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História Take Me If You Want Me - Relações Pessoais


Escrita por: cherrylispector

Capítulo 7 - Relações Pessoais


"Essa irá ser a última vez”, “e agora isso não se repete e nós fingimos que nada aconteceu”. Essas palavras brilhavam em minha mente como luzes de um letreiro em neon. Uma cor de neon bem forte, como laranja ou vermelho. Principalmente vermelho, pois indicava: “Perigo, Raquel. Você quer repetir a dose com ele, não quer?”

E sim, eu havia virado a “rapidinha” do professor de literatura. Simplesmente aliviando o tesão. Que nível, Raquel.

Porém, eu havia gostado de ser o “nunca mais” dele? Sim, eu havia gostado. Gostado muito, mais do que realmente deveria.

E o pior de tudo, nem mesmo em preservativos nós havíamos pensado. Dois adultos de quarenta anos, comportando-se como se tivéssemos dezesseis. A inconsequência de nossos atos era gritante.

Eu não queria falar com ele sobre isso, mas eu precisava falar sobre isso. Tudo que eu não precisava agora era de algo ruim sexualmente transmissível.

Porém, por um lado eu estava feliz por ser a rapidinha dele, porque possuía plena certeza de que ele nunca deveria ter transado com uma aluna antes. Até que eu aparecesse em sua vida. E também, porque eu nunca estive com um homem tão bom no sexo. Só conseguia pensar nas coisas que ele faria comigo se não estivéssemos com pressa para “matar” aquele desejo e seguir com as nossas vidas.

Eu não sabia se tal hipótese poderia ser possível. Depois do que havia acontecido, eu só conseguia pensar ainda mais nele, e tudo parecia relembrar aquele momento em minha mente. Dizer que o meu domingo havia sido terrível, era um eufemismo da minha parte. Minha cabeça estava a ponto de explodir e eu olhava o visor do celular a cada cinco minutos, esperando que ele me ligasse ou que eu tivesse coragem o suficiente para ligar para ele e falar sobre tudo que estava entalado em minha garganta, ou pelo menos mandá-lo ir se foder.

Coisa que obviamente não aconteceu.

Olhei-me no espelho e me orgulhei da lingerie bonita que eu havia escolhido para usar por baixo da roupa. Lingeries daquele tipo me faziam sentir bem comigo mesma e agora eu ainda tinha outro motivo para usá-las, provocar Sérgio. Fui até o meu closet para escolher o que vestir e ouvi meu celular tocar. Voltei para o quarto e o alcancei em cima da escrivaninha, olhei o visor e era Sérgio.

Por pensar no cretino phdeus. Rolei os olhos e atendi. Eu havia salvo o seu número como “Professor Babaca”. Talvez eu pensasse em mudar, mas só se ele comportasse bem.

- O que quer? - Perguntei, eu não estava a fim de ouvi-lo com seus discursos de “Sou seu professor, isso não pode acontecer mais entre nós”. “Foi uma única vez”. “Nós vamos perder os nossos doutorados.”

- Boa noite, Raquel? Como vai? - Ironizou e eu revirei os olhos. - Geralmente, é assim que as pessoas atendem o telefone. É uma questão de educação.

- Boa noite, professor. Vou bem, professor. O que deseja? - Perguntei e o ouvi suspirar. Com certeza havia sido pelo “O que deseja?”.

Que mente suja ele tinha.

- Quero falar sobre sábado. O Fabio chegou e... não deu tempo de conversarmos mais nada... até tentei ir atrás de você para discutirmos tudo, mas você já tinha ido embora. - Disse e eu engoli em seco. - E eu não tive coragem de te ligar no domingo, eu ainda estava tentando entender o que havia acontecido entre nós dois. - Suspirou do outro lado da linha.

- Entender o que havia acontecido? - Perguntei com ironia. - Fizemos sexo, isso que aconteceu. Inclusive, sem proteção e sem uma mínima precaução. - Suspirei.

- Era sobre isso mesmo que eu gostaria de falar.

- Você costuma frequentar muito aquela boate então, acho que transa com muitas mulheres, o que me coloca em risco e... - Ia continuar falando, mas ele me cortou.

- Não, eu não transo com muitas mulheres. - Disse sério e até um pouco ofendido. - Na verdade, para ser sincero, há meses não transo com outras mulheres. - Me surpreendi um pouco. - Você realmente pode ficar tranquila em relação a isso. E todas as vezes que transei com outras mulheres depois de minha ex-esposa, eu usei proteção. Só com você que eu não pensei muito antes de fazer.

- Vou escolher acreditar em você, e em relação a mim, você também pode ficar tranquilo. A última vez que transei acho que foi na Alemanha, há muitos meses e usei preservativos. - Dei de ombros e mordi o lábio inferior. - Eu também não costumo ser tão inconsequente assim.

- Mas há outro problema, métodos contraceptivos. - Disse e eu sorri.

- Sim, meu anticoncepcional está em dia, professor. - Ele pareceu respirar totalmente aliviado, e eu neguei com a cabeça, já que era a única coisa que o estava preocupando. - Era só o que te preocupava? - Perguntei e ele respirou fundo.

- Claro que eu também me preocupei com as outras questões, só que... não queremos uma gravidez, queremos? - Perguntou e eu sorri. - Ou você quer apresentar sua tese com uma bonita barriga de seis meses que você não poderá contar quem é o pai, porque ele é o seu orientador? - Quase caí na gargalhada só por imaginar a cena, ele era exagerado.

