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História Teacher - Irresistível...


Escrita por: Kstukd

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 17 - Irresistível...


****** POR EMMA ******

Mais uma vez, meus olhos a seguem pelo corredor. Sua postura impessoal e seus passos firmes sobre os saltos agarram a minha atenção com tanta força que, ainda que eu mantenha a indiferença como tenho feito à dias, me vejo presa a sua figura da mesma forma como uma dependente se vê presa ao motivo do seu vício.

Duas semanas. Há quase duas semanas que estamos nisso. Sem olhares, sem sorrisos provocativos ou nossos pequenos conflitos de ego dentro da sala de aula.

Assim como fizemos antes de nos deixarmos levar e acabarmos na minha cama, estamos mutuamente ignorando uma a outra e agindo como se nada tivesse acontecido, com a exceção de que não estamos fazendo isso por conta do nosso acordo. Muito pelo contrário. Agora é por teimosia. Simples e pura.

Não que isso seja uma novidade. Na verdade, eu deveria estar acostumada. Ou melhor, não dar a mínima. Afinal, combinamos que seria apenas sexo e nada além disso.

Se fico ou não com outra pessoa, não é algo que realmente lhe diga respeito, pois como eu disse, ela não pode se intrometer na minha vida e o mesmo vale para mim. Somos somente duas mulheres que querem saciar o desejo entre quatro paredes e ponto. Fora delas, a situação é completamente diferente.

Bem, ao menos a minha intenção era acreditar nessa ideia, mas não é o que está acontecendo. Ainda que eu lute contra, a cada dia que passa sinto-me mais e mais incomodada, e nem sei o porquê.

Desde aquele dia, quando fui flagrada com a menina, as coisas andam muito estranhas dentro da minha cabeça. Para ser sincera, antes disso. Aquela mesma sensação estranha de tempos atrás vem me corroendo de novo e parece ter ficado muito mais forte depois que finalmente consegui tê-la em meus braços.

No início, eu pensei em dar-lhe uma explicação. Afinal de contas, fiz o que fiz por ter ficado com raiva e para mostrar que poderia muito bem estar com outras pessoas.

Mas entrar no seu joguinho do silêncio foi mais fácil do que passar por cima do meu orgulho. Só o que eu não imaginava era que aguentar seu descaso se tornaria tão difícil. E tão angustiante.

Quando a vejo nos corredores ou entrar na classe e fingir que eu sequer existo, que sou apenas mais uma entre seus alunos, um embrulho incomum me acerta o estômago. O que só piora quando ela está com o babaca do meu professor de matemática, distribuindo os sorrisos e olhares cheios de significado que antes eram para mim.

Me deixa louca!

J– Se a sua intenção é disfarçar, desculpe dizer, mas você não está conseguindo.

Saio dos devaneios e dou de cara com Jefferson, que se põe ao meu lado.

E– Já está na hora de voltar? – desconverso.

J– Não, ainda falta alguns minutos.

Solto um suspiro e consinto. Pego o celular no bolso da calça para me distrair, mas, inconscientemente, meu olhar acaba recaindo sobre a conversa alheia perto das escadas. Mais um suspiro escapa, junto com uma risada sem humor.

J– Ficará nessa até quando? – pergunta – Já perdi as contas de quantas vezes te peguei olhando para a professora Mills, e pior, querendo arrancar a cabeça do professor Daniel sempre que os encontra juntos. Tipo, como nesse exato momento.

Respiro fundo e me apoio na batente da janela, desviando a atenção para qualquer coisa que não seja aqueles dois e o amigo enxerido ao meu lado.

E– Não sei do que está falando. – digo.

J – Ah, por favor. Não se faça de besta! Está tão na cara que até o mais idiota pode ver.

Encaro-o e, pela centésima vez, respiro fundo. Bendita hora em que fui contar para ele.

E– Escuta, Jeff , nós...

J– Nós não temos nada e blá blá blá. – revira os olhos – Troca o disco, Emma.

Impaciente, sou eu quem revira os olhos e bufa.

E– Sério, eu deveria ter ficado com a minha boca calada. Por que eu sei que você vai encher a minha paciência com isso, não é?!

