1. Spirit Fanfics >
  2. Take Me To Church >
  3. From Eden

História Take Me To Church - From Eden


Escrita por: lesbdiley e MRCDDL

Capítulo 1 - From Eden


 

 

‘’Querida, há algo de trágico em você, algo tão mágico em você, você não concorda? Querida, há algo solitário em você, algo tão cheio em você, aproxime-se de mim. Sem suspiros cansados, sem revirar de olhos, sem ironia, sem "quem se importa", sem olhadas vagas, sem tempo para mim...

 

 

Era uma noite nublada e fria, quando a vi pela primeira vez...

Meus pais resolveram almoçar em um restaurante naquele domingo, foi um jantar agradável apenas eu e eles em família. O local por ser famoso estava cheio, mas mesmo assim conseguimos uma mesa já que papai havia reservado ela, o problema foi na hora de pagar que a fila estava enorme. Mamãe decidiu irmos para o carro enquanto papai pagava a conta.

Com a cabeça encostada no vidro, eu observava as pequenas gotas do sereno caírem contra a janela. Aquele silencio me incomodava, mamãe mexia no celular e eu nem ao menos podia fazer isso já que o um havia ficado em casa sem bateria. Soltei um suspiro profundo lembrando-me de que amanhã tem aula.

Risadas ao lado de fora do carro fizeram com que eu levantasse o olhar, quatro garotas passavam pela calçada, mas apenas uma chamou-me atenção. Seu braço estava por cima do ombro de uma morena, na outra mão – por entre os dedos – havia um cigarro quase acabado, e em seu pescoço uma câmera pendurada. Não consegui deixar de reparar em seus belos olhos azuis que em certo momento – que eu nem havia percebido – encontraram-se com os meus. Como em um imã seu olhar continuou preso ao meu até que ela sumisse seguindo seu caminho.

Abaixei minha cabeça, franzindo a testa e negando, não entendendo o porque daquele mantido olhar. Quer dizer, eu não conseguia parar de encara-la, seus olhos azuis eram tão lindos...

— Não devia olhar muito, filha.

A voz da minha mãe acabou com o silêncio do carro, percebi que ela encarava-me pelo espelho retrovisor.

— Você sabe... Aquele tipo de garotas são pecadoras.

Assenti também a encarando pelo espelho. Em poucos segundos, seu olhar voltou para o celular deixando-me imersa em pensamentos. Meus pais são muito religiosos, vão a igreja todo sábado e segundo eles, tudo que ganhamos é graças a Deus. Criei-me com isso em mente, que tudo que ganho ou conquisto é graças a Deus, e mais ninguém. Para eles, gays e lésbicas são os maiores pecadores do mundo, desde criança ensinam-me que o casal tem que ser homem e mulher. Antes eu concordava, mas agora nem tanto.

Na escola eles sempre tocam nesse assunto, e dizem que todos têm direito de escolher sua opção sexual... Eu concordo. Não vejo problema em duas garotas ou garotos juntos, desde que estejam felizes e se amando, é isso que importa. Porém meus pais nem sonham com isso, e espero que nunca descubram que eu discordo deles.

Uma garota como eu, de 17 anos, precisa ter sua própria opinião, certo? Queria que meus pais me dessem mais oportunidade para falar, ou até mesmo ser quem eu quero. Nem ao menos visto as roupas que quero, segundo minha mãe mulheres precisam usar saias e vestidos, calças são para homens. Tenho calças jeans no meu guarda-roupa e tênis também, mas dificilmente uso. Quando coloco mamãe sempre pede para que eu mude, e como sou obediente, eu o faço.

— Finalmente!

Mamãe falou quando meu pai adentrou o carro. Encarei os dois trocarem um selinho, eles realmente se amam. Por que não podem aceitar os outros se amando da forma deles?

Os dois começaram um assunto qualquer que eu ignorei, olhando para as ruas da cidade. Por mais que meu pai estivesse dirigindo para o lado contrario da onde aquelas garotas foram, e por algum motivo desconhecido eu estava desejando muito ver aqueles olhos azuis novamente.

 

— Hey, Dem.

Marissa chegou ao meu lado, sorrindo de orelha a orelha.

— Oi.

Sorri, vendo a mesma sentar na sua classe que é ao meu lado. Marissa é minha melhor amiga, estudamos juntas e nos conhecemos desde pequena. Seus pais também são da igreja, porém Marissa é mais extrovertida, e fala tudo que pensa para os pais. Sim, ela é muito diferente de mim.

— Ontem fui a uma festa, você deveria ter ido!

