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História Temari No Himitsu - Head Over Heels - Descobertas


Escrita por: MsMartinskx

Notas do Autor


Olá, amores da minha vida!
Não acredito que essa loucura aqui está chegando a 80 favs! Sério! Eu nunca achei que fosse passar dos 10!
Só tenho a agradecer a cada um de vocês, bebês! 😭😭😭

Ahhhhh, e claro! Preciso agradecer os comentários lindos que vcs sempre colocam pra mim! Me sinto tão especial! 😭

Olhem, sei que demorei um pouquinho pra concluir esse capítulo, né? Culpem a @HatakePrincess pela demora pq eu realmente não conseguia me concentrar só pensando em qdo ela postaria o capítulo novo de Lost Stars! Kkkkkkk
Falando nisso, vcs conhecem essa história NARAvilhosa? Vou deixar o link dela nas notas finais, caso não conheçam.

Enfim! Vamos deixar o blá blá blá pra depois e ir logo pro que interessa?

Capítulo 17 - Descobertas


Fanfic / Fanfiction Temari No Himitsu - Head Over Heels - Descobertas

O coração batia acelerado só de lembrar daqueles beijos e de todas aquelas sensações novas em meu corpo. Mesmo após duas semanas, todos os toques pareciam queimar em minha pele como se fossem recentes e o gosto do seu beijo continuava vivo em minha boca.

Olhei o morango mordido que segurava entre os dedos. Nem mesmo as frutas mais doces e saborosas superavam o gosto que ele tinha. Na verdade, nada podia se comparar a ele. O sol escaldante das tardes de verão em Suna não era mais quente que seu abraço, a neve incessante do País do Ferro não me causava tantos tremores quanto seus olhos sobre mim, as cores da primavera florescendo não eram tão satisfatórias aos olhos quanto aquele sorriso preguiçoso e não haviam vapores oriundos das fontes termais que me inebriassem mais que seu perfume.

Sorri feito boba ao lembrar da nossa despedida inocente, infantil mas ao mesmo tempo fofa. Como eu tivera coragem de lhe dar um beijo de surpresa? Só de pensar naquilo as orelhas começavam a queimar.

Coloquei o restante do morango na boca parando para observar a mancha avermelhada que ele deixara em meus dedos. Pela vigésima vez naquela semana a lembrança do meu batom manchando seus lábios depois do beijo intenso aflorou em minha mente. Só de pensar naquilo, um friozinho gostoso na minha barriga era sentido.

"Quem é você e o que fez com a minha irmã?", ouvi uma voz familiar perguntar.

Só então voltei à realidade e lembrei-me que não estava sozinha.

Merda!

Olhei para a ponta da mesa e os olhos verdes de Gaara me encaravam enquanto ele tentava em vão esconder a risada. Na minha frente Kankuro ria descaradamente.

"Posso saber do que os dois idiotas estão rindo?", perguntei irritada sentindo as bochechas arderem violentamente.

"Desculpe, neesan!", Gaara respondeu quase engasgando-se com o pedaço de baghir que comia.

"É por isso que nunca quero me envolver em relacionamentos!", Kankuro comentou divertido.

"Como se alguma garota fosse querer algo sério com alguém como você!", retruquei ácida.

Ele gargalhou levantando o copo de qahwa.

"Que os deuses te ouçam!"

Antes que eu pudesse retorquir, ouvimos batidas na porta e então Baki anunciou sua entrada com a voz grave costumeira.

"Bom dia!"

"Bom dia!", respondemos os três em uníssono.

"Kankuro, Temari! Os shinobis de Kiri já os aguardam para o primeiro dia de treinamento."

Assentimos afirmativamente nos levantando.

"Vamos ver se você mantém a cabeça em Suna agora!", meu irmão provocou quando passamos por nosso antigo sensei.

"E onde a cabeça dela estaria?", Baki perguntou desconfiado.

"Em lugar nenhum!", respondi rapidamente. Algo me dizia que um sermão me aguardava caso ele soubesse a verdade.


***


"O treinamento de hoje consiste em testar a resistência de vocês", Kankuro anunciou sério.

