História Te Amo e Nunca Te Disse - Decisão

O dia realmente fora mais longo que o convencional.

Talvez porque justo hoje, Ino decidira se atrasar bem mais que o habitual, ou talvez pelo fato de que vira três pessoas morrerem em suas mãos sem que ela pudesse fazer nada a respeito disso.
"Menos desgraça para quê, não é mesmo?" Afinal, é de Haruno Sakura que estamos falando aqui pensou com desgosto.

Já passara das sete da noite e nada da loira chegar. Sakura já estava ficando preocupada, e não era só pelo fato de que já havia passado mais de cinco horas do fim de seu turno e sim pelo fato de estar com aquela sensação estranha que vinha sentindo desde o dia anterior ; e isso sim a angustiava.

 Ino era médica também e preferira os turnos da noite, pois, assim podia aproveitar o dia como bem entendesse; Enquanto Sakura ficava com os turnos do dia, os quais eram mais longos.

Todavia, era sábado, o dia em que tradicionalmente os Shinobis voltavam das missões. E em especial, naquele dia, era a final da prova Chunnin. Ou seja, trabalho em dobro, já que nunca faltavam feridos e mortos como resultado desta bendita prova...

Sakura tinha o conhecimento de que era a Medica-Chefe da Equipe  assim sendo, a maior responsabilidade tambem, mas isso não dava à Ino o direito de se atrasar tanto assim, com certeza ela estava de namorico com algum cara por aí. Algo que estava se tornando um habito e isso era inadmissível, ela teria de relatar à Diretora do Hospital sobre tal comportamento.

Afinal, a vida pessoal deve ser posta de lado quando se é médica. Ok, ela precisava admitir que estava com um péssimo humor  e sabia que nao poda depositar a culpa em ninguem, porém, a descarga de adrenalina ainda corria em suas veias, e seus músculos doloridos nao estavam ajudando em nada. Após olhar novamente para o relogio que ficava no canto esquerdo da sua sala, Ino adentra a mesma, vendo a amiga com o costumeiro bico de desaprovaçao no rosto, batendo uma caneta irritantemente sobre a mesa e balançado a perna cruzada debaixo da mesa. Ao ver a loira entrar, a rosada fez uma careta.

- Ah, boa noite, Ino, como foi o seu dia hoje?- Indagou com ironia, estampando em sua face a mais assustadora de suas carrancas.

Ino como sempre, estava impecável, cabelo bem penteado e brilhante, maquiagem leve e um sorriso soberbo no rosto. A própria imagem da impavidez e classe.
 

- Uuiiii, alguém aqui está de mal humor, não é? É por isso que eu te digo, testuda: você deveria procurar alguém para namorar! Por Deus! Parece até mesmo uma velha rabugenta. Além disso, sua aparência está terrível. - Disse a loira, debochando ao invés de responder.

- Talvez seja porque eu de fato levo a sério a minha função e sei quais são as minhas obrigações aqui neste hospital, diferente de você, que brinca com a responsabilidade que é ser médica. Eu não tenho tempo para ficar de namorico por aí e nem de ir ao salão de beleza como você - Disse Sakura com uma fúria ascendente. 

- Bem, é por isso que você anda tão estressada! Precisa ter Auto-Estima! – Aproximou-se mais do ouvido de Sakura. - Um cara em sua cama pode fazer milagres, Testuda! – Disse ela. – Ah! E vá para casa descansar, já que você não sabe o que é diversão, Sakura. Eu cuido de tudo por aqui - disse empurrando a amiga porta á fora, mandando um beijo logo em seguida.

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Após um dia de sono e um bom banho, Sasuke se sentia revigorado. Para ele, tudo estaria bem, exceto pelo fato de que ainda precisava de roupas, já que não trazia nenhuma consigo. Ele se lembrou então da época em que Sakura  fazia questão de cuidar dele. Algumas vezes, era ela quem arrumava a sua mochila e sempre colocava roupas limpas.

