May 11th, 2013, London, United Kingdom.
Point Of View Marcela Moura
Já faz uma semana que eu vim pra casa do Harry, o tempo passou absurdamente rápido. Planejamos como seria a sala de música dele e fomos às compras. Decidimos montar no porão, já que estava inutilizado, tinha um bom espaço e abafava um pouco o som, o material vai chegar hoje à tarde. Ele também marcou um médico pra mim, que no caso é daqui a meia hora, eu ‘tô meio tensa, mas quanto mais cedo isso começar, mais cedo termina.
— Tá pronta? – Harry apareceu na porta do meu quarto enquanto eu colocava meus documentos na bolsa.
— Se eu disser que não, adianta de alguma coisa? – Perguntei pegando meu celular em cima da cômoda.
— Não. – Respondeu sutilmente.
— Então vamos... – Me virei lentamente pra ele e ri de leve. – Pode ir tirando esse treco da sua cabeça, ele não trás boas informações para as pessoas ao redor de mundo. – Falei me referindo à touca.
— Não. Meu cabelo tá parecendo um ninho de pássaros, Marcela. – Disse sorrindo e arrumando a touca.
— Sinto informar, mas, seu cabelo vive parecendo um ninho de pássaros. – Ri e caminhei até ele.
— Engraçadinha você, hein.
— Sempre meu amor. – Soltei um beijo.
— Por que você não troca essa disposição cômica, para disposição física que você vai precisar hoje à tarde? – Perguntou enquanto descíamos as escadas.
— Eu sou multifuncional, não se preocupe.
— Você é muito estranha, isso sim. – Abriu a porta de casa e me esperou passar.
— E você não faz o tipo do cavalheiro, essa não cola comigo. – Falei pra ele ainda sorrindo.
— Eu não quero que cole nada. – Disse desativando o alarme do carro.
— Nossa o bom-humor tá reinando em você hoje, viu. – Disse irônica. – Me deixa dirigir? – Fiz bico.
— Desculpe, não dormi direito hoje. – Respondeu. – E não, você ainda não tem carteira.
— A qual é, eu já passei nos testes, e vou pega-la terça. – Fiz uma cara triste.
— Mas hoje é sábado e não terça, então você ainda não pode dirigir, e muito menos meu carro. – Riu da cara que eu fiz. – Se conforma e entra no carro, Mah. – Abriu a porta.
— Maldade.
No caminho fomos conversando um monte de bobagem. Paramos num Starbucks apenas para pegar um Expresso e um Caramelo Macchiato, afinal, não havíamos tomado café. Harry parece bem cansado, e não aparenta não ter dormido só hoje, ele parece não dormir a dias.
— Chegamos. – Avisou estacionando o carro. – Quer que eu entre com você?
— Sim. – Assenti retirando o cinto.
Nós entramos e sentamos na sala de espera, havia dois pacientes na minha frente. Logo meu nome foi chamado e eu entrei na sala do médico com o Harry logo atrás.
— Olá, Marcela, certo? – O Dr. Henry pelo que pude notar no jaleco dele, perguntou olhando o monitor de seu computador.
— Sim. – Respondi e ele apontou para cadeira para que eu me sentasse. Harry ficou em pé atrás de mim.
— Então, conte-me o que você anda sentindo. – Falou cruzando as duas mãos sobre a mesa. Olhei pra Harry e ele assentiu, me encorajando a prosseguir. Suspirei e comecei a contar...
[...]
— Vejo você na Sexta-Feira, Marcela. – Falou entregando os papéis dos exames que eu deveria fazer. – Tenha um bom dia.
— Até sexta, Doutor. – Disse pegando os papéis e me levantando. – Obrigada, tenha um bom dia, também. – Sorri sem mostrar os dentes.
Quando saímos dali me senti aliviada, mas ainda com medo dos resultados que esses exames podem dar. Aspirei pesadamente o ar a fim de relaxar. Até funcionou.
— E ai, doeu? – Harry riu. Ele já havia aberto a porta do carro e estava encostado, pronto para entrar.
— O que vai doer são os resultados desses exames. – Levantei aquelas benditas folhas no ar com desanimo.
— Vai dar tudo negativo, você vai ver.
— Não tenho tanta confiança. – Falei abrindo a porta do carro e entrando. Harry fez o mesmo logo em seguida.
— Mas deveria. – Ligou o carro e deu partida. Agora é voltar pra casa e esperar que os materiais chegassem. Hoje vai ser uma tarde longa.
[...]
— O que você vai querer almoçar? – Harry perguntou jogando as chaves em cima da mesa.
— Nada. – Me joguei no sofá e fechei os olhos.
— Mah. – Me chamou e eu abri um olho. – Não vai começar com isso de novo, vai?
— Eu só tô tem sem fome, Harry. – Suspirei. – Não é o fim do mundo. – Peguei uma almofada.
— Então eu também tô sem fome. – Deu de ombros e caminhou até mim. O repreendi com o olhar. – Não é o fim do mundo. – Repetiu minha frase e deitou a cabeça no meu colo.
— Idiota. – Dei uma tapa na testa dele.
— Ai, sua besta. – Passou a mão na testa e eu comecei a rir.