Ao todo mais de cinquenta shinobis de Kiri haviam comparecido a Suna para os treinamentos daquela semana incluindo genins, chūnins e jōunins. Desde que Gaara propusera esse treinamento entre as vilas naquela reunião de Kages, aquela sem dúvida havia sido a maior quantidade de shinobis enviadas por uma nação.

Anos atrás, pensar em tal união era algo completamente improvável. Jamais abriríamos os portões para que os ninjas de outras aldeias entrassem em Suna e vissem a nossa forma de treinar, nossos pontos fortes e fraquezas. Mas agora, graças à União e a Naruto, aquilo era possível. Aquela troca de conhecimento e confiança que tínhamos uns nos outros desde a Quarta Guerra havia se tornado algo precioso.

Naquele dia havíamos separado o treinamento pela classificação dos ninjas. Baki treinaria os jōunins e chūnins enquanto Kankuro e eu seríamos responsáveis pelos jovens genins. Para tornar a experiência mais interessante e aumentar a sinergia entre as vilas, colocamos entre os 20 genins nossos próprios shinobis em posição similiar, incluindo até mesmo alguns alunos da Academia que se destacavam, totalizando 40 shinobis aproximadamente sob nossa responsabilidade.

"Há no deserto que nos rodeia diversos pergaminhos espalhados e escondidos. A missão de vocês? Encontrarem todos e descobrirem onde a Temari aqui estará os aguardando para a prova final", meu irmão continuou a falar encarando cada um dos rostos ansiosos à nossa frente.

Um garoto de Suna levantou a mão.

"No que consiste a prova final?", ele perguntou receoso olhando para mim.

"Aqueles, ou melhor, aquele que tiver forças restando depois de enfrentar o deserto e as armadilhas que colocamos por lá, terá que me enfrentar", respondi em tom presunçoso.

Um burburinho começou a tomar forma entre o grupo. Os shinobis de Kirigakure pareciam achar aquela tarefa fácil enquanto os de Suna os chamavam de loucos e diziam que eles não conheciam o deserto e muito menos a mim.

"Para que vocês aprendam o que significa trabalho em equipe...", continuei, sobrepondo a minha voz a deles. "Estabelecemos que, caso algum de vocês consiga me atingir, mesmo que minimamente, todos ganharão o prêmio."

"E qual será o prêmio?", uma garota de Kiri perguntou curiosa.

Kankuro e eu nos entreolhamos sorrindo maliciosamente.

"Vocês poderão jantar e dormir confortavelmente em suas casas e abrigos", meu irmão respondeu.

"E-E S-SE NÃO CONSEGUIRMOS?", um rapaz mais velho da outra vila perguntou assustado.

"Passaremos a noite no deserto", uma genin de Suna respondeu tremendo. Ela provavelmente já havia passado por algum treinamento do tipo em sua época de Academia já que aquele era o tipo de treino mais básico e infantil que tínhamos.

Os visitantes nos encaravam atônitos.

"Bem-vindos a Suna, crianças!", exclamei sarcasticamente apontando o deserto.


***


O dia passara devagar e o tédio já começava a me irritar. A prova no deserto havia sido mais demorada do que esperávamos que fosse e eu já estava cansada de apenas encarar Suna do alto da Colina dos Ventos.

Levantei-me do chão pela milésima vez e caminhei impacientemente. O suor escorrendo sobre meu rosto e costas, as mãos sujas de areia. 

"Que demora infernal!", reclamei revirando os olhos enquanto o vento quente batia em meu rosto me incomodando profundamente. 

Apoiei o tessen no chão e retirei um pequeno cantil de água que trouxera atado à minha cintura. O líquido refrescante desceu pela garganta seca e como se fosse algum tipo de milagre, a hidratação me trouxe um pouco de paz.

Olhei para o céu arroxeado, levemente escuro e observei o véu da noite descer rapidamente sobre a aldeia e sobre mim. Uma nuvem perdida flutuava despretenciosamente ali.

"Que problemático! Não existem nuvens no céu em Suna?"

Ri saudosa diante da lembrança.

Aquela noite parecia tão distante mas ao mesmo tempo tudo estava tão vivo em meu coração. O cheiro de fumaça do cigarro misturado ao perfume do sabonete em minha pele fresca, o ar pesado e quente que era soprado, os olhos castanhos observando aquele mesmo céu.