- Já entendi, professor. - O cortei e ele respirou fundo novamente. - Você está com algo meu, se lembra? - Perguntei.

- Sim, uma calcinha. - Disse e eu sorri automaticamente. - E um vestido também.

- E eu estou com o seu paletó.

- Isso nos incrimina de certa forma. - Disse e eu ri. - É uma calcinha bem bonita, sabe? - Perguntou em tom de brincadeira e eu sorri.

- Devolve minha calcinha ou eu vou começar a te chamar de “professor pervertido das calcinhas.” - Disse e ele riu. - Já está na faculdade? - Perguntei, tentando sair daquele assunto de transas e calcinhas. Se iríamos realmente fingir que o que aconteceu não aconteceu, seria melhor pararmos de falar sobre aquilo.

- Sim, estou na sala, revisando alguns trabalhos. - Disse apenas e eu mordi o lábio sem saber exatamente sobre o que falar. O interessante é que eu queria continuar falando com ele e geralmente quando situações como aquelas aconteciam na minha vida -sexo afobado com um quase desconhecido - Eu não queria mais debater tópicos com o homem em questão. Porém, com Sérgio, era um pouco diferente.

- Comecei a ler um dos livros de poesia que você me mandou. Um vermelho que está todo em inglês, eu realmente posso ficar com ele? É muito bonito. - Disse sincera, era uma versão raríssima de um compilado de poesias e poemas famosos de todos os lugares do mundo. Nunca havia visto um livro como aquele, estava todo em inglês e geralmente eu não apreciava leituras muito grandes em outros idiomas, mas por aquele livro valia a pena.

- Agora estou interessado. - Disse e eu podia sentir o sorriso em sua voz. Consegui imaginá-lo, os olhos quase desaparecendo e as covinhas nas bochechas se formando. - E sim, você pode ficar com todos eles. Tenho muitos livros em minha casa, esse são um presente para você. Eu os trouxe da Inglaterra.

- Queria visitar a sua casa para ver os seus livros. - Disse inocentemente, e eu realmente possuía essa intenção. - Você deve possuir muitos...

- Tenho uma biblioteca na minha casa. É bem grande.

- Está brincando? - Perguntei.

- Não, não estou. Mas sobre o livro que você estava me falando, o que te chamou a atenção?

- Me chamou bastante a atenção, um poema em específico.

- Qual? - Perguntou, ligeiramente receoso. Ele já esperava algum tipo de debate da minha parte, do tipo “Eu estou certa, você está errado.”

- “I Sing The Body Electric” de Walt Whitman. - Disse devagar, enquanto me direcionava para o closet, voltando a minha procura por uma roupa decente. - E adivinha só. Encontrei uma música intitulada “Body Electric” daquela cantora que te falei no dia que eu estava tocando piano, você se lembra? - Perguntei. - Lana Del Rey?

- Lembro sim, Raquel. - Disse e eu sorri.

- A música faz referência direta a este poema, no refrão, a letra é bem clara: “I Sing The Body Electric” logo...

- Logo, eu realmente odeio você e a sua mente brilhante.

- Você nem me deixou terminar. - Dei de ombros, mesmo que ele não pudesse me ver. - Como a música tem relação direta com o poema, o acompanhamento da leitura com a música, deixa tudo ainda mais impactante. Logo, com isso, a minha teoria de sentir a poesia mais intensamente com outras formas além da escrita, fica mais do que comprovada. Não acha? - Perguntei, sorrindo orgulhosa por estar adicionando pontos no placar. Ele passou alguns segundos em silêncio, com certeza ainda tentando juntar todos os argumentos presentes e eu sorri ainda mais.

- Tudo bem. Raquel dez, Sérgio zero. - Disse e eu ri. Ele me acompanhou, mas logo limpou a garganta, como se houvesse sido flagrado fazendo algo que não deveria fazer. - Espero que use todo esse seu potencial com pesquisas e interpretação de texto com a elaboração de sua tese de doutorado.

- Você sempre corta o meu barato. - Disse com um falso desânimo em minha voz.

- Esse é o tipo de expressão que você não deve usar na sua tese. - Usou um tom de brincadeira e eu ri.

- Vai se foder.

- Raquel. - Me repreendeu e eu sorri. - Eu ainda sou seu professor.

- Então quer dizer que você pode me foder, mas eu não posso mandá-lo se foder? - Provoquei e ele respirou fundo do outro lado.

- Você provoca demais, Raquel. - Afirmou em um tom de repreensão.

- E você sempre cai em minhas provocações. - Assim que eu disse isso, ele ficou em silêncio e após alguns segundos, quando pensei que ele havia desligado, ele me respondeu.

- A vejo daqui a pouco? - Perguntou.

- Sim. - Respondi. - Até mais. - Disse e ele desligou o telefone sem responder a última frase.

[...]

Assim que entrei na sala, vi Sérgio sentado na cadeira atrás de sua mesa, imerso em papéis que eu imaginei serem artigos dos alunos. Ele usava uma camisa azulada e seu paletó estava sobre a cadeira, sua gravata estava meio aberta, então, provavelmente ele estava ali há muito tempo. Quando eu passei por sua mesa, ele me estendeu o meu artigo sobre o livro “Lolita”. O segurei em minhas mãos e quando ia passar os olhos pela nota, Sérgio chamou a minha atenção.

