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História Teenage Dream - Some Things Are Meant To Be


Escrita por: Mones e MarcelaHoran

Notas do Autor


Oieee! Finalmente chegamos ao ultimo capitulo!
E os anjos dão amem e.e
Sei que o fim nem sempre é tão bom, mas nada é para sempre, certo? Certo?
Então aproveitem esse capitulo pq amanhã postaremos o epilogo :D

Feliz Véspera de Natal o/
Xx Tori & Mars

Capítulo 89 - Some Things Are Meant To Be


Fanfic / Fanfiction Teenage Dream - Some Things Are Meant To Be

Point Of View: Vitória Vasconcelos

— Home, sweet home. - Murmurei, jogando minhas malas em qualquer lugar da sala.

— Você esqueceu seu celular... - Marcela apareceu, mas estancou no lugar assim que me viu. - Mm, oi.

— Oi. Quem esqueceu o celular? - Tirei o óculos do rosto e o pendurei na minha camiseta.

— Sharon. Ela e o Joseph lembraram que não poderão viver para sempre da grana dos pais, e voltaram pra faculdade. Transferiram pra uma aqui em Londres, ao qual esqueci o nome no momento. - Deu de ombros, jogando o celular na mesinha em que o telefone fixo se encontrava.

— Mm, entendi. - Murmurei outra vez, desconfortável. - Ok, vou tomar um banho agora e depois vou dormir um pouco. - Suspirei, subindo as escadas.

— Me avisaram que você chegaria dois dias atrás, algo assim. - Parei de súbito, a escutando ainda de costas. - Não lembro porque minha memória não anda lá essas coisas... Enfim, não tinha como adivinhar, então não tem nada pronto pra você comer aí. — Virei-me para olhá-la, mas não recebi o mesmo gesto em troca.

— Resolvi passar em um lugar antes. - Deixei algumas memórias invadirem minha mente.

— Não me importa o que você fez, não te perguntei nada. - Aquilo partiu meu coração provavelmente  em um milhão de pedaços. E se a ideia era aquela, o plano fora efetuado com êxito. - Se sentir fome apenas peça uma pizza, ok? Eu tenho mais o que fazer. - Pegou suas chaves e caminhou até a porta, sem nem ao menos olhar para trás.

— Fui visitar o túmulo do Lucas! - Falei, esperando que aquilo a fizesse me olhar. Mas ela apenas parou, balançou a cabeça negativamente e se foi.

Não poderia reclamar, eu merecia cada gota de raiva dela.

Evitei continuar pensando nisso e seguir para o meu quarto. Não estava a fim de me preocupar com mais um drama naquele momento, só queria descansar e me manter preparada psicologicamente para enfrentar o meu drama.

— Você chegou! - Roberta apareceu na porta do meu quarto, acompanhada da Manu.

Ok, talvez minha ideia de descansar não fosse dar muito certo, mas pelo menos elas eram boas em distrair.

— Parece que sim. - Sorri, sentando-me na cama.

— Gente, ela sorri. - Manu levou a mão à boca, causando uma crise de risos nas duas.

— Você é uma comédia. - Revirei os olhos, debochando, mas ri mesmo assim.

— Ok, ok! Me conta! - Roberta se jogou ao meu lado. - Como é Vancouver? Soube que é conhecida como “Hollywood do Norte” por ocupar o terceiro lugar como maior centro de produção cinematográfica da América do Norte. Você encontrou algum artista pelas ruas? Ator cantor… Sei lá. Deve ter encontrado, não é? Não pode ser que não.

Pisquei várias vezes, tentando assimilar tudo. Que enxurrada de perguntas era aquela? E Manu parecia tão perdida quanto eu, apesar de tais informações envolverem sua carreira.

— De onde você tira essas coisas? - Fiz careta, levando a mão à bochecha. Cada dia esses seres impressionavam-me mais.