Senti uma dor aguda no lado esquerdo do peito. O que eu não daria para passar aquele início de noite ao lado dele? Queria sentir aquele abraço novamente, a pressão dos seus lábios contra os meus, sua respiração se fundir à minha.

"Que problemático!", resmunguei me sentindo extremamente idiota por pensar naquilo. Por deixar que uma mera lembrança me fizesse sentir todo aquele turbilhão de sentimentos em mim.

Suspirei derrotada observando um falcão se aproximar de Suna.

'Um mensageiro?', pensei confusa apertando os olhos tentando enxergar melhor o pássaro que começava a perder altitude.

Inesperadamente, ouvi uma respiração ofegante se aproximar e instintivamente me abaixei retirando com destreza a kunai do coldre em minha perna. O barulho de metal se chocando reverberou no ar.

Meus pés arrastaram pelo chão arenoso por conta do impacto e a garota que me atacara caiu de joelhos exausta. Ela não devia ter mais de 12 anos e eu já a havia visto na Academia antes.

"E-eu não consigo mais... D-desisto!", ela falou ofegante me olhando com seus olhos negros profundos.

"Uma garota que nem saiu ainda da academia? Você é tudo o que sobrou de um grupo de 40 shinobis?", perguntei desapontada.

A menina tomou fôlego e virou a cabeça para trás. Acompanhei seu olhar.

"Na verdade, eu sou a menor de todos do grupo em tamanho, então quando percebemos que nossas energias estavam praticamente esgotadas depois de tantas armadilhas, decidimos que eu deveria me poupar e ser carregada até aqui em cima para te atacar", ela explicou-se com lágrimas nos olhos.

"Huh?", apertei os olhos tentando distinguir através da escuridão que caía rapidamente cada um dos diversos rostos ansiosos que nos observavam apreensivos.

"M-mas eu não consigo! N-não consigo sequer me levantar mais! Eu sou muito fraca!", a garota choramingou. "Desculpe-me por desafiá-la, Temari-San! Desculpe!"

As lágrimas rolaram desenfreadamente sobre seu pequeno rosto sujo de areia e suor e por algum motivo me senti tocada por suas palavras.

Guardei a kunai e abaixei-me até ficarmos com os rostos na mesma altura.

Onde estava a kunoichi mais cruel agora, huh? 

"Não importa o quão pequeno é o poder, ele pode ser usado de alguma maneira. Talvez nós sejamos inúteis, mas em algum ponto talvez sejamos úteis também. Até um pequeno poder poderia mudar o destino do mundo. É por isso que devemos estar sempre focados e não deixar o momento passar", falei enxugando uma das lágrimas em seu rosto confuso. "Uma pessoa muito sábia um dia disse isso para um exército desesperançoso, sabia?"

A pequena sorriu docemente e eu a acompanhei.

Cada palavra que ele dissera ao longo de todos os anos estava gravada profundamente em mim.

"Apenas tome cuidado para não arriscar sua vida, está bem? Em uma missão de verdade, você poderia estar morta agora", concluí levantando-me e a ajudando a fazer o mesmo.

A jovem assentiu.


***


Kankuro e Baki nos aguardavam na fenda que dava acesso a Sunagakure. Ambos franziram o cenho quando me viram entrando com o enorme grupo de shinobis exaustos.

"Você foi atingida?", Baki perguntou desconfiado.

"Claro que não! Mas o objetivo foi cumprido. Eles trabalharam em equipe", respondi dando de ombros.

"Tsc", Kankuro estalou a língua impaciente e levemente frustrado.

Sorri para os shinobis que estavam em frangalhos mas felizes e me preparei para deixá-los quando ouvi Yukata me chamando com uma certa urgência.

"Temari-San! Temari-San! Essa mensagem chegou para você!", ela falou me entregando o pergaminho enrolado e selado com um símbolo da Aldeia da Folha.

Não era possível que estivessem me convocando para outra reunião inútil para discutirmos o maldito Exame Chūnin de novo!

"Kai!", liberei o selo colocando os dedos indicador e médio juntos em frente ao meus rosto.