- Parabéns, senhorita Murillo. Tirou dez. - Disse e sorriu de lado. - E eu nunca dou dez em trabalhos, porém o seu é perfeito e o reitor pediu permissão para publicá-lo no jornal da faculdade. Tudo bem para você? - Perguntou e eu apenas assenti. - Sua análise foi perfeita e o tema que escolheu abordar, é algo extremamente necessário de ser compartilhado. - Sorriu sem mostrar os dentes.

- Está dizendo que eu sou a primeira aluna dessa turma a tirar dez? - Perguntei eufórica, aquilo satisfez o meu ego de maneira inigualável.

- É só o que ouviu? - Franziu a testa.

- Em parte, sim. - Dei de ombros, um sorriso brotando em meus lábios.

- Não, o que eu disse, é que você é a minha primeira aluna em todos esses anos que trabalho, a tirar dez em um artigo. Já houveram noves, mas nunca um dez. Para que um aluno meu obtenha um dez, o trabalho tem que ser perfeito, e até agora o seu trabalho foi o único perfeito. - Sorriu. - Você possui muito potencial com a escrita e com as ideias, Raquel. Você é muito criativa.

- Isso não é porque a gente transou, é? - Perguntei baixinho em um sussurro, não que eu duvidasse de minha própria capacidade, mas ele ainda era um homem.

- Claro que não, Raquel. Está questionando a minha ética? - Franziu a testa, sua voz também em um tom de sussurro. - Corrigi seu trabalho bem antes daquele... incidente.

- Incidente? Bater o dedo mindinho em um dos pés de uma mesa é um incidente. Nós fizemos uma escolha. - Levantei a sobrancelha. - E uma escolha que você gostou muito, aliás. - Sussurrei e ele olhou ao redor para confirmar que ninguém estava nos ouvindo ou prestando atenção em nós.

- Que tal darmos o assunto por encerrado? Aconteceu, não podemos desfazer. Agora vá sentar.

- No seu colo, novamente?

- Raquel... - Disse em tom de repreensão e eu apenas assenti, andando até a primeira cadeira da primeira fileira e sentando-me ali.

Após alguns minutos e várias pessoas entrarem na sala, Sérgio levantou-se da cadeira e apoiou-se na beirada de sua mesa. Ele realmente ficava muito atraente assim. Algumas garotas mais jovens da turma, logo se apoiavam em suas cadeiras para observá-lo com um olhar cobiçador. Em conclusão, eu não era a única a querer transar com ele depois da aula.

- Espero que tenham lido o material que eu pedi na semana passada. - Disse autoritário, olhando para cada rosto presente ali. Só consegui lembrar de nós durante o sexo e quando ele pediu autoritariamente para que eu o chamasse de professor. Meu corpo até esquentou um pouco. - A aula de hoje é sobre os movimentos literários pelo mundo. - Começou e deu a volta, virando-se de costas e ligando o projetor com slides de cor branca. - Vocês possuem algum exemplo para me dar? - Perguntei. - Que não seja algo extremamente clichê como o romantismo ou humanismo, classicismo... - Levantei uma de minhas mãos e ele me olhou como se já esperasse que eu fizesse isso.

- O movimento modernista no Brasil, que não é considerado uma escola literária, mas foi um grande marco na história da literatura e teve influência na Europa. Já que o movimento foi feito justamente para fugir das estéticas estereotipadas da sociedade europeia. - Disse e ele sorriu enquanto negava com a cabeça.

Sérgio gostava de competir inteligência e eu com certeza era uma ameaça.

- Perfeito, senhorita Murillo. Há alguma característica relevante do movimento que você queira ressaltar?

- Claro, a inovação na arte. Gosto do que é moderno. - Disse e ele assentiu.

- Lembra-se dos vários movimentos que o modernismo abrangia? - Me olhou intensamente.

- Sim, o dadaísmo, o cubismo, o surrealismo... - Mordi o lábio inferior rapidamente. - Inclusive o movimento surrealista obteve um grande nome espanhol que foi o pintor Salvador Dalí. - Quando eu pronunciei o nome “Dalí” ele engoliu em seco, como se aquilo o remetesse a algo passado. Ele até perdeu o rumo por alguns segundos, seus olhos traziam um certo desconcerto.

- Escreva um artigo sobre isso. - Disse e eu o olhei aterrorizada. - O quê? A Senhorita parece ter um grande conhecimento sobre o assunto, um artigo não lhe faria mal. E além do mais, a produção de artigos ajuda bastante nas horas complementares de mestrandos e doutorandos, e a senhorita não tem cumprido as suas muito bem. - Queria dizer que estava cumprindo minhas horas complementares no colo dele na sala dos professores, porém não era algo que eu poderia dizer publicamente e em voz alta.

Ele me olhou em desafio, e eu correspondi o olhar na mesma intensidade.

Ele realmente me odiava.

Filho da puta.

- Tudo bem, professor. Entrego na semana que vem? - Perguntei inocentemente e torcendo para que ele dissesse “Entregue daqui a quinze dias”. O mal do aluno era sempre pensar assim.

- Entregue daqui a dois dias. - Sorriu irônico e eu me segurei para não lhe mostrar o dedo do meio como uma criança do fundamental.