Sentia falta dela. Só ainda não sabia direito o que diabos estava acontecendo com ele não era mais uma criança, já era um homem por que raios pensava tanto nela? Como sempre aconteceu nesses casos, ele não sabia a resposta. Mas desta vez sabia que precisava levantar o traseiro da cama e descobrir. 
Afinal, ele precisava mesmo reerguer o Distrito Uchiha que estava em ruínas após cinco anos, precisava restaurar o seu Clã, precisava saber como ela estava e para piorar, queria sentir o seu perfume e ver o seu sorriso. Era uma lista realmente grande de coisas para fazer, e infelizmente ele não poderia fazer nenhuma delas se entocando no canto escuro debaixo do edredom desta pousada...E chegou à brilhante conclusão de que talvez, mas só talvez, já fosse hora de retornar.

               Ele só havia sido absolvido de seus crimes porque havia ajudado na Guerra Ninja e lutado pela Vila da Folha, mas isso não significava que todos os haviam perdoado. Ele suspeitava que somente Naruto o havia feito de verdade; mas mesmo assim, ele estava decidido a retornar. Afinal, desde quando Uchihas se importam com opiniões alheias, não é?!

Já havia se passado mais de um ano desde que ele partira novamente, para se punir por seus erros, mas não dera muito certo, (como boa parte de seus planos, diga-se de passagem). Além disso, se sentia mais sozinho do que nunca. Que se dane! Ele havia tomado uma decisão e não voltaria atrás. Ao menos nesse quesito ele era bom, ser um teimoso, cabeça dura.

Ao chegar aos portões de Konoha, ele não fora impedido de entrar, mas notara os olhares de reprovação de algumas pessoas em sua direção. Não que ele ligasse, é claro. Afinal, era Sasuke Uchiha o filho da mãe mais insensível que já caminhou por essa vila, e que só estava ali com um propósito, que com certeza absoluta não era para agradar alguém...

 Dirigiu-se, ou melhor, se arrastou até o Distrito Uchiha, e chegando aos portões, seu semblante caiu. Ali era o lugar onde uma vez, viveu a família mais poderosa daquela Vila e agora, não restava mais nada tudo sucumbira ao tempo restando somente o pó e ele, um renegado.

Encaminhou-se para aquela que um dia, fora a sua casa. Precisava de um banho e de trocar de roupas, e é claro, ficar sozinho para pensar no que fazer no dia seguinte, e por onde diabos começaria a arrumar aquela bagunça.

Amanhã, falaria com o Hokage e falaria com Naruto. Amanhã, estaria melhor preparado para receber críticas. Amanhã, ele iria vê-la, independente do preço, estava disposto a pagar. E parou para pensar um minuto, em como sempre fora um verdadeiro mestre em empurrar as coisas realmente importantes com a barriga, em como sempre fora bom demais em deixar tudo “para amanhã”. É, talvez Naruto tenha razão em chama-lo de bastardo...

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Sakura caminhava envolta em pensamentos para sua casa que ficava ao lado da de Naruto (ideia dele, é claro) a estranha sensação desconfortável não havia passado. Ela só não sabia explicar o que era aquilo exatamente.

Decidiu seguir na direçao oposta e chegou  em frente ao Distrito Uchiha e o desconforto só aumentou. Ela não sabia porque sentira aquilo justo hoje. Seu olhar dirigiu-se à entrada. O lugar estava deserto, como sempre esteve desde aquele dia.  Antes, ela e Naruto eram os únicos que entravam ali, mesmo após a tragédia que ocasionou a morte de todo o clã Uchiha, com exceção de um garotinho de pele clara e cabelo ébano espetado. E era justamente por causa desse garoto, do qual o loiro havia se tornado um amigo, ainda que ele não gostasse de admitir e de quem ela não podia negar que sentia saudades, que uma lágrima solitária escorreu por seu rosto.

“Ah, Sasuke, o que foi que o mundo fez com você?”

Ele era tão diferente naquela época... 

Mas não importa, ele não estava mais ali, já não havia ninguém para visitar e não havia mais qualquer pessoa que se atrevesse a entrar lá, depois de tanto tempo.

Nem mesmo ela, não mais. Pensou melancólica, e seguiu seu caminho, iluminada pela luz prateada da lua cheia.