História Tão profundo... - A Verdade e o Resgate

- O que Henry está fazendo aqui? Por que você está aqui mãe? - pergunto, ainda perplexa. 

- É uma longa história, garotinha. Mas acho que você vai querer ouvir, não?! 

- Diga logo. 

- Tudo começou antes mesmo de você nascer, porque enquanto eu estava grávida, seu pai biológico faleceu. Esse homem era extremamente rico e sua herança deveria passar para seu primogênito, porém sua única filha era a que eu estava esperando. Eu entrei na justiça e gastei todo o meu dinheiro com advogados para vencer a causa e ganhar a fortuna, mas não saiu como esperado e a fortuna passaria para a herdeira do falecido assim que ela completasse os 18 anos. Então eu criei todo um plano para que você conhecesse o seu namoradinho insignificante, muito rico por sinal, para que no final eu pudesse pegar o que é meu por direito. 

- Então esse tempo todo você esteve manipulando tudo? 

- Certamente.

- Mas onde Shawn entra nesse plano? - assim que eu concluo minha fala, os homens que me trouxeram até aqui, trazem Shawn até a sala onde nós estávamos e o põe sentado na cadeira que se encontrava perto da minha mãe:

- Shawn! - assim que eu falo minha mãe aparece com um chicote.- Mãe o que é isso? 

- Aqui eu tenho uma papelada pra você assinar passando todo o dinheiro de seu pai pra mim. 

- E se eu recusar? 

- Seu namoradinho vai sofrer... - diz ela com um tom de voz assustador. 

- Eu não lhe passarei a recompensa, porém peço que não bata em Shawn. Quero que bata em mim. - disse decidida.

- Não Kathe, não faça isso! Ela vai acabar te matando. - disse ele, enquanto os "capangas" da minha mãe o tiravam da cadeira para dar lugar à mim. 

Sentei-me na cadeira bem devagar, suspirando, algo que irritava minha mãe. Assim que ela havia tirado minha camisa e aberto meu sutiã, expondo minhas costas, começou a me chicotear. Os primeiros não me arrancaram gritos tão altos, o que me impressionou de certa forma. Depois de um tempo a me dar chicotadas ela parou e perguntou: 

- Vai passar o dinheiro? 

- Nunca.

A sessão continuou até amanhecer. 

Minha mãe havia se cansado perto das 6hrs e saiu do lugar assim, estávamos apenas Shawn e eu naquele cômodo frio e escuro, sentados no chão um ao lado do outro: 

- Kathe, porque fez aquilo? 

- Eu não queria que você sofresse aquilo por causa de mim. 

- Mas eu não me importaria se fosse pra proteger você. Como eu disse que sempre faria. 

- Shawn, eu sinceramente não iria aguentar ver você naquela cadeira sofrendo horas de tortura por causa da minha mãe. Iria me corroer por dentro. 

- Mas aquilo não foi culpa sua. 

- Claro que foi. É por causa da minha existência que ela não pôs as mãos no que ela quer. 

- Ela não usaria bem esse dinheiro. Seria aquelas mulheres fúteis que gastam dinheiro atoa com  paparicos. 

- Tem razão. - rio só de imaginar.

- O que você acha que ela está pensando em fazer? 

- Provavelmente ela vai voltar aqui mais tarde, me torturar outra vez, até que eu ceda a fortuna. 

- Não vou permitir isso. Você tem que fugir. 

- NÓS temos que fugir.

- Eu não vou conseguir sair daqui, estou acorrentado à parede. 

- Eu vou tirar essas correntes de você. Só preciso de uma coisa.

Me levantei e procurei por algo dentro daquele cômodo mas as únicas coisas que eu via eram inúteis.Teria que ir procurar fora dali. 

Assim que me aproximei da porta, Shawn tentou protestar mas eu não lhe dei ouvidos e sai mesmo assim.

O lugar não era muito grande, o que tornaria mais difícil não ser vista pelos "capangas", mas aparentemente, não havia ninguém ali. Vasculhei em todos os cantos e achei um pote de mel e o meu celular encima de uma bancada no cômodo que ficava em frente ao qual nós estávamos. Assim que eu estava voltando para Shawn, minha mãe aparece, e eu volto para dentro e me escondo o melhor que posso. Passados alguns minutos eu comecei a ouvir os gritos dele. Ela o estava torturando.

Sem pensar, sai do esconderijo e voltei ao cômodo para enfrentá-la. Abri a porta de supetão e acertei o nariz dos "capangas"que ficaram incapacitados por algum tempo, pensei tê-los quebrado. Assim que eles caíram, eu avancei sobre ela, que passava um ferro quente no peito de Shawn, e a tirei de perto dele:

- Sua vadia. 

- Ora, que menininha mal educada, vou te ensinar boas maneiras. - diz ela avançando com o ferro para cima de mim, assim que se recupera do empurrão que ela levou. 

O ferro raspa meu braço fazendo meu braço arder, mas ignoro a sensação e continuo a lutar com ela. Após muito tempo, sinto mãos agarrarem meus ombros e me tirarem de cima da minha mãe. De início eu achara que eram os "capangas" mas eram, na verdade um policial que aparecera para nos resgatar e prender minha mãe. Assim que levaram-nos dali e libertaram Shawn, os policiais me interrogaram pedindo que eu contasse tudo o que havia acontecido. 

Depois de alguns minutos que concluíra a história, uma dúvida martelou minha cabeça:

- Seu policial, tem algo que eu não entendi. Como vocês souberam do que estava havendo aqui?

- Uma denúncia foi feita. 

- Por quem?

- Um taxista chamando Dwayne. 

- Ele está aqui?

- Sim. Lá fora, dando depoimento.

- Obrigada. 

Sai do prédio com Shawn pela mão, procurando por Dwayne, meu salva vidas. Ele estava encostado no capô de seu táxi que estava estacionado do outro lado da rua. Abracei-o, agradecendo pelo resgate, ele apenas assentiu dizendo: 

- Não há de que. 

- Mas como você soube onde eu estava? 

- Assim que você entrou no carro ontem a noite, eu senti que algo estava errado e então, os segui até aqui. Esperei apenas o momento certo para chamar os policiais. - enquanto ele explicava, o delegado veio ao meu encontro, e me entregou Henry, dizendo que ele estava aparentemente bem mas recomendou que eu o levasse ao hospital. 

Assim que ouviu isso, Dwayne disse: 

- Eu levo vocês. 

Abro um sorriso, aceito a oferta dentro no carro logo seguida por Shawn.