- É, eu gosto de desafios. - Sorri e ele concordou, voltando a atenção para o restante da classe. Senti meu celular vibrar na minha bolsa e o peguei rapidamente, era uma mensagem de Alicia, dizendo que não poderia me levar para casa e que eu fosse com o Marquina. Respondi que chamaria um táxi.

“Está com medo de ficar sozinha com ele em um ambiente fechado?”

Perguntou e eu rolei os olhos em puro tédio.

“Vai se foder.”

“Estou indo agora mesmo com o Andrés.”

“Que nojo.”

Guardei o celular na bolsa e Sérgio estava me olhando enquanto falava. Sorri totalmente sem graça. Enquanto ele tinha um olhar sério.

- Não permiti o uso de celulares na minha aula. - Onde ele achava que estávamos? No ensino fundamental?

- O celular é meu, eu uso a hora que eu quiser. - Disse e vários olhos se voltaram para nós dois. A atração das aulas de literatura. Sérgio e Raquel. Raquel e Sérgio.

- Não funciona assim nas minhas aulas. - Rebateu sério, e percebi que aquilo já não era implicância comigo, e sim mais uma de suas insuportáveis regras.

- Tudo bem, se é assim, não vou fazer mais. - Ele me olhou sério, mais surpreso do que satisfeito por eu estar desistindo tão fácil de brigar. - Não era o que queria? - Perguntei com um meio sorriso pairando em meus lábios.

- Era sim. - Respondeu e voltou a explicar os tópicos da aula, dessa vez ele não pousou seu olhar em mim durante todo o tempo que se passou.

[...]

Depois que a aula acabou, e todos os outros alunos se retiraram da sala, me sentei na cadeira do outro lado da mesa de Sérgio, e retirei o blazer que eu usava por cima da blusa. Ele logo o manteve o olhar em meu colo desnudo, porém desviou os olhos ao perceber que eu havia me dado conta. Eu estava usando uma blusa fina de cetim, com alças também finas e um ligeiro caimento no decote. Era de uma tonalidade preta.

- Está tudo bem, professor? - Perguntei e ele assentiu. Desviou o olhar de mim para o computador a sua frente, mas logo voltou a olhar em meus olhos.

- Está tudo bem. Eu só preciso que você se aproxime um pouco mais para que eu possa mostrar uma pesquisa que eu fiz na internet. Vai ajudar muito no seu projeto... - Assenti e puxei minha cadeira, a aproximando da dele. Ele pareceu querer fugir dali o mais rápido possível e eu apenas ri.

- Assim está bom? - Provoquei, mas ele preferiu ignorar a minha provocação.

- Consegue ver? - Perguntou e eu assenti, olhando para a tela do computador.

- Sabe o que é bom nisso? Se já estamos nesse tópico, é porque já estamos muito adiantados, estou certa? - Ele assentiu, parecendo muito nervoso com a nossa proximidade. Nem parecia que havíamos transado no sábado.

- Sim, sim, estamos. - Engoliu em seco. - Apesar de todas as... turbulências.

- Turbulências? Que turbulências? - Perguntei fingindo uma falsa pureza em minha voz. Minha boca já estava ligeiramente perto da dele, já até sentíamos nossas respirações. Era interessante como quando íamos chegando perto, nossos corpos já iam dando sinais do que queriam, e nós queríamos um ao outro. Eu nunca havia sentido tanta tensão apenas por estar perto de um homem.

Ele desceu o olhar para minha boca e eu fiz o mesmo para com a dele, porém voltamos a nos encarar. Em uma falha tentativa de manter um certo foco ali. Um foco acadêmico que estava sendo perdido.

- Você sabe bem de que turbulências eu estou falando. - Disse e eu sorri de lado.

- Já havia se envolvido com uma de suas alunas? - Perguntei. Eu tinha quase certeza que não, mas ainda existia uma pontinha de dúvida dentro de mim.

- Óbvio que não, Raquel. Você foi a primeira e a última também. - Disse e eu sorri de lado. - E você? Já se envolveu com algum professor? - Empurrou os óculos para trás.

- Também não. Geralmente, eu costumava estar focada em minha vida acadêmica. - Dei de ombros. - Você acha que o que fizemos melhorou ou piorou a nossa situação? - Perguntei e ele respirou fundo e empurrou os óculos para trás mais uma vez.

Ele estava nervoso. Coitado. Eu amava o deixar nervoso daquele jeito.

- Vou ser sincero. Só piorou. - Me olhou sério e eu deveria admitir que adorava quando ele me olhava daquele jeito. - Antes, eu imaginava como seria o sexo com você, e agora eu possuo lembranças. - Fechou os olhos rapidamente e arrumou o nó da gravata, eu apenas dei de ombros e ri. - Qual é a graça, Raquel?

- Você achou mesmo que transar comigo iria melhorar as coisas entre nós? - Cruzei os braços. - Talvez se tivesse sido ruim...

- Eu tinha esperanças disso. - Me olhou profundamente, ele tinha um olhar obscuro, como de quem esconde coisas, mas ao mesmo tempo era puro e repleto de desejo. - Eu tinha esperanças que fosse ruim. - Eu ri mais ainda.

- Você achou que iria transar com uma mulher como eu e que havia alguma possibilidade de ser ruim? - Perguntei e ele engoliu em seco, sentindo que a cada segundo nós estávamos mais próximos um do outro.

