História Teenage Dream - You Know Too Much About Me

Point Of View: Zayn Malik

— Zayn! – Vitória me chamava no sonho. – Zayn, seu idiota, acorda! – E segundos depois um travesseiro veio na minha cara. Levantei e joguei o meu nela também.

Depois de ter se recuperado do impacto ela suspirou, retirou o cabelo dos olhos e me fuzilou.

— Deveria deixar você dormindo pra você perder a entrevista. – Jogou de volta.

— Desculpe. – Deitei de novo colocando o braço sobre os meus olhos. – Por quanto tempo eu dormi?

— Meia hora.

— Droga. – Me virei sentindo o sono ainda presente.

— Zayn, levanta, por favor? – A voz de Vitória aparentava tanta sonolência quanto a minha. – Você tem dez minutos pra se arrumar.

— Não me lembra disso. – Me virei ficando de bruços e cobrindo minha cabeça com o travesseiro.

Escutei passos e depois senti Vic deitando ao meu lado. Ela retirou o travesseiro e ficou mexendo no meu cabelo.

E ainda quer que eu levante.

— Eu sei que você ‘tá cansado, Z. Você mal dormiu meia hora hoje, eu vi. Mas você precisa levantar, se arrumar e ir pra bendita entrevista, amor. – Ela me chamou de amor?

Levantei a cabeça e a encarei com um sorriso.

— Você me chamou de quê?

— Zayn, não amola. – Ela revirou os olhos, rindo, e deu uma tapa no meu braço - como sempre - enquanto se levantava.

A puxei deitando-a e fiquei por cima dela, apoiando um braço em cada lado da sua cabeça.

— Eu gosto de te provocar, sinta-se feliz, porque é um mal que aprendi com você. – Sorri de lado.

— Desaprenda. – Tentou me empurrar sem sucesso.

— Por quê? – Dei um selinho nela.

— Vai se distraindo e esquece que tem compromisso.

— Droga. – Bufei abaixando a cabeça. – Ok, eu vou me arrumar. – Me apoiei para levantar e estendi a mão para que ela fizesse o mesmo.

— Vá rápido. Obrigada, de nada.

— Você vai com a gente? – Perguntei da porta do banheiro.

— Mas é claro. – Ela sorriu. – Que não. Simon me obrigou a vir para assistir aos shows e ver como funciona, e não a seguir vocês para todos os lugares, como entrevistas e premiações e...

— Ok. – Estendi a mão alertando-a a parar e ela riu. – Já entendi.

Fechei a porta do banheiro e me encarei no espelho.

— Quando você vai voltar pro seu quarto do hotel com o Liam mesmo? – Soltei uma risada baixa.

— Nunca.

— Ah, claro, como não imaginei isso? – O sarcasmo dela veio cedo hoje.

O que eu queria mesmo fazer era dormir o dia inteiro. Não dá pra arrumar um adjetivo descente que explique meu cansaço. Teve as mais de sete horas do 1DDAY ontem, e aí hoje cedo já fomos a uma rádio, depois que cheguei ao hotel dormi por um segundo e já era hora de levantar para ir para outra entrevista.

Quer saber? Posso levar isso por anos, mas nunca vou me acostumar.

Apesar do meu desejo de voltar a dormir e não precisar olhar pra cara de mais ninguém pelo resto do dia... É sempre bom rever a Ellen. Vir para cá e não ir ao seu programa é quase um crime, literalmente falando. Seu senso de humor é magnífico, e as comparações com o Niall são melhores ainda.

Assim que terminamos com ela voltamos para o hotel, e aí vocês pensam “agora você foi dormir”. Não. Agora tive que passar por um processo de lentidão máster para me arrumar pro AMA.

As cinco horas nós passávamos pelo tapete vermelho, prontos para esperar a hora das premiações, da nossa performance, e claro, torcer para ganharmos. Cantamos Story of My Life, ganhamos nas categorias grupo pop/rock do ano e álbum pop/rock do ano com o “Take Me Home”, e finalmente pudemos voltar para o hotel, e dessa vez eu vou poder dormir como uma pessoa normal.

Ou pelo menos, que chegue perto de parecer uma.

— Você vai pro quarto dela? – Liam perguntou ao me ver pegando uma roupa na mala.

Apenas assenti.

— Vai continuar nessa de me responder monossilabicamente ou então usar gestos, por quanto tempo? Já faz meses. Lucas, ela e você são os únicos que ainda não voltaram a falar comigo normalmente.

Talvez porque nós temos vergonha na cara.

— O que você queria, Liam? – Fechei a mala e levantei o encarando. – Que a gente te abraçasse e te comprasse flores depois do que você fez? Seja menos patético.

— Sério, Zayn? – Sentou na ponta da cama e cruzou os braços. – Você acha que eu sabia o que estava fazendo? Que eu bati nela de propósito?

— Liam, você não é uma criança, você fez suas escolhas. – Apontei pra ele. – Ela tentou avisar a você, todos tentamos, mas ela foi a que mais se empenhou em mostrar a burrada que você estava fazendo. Não venha querer dar um de injustiçado agora, não combina com você.