— Não fujo de casa como você, Marissa.

Revirei os olhos, reprovando sua atitude.

— Alguém já te falou que você é muito certinha? Você tem dezessete anos, precisa se divertir, dar risada, beijar na boca...

— Mari...

Sussurrei a repreendendo.

— Eu sei que você nunca beijou ninguém, mas algum dia isso vai acontecer.

— Ta bom! Mas não precisa ser agora.

— Okay, ‘’miss certinha’’.

Falou, fazendo com que eu bufasse.

— Vamos sair hoje? Me encontra no parque central as duas.

— Tenho escolha?

Ela negou, sorrindo. Suspirei relaxando meus ombros e assenti a vendo comemorar. Só Marissa para me fazer sair de casa mesmo. A professora não demorou a adentrar a sala fazendo com que eu e Marissa virássemos para frente para prestar atenção na aula.

Sentada no banco do parque, eu bufava frustrada. Já se passava das duas e meia, e nada de Marissa chegar estava com um pressentimento de que a mesma iria me dar um bolo. Por milagre, consegui escolher minhas próprias roupas, mamãe não estava em casa quando sai então deixou tudo mais fácil. Coloquei uma jeans, um moletom grande em meu corpo e por fim um all star. Queria poder usar isso todos os dias, mas não é possível. Atei meus cabelos negros – longos – em um coque mal feito, e deitei meu corpo naquele banco, fechando meus olhos por um momento. Marissa e eu sempre nos encontrávamos ali, ela nunca havia me deixado esperar dessa maneira.

— Posso tirar uma foto?

Uma voz desconhecida fez com que eu abrisse meus olhos. Olhos azuis, era ela. A loira tinha a câmera em mãos, e encarava-me com um sorriso de canto no rosto. Suas vestimentas eram quase iguais a de ontem, calça jeans preta e uma blusa de caveira, tendo uma jaqueta de couro por cima, e cobrindo os cabelos loiros curtos havia uma touca caída.

— O que? Não!

Falei, sentando-me no banco.  Ela riu, largando a câmera e a deixando dependurada em seu pescoço. A mesma sentou ao meu lado, tirando um maço de cigarros do bolso e acendendo um logo em seguida. Sua primeira tragada foi forte, seguida de um suspiro... Parecia aliviada.

— Por que não?

Seu olhar que estava no parque, veio até mim. O modo que os azuis encaravam-me fazia meu coração bater forte dentro do peito. Deus, o que está acontecendo?

— Nem ao menos te conheço.

Mordi o lábio, movendo meu corpo para o lado. Cruzei minhas pernas como índias em cima do banco, ficando com meu corpo totalmente de frente para ela. Eu queria conhece-la.

— Também não te conheço, porém conheço o bastante para saber que é a garota mais linda que já vi na minha vida.

Ela tragou aquele cigarro mais uma vez, soltando a fumaça junto com um sorriso. Encarei minhas mãos evitando o contato visual, sentindo meu rosto queimar de vergonha e meu coração acelerar como nunca.

— Mas já que precisa me conhecer para que eu tire uma foto sua...

Voltei a encara-la, vendo a mesma dar uma ultima tragada no cigarro o jogando fora logo em seguida.

— Meu nome é Miley Cyrus, e eu amo tirar fotos.

Estendeu a mão, em um pedido mudo para que eu me apresentasse.

— Demetria Lovato, mas todos me chamam de Demi.

Sorri, apertando sua mão e podendo sentir o quanto sua pele é macia. Miley retribuiu o sorriso, fazendo meu ar faltar ao ver aqueles dentes todos alinhados.

— Demi.

Pulei se susto ao ouvir meu nome, reconhecendo a voz que me chamava. Encarei Marissa que tinha a testa franzida, parecendo confusa. Meu olhar intercalou-se entre ela e Miley. Eu não tinha ideia do que fazer.

— Bom…

Miley levantou, parando ao meu lado.

— Se quiser mesmo fazer as fotos é só me ligar, esse é o meu cartão.

Como se entendesse tudo que estava acontecendo, a loira deu um jeito de fazer aquilo parecer apenas negócios. Peguei o cartão da sua mão e a mesma sorriu.

— Tchau.

Piscou discretamente, andando em uma direção qualquer. Guardei aquele cartão no bolso do meu moletom, voltando a encarar Marissa.

— Você tem ideia quem é ela?

— Miley Cyrus, ela ama tirar fotos.

— Não!

Alterou o tom.