- Egocêntrica. - Disse e eu sorri.

- Não sou a única aqui. - Mordi o lábio inferior. - Puta merda, eu quero te beijar novamente. - Disse e ele me encarou um pouco surpreso, e um pouco tentado. Quanto mais eu o conhecia, mas o denominava como um turbilhão de sensações.

Ele era diferente dos outros homens que eu conhecia. Ah sim, ele era.

Era tímido, mas não era inseguro. Pelo contrário, era muito seguro de si.

Era bonito, mas não se aproveitava disso. E principalmente, ele sabia o momento certo de agir de uma maneira especifica.

- Eu... eu também quero que você me beije. - Aproximou-se um pouco mais de mim, mas eu levei o corpo para trás, me distanciando dele. Seus olhos logo tomaram um tom mais sombrio, entretanto, não demorou para que em segundos, houvesse um sorriso em sua boca. - Está querendo jogar comigo? - Perguntou.

- Não, eu só quero que você deixe claras as suas intenções aqui. - O olhei séria. - No sábado, você disse que aquela iria ser nossa primeira e última vez e hoje você está querendo me beijar. Eu preciso saber o que você quer de verdade, professor. Não pode ficar me confundindo assim...

- Eu não estou te confundindo, eu apenas estou confuso comigo mesmo. Eu não costumo agir assim. - Eu neguei com a cabeça.

- Eu esperava que um homem vivido como você não se comportasse como um cara de dezoito anos.

- Eu... eu não estou me comportando assim.

- Tem certeza? Primeiro você começa com “a gente não pode fazer isso, por causa do nosso doutorado e tudo mais” e depois você está “fica de quatro, Raquel.”

- Eu não pedi para você “ficar de quatro”. - Ele enrubesceu ligeiramente e eu quase ri.

- Ainda não... - Mordi o lábio inferior e ele desceu o olhar para a minha boca novamente. Seu olhar entregava que ele queria me pedir para “ficar de quatro”.

- Vamos falar sobre a elaboração do seu... projeto. - Passou a língua pelos lábios e com certa dificuldade, retirou o olhar de mim e voltou a observar a página aberta no notebook a sua frente. - Eu estava lendo a sua antiga defesa de tese...

- E? Achou um desastre? Conte-me novidades.

- Podemos reaproveitar algumas coisas.

- Mas não era uma defesa de tese muito ruim e você não queria vê-la nunca mais? - Perguntei e ele respirou fundo.

- Em si, é bem fraca. Mas está muito bem escrita e há pontos muito importantes nela que eu não posso deixar de apreciar e debater com você. - Voltou a olhar para mim. - Li sua defesa de tese de seu mestrado. É genial. - Sorriu. - Não entendo porque você decaiu um pouco no doutorado. - Me encarou sério e eu dei de ombros.

- Eu amo a área que atuo. Mas tornou-se um pouco cansativo, ano após ano... e como eu estava dando aulas para o ensino médio e em um país diferente, eu estava ficando um pouco estressada com a elaboração desse projeto. - Ele assentiu. - Eu tive algumas pedras no caminho durante os meus anos de estudo.

- Imaginei que pudesse ser algo na sua vida pessoal. - Me olhou um tanto receoso, com todo cuidado e pensando se deveria tocar naquele tópico ou não. - Quer dizer... não que você possua obrigação de contar coisas para mim, os alunos nunca me contam coisas, e você não precisa me contar absolutamente nada da sua vida, porque nós não somos próximos, eu só achei que... - Coloquei a minha mão sobre a sua e neguei com a cabeça, ele desceu o olhar ligeiramente para as nossas mãos, mas voltou a subir de volta e não afastou a mão da minha. O que me surpreendeu um pouco.

- Não precisa ter medo de perguntar as coisas. Eu não sou tão fechada como você. - Sorri de lado. - Não era nada com a minha vida pessoal, era só cansaço físico e mental. Entende? - Perguntei e ele assentiu. - Estudar tanto já não é tão fácil, quando já não se é tão jovem.

- Você está se sentindo pressionada com essa nova elaboração?

- Quer que eu seja sincera? - Ele assentiu. - Bastante. - Ri. - Mas sei que a vida acadêmica é difícil, principalmente um doutorado, e me sinto bem que eu tenha um professor que se preocupa com o meu projeto, mesmo sendo por puro ego. A minha ex- orientadora não dava a mínima para a minha tese.

- Eu não me preocupo com a sua tese apenas para alimentar o meu ego, Raquel. Também gosto da ideia de você fazer um bom trabalho e ser reconhecida por isso, você merece. - Sorriu de lado e abaixou um pouco a cabeça.

- Eu gosto bastante quando você assume minha alta capacidade de fazer as coisas. - Sorri e ele sorriu também.

- Sério? Pois pensei que você me preferisse egocêntrico. - Aproximou-se mais um pouco, a mão no meu joelho. Era uma carícia leve, sem más intenções.

- Só gostei do seu ego, quando você se aproximou de meu ouvido enquanto transávamos... para pedir que eu te chamasse de professor. - Ele me encarou sério, parecia tentar decidir se deveria continuar com aquilo ou não.

Creio que a resposta foi sim.

