História Talvez seja tarde demais?Ou não - Então, partiu praia!

Apesar de tudo eu estava feliz de estar ali  a presença deles ali me fez bem, a forma com que Castiel dirigia prestando atenção na estrada e a mesmo tempo rindo pelo reflexo de duas figuras que não paravam de cantar no  banco de trás do seu belo carro, me trazia certa paz e... felicidade. Podem me chamar de burra e dizer ‘’mas Hellena esse cara te abandonou com uma criança no ventre e ainda te pôs na rua sem ter pra onde ir’’ eu sei exatamente isso, e confesso não o perdoei, e nem sei se farei isso tão cedo, mas estranhamente sua presença me faz bem. Não, de forma alguma estou admitindo que ainda gosto dele porque não eu definitivamente não o amo mais, já passei dessa fase da vida, simplesmente gosto de sua presença, ela me traz nostalgia me lembra de momentos felizes que passamos juntos, momentos esses que poderíamos compartilhar até hoje se no final tudo tivesse sido diferente.

Sou tirada de meus devaneios quando o carro para em frente a uma casa enorme e o que mais me impressiona sem muro e muito menos portão, a casa é linda e tem a visão incrível da praia a sua frente é simplesmente inexplicável. O carro do Lys já se encontra parado na frente da casa e ele e o azulado já se apossaram da casa, tão folgados. Viro-me para alcançar o tricô da porta quando ela é aberta, até então nem tinha percebido que Castiel tinha saído do banco do motorista e agora segurava a porta aberta para mim. Sorri involuntariamente pelo seu ato, e ele devolveu o sorriso e não foi algo forçado, foi um sorriso... Genuíno.

O sol já se põe, trazendo assim com ele o fim da tarde e o começo do anoitecer, mostrando o seu mais belo show.

Pego minha mala e a da Alice e sigo para dentro da casa, seu interior e ainda mais bonito. A casa tem 4 quartos, sendo assim eu vou dormir com a Alice e o Castiel com o Luan.

Os meninos descarregam as compras que fizemos antes de sair e resolvem dar uma volta na praia, sobre livre e espontânea pressão deixo a Ali ir junto deles, ficando assim sozinha na casa. Resolvo que vou fazer o jantar para nos. Pego algumas panelas e levo ao fogo corto alguns temperos e saladas enquanto sou embalada pelas musicas de Adele, confesso sempre amei cozinhar com musicas tristes, elas resumem bem minhas perdas e me dão força para levantar a cabeça e seguir em frente sempre. Termino os preparos dos pratos e os coloco a mesa, a noite já é escura lá fora. Quase que instintivamente os 5 entram pela porta da cozinha, sentam a mesa e se servem, acompanho cada um com o olhar, adoro ver a reação das pessoas ao provar minha comida.

-Isso aqui esta M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O- fala um Alexy de boca cheia. Todos concordam e continuam comendo.

 Depois de terminarem Lysandre e Alexy são intimados a lavar a louça enquanto vou colocar a Alice na cama, após um dia exaustivo e fácil ela dormir. Coloco-a na cama e fecho a porta, estão todos em seus quartos exaustos. Resolvo dar uma volta na praia para pensar um pouco. Troco de roupa colocando um vestido branco soltinho e vou ao encontro da praia.

Sento-me na areia e olho o mar, sempre fui apaixonada pela praia, pela forma em que o mar é inconstante, ele pode ser calmo e banhar nossos corpos, mas pode ser raivoso e devastador com suas ondas gigantes. Sempre comparei o amor com o mar, é algo inconstante, que pode te levar até o fundo sem retornar a superfície, pode ser algo raso em que você mergulha de cabeça e acaba quebrando a cara, como no mar o amor tem altos e baixos, tem coisas boas e ruins, tem dias calmos e tranquilos, mas tem dias de tempestades e tsunamis. A vida com o amor é uma eterna batalha entre o calmo e o agitado, a paz e a loucura, a sensatez e incerteza, a ingenuidade e a força. A eterna luta entre amor e ódio, nasce do amor, você só pode odiar o que um dia já amou.

Sou tirada de meus pensamentos por uma figura sentando ao meu lado.

-Não esperava encontrar você por aqui.

-Nem mesmo eu Dake, se soubesse ficaria em casa- suspiro de frustração.

-Hellena por favor vamos parar com esse comportamento infantil ok? Eu sei que fiz coisas horríveis com você, mas eu me arrependo. Vivi 8 anos me culpando pela merda que eu fiz naquela manha, só por favor me perdoe, sei que se tivesse agido diferente vocês estariam juntos até hoje.

-Não, isso não é verdade, ele me deixou por uma carreira, trocou tudo que construímos por uma maldita fama, e pela droga daquela cantorazinha de merda. - falo com desgosto na voz, lembrar de tudo isso ainda dói, machuca de mais.