— Ela é Miley Cyrus, lésbica, lida com drogas, não sei nem se não usa drogas já que ela ta sempre com um cigarro na mão...

— Eu vi ela com maço de cigarros, é cigarro!

— Ela pode muito bem disfarçar…

— Okay, Marissa. — a interrompi. — Não quero discutir, alias eu deveria estar brigando com você. Deixou-me esperando aqui!

Ralhei com ela, vendo a mesma encolher os ombros.

— Mas estou aqui, eu dormi e esqueci-me de colocar o celular para despertar, desculpa.

— Tudo bem.

Suspirei, sentando naquele banco novamente. Queria pegar aquele cartão e ligar agora mesmo para Miley, mas com Marissa aqui não é possível.

— E essas roupas?

— Aproveitei que mamãe não estava em casa e vesti-as, são tão mais confortáveis.

— Não sei como aguenta sua mãe controlando até suas roupas.

— Nem eu…

 

— Demi, aonde vai?

Parei de andar, girando meus calcanhares e vendo meus pais me encararem.

— Vou subir pro quarto. — encolhi os ombros

— Por que não fica mais um pouco na mesa comigo e seu pai?

Mordi o lábio, pensando em uma desculpa para sair dali logo. Me de ideias, Deus.

— Eu… Preciso… Preciso ligar pra Marissa. Falar sobre alguns trabalhos que temos para fazer.

— Tudo bem, pode ir.

Sorri para meu pai, ele sempre foi muito menos rígido que minha mãe. Desejei boa noite aos dois e fui em direção às escadas, subindo as mesmas com rapidez. Quando cheguei a meu quarto, peguei meu celular, e logo em seguida o cartão que Miley havia me dado. Sentei-me na cama de pernas cruzadas como índio e disquei o número, tomando coragem para apertar o botão ligar. Depois de muitos conflitos em minha cabeça, eu liguei, colocando o celular em minha orelha e ouvindo chamar. Para minha sorte - ou azar - ela atendeu rapidamente.

— Alo?

Meu corpo tremeu quando eu ouvi sua voz, e nem ao menos consegui falar um “oi”.

— Estou ouvindo sua respiração… Okay, eu vou desligar.

— Miley!

Praticamente gritei seu nome com medo que ela desligasse. Ouvi sua risada do outro lado e me senti uma idiota.

— Oi, Demi. Quer mesmo fazer as fotos?

— Não, eu só liguei por que… Sei la.

Encolhi os ombros me sentindo cada vez mais boba.

— Tudo bem, não vou desistir das fotos. Está bem?

— Claro e você?

— Muito melhor agora… Tudo bem, essa foi péssima.

Ela mesma riu, fazendo com que eu desse uma risada também, curta e envergonhada.

— Não pense que estou dando em cima de você, eu só… Gostei de você.

— É recíproco! . — sorri. — Você me parece ser legal, mesmo que minha amiga não ache isso…

— Conte-me mais.

Seu tom me fez rir.

— Bom, depois que você saiu…

E eu contei tudo a ela, parecíamos amigas há tempos, e eu gostava disso. Ficamos muito tempo no celular, talvez até mais que uma hora, na verdade eu nem percebi, mas tinha que dormir para ir pra escola no outro dia. Miley me fez esquecer um pouco o horário, mas não era pra menos. A loira me fazia rir, ficar brava, envergonhada, e tudo que se possa imaginar. Quando já estávamos acabando nossa conversa, eu sabia quase tudo dela e ela de mim.

— É serio, preciso desligar agora.

— Tudo bem, boa noite, bebê.

— Bebê? Eu só sou cinco anos mais nova que você!

Falei, indignada.

— Okay, mocinha…

Riu, irritando-me mais ainda. Bufei ainda com o celular na orelha, e a mesma parou de rir no mesmo instante.

— Ei, desculpa. Você não é bebê, ta bom? Mas mesmo assim tem que dormir então, tenha uma boa noite, durma bem.

— Você também, Miley.

— Tchau.

Despedimos-nos e eu desliguei a chamada, largando o celular na cama. Deitei meu corpo na mesma, sorrindo para mim mesma. Miley não parece ser de má intenção, adorei conversar com ela e espero que sejamos amigas. Em meus a pensamentos, senti meu celular vibrar, peguei o mesmo em mãos vendo que era uma mensagem da Miley, franzi a testa abrindo a mesma.