- Então, você gostou? - Perguntou e eu sorri, retirando a sua mão de meu joelho e levantando da cadeira, sentando-me na beirada da mesa. Ele me olhou de alto a baixo e respirou fundo. - Raquel... - Ele repreendeu, exatamente na tonalidade de como um professor faria. Chegava a ser engraçado.

- Professor... - Provoquei usando a mesma tonalidade que ele, balançando as minhas pernas e ele levantou-se também.

- Você mora sozinho? - Perguntei, eu o imaginei solitariamente em uma grande casa com um piano, uma piscina e um porão mal assombrado.

- Por que a pergunta? - Rolei os olhos e ele espelhou meu gesto.

- Para de imitar Sócrates. - Disse e ele franziu a testa em total confusão. - É, tipo, fica perguntando o porquê das coisas... sabe que ele ficou conhecido por isso... - Dei de ombros, tentando explicar a referência e ele sorriu.

- Moro com a minha irmã e a minha sobrinha. - Empurrou os óculos para trás.

Que mania agoniante.

- Então, elas moram com você. - Sorri de lado.

- Sim, moram. Você sabia que eu tinha uma sobrinha? - Perguntou, ligeiramente confuso.

- A Silene me contou, sempre converso com ela nas aulas que ela paga junto comigo. Deve ser legal morar com uma criança, às vezes...

- Vou pedir para a Silene parar de espalhar a minha vida pessoal pela faculdade.

- Como você é implicante e prepotente. É só uma simples informação, sei que você ama bancar o misterioso e querer que ninguém te conheça nessa faculdade e tudo mais, mas não se pode ser assim sempre.

- Eu tenho os meus motivos para “bancar o misterioso”. Não gosto de...

- “Relações pessoais com alunos”. - Ironizei. - Parece que sou a fissura em seus grandes planos, hein? - Perguntei e ele negou com a cabeça, encostando-se no quadro da sala e me encarando.

- Sim, você é um grande problema entre os meus planos. Se eu soubesse não teria concordado com abrir essa vaga para orientandos. - Ri e joguei a cabeça para trás.

- Acha que isso mudaria algo? - Mordi o lábio inferior.

- Acho sim. - Deu de ombros.

- Mas o destino poderia nos juntar de outra forma, ele é bem traiçoeiro.

- Não acredito em destino. - Respondeu somente e eu o encarei sério.

- Por que não?

- Porque creio que tudo é consequência de nossas escolhas. - Empurrou os óculos para trás. - Se você não houvesse escolhido entrar em desavenças com a sua ex-orientadora, não estaríamos aqui, lutando contra... - Limpou a garganta, com toda certeza sentindo que iria falar demais.

- Lutando contra o quê? - Tombei a cabeça para o lado, o olhando interessada. Por mais que eu soubesse a resposta, queria ouvir da boca dele.

- Contra esse desejo, Raquel. - Respirou fundo e olhou para o lado como se alguém pudesse nos ouvir. Sendo que não havia absolutamente ninguém ali. - Não é exatamente algo que devemos sentir.

- Mas sentimos. É um fato o que sentimos. - Dei de ombros.

- Porém, podemos escolher o que fazer sobre isso.

- O que você quer fazer com isso? - Perguntei e ele me encarou por alguns segundos que pareciam eternos. - Hum? O que quer?

Seus olhos brilhavam de desejo e ele andou até mim, posicionando-se entre as minhas pernas, as abrindo com as duas mãos de uma só vez. Eu arfei enquanto um sorriso passava por minha boca e o fitei seriamente. - Ontem não era a última vez? - Perguntei e ele engoliu em seco.

- Você não deixa ser, senhorita Murillo. - Empurrou os óculos para trás. - E você não perguntou o que eu queria fazer com esse desejo? Pois bem. É a decisão errada? é. Mas eu já não sei qual seria a decisão certa. - Aproximou-se um pouco mais, encostando a testa na minha, e respirando fundo. Eu engoli em seco, sentindo um nó em minha garganta.

- É só você dizer que não me quer. Se você dizer que não me quer, eu paro de agir dessa forma. - Respondi com sinceridade, sentindo minha respiração acelerar um pouco por ele estar tão perto.

- Mas aí está o problema, eu quero. - Colocou as duas mãos em minhas coxas, me puxando em sua direção, colando meu corpo ao seu. - Quero muito... Joder. - Colocou as mãos em meus quadris, removendo rapidamente de dentro da minha saia, a blusa que eu estava usando. Ele afastou o tecido para cima e me pediu que levantasse os braços, e assim o fiz, o ajudando a retirar aquela blusa que eu sei que ele queria ter retirado desde que eu havia chegado. Sérgio desceu o olhar por meu tronco, passando os dedos levemente pelo meio de meus seios e quando apoiou a mão por cima de minha saia, voltou a olhar em meus olhos. Deslizou a mão por uma de minhas coxas, até estar na parte de dentro da minha saia. Fez o mesmo com a outra mão e alcançou a barra de minha calcinha, a retirando por minhas pernas e colando um pouco mais o seu corpo no meu. - Você vai me deixar louco. - Eu apenas sorri, retirando os óculos de seu rosto com uma de minhas mãos e os colocando por cima da mesa.