-N-na verdade eu tenho quase certeza que ele acha que você traiu ele.

-E porque você acha isso? –pergunto agora olhando em seus olhos pela primeira vez.

-Hellena eu vou te contar algo que eu devia ter contado a muito tempo, algo que eu nunca deveria ter escondido de você –ele suspira e continua –eu vi o Castiel chegar de carro aquele dia foi por isso que te ataquei, poxa Lena eu te amava mais do que a mim mesmo e você só tinha olhos para aquele ruivo de farmácia, eu estava ali o tempo todo, era seu melhor amigo você confiava 100% em mim, tinha acesso a sua casa, as suas coisas, mas não tinha acesso ao seu coração, e aquilo me corroía me matava aos poucos, eu queria você para mim, queria seu amor, queria que fosse minha, só minha Hellena. Odiava saber que o motivo dos seus olhos brilharem , não era eu, odiava saber que não era o dono dos seus sorrisos, odiava saber que não podia te tocar, te sentir a hora que eu quisesse, odiava saber que era ele que dormia e acordava ao seu lado. E quando me chamou la para contar que estava gravida, meu mundo caiu, eu tinha esperança que você percebesse que ele não era homem para você, mas com um filho ele estaria mais do que feliz, ele estaria completo ao seu lado. Eu sai da sua casa transtornado naquela noite, fui pro primeiro bar e bebi tudo que tinha direito, amanheci no bar ainda bêbado, e decidi que você ia ser minha por bem ou por mal, mas ia ser minha. Sai daquele bar determinado a ter você para mim eu sabia seus horários e os do Castiel então para ele nos pegar juntos era fácil, invadi a casa e tirei minha roupa, fui pra cima de você, ouvi o carro chegar e fiz você gemer e falar meu nome, mesmo nada acontecendo ali, mesmo você de roupa ele pensou que estávamos juntos, eu ia abusar de você, eu realmente ia, mas ver você ali, frágil chorando me fez ver o monstro que eu era, o que eu estava fazendo era absurdo, eu cai em si e sai dali o mais rápido possível. Hellena eu juro eu pensei em procurar o Castiel e contar toda a verdade mas, mas eu não conseguia eu era fraco demais para isso. Quando eu descobri o que ele fez com você eu me senti culpado, eu sabia que ele tinha feito isso por causa do que ele ouviu aquele dia, porá eu acabei com a sua vida. Não tem um dia da minha vida em que eu não me culpe por ter acabado com a sua vida Lena, não tem um dia.

Eu estava chocada demais para esboçar qualquer reação, eu simplesmente chorei, ele sabia o tempo todo, ele foi meu melhor amigo, tudo que ele fez foi pensado, ele não agiu por impulso, ele fez porque quis, eu estava atônita, me sentia indefesa, insegura me sentia sozinha.

-Hellena por favor fala alguma coisa, me bate, me xinga, fala que vai acabar comigo mas por favor, não fica em silencio –ele fala movido pelas lagrimas que descem pelo seu rosto.

-E-eu não consigo acreditar nisso, eu confiava em você, Dake você era meu porto seguro, eu lhe contava tudo era  a pessoa em quem eu mais confiava, e você foi me trair assim dessa forma-falei em meio aos soluços –isso dói demais, e é uma dor que não se pode simplesmente tirar, e uma magoa.

-Eu me culpo, eu sei que tenho total responsabilidade por isso e eu vou concertar isso eu vou falar com o Castiel  e explicar tudo de uma vez por todas.

-Não, você não foi totalmente culpado, Castiel não me amou o suficiente para me encarar e pedir a verdade, ele foi fraco e fugiu  ele duvidou de mim e de meus sentimentos, isso não é amor, e nunca foi –suspirei –para que mexer nisso agora, nada vai mudar.

-Porque eu preciso Lena, preciso enterrar esse  fantasma de uma vez por todas para que eu possa finalmente seguir em frente sem me culpar pelo resto da vida.

-Tudo bem essa é uma decisão sua. -Disse dando de ombros –vou nessa preciso dormir.

-Hellena espera –disse ele segurando meu braço –posso ao menos te dar um abraço?

-Eu não sei se é uma boa ideia.

Antes que eu terminasse a frase ele me puxa para um abraço de urso, de começo não retribuo mas depois acabo me rendendo a esse abraço que me transmitiu saudade, ele me solta e me da um beijo na testa e segue seu caminho, fico ali mais alguns minutos tentando absorver tudo que ouvi, era para ser uma viagem de descanso para esfriar  a cabeça e olha no que deu, mais problemas para mim. Sigo meus passos para a casa silenciosa e entro em meu quarto, tomo um banho para tirar a areia do copo e deito junto da Alice e assim adormeço.