Zeca:
Deixo a casa de jeiza antes que sua mãe acorde.
Hoje eu tirei o dia apenas para resolver meus problemas, tanto no trabalho quanto em relação ao casamento, não que o problema seja o casamento, na verdade minha dor de cabeça eram os documentos que eu teria que ajustar por conta do divórcio.
— Claro que você pode pegar o restante do dia de folga, eu só preciso que você adiante essas entregas aqui— Ele me mostra.— É coisa rápida, questão de três horas você termina tudo.
— Tudo bem, obrigado. Até amanhã. — Me despeço de Ruy.
Depois de terminar as entregas. Fico mais duas horas e meia no cartório, a fim de regularizar meus documentos de solteiro(só pra casar de novo, é mole?), pode-se dizer que meu dia não foi de folga, não.
— Em uma semana o senhor vem aqui pegar. — A moça que me atendeu, diz.
— OK, obrigado.
Saio de lá apressado. Jeiza já deve ter chegado do trabalho.
— Dona Cândida? — Digo colocando apenas a cabeça pra dentro.
— Chega, Zeca! Senta aí pra almoçar.
— Quero, não. Almoçei na rua, obrigado. Jeiza chegou?
— Ainda não. Daqui a pouco ta aí.... Deve ser ela!— Olho pela janela e vejo seu carro.
— Oi, amor.— Seu rosto está pálido. — O que foi?
— To com dor...— Ela sussurra, segurando meu braço. Seguro seu rosto gélido.
— Dor aonde?— Ela fecha os olhos, como que tentando conter a dor.
— No estômago... — Sua respiração fica ofegante— Eu to passando mal...
Antes de eu pensar em dizer algo, ela cai nos meus braços. Entro com ela correndo pra casa e a coloco delicadamente no sofá. Sua mãe vem correndo ate mim com um pano úmido.
— Jeiza...? Amor, fala comigo.— Passo o pano em seu rosto e aos poucos ela vai recobrando a consciência. Ela parece um pouco atordoada.
— Meu estômago... Eu to com muita dor...— Ela tenta se levantar.
— Fique aí. Eu vou buscar um chá pra você lá em Nazaré.— A mãe dela sai.
— Ôh, amor. Vem cá, cuidado.— Sento-a e ela recosta a cabeça no meu ombro. — Tu comeu alguma coisa hoje?
— Tomei uma vitamina de manhã e um suco de limão no almoço.
— Égua! E isso é comida? Tais lesa? Por isso ficas passando mal. — Ela nega com a cabeça, agora deitada com ela no meu colo. Faço carinho em seus cabelos.
— Não consigo nem respirar direito. Eu to com ânsia, também. Mas não consigo colocar nada pra fora.
— Também! Não tem nada pra tirar daí, não comeu nada. Tu vais tomar um chá e vai ficar boa. — Ela apenas concorda.
— Aqui, filha. Toma.— Ela se levanta, dá uma bebericada e sai correndo até o banheiro. Vou atrás dela.
— Am...— Ela empurra a porta com os pés.
— Não entra!!!— Ela diz antes de voltar ao que estava fazendo.
— Égua! Tenho que ver se ta tudo bem!— Depois de alguns minutos ela abre a porta, pela sua expressão parece que ela vai chorar a qualquer momento. — Vem cá, toma mais um pouco do chá e descansa.
— Eu não quero... — Vou levando-a abraçada à mim ate o quarto.
— Deite aí e durma. — Tiro seus sapatos e lhe ajudo a colocar roupas mais leves.
— Deita aqui comigo?— Ela diz segurando meu braço. Me ajeito ao seu lado e começo a lhe fazer carinho. Ela se vira em minha direção e enterra a cabeça no meu peito. Beijo sua testa.
~ ~ ~
— Amor...— Escuto sua voz distante— Zeca.
— Oi, o que foi?— Ela está sentada e já com outra roupa.— Acordou faz tempo?