- Vou é? - Perguntei e ele não respondeu, direcionando a boca para meu pescoço, me beijando ali e me fazendo esquecer totalmente do que estávamos falando. Segurei sua nuca com uma das mãos e ofeguei, enquanto fechava os olhos. Senti suas mãos se movimentarem em minhas costas, acariciando o local e indo em direção ao fecho de meu sutiã, o abrindo com facilidade. Vários papéis estavam caindo e se espalhando pelo chão, porém nem um de nós dois estávamos preocupados com isso.

Movi as minhas mãos para a sua gravata já meio aberta e a retirei completamente, a jogando no chão da sala. Parecia até loucura que estávamos prestes a transar em uma das salas da universidade, com o risco de qualquer pessoa passar na frente da porta e ouvir-nos. Balancei a cabeça em negativa, distanciando-me do pensamento. Retirei as alças do sutiã e as deslizei sobre meus ombros, retirando a peça e a jogando por cima da mesa. Sérgio desceu o olhar por meus seios no mesmo segundo, já que era algo que ele ainda não havia visto em mim. Voltou a olhar para o meu rosto e acariciou o meu lábio inferior com o dedo polegar.

- Você é tão bonita, joder... - Disse, mais para si mesmo do que para mim. - Deve ter noção disso, certo? - Perguntou e eu dei de ombros.

- Não sei bem, professor. Beleza é subjetiva. Talvez me ache tão bonita, apenas porque me deseja muito. - Ele sorriu quase desacreditado.

- Não vamos falar sobre filosofia agora. - Puxou-me pela nuca para que eu o beijasse e eu fui de bom grado, correspondendo seu beijo como se eu dependesse daquilo. Ele sorriu levemente, e desceu a boca para meu queixo, pescoço, colo, até que estivesse em um dos meus seios. Deitei sobre a mesa, arfando sob seus toques, meu centro demonstrando sinais de uma forte excitação e nós apenas estávamos entre “amassos". Apesar de que eu já estava seminua e apenas uma saia me impedia de estar completamente a mercê dele. Escorreguei minhas mãos por suas costas e depois por sua barriga, procurando pelo fecho do cinto, enquanto ele não parava de beijar um de meus seios. - Está apressada? - Perguntou, apertando meus dois seios com as mãos e eu sorri.

- Não é como se nós tivéssemos todo o tempo do mundo.

- Na verdade, temos sim. Estamos na minha sala, a porta está trancada e geralmente ninguém ousa atrapalhar as minhas aulas. - Sussurrou enquanto descia a boca para a minha barriga e eu suspirei fechando os olhos.

- Tem certeza? - Perguntei e abri os olhos, ele levantou o rosto para me encarar.

- Sim, Senhorita Murillo. Tenho certeza. Só se preocupe com os seus orgasmos. - Levantou o restante da minha saia e abocanhou meu sexo, me arrancando um gemido. Segurei as laterais da mesa, e mordi o lábio inferior, jogando a cabeça para trás e aproveitando ao máximo daquele momento. Puxei seus cabelos pelo êxtase, e já estava ao ponto de gritar. Ele era muito bom naquilo. Sua língua rodeava meu ponto de prazer com maestria e com as mãos ele acariciava minhas coxas, deixando a minha pele cada vez mais quente. Quando eu estava perto de meu orgasmo, ele parou, subindo os beijos por meu corpo, até estar em minha boca novamente. Ele mesmo abriu o cinto, abaixando a calça, a boxer e me penetrando em seguida. Ofeguei pelo movimento repentino e segurei os dois lados de seus quadris, em intenção de puxá-lo para mim. Ele segurou uma de minhas mãos e estendeu para acima de minha cabeça, entrelaçando nossos dedos e me beijando em seguida, silenciando os meus gemidos.

Sérgio fez o mesmo com o meu outro braço e entrelaçou as duas mãos com as minhas, enquanto estocava forte dentro de mim. Ele estava diferente de sábado. Naquela noite, ele me deixou dominá-lo e ali, estava descontando todo o seu desejo por mim de uma forma que eu só poderia definir como maravilhosa. Para um homem como ele agir daquela forma, ele queria muito. Ao ponto de não se controlar.

- Sérgio... - Gemi e olhei um pouco para baixo, mas ele levantou o meu queixo, ao me beijar. Lembrei do que ele havia feito na primeira noite, me impedido de tocar um dos lados de seu quadril e o motivo dele levantar o meu queixo com aquele beijo, era o mesmo. Assim, entendi que ele não queria exatamente que eu não o tocasse, mas que não olhasse o que havia em seu quadril. A curiosidade de vê-lo completamente nu me corroeu nesse momento.

- Professor. - Ele disse enquanto mordia a parte inferior de meu queixo. - Me chame de professor.

- Fetiche pervertido. - Disse e ele estreitou os olhos para mim. - Professor. - Provoquei. Era interessante o quanto ele ficava diferente durante o sexo, sem medos, sem inibições... Ele subiu um pouco a mão que estava em meu quadril e segurou minha garganta levemente, eu sorri um pouco surpresa e ele acariciou o meu lábio inferior. Afrouxando o aperto e descendo a mão pelo meu corpo, em direção ao meu clitóris. Gemi alto quando ele fez isso.

- Shhh... ainda estamos em uma universidade que possui salas de aula ao lado umas das outras. - Repreendeu e por pouco eu não revirei os olhos, estava mais interessada no que ele estava fazendo no meio de minhas pernas.