“Vou fazer uma surpresa para você amanhã, esteja preparada posso aparecer em qualquer lugar que você estiver… Até mesmo nos seus sonhos. xoxo Miley”

Estranhei um pouco, surpresa? Mas não importa, o que importa mesmo é que ela também gostou de falar comigo. Acho que seremos boas amigas. Sorri com o pensamento, fechando meus olhos tendo aqueles azuis em mente. E sonhando com eles…

 

— Ai meu Deus! Não acredito.

Levei à mão a boca, surpresa ao ver Miley encostada na parede da rua contraria a da saída da minha escola.

— O que louca?

Marissa perguntou, olhei para ela rapidamente antes que a mesma percebesse para onde eu encarava. Ajeitei a mochila em minhas costas, pensando na melhor desculpa possível.

— Pisei em uma pedra.

Dei de ombros.

— E pra que todo esse escândalo? Pensei que tinha visto algum fantasma.

— Okay, preciso ir, até amanhã.

— Até.

Falou franzindo a testa, a mesma parecia um pouco confusa com minha pressa. Dei alguns passos lentos, olhando para ver se Marissa estava indo para sua casa. Assim que comprovei isso, fui até Miley que sorria para mim.

— Eu disse que faria uma surpresa.

— Não sabia que seria vir na minha escola.

— É claro que não, por isso chamamos isso de surpresa.

Riu, fazendo com que eu revirasse os olhos estalando um tapa em seu braço.

— Ei, baixinha. Isso dói.

— Eu sei, por isso bati em você.

Sorri cínica.

— Quer sair comigo hoje a noite? Quero te levar pra conhecer um lugar.

Franzi a testa com o convite surpresa. À noite? Meus pais nunca deixariam. E o que eu vestiria? Miley tem um estilo muito diferente do meu.

— Não posso, meus pais não vão deixar ainda mais dia de semana…

— Eles não precisam saber.

Mordi o lábio, suspirando logo em seguida.

— Realmente não posso.

— Serio? Vim aqui só pra te convidar para ir.

— Desculpa.

Encolhi os ombros.

— Tudo bem. — suspirou. — Se mudar de ideia me manda uma mensagem.

E em um ato inesperado por mim a mesma beijou a minha bochecha demoradamente. Fechei meus olhos por alguns segundos sentindo a maciez de seus lábios em contato com minha pele.

— Tchau, Dems.

Despiu-se seguindo seu caminho e me deixando ali feito boba. Eu quero muito sair com ela. Mas o problema é quando penso em meus pais, eles realmente não vão me deixar sair a noite sem eles.

 

— O que foi, mamãe?

Franzi a testa ao vê-la entrar em casa com uma cara nada boa. Parecia irritada.

— Acabei de passar por um grupo de pecadores. — suspirou deixando a bolsa no sofá. — Todos se agarrando e bebendo… Tenho pena deles.

— Por quê?

Perguntei, encolhendo meus ombros logo depois. Sem perceber as palavras já haviam pulado para fora da minha boca.

— Está na bíblia, filha. O homem foi feito para a mulher, em momento nenhum diz que homem foi feito para o homem.

— Mas mãe…

Me auto interrompi, quase que deixei minha opinião escapar. Nem tenho ideia da decepção que ela sentiria. Quero conhecer um pouco mais sobre gays e lésbicas, talvez assim eu consiga convencer minha mãe de que eles não são tudo isso. Deus, eu queria tanto sair com Miley, conhecer os lugares que ela frequenta, se eles são tão horríveis quanto meus pais falam.

— O que estava falando?

Encarei minha mãe, não percebendo que eu havia me perdido em meu pequeno mundo.

— Nada, mãe. Posso subir? Estou cansada, quero dormir cedo hoje.

— Claro, querida. — sorriu. — Boa noite.

— Boa noite, mãe.

Aproximei-me dela, beijando sua bochecha logo em seguida. Trocamos sorrisos e eu fui em direção as escadas, subindo as mesmas o mais rápido possível. Assim que adentrei meu quarto, peguei meu celular então, disquei o número de Miley.

— Mudou de ideia?

Podia sentir em seu tom que ela estava sorrindo.

— Sim.

Fechei meus olhos com força percebendo na besteira que estava fazendo e o quanto arriscado é. Miley riu do outro lado da linha.

— Preciso de ajuda pra sair de casa. Será que…

— É só me dar o endereço.

Sorri, ela sempre entendia o que eu queria.

— Tudo bem, tenho um plano…

Expliquei a Miley minha ideia e ela concordou totalmente. Enquanto eu esperava a mesma chegar, resolvi me arrumar. Nunca gostei muito de perder tempo me vestindo e maquiando, mas dessa vez foi diferente. Tudo que eu queria era estar bonita.