J– Sou um dos seus melhores amigo, esqueceu?! Ainda que não contasse, eu iria notar, Emma.

E– Você mesmo disse que está tão na cara que até o mais idiota pode ver.

J– Ooohhh...

Sorrio com sua falsa indignação e dou de ombros. Ele continua:

J– E outra, eu não estou enchendo a sua paciência. Só estou querendo fazê-la enxergar o óbvio.

E– Enxergar o óbvio? Como assim?

J– Você gosta dela,  Swan.

E– Eu o quê? – arregalo os olhos.

J– Você gosta da professora Mills.

E– Pelo amor, Jefferson! Eu, gostando da professora Regina?!

J– Não, eu que estou gostando. – debocha – Lógico que é você, garota. Se não, como explica todo esse ciúme e essa cara de "peixinho morto" desde que se desentenderam? Quando ela passa com o professor Daniel... Ou melhor, quando ela passa com qualquer pessoa, você só falta soltar raios pelos olhos.

E– Eu acho que você tem algum problema, Jefferson. – rio soprado.

J– Olha, quem tem um problema aqui não sou eu.

Ele faz um gesto com a cabeça em direção as escadas, fazendo-me erguer os olhos sorrateiramente e então ver Daniel deslizar a mão pelo braço de Regina, com mais intenções do que deveria.

Aquela sensação revira meu estômago e assim que a vejo sorrir, toda sem jeito, meu sangue ferve e sou obrigada a apertar as mãos em punho para não dar o primeiro passo e causar mais do que uma discussão boba entre professores e aluna.

Merda, por que ela está sorrindo assim? E por que isso me incomoda tanto?

Continuo observando-os conversar e, talvez sentindo que meus olhos estão sobre si, Regina vira um pouco o rosto e nós duas nos encaramos, como à dias não fazemos. Tenho vontade de ir até onde está, puxá-la para qualquer canto e beijar-lhe a boca da mesma maneira que venho desejando desde que a primeira vez que provei de seu sabor.

Mas assim que ela desvia o olhar e devolve a atenção para o babaca ao seu lado, solto um suspiro e caio na real.

Eu estou ficando maluca.

J– Entende agora, Emma? – fala e só assim para que eu perceba que ainda está ao meu lado – Se você não tomar uma atitude logo, vai...

E– Eu não gosto dela, 'tá legal?! – interrompo-o, passando os dedos entre os cabelos nervosamente.– Será que dá para entender?!

J– Não? Tem certeza?

E– Tenho!

J– Por que você é tão teimosa?

Com a pouca paciência que me resta, respiro fundo o quanto posso e nem dou tempo para que meu amigo prossiga com seus sermões, apenas me ponho a caminhar de volta para a sala de aula e agradeço ao universo logo que lembro que não temos aula com nenhum daquele dois.

O restante do dia passa normalmente. Assim que o período termina, Rubi e eu vamos para a sala do clube. Por sorte - ou azar - não encontro Regina nos corredores e isso me deixa um tanto aliviada, pois assim não tenho que me preocupar com sentimentos esquisitos rondando o meu peito.

Pouco depois das cinco, somos liberados para ir embora. Como de costume, minha amiga me dá uma carona até metade do caminho e logo parte para mais uma de suas aulas extracurriculares, enquanto eu corro contra o tempo para pegar o ônibus no horário e conseguir chegar em casa à fim de me arrumar antes de ir para o trabalho.

Vinte minutos se vão e entro em casa, largando a mochila ao lado da porta, assim como os tênis. Vou para a cozinha, coloco água para ferver e pego um pote de macarrão instantâneo no armário, o qual deixo sobre o balcão e só então trato de começar a tirar o uniforme.

Caminho para o quarto enquanto desabotoo a camisa e ao ver a cama, as lembranças da noite em que Regina esteve aqui vem à tona, arrancando-me um suspiro pesado. Paro o que estou fazendo e encaro os lençóis por um instante.

Os mesmos lençóis em que nossos corpos estiveram entrelaçados e provaram de um prazer tão único, tão intenso, que até agora eu posso sentir a sensação quente da sua pele contra a minha.

Irresistível...

