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História Talvez Nós... - Don't Lie


Escrita por: R5okay

Notas do Autor


now you say your trust's getting weaker, probably 'cause my lies just started getting deeper

Capítulo 40 - Don't Lie


Maio de 2015 – RD

O dia estava bonito, isso era óbvio. Brooklyn estava sempre lindo, isso era mais óbvio ainda. Eu estava pensando em outras coisas e esperava que pudesse disfarçar.

– Então? – Brooklyn perguntou do outro lado da mesa.

– Então o quê? – Balancei a cabeça sem pânico, estava confiante, porque estava me esforçando para manter o foco ao mesmo tempo em que viajava em meu próprio mundo. Ele não tinha dito nada, eu tinha direito de não entender o que aquilo significava.

– Seu linguine – declarou e ficou me olhando, esperando alguma coisa. – Gostou?

– Hum... – fiz que sim com a cabeça de uma forma não tão convincente. – É, sim, mas também...

– Não melhor que o outro – o ouvi completar e levantei os olhos. Ele sorria com timidez como se fosse nosso primeiro encontro e o famoso completar sentenças um do outro significasse que tínhamos um futuro.

– Isso – sorri também e senti minhas bochechas esquentarem enquanto voltava a atacar as tiras de macarrão com o garfo e a faca.

– Riley...

– Sim? – Parei imediatamente e olhei para ele.

– Você está bem? – Questionou-me com uma expressão preocupada. Talvez ele soubesse a resposta e esperasse que eu fosse mentir.

Juntei as sobrancelhas e girei a cabeça um pouco para o lado.

– Por quê?

Essa não é uma boa resposta para quando alguém te pergunta se está bem. Resposta falha, extremamente suspeita.

Ele franziu a testa. Eu estava certa, tinha sido muito estranho. Engoli em seco e tentei me recompor da melhor maneira possível. Me endireitei na cadeira e larguei os talheres no prato, descansando os braços na mesa. Fechei os olhos e arqueei uma sobrancelha, suspirei.

– Desculpe. Estava na defensiva de novo – apertei os lábios um contra o outro.

– Anda sempre na defensiva nos últimos dias – ele arregalou os olhos de um jeito cansado e voltou a picotar um pedaço de carne em seu braço.

Abri a boca para responder, mas parei ali. Não havia como retrucar já que era a mais pura verdade.

Para minha surpresa, os talheres de Brooklyn fizeram barulho quando eles os largou no prato e plantou os cotovelos na mesa, os dedos entrelaçados na altura da boca. Ele bufou.

– No que está pensando agora?

Eu tinha quase certeza de que ele estava bravo, mas parecia estar cansado e tentar distrair a si mesmo.

Nossos olhos não ousavam desviar um do outro, mas eu também não ousava responder sua pergunta sem antes refletir um pouco.

– Neste exato momento?

– É.

– Estou me perguntando sobre o que exatamente está acontecendo aqui – dei um gole no meu copo d’água e cedi o contato visual, mas ele não.

– E antes?

– Antes?

– Antes.

– Bem, estava pensando que riscos não são minha praia, então da próxima vez, provavelmente, ia pedir meu linguine com camarão. Não tem carne de nada nessa coisa.

– Pode pedir um coquetel e acabar o prato – sugeriu quase de má vontade.

– É uma ideia – assenti lentamente.

Sabia que não era essa nossa conversa, ele só estava tentando não parecer hostil. Nossos olhares batalharam por mais alguns momentos e me perguntei quem de nós se sentia pior. Eu, por ser culpada mesmo, ou ele, por estar me culpando sem ter confirmação de nada enquanto o coração lhe diz para confiar nos próprios instintos. Eu sabia como era a sensação, mas não estava apta para decidir qual era pior no momento.

Ele virou a cabeça suavemente para o lado. Estávamos sentados do lado de fora, e eu sabia o que tinha naquela rua, portanto continuei olhando para seu perfil, tentando parecer o mais normal possível. Quando lembrei que o normal disso seria estranhá-lo, não gostar de seu comportamento, mas pessoas culpadas nunca lembram disso.

Estou soando como Amy, de Garota Exemplar, mas não fiz nada desse tipo. É só a mesma velha história de sempre.

– Você disse que estava na defensiva. Está na defensiva desde o dia em que ficamos presos no elevador.

– O quê? Como posso estar na defensiva desde aquele dia?

– Me responda você.

Não respondi, como era de se esperar.

– O que ele te disse?

– Ele disse algo que eu não gostei, se quer mesmo saber – rolei os olhos. Mas estava estranhamente feliz por dentro. Finalmente uma verdade.

– Fez tanto efeito a ponto de ficar na defensiva comigo por todo esse tempo? O que ele disse? Te ofendeu?

E lá estava ele, o Brooklyn de sempre. Simplesmente preocupado com meu bem-estar, sem nunca me culpar por nada. Aqueles lapsos de realidade que ele tinha, me assustavam um pouco, mas ao mesmo tempo me deixavam feliz por ele, parecia que eu não o enganava tanto assim.

E na verdade eu não enganava. Ele sabia. No fundo, ele sabia. Afinal, todas as coisas que eu sentia estavam estampadas na minha cara, eu tentava acreditar que havia como disfarça-las, mas não é possível. Todas as coisas que digo, todos os meus silêncios inexplicáveis, tudo tem a mesma origem e o mesmo destino.

Sorri fraco. Suas mãos agora estava na minha, seu olhar podia ser definido como desesperado.

– Não – respondi ao mesmo tempo em que neguei com a cabeça e coloquei minha outra mão por cima das dele. – Estou bem – respondi também uma de suas primeiras perguntas.

De novo, estávamos ali nos olhando. Eu estava aliviada e triste. Ele parecia extremamente cansado, como se tivesse perdido mais uma vez. E era necessário admitir: tinha mesmo. Mas eu também estava perdendo. Estava perdendo ele.

O que diabos estou fazendo? Completamente sem rumo e fazendo uma coisa imbecil atrás da outra, era assim que eu o estava traindo. Por mais que minha cabeça nunca tivesse estado completamente em nós, agora meus deslizes não estavam só na imaginação, eu podia lembrar deles com clareza, tocá-los e me martirizar de verdade.

– Acho que vou seguir seu conselho e pedir aquele coquetel de camarão – sorri como se aquilo fosse uma oferta de paz. Pude ver que ele lutava igualmente contra um. – Você pode ficar com um.

– Só um?

– Está achando pouco? Acho muito – dei de ombros e ele riu, recostando-se de volta em sua cadeira.

Senti uma pontada no coração, porque nossas conversas sempre pareciam metáforas para coisas muito mais sérias do que realmente pareciam ser.


Notas Finais


Mais um hoje! Por mais que esteja mais tarde do que eu pretendia, tudo ainda pode dar certo! Acabei de receber a notícia de que não vou ficar em casa amanhã e isso atrapalha meus planos, mas ainda assim vou me esforçar pra tudo voltar aos trilhos.
Bom, gente, e aí? O que estão achando? Deem a opinião de vocês, me contem se estão gostando, se estão cansadas, podem falar qualquer coisa, ok?
Espero que esteja tudo bem com todo mundo.
Beijos, amo todos <3


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