— Supernatural é gravado lá e o episódio piloto de The Vampire Diaries também foi. - Certo, agora tudo aquilo fazia mais sentido. Roberta era viciada em Supernatural tanto quanto eu sou em The Vampire Diaries. Tinha certeza que o interesse dela era que eu tivesse visto o Jared ou o Jensen por lá, até mesmo os dois. - Só perguntei porque vai que, né, hm, você encontrou os gatos do Jensen e Jared nas ruas… - Não falei?

— Sinto te decepcionar, Robb, mas não. - Ri do bico que ela fez com minha resposta. - Eu no máximo encontrei a Avril Lavigne há uns sete ou seis anos atrás, mas essa semana eu mal saí de casa.

— Se isso era para fazer com que eu me sentisse melhor, não funcionou. - Roberta enfiou um travesseiro na cara e assim permaneceu.

— Quanto drama. - Manu revirou os olhos. - Parece uma criança. - Muito maduro vindo e alguém que estava girando sem parar na minha cadeira giratória.

— Certo, garotas, não comecem. - Arqueei uma sobrancelha e Manu deu de ombros em resposta. - Robb, apesar da sua recente decepção comigo, te trouxe um presente que talvez compense.  - Mordi o interior da minha bochecha, vendo-a retirar o travesseiro do rosto.

— Conte-me mais sobre isso.

— Não surte, é um filtro dos sonhos gigante…

— CARA, EU TE AMO, EU TE AMO, EU TE AMO. - Essa era a Freitas, me abraçando até eu não ter mais fôlego. É, ela amava filtros dos sonhos. Deu pra sacar, né? - Onde ‘tá? Onde ‘tá?

— Falei para não surtar, minha filha. - A tirei de cima de mim e ela ficou pulando em minha frente. - Na minha mala, não sei ao certo qual. Está na sala. - Roberta assentiu, se acalmando mais. - Você pode procurar. Comprei algumas roupas novas também, pegue umas se quiser.

— Já falei que te amo?! - Perguntou, mas saiu correndo antes que eu ao menos desse uma resposta.

— Acho que sim. - Franzi o cenho, encarando o corredor vazio logo após a porta do meu quarto. - Andou dando café a ela?

— Digamos que estávamos no Starbucks há alguns minutos atrás…

— Se ela destruir a casa com toda essa “alegria”, - Fiz aspas com as mãos. - Você conserta.

— Você parece a Isadora falando. - Fez uma cara de reprovação.

— Por falar nela, cadê?

— Saiu com o Joseph e a Sharon. Foram resolver umas coisas da faculdade dos dois, que por acaso decidiram voltar a estudar…

— ‘Tô sabendo. - Lembrei que Marcela havia comentado sobre isso. Acabei lembrando também do modo que frio que ela me tratou…

— Falaram que iam ao cinema depois. Devem chegar já, já.

— Marcela…? - Arrisquei perguntar.

— Ela tinha um encontro com o Niall, deve estar com ele. - Arqueei a sobrancelha de novo, surpresa. - Pois é. Eles voltaram. Ou estão voltando… Algo assim.

— Que evolução. - Aplaudi, mas rapidamente percebi que tinha uma coisa errada nessa história. - Espera. Como assim Niall? Eles iam chegar hoje, mas imaginei que fosse próximo ao anoitecer.

— Niall e Harry chegaram um dia depois do fim da turnê e o resto chegou ontem.

— Ah… - Aquele “ah” na verdade significava mais um “droga, ele já está aqui. Não estou preparada”. E a reticência no ar vinha do “o que diabos você está fazendo?”, porque a Manu digitava algo freneticamente no celular.

— O que você está fazendo?

— Só mandando uma mensagem de texto, tinha esquecido de dar um aviso, nada demais. - Guardou o celular no bolso, e sorrio amarelo para mim.

— Ok…

— Então, só a Roberta ganha presente ou o quê? - Fuzilou-me de forma cômica, e eu não pude não rir.

— Te trouxe uma coisinha da Victoria’s Secret que você vai amar. - Pisquei para ela, que arregalou os olhos. - Vamos buscar.

— Eu definitivamente te amo! - Manu saiu pulando alguns metros à frente. A segui, achando toda aquela reação delas divertida.

Encontrei uma sala toda revirada, com objetos, roupas, calçados e acessórios por toda parte.