— Eu tô com sono. – Falei depois de um tempo alisando o cabelo dele.
— Acredite, você não sabe o que é estar com sono. – Ele disse e se aconchegou fechando os olhos logo em seguida, não deu tempo nem de perguntar o que ele quis dizer com isso.
Depois disso eu também fechei os olhos e dormi, despertei com o interfone tocando sem parar, era pra permitir a entrada dos homens que trouxeram os materiais. Atendi-os e os conduzi até o porão, os mandando descarregarem as coisas lá. Uns 5 minutos depois eles terminaram, eu paguei e eles foram embora. Hora de acordar o preguiçoso!
— HARRY SEU FOLGADO, ACORDA, TÁ NA HORA DE TRABALHAR. – Gritei empurrando ele do sofá.
— Au. – Botou a mão na cabeça. – Você ainda vai me quebrar, que maneira carinhosa de acordar alguém. – Falou sarcástico.
— Foi bem carinhoso mesmo, tá. – Sorri. – Vai, hora de começarmos.
— Que horas são? – Perguntou se levantando.
— Segundo o relógio da sua estante... são duas e quarenta e sete. – Respondi. – Agora vamos.
— Af. – Bufou e me seguiu. – Você vai me dever essa pelo resto da vida. – Disse enquanto descíamos as escadas do porão.
— Não reclama, Harry, de qualquer forma eu tô fazendo um favor pra você.
— Muito obrigado por nada. – Deu um sorriso falso. – Isso aqui só tem poeira. – Falou olhando o local.
— O que você queria? Que as aranhas limpassem seu porão todos os dias? – Arqueei a sobrancelha. – Por favor, Harry. Vamos começar limpando isso aqui. – Falei pegando um esfregão, um balde e jogando nele. – Sabe como se usa isso, né Harold?
— Tá me chamando de burro, Marcela? – Ele colocou o balde no chão. – E não me chame de Harold.
— Eu chamo você do que eu quiser. – Falei começando a limpar. – Agora, para de enrolar e limpa.
— Para de enrolar e limpa. – Me imitou com uma voz fina.
— Eu ouvi.
— Af.
Levamos uns cinco minutos limpando aquele lugar, era realmente grande. Espero que pelo menos fique bom e valha a pena.
[...]
— Ah. – Me deitei no chão cansada. – Eu pensei que a gente nunca ia acabar.
— Nem me fale. – Harry deitou do meu lado. – Isso é tudo culpa sua. – Riu.
— Minha? – Semicerrei os olhos. – Você que inventou tudo isso, nem vem.
— Que seja. – Deu de ombros.
— Pelo menos ficou legal. – Falei olhando o lugar, compramos tudo em cor neutra, mas ficou lindo.
— Legal o escambau, eu não tive tanto trabalho pra isso ficar “legal”, tá ótimo, ok? – Harry se fingiu de ofendido.
— Exagerado. – Cantarolei. – Eu quero aprender a tocar piano. – Disse olhando pro mesmo.
— Pede ao Louis, ele te ensina. – Harry sugeriu.
— Boa ideia. – Assenti. – Agora se não se importa... – Levantei batendo a mão na roupa. – Eu vou tomar um banho.
— Eu também vou. – Se levantou também. – Que horas são, hein? – Perguntou de novo.
— Seis e doze. – Respondi olhando a hora no relógio que por acaso se encontrava no pulso dele. Esse cara é meio demente. – Por que você tanto pergunta a hora?
— Ansioso pra voltar a dormir. – Falou calmo enquanto caminhávamos para fora dali.
— Nossa. – Apaguei a luz e começamos a subir as escadas. – Você fala como se não dormisse há séculos. – Ele apenas me olhou e depois desviou. Garoto estranho. – Você sabe que não vai dormir tão cedo, né?
— Por quê? – Perguntou confuso.
— Bruno Mars. Isso te lembra algo?
— Meu Deus, eu já tinha esquecido. – Passou a mão no rosto. – Shit. – Disse baixinho.
— Algum problema?
— Não, não. – Respondeu. – Só estou cansado.
— Você pode ficar em casa se quiser. – Falei enquanto já passávamos pelo corredor em direção à outra escada.
— Não, tudo bem, eu vou. – Sorriu. – Você pode ligar para o Liam e perguntar se ele lembrou de comprar os ingressos? – Assenti. – Até daqui a pouco então, Mah. – Ele entrou no quarto dele e eu fui para o meu.
Procurei pelo meu celular e disquei o número do Liam. Não demorou muito pra ele atender.
— Oi, Marcela.
— Liam, você lembrou de comprar os ingressos?
— Minha memória não é tão ruim assim, Mah. – Ele riu. – Comprei sim, estou com os 8 aqui.
— Desculpe, Liam. – Ri. – O Harry que pediu para ligar. Mas era só isso, até daqui a pouco, Woody.
— Até, sleeper. – Deu outra risada ao falar meu mais recente apelido, e desligou. Só conheço palhaços.
Finalmente vou tomar um banho. Cara, eu vou conhecer Peter Gene Hernandez*, vocês tem noção? Mal posso esperar.
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