“Estou aqui.”

Sorri ao ler a mensagem de Miley. Desliguei as luzes e ajeitei minha cama, fazendo parecer que havia alguém ali. Suspirei profundamente, eu nunca fiz isso, estou tremendo de nervoso. Direcionei-me até minha janela, abrindo a mesma sem dificuldade. Para minha sorte havia uma pequena varanda ali, deixando tudo mais fácil. Assim que coloquei a cabeça para fora já pude ver Miley, sorrindo para mim lá de baixo.

— Oi.

Falou de um modo baixo, apenas acenei em resposta.

Com dificuldade, eu me aproximei da enorme árvore que havia enfrente ao meu quarto. Segurei-me no primeiro galho, conseguindo sair da pequena varanda e colocando meus pés em um galho abaixo. A todo o momento eu agradecia por estar de calça. Consegui pisar no centro do tronco, descendo aos poucos. Meu único problema foi quando fui descer o ultimo galho, meu pé sem querer escorregou e eu soltei as mãos, caindo bem perto de Miley que não demorou a me segurar.

— Cuidado, mocinha.

Brincou.

— Idiota. — ri. — É melhor irmos logo.

— Tudo bem, tem medo de andar de moto?

— Não, quer fizer… Nunca andei.

Encolhi os ombros.

— Ótimo! Isso será uma das primeiras coisas que você experimentará comigo.

Piscou, pegando em minha mão e puxando-me para longe dali. Uma das primeiras coisas que você experimentará comigo, por mais que eu tente evitar, amei ouvir isso dela.

Miley realmente estava de moto e fez com que eu andasse com ela. Na verdade, acho que seu plano era que eu a segurasse firme, e foi o que eu fiz já que andar naquela velocidade me dava um frio na barriga. A loira corria, sem se importar muitas vezes até com o semáforo. Eu juro que estava a ponto de gritar, mas não queria parecer escandalosa.

— Chegamos!

Anunciou, estacionando aquela moto enfrente a um pequeno bar em meio ao nada. Arrepiei-me um pouco, quando senti um vento bater contra meu corpo. Maldita hora que não trouxe casaco.

— É um pouco longe aqui.

Comentei, vendo que havia apenas algumas casas bem distanciada umas das outras.

— Gostamos disso, nos mantém longe dos que não nos querem por perto.

Sorriu, aproximando-se de mim e tirando uma pequena mecha de meu cabelo para trás da orelha. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha e ela riu, tocando levemente seus dedos nos meus e logo depois enlaçando sua mão na minha, puxando-me em direção ao bar. Não sabia quais eram as intenções de Miley, às vezes parece que somos apenas amigas e as vezes parece que ela está fazendo de tudo para conseguir me beijar. Não sei direito o que está acontecendo, mas eu gosto.

Adentramos o bar, o mesmo fedia a bebida e drogas de todos os tipos. No balcão varias pessoas bebendo, por todo lado haviam mesas e cadeiras, no palco um cara com um violão tocava música ao vivo e enfrene ao mesmo algumas pessoas dançavam.

— Hey, Miley.

Ouvi um grito, a loira imediatamente olhou para o local da onde vinham as vozes. Havia dois garotos ali e uma morena, era a que vi com Miley a primeira vez. Será que são namoradas? Ela vai me matar por eu estar de mão com Miley. Em um movimento rápido, tirei minha mão da dela arrancando um olhar confuso da mesma.

— O que foi?

— Sua namorada não vai gostar.

Sussurrei, mordendo o lábio nervosamente.

— Que? Eu não tenho namorada.

— Não? . — franzi a testa. — E aquela que gritou pra você?

— Ah, Mary, uma amiga minha.

Deu de ombros, parecendo não se importar muito com ela. Encolhi meus ombros, sentindo-me ridícula por entender tudo errado. Miley riu negando, e aproximou-se tocando meu rosto.

— Agora que sabe que não tenho namorada, posso pega na tua mão?

As pontas de seus dedos deslizaram por minha pele fazendo um desenho imaginário. Abaixei minha cabeça, sentindo-me totalmente envergonhada com seu olhar. Minha cabeça balançou em sinal de positivo e logo senti sua mão na minha, entrelaçando seus dedos nos meus. Levante meu olhar, demonstrando minha surpresa aos azuis.

— Só quero te passar segurança, sei que nunca andou em um lugar desses.

Assenti, vendo a mesma sorrir e puxar-me em direção aos seus amigos. Eu estava acanhada, isso era óbvio. Miley sorria e acenava para todos a volta.

— Oi, galera.