— ROBERTA! - Gritei, indignada. Ela, que dançava com um vestido azul royal, me olhou assustada. - Você vai arrumar toda essa bagunça depois. - Avistei um conjunto de lingerie específico e joguei para Manu.

A porta se escancarou naquele instante, e três babuínos a atravessaram.

— GORDINHA! - Joseph abraçou-me, tirando-me do chão.

— Para de me chamar assim! Que coisa chata! - Bati no ombro dele, enquanto me recuperava do acesso de risadas.

havia pegado a mania de me chamar assim com pura ironia porque eu mal estava comendo, e estava emagrecendo cada vez mais, óbvio.

— Também senti sua falta, gordinha. - Joe riu sarcástico, fazendo-me revirar os olhos.

— Oi. - Senti alguém me cutucar, e encontrei muitos cachos ao me virar. - Ganho abraço também? - Isadora conseguia ser muito carente quando queria.

— Desculpa. - Murmurei ao abraçá-la. Eu me desculpava por ter sido uma babaca e um grande pé no saco durante tanto tempo, e ela sabia disso. Dori me abraçou mais forte em resposta. Era sua própria maneira de dizer “eu te perdôo”, já que nunca realmente aprendeu como pronunciar tais palavras.

— Eu quero presente, eu quero presente. - Cher pulava com Roberta.

— Bando de interesseiras. - Cruzeis os braços. - Achei aquele coturno marrom que você queria, está por aí em algum lugar.

— Acho que te devo desculpas também. - Joseph se pôs novamente a minha frente, coçando a nuca, desconfortável.

— Do que você ‘tá falando, gordinho? - Cutuquei sua barriga, tentando acabar com aquele clima estranho.

— Tori… Eu juro, não estava tentando roubar o lugar do Lucas. - Seu tom de voz diminuía a cada palavra, e eu senti um aperto incômodo. - Eu só queria te ajudar e…

— Shh… - O abracei, encostando minha cabeça em seu ombro. - Não, Jommo, você não estava fazendo isso, eu sei. Eu também nunca pensei uma coisa dessas. - Afastei meu rosto para olhá-lo. - De onde você tirou essa ideia?

— Isadora… Ela, hm, não sei. Enquanto conversávamos chegamos a conclusão de que poderia estar pensando isso.

— Joseph, pelo amor de Deus. Eu posso ser uma desmiolada, uma péssima amiga, uma ignorante sem escrúpulos…

— Para de se xingar, garota! - Ele riu, e eu me permiti uma risada nasalada.

— Mas eu nunca  pensaria algo assim de você, Joe. Lucas era meu melhor amigo? Você também é! - Suspirei. - Você não é melhor ou pior que ele. Eu sei, nós tínhamos toda uma história. Uma grande e complicada história, mas e daí? Eu o amei com todas as minhas forças e ainda amo, só que eu também amo você. Só que você também é uma das pessoas mais importantes em minha vida. Só que você também me resgatou do fundo do poço como ele fez, e nunca me abandonou.

Joseph estava com as bochechas rosadas, essa era a primeira vez que eu o via corar por algo.

— Eu senti você se diminuir em cada palavra que você pronunciou. Não faça mais isso, esse não é você.- Segurei seu rosto entre minhas mãos, fazendo-o encarar-me já que ele insistia em abaixar o olhar. - Você não é inferior a ninguém, ok? - Ele assentiu levemente. - Eu amo muito você, gordinho. - Beijei sua bochecha e o abracei, vendo as garotas se divertirem com minhas coisas, alheias a nós

Com exceção de uma…

— Tori? - Isadora fixou o olhar no meu pescoço, e eu estranhei. - Onde você conseguiu isso? - Olhei para baixo e avistei o colar do Lucas pelo avesso, então arrumei e esbocei um sorriso fraco.

— Era do Luck. - apertei o objeto contra o meu colo.

Isadora largou qualquer coisa que tinha em mãos e correu até mim, tirando minha mão do colar e o girando. Seu rosto entrou num estado de choque que me apavorou.

