História Take My Love And Run - Capítulo 30 - Namoro

Scott

Alguns dias depois de sair com Stan, e participar de toda aquela coisa fofinha que eu nunca imaginaria que Stan algum dia iria fazer, finalmente tomei coragem para ligar para Rick para ele vir buscar o anel que ele deixou na rosa.

Respiro fundo e tiro o celular do bolso, o segurando com um pouco mais de força do que deveria. Estamos no final da hora de almoço, então resolvi ligar para ele no banheiro, já que esse é o único lugar longe do olhar julgador de Devan. Digito os números já conhecidos e ele atende no segundo toque.

– Rick Austin.

– Oi Rick. Olha, eu... – tomo um pouco de ar, quero falar tudo de uma vez, antes que ele tenha a oportunidade de fazer a minha cabeça – a gente precisa se ver para eu... Sabe, você deixou o meu antigo anel na rosa, e eu sinceramente acho que-

– Ah, deixei? Desculpe-me por isso, de verdade. Eu estava organizando a minha caixa de coisas antigas e acho que isso deve ter acabado ai por engano. Você não viu o bilhete?

– Bilhete? – eu iria falar que isso é a pior desculpa do mundo, mas essa do bilhete realmente me surpreendeu.

– É... Um papel azul com coisas escritas nele? Olha, realmente me desculpe por isso. Essa não foi a minha intenção. Você quer que eu vá buscar o anel hoje? Eu realmente não quero te incomodar – ele parece realmente arrependido por isso tudo, o que piora toda a situação.

– Eu chego em casa as sete, pode aparecer lá a hora que quiser.

– Ótimo, passo lá assim que sair do escritório – posso jurar que o cretino está sorrindo vitorioso agora.

– Eu acho que vou desligar agora, tenho que voltar para o trabalho agora – minto. Eu só não quero me afundar ainda mais em sua teia de galanteios.

– Bom... Desculpe-me novamente e a gente se vê mais tarde.

– Até lá – desligo, colocando o telefone o mais rápido que posso em meu bolso e indo em direção a pia para lavar meu rosto.

Enquanto a água escorre pelo meu rosto, penso em tudo que está acontecendo. Será mesmo que Rick não fez isso de proposito? Depois de algum tempo juntos, seria natural que ele tivesse acumulado algumas coisas nossas, e francamente um anel é um objeto pequeno o suficiente para passar desapercebido, mesmo num buque pequeno como o meu. Mas não quero acabar como o trouxa da história, se ele estiver mentindo e só usar isso como uma desculpa para ir na minha casa e me ver novamente, eu juro que nunca mais falo com esse babaca pelo resto da minha vida.

Seco meu rosto com o papel áspero e saio do banheiro depois de joga-lo no lixo. Devan ficou me interrogando para saber como tudo aconteceu assim que cheguei aqui na segunda, e eu contei tudo a ele, detalhe por detalhe. Ele simplesmente disse que “do jeito que você fala, até parece que ele é um cara legal” quando falei de Rick e quando cheguei ao tópico Stan, ele ficou calado, mas pude ver um sorriso discreto em seus lábios.

Hoje as coisas estão mais tranquilas por aqui. O único alvoroço de Devan é o fato de que ele e Nash vão sair da cidade para passar o final de semana numa cabana que De tem numa cidade há alguns – vários – quilômetros daqui. E ele não consegue parar de falar nisso.

– São quatro horas de viagem e lá é o local mais calmo da terra! Eu já te falei que nunca levei ninguém lá? – toma mais café, esse já é o terceiro de hoje.

– Já – respondo, achando graça de seu entusiasmo infinito enquanto programo alguns códigos para o programa – e você também já falou em como o aquecimento de lá é por uma lareira de verdade e não a gás, já falou que vai ser o ninho de amor perfeito, já falou que você acha o que o Nash vai amar tanto que vai ter um infarto...

– Eu estou falando demais, não é? – ri consigo mesmo – Me passa aqueles projetos que você estava fazendo hoje de manha? Vou dar uma revisada neles.

– Você sempre fala demais, De – brinco – Mandei para o servidor principal, pega eles lá.

– Ele tem durado mais do que qualquer outro cara que eu já tenha ficado. Acho que vou pedir ele em namoro na cabana... O que você acha? – E toma mais um pouco de café enquanto sua mão não ocupada percorre o teclado freneticamente – e se... E se ele não gostar disso? E se ele achar que eu sou muito brega ou não quiser compromisso?

– Devan... Relaxa, ok? Vai tudo dar certo, não pira com isso, não é como se fosse o fim do mundo. É só respirar fundo e deixar as coisas rolarem naturalmente, tenho certeza de que ele vai aceitar – o respondo sinceramente.

No fundo, Devan é bastante instável com relacionamentos. Quer dizer, quanto aos relacionamentos dele, por que quanto aos meus, ele pode ser bastante incisivo quando quer.

O resto do dia passa tão devagar como percorrer o deserto do Saara descalço – ainda que eu não saiba por que eu coloquei essa metáfora aqui. E quando chego a minha casa, e arrumo tudo que tenho que arrumar para que ela não pareça uma completa zona, Rick toca a campainha.

Abro a porta e o encontro com um sorriso tímido e ao mesmo tempo arrependido em seu rosto. Ele veste seu terno preto com camisa social cinza, tudo muito igual ao seu padrão, assim como sua barba perfeitamente cortada e seu cabelo, arrumado como se tivesse acabado de sair de um cabeleireiro.

– Oi – me fira nos olhos e eu não posso evitar dar um sorriso por vê-lo – não te vejo há milhares de anos, não é?

– Há quanto tempo... Você parece ate mais velho – rio de sua brincadeira e junto às mãos na frente do corpo, dando passagem para que ele entre.

Rick anda até minha sala apertada e retira do bolso um pequeno papel azul meio amassado e com uma marca de sapato que cobre metade de sua extensão.

– Eu... Eu tinha deixado cair no carro – me estende timidamente o pedaço de papel – desculpe-me, realmente não foi essa a minha intenção.

Eu pego o papel e o leio “Essa flor está tão bonita quanto você quando te vi pela primeira vez”. Olho para um Rick completamente corado e sorrio. Um sorriso verdadeiro e sincero. Acho que no final das contas ele não estava mentindo quanto a tudo isso.

Quando me dou conta, estou o abraçando, sentindo seu adorável cheiro que me lembra daquele halloween em que nos beijamos pela primeira vez e seus músculos que ficam normalmente escondidos por baixo de todos esses ternos. Um ato tão impulsivo que pega Rick de surpresa, fazendo com que ele só me abrace alguns segundos depois de perceber toda a situação.

– Acho que isso é um pedido de desculpas aceito, não é? – sorri, apertando um pouco mais o abraço.