Abri a mensagem e comecei a ler o conteúdo.

Espera... Aquilo não era uma convocação! Era uma...


"Não sei se devo começar escrevendo algo como 'Querida, Temari'. Soaria meio patético, não?

Se bem que isso não seria muito diferente de como tenho agido nas últimas semanas. Rindo sozinho, esquecendo o que iria fazer ou simplesmente interrompendo minhas atividades para lembrar daquela noite.

Problemático, não é mesmo?

Mas essa é a verdade.

De fato, a própria vontade de lhe escrever isso levou a melhor sobre meu lado racional e aqui estou com cara de idiota tentando colocar em palavras escritas o que não posso fazer pessoalmente no momento.

Aliás, você irá me bater por tomar a liberdade de lhe enviar isto? Se estiver pensando nisso, poderia me avisar para que eu me prepare?

Não me entenda mal! Não quero dar a impressão de que estou te forçando a me dar uma resposta.N̶o̶ ̶e̶n̶t̶a̶n̶t̶o̶,̶ ̶t̶a̶m̶b̶é̶m̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶p̶o̶s̶s̶o̶ ̶d̶i̶z̶e̶r̶ ̶q̶u̶e̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶e̶s̶t̶o̶u̶ ̶a̶n̶s̶i̶o̶s̶o̶ ̶p̶o̶r̶ ̶i̶s̶s̶o̶.

Droga! Finge que não leu isso!

Enfim...

Acho melhor encerrar por aqui essa mensagem antes que eu consiga tornar as coisas ainda mais constrangedoras a ponto de sequer conseguir encará-la na próxima vez que nos encontrarmos.

Iremos nos encontrar ainda, certo?

̶S̶e̶ ̶a̶i̶n̶d̶a̶ ̶q̶u̶i̶s̶e̶r̶ ̶m̶e̶ ̶e̶n̶c̶o̶n̶t̶r̶a̶r̶ ̶d̶e̶p̶o̶i̶s̶ ̶d̶e̶s̶s̶e̶ ̶m̶o̶n̶t̶e̶ ̶d̶e̶ ̶b̶a̶b̶o̶s̶e̶i̶r̶a̶s̶ ̶q̶u̶e̶ ̶e̶s̶c̶r̶e̶v̶i̶,̶ ̶e̶s̶p̶e̶r̶o̶ ̶r̶e̶a̶l̶m̶e̶n̶t̶e̶ ̶q̶u̶e̶ ̶s̶e̶j̶a̶ ̶e̶m̶ ̶b̶r̶e̶v̶e̶,̶ ̶c̶a̶s̶o̶ ̶c̶o̶n̶t̶r̶á̶r̶i̶o̶ ̶m̶i̶n̶h̶a̶ ̶s̶a̶n̶i̶d̶a̶d̶e̶ ̶e̶s̶t̶a̶r̶á̶ ̶s̶e̶r̶i̶a̶m̶e̶n̶t̶e̶ ̶a̶m̶e̶a̶ç̶a̶d̶a̶.


Nara Shikamaru."


Meu queixo caiu e meus olhos ficaram arregalados. Ele havia mesmo me enviado uma carta? 

Tentei conter o riso frouxo que teimava em querer aparecer. De certa forma suas palavras e idéias confusas soavam... Fofas?

"O que foi?", Baki perguntou curioso diante da minha reação atípica e cor avermelhada.

"N-NADA!", respondi exasperada enrolando o pergaminho novamente e me retirando sem olhar para trás.

E agora?

O que eu devia fazer?

Responder?

Óbvio!

Mas como faria isso?

Maldito Shikamaru! Por que ele insistia em me colocar naquelas situações constrangedoras afinal?


***


Meu cérebro queimava tentando encontrar palavras para retribuir a carta dele. Tudo parecia ou emotivo demais ou frio demais mas nada soava sincero.

Cocei a cabeça irritada, joguei a caneta e amassei o papel arremessando-o na pilha onde se encontravam os outros dez agora inutilizados.

Por que era tão difícil expressar algo que parecia tão claro? Mesmo ciente dos meus sentimentos, aquela tarefa me era tão problemática e desgastante!