— Dori? - A chamei, mas ela nem se que piscou.

— Isadora? - Joe a segurou pelos ombros. - Isadora, amor, o que foi?

— Não, isso não é possível. - Ela sussurrou, levando a mão à boca. - Quer dizer, não pode ser ele.

— Isadora, você está me assustando. O que foi?! - Senti-me cada vez mais nervosa com todo esse suspense.

— E-esse colar… - Apontou para o objeto, balançando a cabeça em negação. - Não, não…

— O quê? O que tem esse colar, Isadora? RESPONDE! - Deixei a adrenalina tomar conta do meu corpo, me alterando. Que tipo de brincadeira era aquela?

— EU DEI AO LUCAS! - Gritou, deixando seus olhos encherem de lágrimas. O chão fugiu dos meus pés naquele momento. Tinha algo errado ali! Eles se conheceram no ensino médio, era impossível ela ter dado a ele.

— Não. - Ri pelo nariz, com sarcasmo. - Lucas ganhou isso quando era criança, de uma garota chamada…

— Chamada Isadora? - Dori encarou-me, séria. - Eu tinha a droga de um colar do yin-yang quando era pequena, ganhei do meu pai de presente de aniversário. Ele tinha gravado minhas inciais nele. - Mostrou as inciais I.P. que já havia notado antes. - Isadora Piemontez, isso. Meu pai me deu isso de presente porque dias antes eu tinha brigado com uma garota do colégio, funciona como um lembrete. Você sabe o que esse símbolo significa, certo?

— Representação de opostos, uma espécie de dualidade. - Revirei os olhos por lembrar que o amigo do meu pai, o Marcos, vivia falando sobre esse símbolo pra mim e pro Dylan nos nossos treinamentos. - Yin e yang em chinês significa esquerdo e direito. É usado pra representar que tudo tem dois lados: o bem e o mal, o feminino e o masculino, a luz e a escuridão... - Saí contando nos dedos, enquanto ela me incentivava a continuar com o olhar. - Mas o yin-yang também serve para mostrar que sempre existe um pouco de mal no bem, e um pouco de bem no mal, são coisas que se completam. Da pra observar isso no ponto preto que está do lado branco e no ponto branco que está do lado preto.

— Isso. - Dori passou a mão no rosto, secando as lágrimas que ficaram presas ali. Joseph, que a abraçava por trás, depositou um beijo em sua cabeça. - Meu pai falou que evitar o conflito entre o bem e o mal era impossível, mas que escolhermos de que lado se manter, não. - respirou fundo, provavelmente tentando se acalmar. - Desde esse dia, por muitas outras razões, esse colar se tornou muito importante pra mim, e eu o dei a um garoto que conheci numa viagem à Disney…

Lucas tinha me falado algo sobre ter ganhado esse colar durante uma viagem...

Droga.

— O nome desse garoto era Lucas, Vitória.

— Minha cabeça vai explodir!

— Você acha que a minha não?! - Indagou, atordoada. - Conhecia o Lucas desde criança e nem sabia. Eu gostei dele naquela época! Dei esse colar para que ele não me esquecesse, e agora descubro que namorei ele anos depois sem saber! - Roberta assoviou atrás de nós, e então a olhamos.

— Vocês não gostam mesmo de uma vida monótona, né? - Perguntou, retoricamente. - Parece que a confusão persegue vocês.

A porta se abriu de repente, mas eu não me virei para ver quem era, e alguns segundos depois notei que fora uma péssima escolha.

— Hey, Manu, recebi sua mensagem e... - Aquela voz... Não tinha como não me virar instantaneamente e notar estáticos olhos castanhos sobre mim.

Eu tinha esperado para escutar aquela voz pessoalmente há dias. Imaginei várias vezes como seria quando nos víssemos depois que eu falei... Aquelas três palavras. Nenhuma situação pareceu tão perfeita na minha cabeça quanto senti-lo tão próximo a mim outra vez.

Esse era, definitivamente, o melhor abraço que eu havia recebido naquele dia.

— Meu Deus, como senti a sua falta. - Eu sabia que ele não se referia apenas a mim fisicamente, e sim a verdadeira eu.