- O que eu posso fazer se você faz isso bem... - Disse entre gemidos e ele me olhou com um sorriso cínico no rosto. Eu só aumentei o ego dele, eu e minha maldita boca.

- Faço é? - Perguntou e eu sorri também. Se ele continuasse fazendo daquele jeito, eu estaria disposta a aumentar o seu enorme ego.

- Faz, e eu gosto de demonstrar o que eu estou sentindo. - Ele se movimentou ainda mais forte dentro de mim, eu mordi o lábio para não gemer tão alto e passei a mover os meus quadris junto com ele. Nos encaramos firmemente, deixando alguns gemidos baixos escaparem de nossos lábios e passamos a nos movimentar no mesmo ritmo, eu cheguei ao orgasmo primeiro e me apoiei totalmente na mesa, tentando recuperar minha respiração e ele se movimentou mais algumas vezes, buscando pelo próprio orgasmo e o senti chegar alguns segundos depois. Ele saiu de dentro de mim e eu sentei na mesa, ajeitando a minha saia e procurando por minhas roupas.

Calcinha jogada na cadeira, blusa no chão, sutiã em cima do teclado do notebook dele. Um caos.

- Por que não tirou a camisa? - Perguntei de repente, eu sabia o porquê, mas queria ouvir dele.

- Não achei necessário. - Disse sério.

- O que tem de errado com o seu quadril? Eu coloquei a minha mão e não senti absolutamente nada de errado. - Ele apenas respirou fundo.

- Não é algo que você possa sentir. - Disse e eu estreitei os olhos um pouco confusa.

- E por que eu não posso ver? - Perguntei.

- Porque eu não quero que você veja. - Disse, e não havia agressividade em sua voz, apenas uma certa dor. Neguei com a cabeça e ele abaixou o rosto, desviando os olhos de mim.

- Você já viu o meu corpo inteiro, nada mais justo do que eu ver o seu também. - Disse e ele levantou o rosto para me encarar.

- Ainda não vi você sem usar uma saia. - Eu olhei para a parte de baixo do meu corpo, coberto apenas por uma saia branca.

- Então, esse é o problema? - Abri o zíper da saia e a tirei, a jogando no chão e ficando completamente nua na frente dele, que já havia vestido a calça e estava ajeitando a gravata no pescoço. Ele me olhou de cima a baixo e engoliu em seco, voltando a encarar o meu rosto.

- Eu não vou te mostrar. É algo meu, eu não sou obrigado. - Disse e eu respirei fundo.

- Desculpa, eu não irei te pressionar e nem era a minha intenção te pressionar. É o seu corpo. É só que eu fiquei curiosa, não costumo transar com homens que possuem medo de mostrar o corpo. - Dei de ombros. - Isso geralmente é uma insegurança que provém das mulheres.

- Já transou com mulheres? - Perguntou e eu ri.

- Por que a pergunta?

- Quem é o Sócrates agora? - Perguntou e eu sorri.

- Touché. - Brinquei em relação a sua pergunta sobre Sócrates. - Eu tive minhas experiências. - Dei de ombros. - Mas isso não importa agora.

- Não é uma insegurança. É apenas algo que eu não quero mostrar porque você irá me pedir explicações e eu não quero parecer estranho.

- Prometo não pedir explicações. - Disse e ele assentiu, vindo até mim. Parou na minha frente e eu coloquei uma de minhas mãos ao lado de sua camisa. - Posso? - Perguntei e ele assentiu. Levantei a barra de sua camisa e avistei uma tatuagem, mas não era algo comum, era uma sequência de números com uma mensagem em italiano. Ele abaixou a camisa de volta e eu o olhei ainda mais confusa, eram nove números. Não era uma data, ou qualquer coisa parecida. Eu fiquei tão confusa que seria melhor que eu não tivesse visto. Ao perceber meu semblante perplexo, ele me encarou sério.

- Você me prometeu. - Disse e eu assenti. - Você não possui memória fotográfica, certo? - Perguntou e eu sorri.

- Quer saber se eu decorei os números? Não. - Desci da mesa, procurando por minhas roupas e as vestindo, debaixo de seu olhar atento. - Não vou contar para ninguém que você tem uma tatuagem peculiar no quadril, não se preocupa. - Ele assentiu. Porém, eu queria saber o significado daquilo. Não parecia uma tatuagem feita por estética, até porque a personalidade de Sérgio e uma tatuagem não era exatamente algo que estaria interligado, e ainda havia a hesitação dele em mostrar. Existia um mistério ali.

- Sergio... - Chamei a sua atenção após vestir as minhas roupas.

- Não temos uma relação, Raquel. Não somos próximos. - Disse me olhando sério e eu assenti.

- Eu sei. - Desviei os olhos e mordi meu lábio inferior. - Eu só...

- Gostaria que você me deixasse sozinho. - Eu apenas assenti, alcançando a minha bolsa em cima da cadeira. - Porém, se você quiser, eu posso a levar em casa, eu sei que a Alicia...

- Não precisa, eu... eu vou pedir um táxi. - Dei de ombros e ele assentiu. Ele sentou-se na cadeira e parecia desolado, eu quase fui até ele para acariciar os seus cabelos e o abraçar. Mas como ele mesmo havia dito, não tínhamos uma relação. Mesmo que estivéssemos transando, a sua regra de “sem relações pessoais”. Estava mais válida do que nunca.



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