Miley cumprimentou os amigos, tocando na mão dos dois meninos e beijando a bochecha de Selena. Mordi o lábio inferior, eu estava super nervosa sobre conhecer eles.

— Esses são Mike, José e Mary. — apresentou os três. — Gente essa é Demetria, mas ela prefere Demi.

Ainda um pouco envergonhada, acenei para os três.

— Escolheu bem, Miley.

Mike sorriu piscando.

— Oh, não. Somos apenas amigas.

— Oi?

José praticamente cuspiu sua bebida.

— É, Demi é hetero.

— Ah, entendi. Vamos pegar bebidas, vem Mike.

— Já volto, okay?

Miley falou e eu assenti. A mesma beijou minha bochecha lançando-me um sorriso e separou sua mão da minha, indo em direção ao bar com Miek e José. Ficamos apenas eu e Mary, a mesma olhava-me dos pés a cabeça, tomando seu drink. Acariciei meu braço, desviando o olhar dali sentindo-me extremamente desconfortável.

— Já entendi seu jogo.

A voz da mulher a minha frente fez com que eu a encarasse.

— Se faz de mocinha inocente e hetero, para conseguir experimentar, Miley. — ela riu negando. — Olha pro bar agora.

Fiz o que ela pediu, vendo Miley conversar com duas mulheres, ela sorria para as duas que também faziam o mesmo. Por um momento meu coração apertou-se, pensei que ela só sorrisse assim para mim.

— Miley nunca vai ser sua porque ela é de todas. Você sim é uma experiência na vida dela.

Ela piscou, sorrindo e saindo com o copo em mãos. Soltei um suspiro, afinal o que diabos eu estava fazendo ali? Olhei para onde Miley estava e Mary aproximava-se da mesma, beijando o canto de sua boca. Um sentindo horrível invadiu meu peito e decidi que deveria pegar um ar. Sai em disparada daquele bar, parando perto da onde Miley havia estacionado a moto.

Respirei fundo algumas vezes, passando as mãos em meus cabelos e sentindo o vento frio bater contra meu corpo. Tremi por um momento, abraçando meu próprio corpo.

— A gatinha está com frio? Eu posso esquentar rapidinho.

Olhei de onde vinha à voz, vendo um barbudo sorrindo maliciosamente em minha direção, ao seu lado havia outro homem que esfregava as mãos sorrindo. Arregalei meus olhos, virando meu corpo com rapidez para voltar ao bar, mas um corpo chocou-se contra o meu. Assim que senti o cheiro de Miley invadir minhas narinas, me encolhi contra seu corpo sentindo uma enorme vontade de chorar.

— Ei, o que está acontecendo aqui?

Sua voz saiu ríspida.

— Desculpa, Miley. Não sabíamos que ela estava com você.

Eles estavam com medo dela?

— Saiam daqui agora!

Ordenou, e eles saíram resmungando um desculpa. Miley abraçou meu corpo contra o seu e eu suspirei, sentindo o quão quente ela estava. Deus, porque ela não me abraçou antes?

— Está bem? . — assenti. — Com frio?

— Um pouco.

Murmurei, ouvindo sua risada baixa.

— Vem cá.

Sussurrou, segurando em minhas mãos e fazendo com que eu enfiasse as mesmas por debaixo da sua jaqueta de couro. Abracei sua cintura, descansando minha cabeça sobre seu peito e sentindo seus braços me acolherem.

— Por que saiu de lá?

— Nada. — dei de ombros

— Tudo bem, vou fingir que acredito.

Riu.

— Acho que não foi boa ideia te trazer aqui.

— Não! Eu gosto de ficar com você.

— Preciso fumar.

Anunciou, afastei-me dela dando espaço para a mesma fazer o que quisesse. A mesma pegou em minha mão indo até a moto e abrindo o bagageiro. Miley tirou dali um pequeno cobertor, fechando o bagageiro novamente. Ela sorriu para mim fazendo com que eu consequentemente sorrisse também. A loira passou seu braço por cima dos meus ombros e guiou-me para o lado lateral do bar, ainda do lado de fora.

— Pega, para você se esquentar.

Ela tirou sua jaqueta acalcando-me a mesma. Peguei em mãos a vestindo. Ouvi sua risada curta então percebi que havia ficado enorme em meu corpo. Miley sorriu beijando minha bochecha e logo depois sentou na grama, bem abaixo da janela.

— Vem cá.