— Eu pensei muitas vezes em pegar um avião e ir até você, mas eu não estava preparada para tudo... isso.

— Tudo bem, você está aqui agora. - Apertou-me mais, como se quisesse, de uma forma clichê, nos fundir em um só. Sinceramente? Eu não reclamaria.

— Que decepcionante. Eu esperava um beijo digno de cinema  para o reencontro de vocês.

— Cala a boca, Roberta. - Zayn a fuzilou e ela devolveu dando língua.

— Ela tem razão. - Dori arqueou a sobrancelha, parecendo esquecer por agora sobre o que discutíamos há alguns minutos.

Qual é? Complô na minha volta?

— Vamos sair daqui? - Perguntei meio desesperada e ele assentiu. - VAMOS SAIR! Não nos esperem para o jantar. - Avisei já pegando as minhas chaves.

— Isso, vão tirar o atraso bem longe de nós. - Roberta deveria receber um esparadrapo na boca de vez em quando.

— E USEM CAMISINHA! - Talvez Isadora também devesse.

— Elas sabem me fazer passar vergonha quando querem. - Murmurei, mas Zayn pareceu ter escutado pois riu em seguida.

— Com vergonha de mim, Vasconcelos? - Passou os braços pelos meus ombros e eu depositei o meu em sua cintura. - Isso é novidade.

— Não se gabe tanto, Malik. Foi só um comentário.

— Tenho que aproveitar que você está de bom humor... gordinha.

— Ai, eu vou matar o Joseph! - Bati no Zayn.

— Eu não sou o Joseph, fofa. Me bateu por quê?

— Por você mereceu... - Minha voz foi morrendo ao pararmos em frente ao tão amado Porsche prata. - Onde vamos?

— Brighton. Acho que tanto eu quanto você precisamos de um solzinho. - Abriu a porta do carona e eu o olhei, curiosa. Eu sabia que o sol da Grã-Bretanha não ajudaria muito no que o Malik "supostamente" planejava, mas entrei no carro mesmo assim.

Não demorei muito para ligar o rádio. Evitar um provável e estranho silêncio me parecia uma boa ideia. Zayn não se opôs, ele até aumentou o som. Nós seguimos pelo menos noventa por cento da viagem em silêncio, não parecíamos mais os mesmos de antes.

Nada estava igual.

— Eu odeio essa música. - E eis que o motivo para se quebrar o chato silêncio apareceu. Estava tocando Show Me Love na rádio e ele não pensou duas vezes em desligar, deixando uma expressão amargurada no rosto.

— Não me traz boas lembranças também. - Soltei uma risada tão triste quanto, brincando com meus próprios dedos. Qualquer coisa parecia ser mais sensata do que olhá-lo.

— Eu já não era um grande fã dos caras, depois de tudo o que aconteceu... - Suspirou, dando um sorriso enviesado. - Você sabe.

— Sei.

Eu não fazia ideia de como sobreviveríamos a hoje, se nem conseguíamos manter uma conversa por mais de um minuto sem cair num incômodo e monótono silêncio. E parecia que aquilo não apenas me afetava, mas também afetava ao Zayn.

— Isso não pode continuar assim. - Zayn virou a esquerda e eu pude ver a praia de Brighton mais a frente. - Você me olha como se eu fosse um estranho, exatamente como diz na droga daquela música. E eu olho pra você e é como se eu visse através de você, como se você tivesse ido embora para sempre e nunca mais fosse voltar, como se você fosse só uma alucinação. O que está acontecendo com nós?! - Estacionou perto de uma calçada e eu retirei o cinto, saindo rápido do carro. Eu sabia que algo daquele tipo aconteceria.

— Eu não sei! - Respondi quando ele saiu, batendo a porta do carro. - Eu não quero isso, Zayn. Eu não quero brigar com você. - Fitei meus próprios pés, ainda sem querer encará-lo.

— Eu sei porque você terminou comigo. - Disse firme, sem exitações. - Eu sei o que causou essas marcas. - Pôs a mão em meu ombro e eu segui com o olhar até lá.