Permito-me olhar mais um pouco, mas não demoro a afastar os pensamentos e voltar ao que estava fazendo. Separo uma roupa confortável para vestir depois do banho, coloco apenas um chorte de moletom só para não ficar de cueca e um coloco um top, e então corro outra vez para a cozinha quando ouço o apito da chaleira indicando que a água já ferveu.

Com o pote de macarrão em mãos, sento no sofá e aproveito para checar meu celular. Vejo uma mensagem de Lilith e suspiro. Apesar de eu ter deixado claro que não deveriamos mais nos envolver, mas ela insiste em continuar me procurando e isto está começando a encher a minha paciência.

Por isso, decido ignorar. Se eu der atenção, com certeza será mais difícil tirá-la do meu pé, e convenhamos que já tenho problemas demais relacionados à uma única mulher.

Termino de devorar a comida e descanso por alguns minutos antes de levantar e ir para o banheiro. Tomo uma ducha rápida e visto a roupa que separei, no caso, uma calça escura e uma jaqueta vermelha por cima da camisa social. Ajeito os cabelos, como sempre a contra gosto, e coloco o gorro.

Desço as escadas com a bicicleta que consegui comprar à uma semana atrás com o dinheiro que juntei. Não é tão confortável como um carro ou uma moto, ainda mais usando sapato e calça social, mas atende as minhas necessidades e é isso o que importa.

Ajeito os fones de ouvido e ponho-me a pedalar, rumo a avenida principal. São apenas alguns quarteirões até onde eu trabalho, por isso o percurso é bastante rápido, tanto que mal ouço metade da minha playlist e já estou diante a entrada luminosa do karaokê.

Deixo a bicicleta estacionada na parte de trás do prédio, junto com a dos outros funcionários, entro cumprimentando à todos e vou direto para o vestiário.

Penduro a jaqueta e o gorro dentro do armário e visto o colete preto, logo depois a gravata e então amarro o avental ao redor da cintura. Dou um jeito nos cabelos e estou pronta para mais um dia. Ou melhor, mais uma noite.

Ser garçonete aqui não é difícil. Na realidade, acho que este é o trabalho mais fácil que tive desde que cheguei a Londres, pois tudo o que faço é servir as salas quando pedem petiscos e bebidas, e limpar a bagunça que deixam para trás.

Ainda que eu tenha que sair sempre depois da meia-noite e isso me foda todas as manhãs, graças ao sono que não consigo repor, eles pagam bem e eu tenho duas folgas por semana.

Em outras palavras, não tenho do que reclamar e estou feliz dessa forma. Pelo menos até conseguir realizar o meu sonho.

O– Olá, Emma! – Olivia aparece e me cumprimenta – Pegamos o mesmo turno de novo?

E– Ah, e aí Oli! Pois é, juntas de novo.

O– Chegou agora?

E– Sim. – sorrio, fechando o armário – A noite está corrida hoje?

O– Um pouco. Por enquanto está ok. Mas a Agatha disse que há uma reserva para a sala principal mais tarde.

E– Huh, entendi. Pelo jeito, bastante gente.

O– Nada que se compare a um final de semana, pode ter certeza.

E– Quem aguenta um final de semana, aguenta tudo.

Saímos do vestiário e vamos para nossas funções.

Depois de limpar o chão, organizar os equipamentos nas salas e entre outros afazeres, vou para a cozinha ajudar a lavar os pratos e logo Agatha, a gerente, avisa que o pessoal da sala principal chegou e deixa Olivia e eu encarregadas de servi-los durante o tempo em que estiverem aqui.

O– Vai preparando as pernas. – minha colega murmura, fazendo-me rir.

E– Estou preparada.

O– Vou servir as comidas e você as bebidas, pode ser?

E– Por mim, tudo bem.

Ficamos a postos e o interfone da sala principal não demora a tocar. O garoto responsável anota os pedidos e nos entrega. Olivia vai para a cozinha e eu vou atrás das bebidas. Preparo os drinks, pego as garrafas de cerveja, ajeito tudo na bandeja e me direciono ao corredor, direto para a maior sala do andar.

 

 


Notas Finais


São duas orgulhosas 🤭


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