Pediu, pedindo para que eu sentasse em meio as suas pernas. Eu o fiz, nossa sorte é que não estava neblinando. A mesma passou seus braços envoltos de mim, nos cobrindo com o cobertor. Sorri, me sentindo a vontade e encostando meu corpo no seu.

— Oh, esqueci-me do meu cigarro. Segure aqui.

Como ela pediu, segurei o cobertor que nos cobria. Senti suas mãos adentrarem os bolsos da jaqueta que eu usava, tirando dali um maço de cigarros e um isqueiro.

— Você não se importa, certo?

Neguei, voltando a encostar meu corpo no seu depois da mesma acender o cigarro. Ela passou apenas um braço envolto da minha cintura deixando o outro para poder saciar seu vicio.

"Babe, there's something tragic about you something so magic about you , don't you agree? Babe, there's something lonesome about you, something so wholesome about you get closer to me. No tired sighs,no rolling eyes, no irony, no 'who cares', no vacant stares, no time for me… 

— Gosto desse cara.

Miley comentou assim que ouvimos a musica ao vivo voltar a tocar. A voz dele era realmente boa, e o violão deixava tudo ainda melhor. Eu ouço musicas ‘’mundanas’’ como dizem meus pais, mas escondido deles, é claro.

— Você ainda vai ouvir muito ele na rádio.

Voltou a falar, sentindo que ela sorria. Vi a fumaça sair por entre seus lábios e dançar pelo ar. Acolhi-me mais em seus braços, apreciando daquela musica boa.

Honey, you're familiar like my mirror years ago. Idealism sits in prison, chivalry fell on it's sword, innocence died screaming. Honey, ask me I should know, I slithered here from eden just to sit outside your door."

— Qual o nome dele?

Indaguei curiosa.

— Hozier.

— Vou pedir pra ele essa musica, só pra poder ouvi-la novamente.

— Ele escreve todas musicas que canta.

Virei meu corpo um pouco para o lado, encontrando os azuis, eu estava surpresa e isso era nítido.

— Serio?. — assentiu. — Então, ele escreveu pensando na gente.

Sorri.

— E por que acha isso?

Perguntou, também sorrindo.

— Porque é como se eu tivesse me arrastado do éden, que no caso seria a casa dos meus pais, só pra sentar do lado de fora da sua porta... — franzi a testa antes de continuar. — Nesse caso, da porta do bar.

Ri, vendo a mesma rir também. Aos poucos o silencio foi prevalecendo, a musica ainda era ouvida, mas eu só conseguia prestar atenção nos olhos azuis. Miley havia até mesmo deixado seu cigarro de lado.

— Você é diferente, sabia?

Tocou meu rosto parecendo analisar o mesmo.

— Sempre trago garotas aqui, mas era sempre com interesse, segundas intenções. Você eu só quero conversar ou talvez só te olhar, tão linda…

— Miley…

Encolhi-me de vergonha, mesmo com a luz sendo pouca aposto que a mesma percebeu meu rosto completamente vermelho.

— Estou falando serio!

— Okay, para.

Pedi, encolhendo-me ainda mais contra ela. Miley riu, tirando uma mecha que havia em meu rosto para trás da minha orelha. Escondi o sorriso, eu me sinto tão à vontade com ela que é assustador. Parece que nos conhecemos há anos, como se fossemos amigas de infância.

— Você e Mary já namoraram?

As palavras saíram por minha boca sem que eu percebesse, Miley de imediato franziu a testa encarando-me. O silêncio prevaleceu entre nós duas e a mesma puxou mais um cigarro, o levando até a boca depois de acender. Ver aquela loira, olhando para cima deixando a fumaça sair pela boca foi a coisa mais sexy do mundo.

— O que ela falou pra você?

Questionou ainda sem me encarar, parecia brava.

— Nada, eu só...

— Conheço ela, me diga logo o que Mary falou!

Seu tom rude e autoritário fez com que eu estremecesse. Miley não me havia trato assim, é como se eu estivesse conhecendo outro lado dela. Suspirei, abaixando minha cabeça e me encolhendo ali.

— Quando me deixou sozinha com ela, a mesma disse que já havia entendido meu jogo. — respirei fundo antes de continuar. — Disse que eu estava me fazendo de hetero e inocente para ter uma experiência com você. Então, ela fez com que eu olhasse para o bar e te visse com outras garotas, enquanto Mary falava que você nunca seria minha porque é de todas.

— Eu vou matar essa garota.

Bufou.

— Acho que ela não entendeu a parte de que somos amigas.

— Juro, vou acabar com a raça da Mary.