— Perdão? - Franzi a testa, finalmente o encarando. Não tinha como ele saber. Ele não podia saber.

— Quando você ainda estava no Canadá o seu irmão me mandou um áudio conversando com você. - Se afastou, encostando no carro com os braços cruzados. Naquele momento observei a roupa que ele usava pela primeira vez no dia; camisa branca de manga comprida, dobrada até o cotovelo; calça jeans larga azul com rasgos por ela, acompanhados por coturnos marrons. Lindo.

Ficaria admirando essa visão o dia inteiro se não estivesse numa situação importante.

— Se torna difícil confiar nas pessoas justamente por isso. - Voltei a realidade. - Ele me enganou direitinho, e direito era algo que ele não tinha para fazer uma coisa dessas.

— Por quanto tempo você pretendia esconder isso de mim?

— O quanto desse. - Mantive uma postura reta, não iria me deixar abater por isso. Essa foi uma decisão que eu fiz, não deixaria ninguém me julgar.

— Vitória elas te agrediram! Como você acha certo manter isso em segredo?

— Eram crianças, Zayn. Elas não sabiam o que estavam fazendo. - Rebati, recebendo uma risada sarcástica de volta.

— É por causa de gente que pensa assim que o mundo está esse caos.

— Por favor, não vamos por esse assunto. É... embaraçoso demais.

— Você ao menos tem entrado na internet? Visto o que anda acontecendo?

— Não. - Balancei a cabeça em negação. Onde ele queria chegar com isso? - Tenho evitado desde... Bem, você sabe.

— Vazaram fotos de algumas garotas te batendo, Vitória. O fandom da One Direction está muito irritado, a maioria defendendo você. - O quê? - O Twitter virou uma bagunça desde que eu postei uma frase depois de seu irmão me enviar aquele áudio.

Machucaram e tiraram de mim a pessoa que eu mais amei.

— Me defendendo? - Sussurrei. Aquilo parecia meio surreal diante de tudo que elas falavam de mim antes.

— Olha, eu não sei o que deu na sua cabeça pra esconder isso. Sinceramente eu não sei. - Esfregou o cabelo, deixando-o de uma forma despojada. Sexy, eu posso dizer. - Mas não vai ficar assim. Você pode ter escolhido deixar pra lá, mas eu não. Eu denunciei a polícia. - Levantou mais a cabeça a proporção em que minha boca se abria pronta para expelir uma reclamação. - E não tem nada que você me diga que me faça mudar de ideia.

— Que assim seja. - Virei-me, indo em direção a praia. Quem sabe chutar pedras não me acalmaria? Continuar discutindo não ia adiantar.

— Ei. - Zayn abraçou-me por trás e eu senti velhas lembranças me inundarem gradativamente. - Eu não queria passar por cima da sua vontade. Mas é que eu também não podia deixar isso por isso mesmo. - Deslizou a mão pelo meu braço até alcançar a minha e entrelaçar nossos dedos, depositando um beijo em meu ombro em seguida. Como ficar irritada assim?

— Tudo bem. - Virei-me de frente pra ele, me afastando um pouco, porém segurando sua mão. - Acho que temos um assunto pendente. - Zayn arqueou a sobrancelha, confuso. - As três palavras.

— Ahh, certo. - Deu uma risada badalada. - Você fica fofa com vergonha.

— Há, há, há. - Revirei os olhos, largando ele.

Joking. - Levantou as mãos em rendição.

Well... Antes de falar o que eu decidi sobre isso, eu preciso contar algo que eu fiz.

— Ok... Isso soa meio assustador. - Pôs as mãos nos bolsos. - O que você aprontou?

— Eu... hm... então... - Cocei a testa. - Podemos ir andando?

— Podemos, Vitória. Agora fala.

EufuiaoBrasilvisitaroLucas.

— Ahn?! - Respirei fundo, tentando criar coragem.

— Eu fui ao Brasil visitar o túmulo do Lucas.

— Você o quê?!

— Eu sei, 'tá? É estranho depois de todo meu esforço pra superar. - Esfreguei meu rosto. - Mas eu precisava disso.