Levantei-da cadeira e apanhei a mensagem que recebera caminhando lentamente até a cama onde me acomodei.

"Se ainda quiser me encontrar depois desse monte de baboseiras que escrevi, espero realmente que seja em breve, caso contrário minha sanidade estará seriamente ameaçada."

Mesmo de forma desajeitada aquelas palavras haviam sido colocadas de forma tão honesta e sensível que eu conseguia visualizar claramente o seu rosto no momento exato que as escrevera. Provavelmente ele coçara a bochecha como sempre fazia quando pensava em algo desconcertante. Depois, ao ler o resultado, franzira o cenho e corara. Em seguida, para honrar sua fama de preguiçoso, ele simplesmente preferira riscar a frase só para não ter que reescrever em outro papel limpo o que já havia dito. Por fim, aquele sorriso debochado aparecera em seu rosto ao pensar na minha reação diante das palavras.

Desgraçado!

Como? Como ele conseguia ser tão sucinto e verdadeiro ao mesmo tempo? Enquanto eu...?

'Merda! Por que não existe um treinamento ou um manual para esse tipo de situação?', pensei irritada observando o teto.

Aliás...

Não, não, não!

Eu realmente estava pensando naquilo?

Sentei-me abruptamente na cama quando as lembranças do jantar daquela noite vieram à tona.


*

Mexia e remexia a comida em meu prato. Eu deveria estar com fome mas as palavras recém lidas ainda reviraram o meu estômago de um modo que eu não conseguia explicar.

Ele me escrevera e pelo que eu tinha entendido, ansiava por uma resposta minha! Além disso, aquela frase final deixara claro, em outras palavras, que ele sentia minha falta, não deixara?

Saber que eu não era a única com a sanidade mental comprometida por conta da distância entre nós era de fato acolhedor.

"Eu realmente não consigo compreender", ouvi a voz de Gaara dizer e voltei-me para ele.

"Acredite, maninho! Isso vai ajudar a esclarecer as coisas!", Kankuro respondeu entregando-lhe um livro com capa laranja.

Aquele livro... Eu já o vira antes.

"Heeeeeeh?", exclamei dando-me conta de qual livro se tratava. "P-Por que você está dando essa coisa para o Gaara, Kankuro?", exclamei exasperada.

Gaara folheou o livro pensativo e me dirigiu um olhar sério.

"Existem coisas que não consigo compreender, neesan. Por exemplo, todos me falam que seu relacionamento com Shikamaru era algo óbvio e previsível mas tento analisar os fatos e não entendo até que ponto sua relação com ele difere da que temos."

Pelos deuses! Como ele podia ser tão inocente e fofo?

Quem o conhecera antes jamais imaginaria que por trás da sua barreira de areia e do ódio que meu pai o fizera nutrir dentro si, poderia existir alguém tão bondoso e amoroso.

"São sentimentos completamente diferentes", respondi corando violentamente olhando para Kankuro que sorria discretamente. "Eu poderia tentar te explicar mas, nem eu mesma sei descrever com precisão isso que sinto."

Era isso! Ali estava eu me abrindo com os meus irmãos de uma forma que jamais sonhara em fazer.

"Tão honesta e doce... Acho que realmente devemos agradecer ao cabelo de abacaxi por essa mudança inesperada!", Kankuro comentou bebericando o pequeno copo de sakê.

"Cala a boca, idiota!", retruquei irritada fechando os olhos e cruzando os braços. "Bem, de toda forma duvido que nesse livro infame você encontre algo que preste ou que se assemelhe ao que sentimos, mas se quiser lê-lo ainda assim, vai em frente!"

"Quando terminá-lo, te levo comigo para colocar as táticas em prática, maninho!", Kankuro falou sorridente.

Revirei os olhos.

Homens...

*


Um manual contendo táticas de relacionamento? Era isso que aquele livro era segundo meu irmão idiota.

Talvez...

Meus pés tocavam o chão frio e meus olhos tentavam se acostumar à escuridão do corredor que separava meu quarto do de Gaara.

O que eu estava prestes a fazer? Eu realmente queria ler aquilo?

Sorrateiramente abri a porta do local e esgueirei-me quarto adentro silenciosa como um felino selvagem prestes a atacar sua presa.

