz e vamos dormir, deu por hoje – digo.
Lucas se estica e apaga a luz, se abraçando a mim e nos cobrindo com o edredom. Ali, era o melhor lugar para se estar.
Agora pensem: anteontem, estava chateada com ele; ontem, estávamos transando; e hoje, estamos falando sobre filhos.
Tem como ser mais loucos e mais imprevisíveis que nós?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.