— O que exatamente você foi fazer lá?

— Conversar? Dar um adeus digno? Eu não sei. Precisava conversar com alguém que me entendesse, apesar de saber que isso seria um monólogo. - Tentei não sentir um aperto ao falar isso, mas não deu certo.

— Você... - Zayn me olhou com a testa franzida. - Você foi pedir conselho ao túmulo do Lucas sobre voltar comigo ou não?

— Você falando assim parece que eu sou uma maluca.

Duuuh. - Acompanhei Zayn numa gargalhada. Aquilo realmente soava maluco. - E a que decisão você chegou?

O segurei pelo braço, fazendo-o parar de andar.

— Zayn, eu queria muito voltar, mas…

— Eu não tô gostando desse “mas”.

— Nós estamos quebrados, Z. Não somos mais os mesmos, nada está igual. - Esfreguei uma mão na outra, tentando me acalmar. - O que eu quero dizer, é que não dá pra continuar um relacionamento que foi iniciado por pessoas que não existem mais.

— Então essa é sua decisão. - Zayn riu sem graça, fechando os olhos. Estendi minha mão, esperando que ele os reabrisse e as apertasse, e quando ele o fez ficou confuso, me encarando.

— Prazer, Vitória Vasconcelos. Você vem sempre por aqui? - O sorriso que ele formou em seguida era exatamente o que eu sentia falta. Só Deus sabe o quanto.

— Zayn Malik. - Apertou minha mão, entrando na brincadeira. - E não, não venho muito por aqui. Mas se você estiver sempre por esses lados, posso me tornar um visitante frequente.

— Você sempre canta as pessoas que acaba de conhecer assim? - Arqueei uma sobrancelha. Estava divertindo-me com toda essa farsa.

— Só as que eu sinto uma imensurável vontade de beijar. - Piscou pra mim e eu deixei minha boca formar um grande e belíssimo “o”.

— Talvez elas não beijem tão bem assim. - Dei de ombros, fazendo pouco caso.

— Amaria pagar pra ver. - Puxou-me pela cintura, fitando meus lábios exatamente como eu fazia com os dele.

— Seu desejo é uma ordem. - Entrelacei minhas mãos em sua nuca e diminui a distância que existia entre nós, finalmente. Zayn apertou mais minha cintura, aumentando e velocidade do beijo e pedindo passagem com a língua, que fora concedida no mesmo segundo. Como eu sentia falta disso, de beijá-lo, de abraçá-lo, sem a sensação de que poderia afastá-lo com minha grosseria a qualquer momento. Sem a sensação de ter que machucá-lo no segundo seguinte. Acho que durante todo esse tempo meu maior medo fora perdê-lo de vez.

Notei que havia deixado seu cabelo uma bagunça quando nos afastamos, e sorri com aquela visão. Eu não precisava mais ter que afastá-lo, não precisava mais ter medo. Ele estava ali comigo, e assim permaneceria. Zayn encostou sua testa na minha e mordeu o lábio inferior, que estava completamente vermelho, com um sorriso, me dando uma súbita vontade de beijá-lo mais uma vez.

— Você sempre beija as pessoas que acaba de conhecer assim? - Joguei a cabeça pra trás, gargalhando. Aparentemente as pessoas haviam aprendido a usar as coisas que eu digo contra mim.

— Só as que tiver os nomes Zayn ou Malik na mesma certidão. - Retruquei, divertida.

— Será que é normal ter ciúmes dos próprios filhos? - Zayn passava levemente sua bochecha na minha, enquanto depositava beijos naquela área. Eu fiquei momentaneamente estática com aquela pergunta.

— Quem disse que eu vou ter seus filhos? - Perguntei e ele voltou a deixar o rosto perigosamente perto do meu, com um sorriso presunçoso de canto. Zayn mordeu meu lábio inferior, puxando-o lentamente antes de sussurrar cinco palavras as quais ele sempre teve razão:

Somethings are meant to be¹.


Notas Finais


¹Algumas coisas são destinadas a ser.


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