Ela ainda estava estressada e isso era obvio, nem ao menos ousei olha-la estava com medo de que sobrasse para mim. Suspirei, o silêncio estava presente novamente e isso me incomodava. O que Mary falou me incomodava muito.

— Ela estava falando a verdade, não é?

Eu e essa minha mania de não ficar calada.

— Sobre o que?

Soltou a fumaça por entre os lábios, encarando-me logo em seguida.

— Sobre você…

Murmurei, com medo de falar o resto. É óbvio que é verdade, Miley é linda e deve saber muito bem como conquistar uma garota. Ela ficou em silêncio, voltando seu olhar para o céu estrelado. Suspirei, lembrando se que já estava tarde. Espero que meus pais não tenham percebido nada.

— Pode me levar para casa?

— Já?

Miley tirou o cigarro dos lábios o jogando fora. Assenti a vendo suspirar e assentir também. Larguei o cobertor levantando meu corpo e passando as mãos por minhas roupas no intuito de limpa-las. A loira pegou o cobertor, indo em direção a moto em seguida. A segui, observando a mesma guardar o cobertor no bagageiro.

— Ei, pode ficar.

Impediu-me de tirar sua jaqueta.

— Mas…

— Depois você me devolve. Vamos.

Balancei a cabeça concordando e não demorei a estar em cima da moto, abraçando sua cintura. Miley arrancou dali, dirigindo em alta velocidade novamente. Eu gostava disso, o vento que batia em meu rosto era bom. Quem não deveria estar gostando muito era a loira a minha frente já que a mesma está apenas com uma blusa.

— Prontinho.

Miley sorriu, pegando o capacete de minhas mãos. Sorri de volta, foi ótimo sair com ela.

— Gostei de hoje. — confessei

— Eu também, espero que a gente saía mais vezes.

— Oh, claro.

Sorri mais uma vez, tirando a sua jaqueta que estava em meu corpo. Miley mordeu o lábio me observando.

— Se quiser ficar…

— O que? Não, você vai passar frio.

— Já estou acostumada.

— Eu sei. — soltei uma pequena risada. — Varias garotas já devem ter usado essa jaqueta.

Ri novamente, entregando a jaqueta a ela. Miley não esboçou nenhum sorriso, a mesma apenas direcionou o olhar a jaqueta logo voltando a me encarar.

— Mary estava falando a verdade sim. — suspirou. — Mas eu nunca tratei nenhuma garota como estou tratando você. Talvez porque você seja só minha amiga, e seja baixinha sinto-me no dever de te cuidar e proteger.

— Nem sou tão baixa.

Fiz uma pequena careta e ela riu.

— Não vou falar nada para não perder sua amizade.

— Você é irritante.

Cruzei os braços, emburrada. Miley riu, balançando a cabeça negativamente então, vestiu a jaqueta logo me puxando contra minha vontade para seus braços.

— Boa noite, baixinha.

Sussurrou em meu ouvido, beijando minha bochecha logo em seguida. Soltei o ar, a abraçando de volta. Gostava de sentir seu corpo e seu cheiro pertinhos de mim.

— Boa noite.

Falei, separando-me dela e vendo um sorriso brotar em seus lábios. A mesma segurou meu rosto entre suas mãos e colou seus lábios em minha testa, um beijo carinhoso. Sorri de forma carinhosa a ela e me afastei para ir até a arvore. Consegui subir sem dificuldades e não demorei a estar dentro da pequena varando.

Acenei para Miley de la de cima e a vi subir na moto, sumindo pelas ruas de asfalto. Sem que eu percebesse soltei um sorriso, encarando o céu que parecia cada vez mais estrelado. A todo o momento meu cérebro me fazia a mesma pergunta:

O que diabos você está fazendo?

Nem eu sei direito o que estou fazendo, acabei de sair escondido de meus pais correndo o risco deles perceberem que não estou em casa e ainda fui a um bar. Porém eu tinha um sentimento de que estava fazendo a coisa certa já que tudo que meu coração falava era:

Se entregue, faça o que quer e não deixe de ser feliz.

 

 

Querida, você é familiar como meu espelho anos atrás, idealismo reside na prisão, cavalheirismo caiu em sua espada, inocência morreu gritando. Querida, me pergunte, eu devo saber, eu me arrastei até aqui do éden só para sentar do lado de fora de sua porta.’’

From Eden – Hozier

 

 


Notas Finais


Oi, gente nós vamos dar uma pausa em think of me pq eu(jess) estou meio q com um bloqueio mas to conseguindo escrever essa então vamos postar essa até minha mente voltar a trabalhar em think of me.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...