— Eu sei, ok? – Abaixou a cabeça passando a mão no pescoço. – Mas eu me arrependi. O que um ser humano precisa fazer pra ser perdoado? Se jogar de um farol? – Por que um farol?

— Ela não acharia uma má ideia. – Sorri em brincadeira.

— Nem vem, Zayn. – Ele riu.

— Se esforça mais um pouco. – Coloquei a mão na maçaneta, abrindo a porta. – Ela vai desculpar você.

— E quanto a você?

Parei no batente segurando a porta.

— Somos irmãos, Liam. – Pronunciei sem me virar para olha-lo. – Irmãos brigam e voltam a se falar sem nem perceber. – Fechei a porta e voltei para o quarto da Vic.

A encontrei toda enrolada com fones de ouvido e olhos fechados. Ou estava dormindo, ou a música estava bem apreciável.

Me aproximei retirando um lado do fone e ela abriu os olhos.

— Ah, bem-vindo de volta. – Sorriu pegando de mim. – Mas se você mexer no meu fone de ouvido mais uma vez eu corto sua mão. – O colocou.

— Posso saber o que você ‘tá escutando pelo menos?

Ela fez gestos pra dizer que não estava ouvindo. Revirei os olhos e tirei o fone de novo.

— Ei! Você não tem medo de perder a mão? Como vai fazer seus trabalhos sujos sem ela? – A encarei sério.

— Vou fingir que não escutei isso.

Ela riu e retirou o outro fone.

— Então, o que você estava escutando?

— Half a Heart. – Arregalei os olhos.

— What the hell...

— Faça amizade com todos do ambiente de trabalho dos seus ídolos e você consegue coisas maravilhosas. – Me interrompeu rindo. – Como eu consegui o The Ultimate Edition inteiro com o Mike.

Permaneci a encarando incrédulo.

— Claro, tive que prometer mil e uma coisas, mais a promessa de não deixar meu iPod com ninguém, muito menos contar a alguém que ele me deu isso, ou que eu tenho isso.

— Já é possível matar o Michael. – Bufei. – Se não podia contar a ninguém, por que me contou?

— Porque você não vai dizer nada a ninguém, entendeu? – Basicamente me ameaçou.

— É, né, não tem mais nada pra fazer mesmo. – Sentei ao seu lado.

— Você interrompeu o seu próprio solo, que coisa feia. – Fingiu estar indignada.

— Grande coisa. – Ela riu de novo.

— A voz do Liam deu uma evoluída. Está... Linda. – Abaixou a cabeça.

— E a minha?

— Zayn, cala a boca. – Levantou a cabeça rindo. – Não é a toa que você faz a maioria das segundas vozes. Você alcançou uma B9, cara, não tenho que estar falando da sua voz. Tem milhares de pessoas no mundo fazendo isso todos os dias. E observe que eu disse pessoas, não directioners.

— É, eu sei, mas, eu gosto quando é você que fala.

— Bem idiota. – Ela sorriu revirando os olhos.

A puxei fazendo-a deitar sobre meu peito, encostei meu queixo na sua cabeça e fiquei alisando seu cabelo. Ela ama quando faço isso.

— Zayn. – Sussurrou mexendo nos botões do meu blazer.

— Hm?

— Você acha que eu deveria falar com o Liam? – Eu devo ajudar o Liam?

— Hm, deveria parar de evita-lo pelo menos.

— O que ele anda fazendo? Ele não aparece mais lá em casa, ou quando nós estamos todos juntos.

— Você o evitou por dois meses, ele falava com você e você não respondia, saía de perto. Então ele desistiu, Vi. Pelo menos acho que foi assim.

— E aí ele fica um mês “desaparecido”? – Levantou a cabeça pra me olhar.

— Você continuaria atrás de alguém que não quer saber de você?

— Sim. – Balançou a cabeça assentindo. – Sou masoquista, não sabia, não? – Fiz uma careta e ela sorriu. – Para de acreditar em tudo que eu falo. Eu permaneceria atrás sim. Se eu tivesse errado e quisesse me redimir, eu iria até plutão se fosse preciso. Eu não desisto fácil das pessoas, elas que desistem de mim. – Deitou de novo.

Lembrei do que Liam falou a pouco tempo, sobre pular de um farol.

— Liam não desistiu de você, ele se jogaria de um farol por você.

— Como é? – Me encarou rindo.

— Quando chegamos do AMA ele conversou comigo, e comentou sobre “precisar se jogar de um farol pra ser perdoado”.

— Até que não é uma má ideia...

— Viu. – Apontei pra ela. – Foi isso que eu disse a ele. Sabia que você ia pensar isso.

— Sabe demais sobre mim, Malik, pode ir parando.

— São meses de convivência, a gente vai aprendendo. – Dei de ombros.

— Claro. – Sorriu irônica. – Então... Devo ir lá falar com o Liam?

— Você quer fazer isso? – Ela esperou um pouco e assentiu. – Então vai, o que você ‘tá esperando?

Ela assentiu mais uma vez e toda atrapalhada, saiu da cama. Quando chegou à frente da porta virou pra mim.

— Aproveite e troque de roupa, homens de roupa social são extremamente sexys e não dá pra resistir. – Mordeu o lábio inferior.

 ‘Tá perdendo a noção do perigo.