— Um tempão! Já tomei banho, remédio, jantei uma sopa que e dona Nazaré trouxe e você aí roncando. — Ela ri.
— Ta melhor?— Ela balança a cabeça positivamente.
— Foi só alguma coisa que eu comi, mesmo.
— Jeiza...
— Fala.
— Tu nunca esqueceu uma pílula, não? — Ela me olha como se eu tivesse dito a maior asneira do mundo.
— Não. Sempre tomo.— Ela diz com obviedade.
— Certeza? — Ela concorda enquanto mexe na gaveta.
— Aqui, ó— Ela estende algumas cartelas de anticoncepcionais na minha direção. — Tem trinta e cinco comprimidos, eu comprei um dia antes de você ir preso, e só tem uma que é a que eu vou tomar agora.
— Mas eu já ouvi falar de pessoas que engravidam mesmo tomando.
— Eu não to grávida! Todo mundo tá com essa história!
— Todo mundo quem?
— Você, o Allan, minha mãe, D. Nazaré...
— Tu já fez teste?
— Não tem por quê fazer teste se eu tenho certeza que não estou!
— Tu és policial, não médica! Como sabes?
— Marrento... A gente transou ontem e antes disso, mês passado. Não tem como eu tá grávida e só sentir os sintomas agora ou já começar já começar a sentir no dia seguinte.
— É a primeira vez que tu passas mal desse jeito?
— Não. Mas da primeiro vez foi porque eu tava estressada com sua prisão, cheia de problemas e não tava comendo, só isso.
— Ou não. Jeiza tu tens que ver isso aí! Imagina se tu lutas com um neném na barriga!
— Eu não to grávida! Caramba, é difícil de entender? Eu saberia, afinal tá dentro me mim!
— Não custa nada fazer um teste! Vai ficar na curiosidade?
— Quem tá na curiosidade é você! Eu sei que eu não estou grávida. — Ela diz e vai até a cozinha, seguida por mim.
— Ôh, dona Cândida! Tu não achas que ela pode tá grávida, não?
— Já falei isso pra ela, já! Não quer acreditar...
— Meu Deus! Vocês tão que tão, hein.
— Jeiza eu só descobri que tava grávida de você com quase cinco meses. Por causa de uma endoscopia que eu fiz. E sabe por que eu não soube antes? Porque eu tinha cisto e dúvidava que eu poderia engravidar com facilidade. Nem sei como tu sobreviveu com tanto remédio que eu tomei e não podia.
— Égua, dona Cândida fale isso, não. — Digo beijando o rosto de Jeiza. Ela ri.
— Para de botar pilha, mãe! E eu duvido que a senhora se cuidava.
— Quer saber? Eu vou lá comprar um teste pra ti! Um, não, vou comprar uns três logo! — Ela revira os olhos.
— Zeca... Não precisa... Eu não to grávida! — Ela diz bem devagar. Igonoro-a totalmente e saio para comprar os tais testes.
Comprei um de cada marca. Cada um tinha uma pavulagem diferente: Um falava de quantas semanas a mulher estava, outro tinha pauzinhos que indicavam negativo e positivo e o outro dizia " Grávida " e " não grávida". Daqui a pouco vai ter um que diz se é menino ou menina.
— Cheguei, amor.— Ela estava sentada conversando com a mãe e tomando outro prato de sopa.
— Marrento! Já sei o que me deixou assim, o pote de doce tava estragado.
— Toma, vai lá.
— Você ouviu o que eu disse?
— Eu comprei isso aí, não vais desperdiçar meu dinheiro, não! Foi trinta reais ao todo.
— Quem quis comprar de teimoso que é não fui eu, não! — Continuo com a sacola apontada em sua direção. — Eu vou usar um só, os outros eu deixo pra quando eu realmente achar que estou grávida.
Ela fica quase uma eternidade no banheiro. Finalmente ela abre a porta.
— E aí? Tu tá grávida?— Ela suspira antes de responder
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