O livro encontrava-se em cima da mesinha ao lado da sua cama e antes que meu lado racional me tirasse dali, o afanei.

Corri silenciosamente para o meu quarto como se estivesse carregando algum tipo de contrabando e tranquei-me ali.

O objeto parecia queimar em minhas mãos e meu coração batia acelerado. E se alguém me visse lendo aquilo? O que pensariam? Que sou uma pervertida, com certeza!

Voltei a sentar na cama e hesitantemente abri o tal manual demorando-me no índice do mesmo. Como Kankuro dissera, aquilo realmente parecia ser um manual que falava desde qual roupa vestir para um encontro a...

"O beijo quente e inesquecível", li o título em voz alta. "Heeeeeeh?", gritei arremessando o objeto longe como se fosse um bicho asqueroso e nojento prestes a morder minha mão.

"Eu me recuso!", disse cruzando os braços e encarando o desenho da jovem que corria alegremente na frente de um homem.

"O beijo quente e inesquecível."

Aquelas palavras derreteriam o meu cérebro sem dúvida alguma!

'Ninguém vai saber que você leu!', uma vozinha irritante falou em minha mente.

"Eu vou saber que li!", respondi irritada.

'O que tem demais aprender certas coisas? Elas não são totalmente inúteis, são?'

"C-claro que são!"

'São mesmo?'

Merda!

Subconsciente imbecil! 

Levantei-me furiosa comigo mesma.

"Okay! Eu vou ler essa porcaria!"


***


O céu lá fora começara a ganhar o leve tom rosado da manhã quando encerrei a leitura escadalizada.

Então... O motivo pelo qual ele se virara de costas...?

"...pode soar ofensivo."

Inferno! Como eu o encararia agora sabendo daquilo?

Meu rosto queimava de vergonha e minhas mãos tremiam.

E aquela descrição sobre as reações femininas? Eu realmente havia sentido tudo aquilo, não havia?

Olhei para a carta ao meu lado desesperada. Eu planejara ler o livro para que minha mente se abrisse e eu conseguisse escrever algo interessante como resposta. Mas agora, ser sincera estava completamente fora de cogitação! Afinal, não era nada adequado falar que todas as vezes que pensara nos lábios dele pressionando os meus e na sua língua tocando a minha, eu me sentia... Úmida?!

QUE DIABOS!

Afundei o rosto em chamas no travesseiro tentando abafar um grito.

Os primeiros raios de sol começaram a iluminar o ambiente e só então me dei conta de que precisava levar aquele objeto abominável de volta para Gaara.


***


Suspirei aliviada quando fechei a porta de seu quarto escapando de quase acordá-lo.

Precisava tomar um ar para acalmar aqueles pensamentos nada inocentes que faziam meu corpo esquentar de forma involuntária. Então, subi até o terraço para acompanhar o nascer do sol.

"Já acordou?", Baki perguntou quando me viu.

Definitivamente ele era a última pessoa que gostaria de encontrar naquele momento!

"Não preguei os olhos!", respondi honestamente.

Meu antigo sensei soltou um riso anasalado.

Baki era como um segundo pai para nós. Não, na verdade ele havia tido um papel paterno muito mais forte que nosso próprio pai. Ele acompanhara nosso crescimento, apoiara veementemente a indicação de Gaara e daria a vida para nos manter a salvo.

Encarei seu rosto descoberto, algo que somente meus irmãos e eu havíamos visto, e soltei um muxoxo. Eu realmente não conseguia esconder nada dele.

"Estou namorando", falei apoiando-me na grade assim como ele.

"O garoto gênio de Konoha?"

"Hum."

Ele me olhei de soslaio e sorriu abertamente.

"Você gosta desse garoto desde o Exame Chūnin. Era de se esperar que acabassem assim."

"Exame Chūnin? Claro que não! Eu... Eu não sei exatamente como isso começou mas..."

"Você ficou admirada por ele ter lutado de igual para igual com você, Temari. E principalmente, por ter admitido que em uma batalha real você teria vantagem sobre ele. Isso mexeu com você profundamente, estou errado?"

Pisquei diversas vezes sem saber o que responder. Ele não estava errado mas...

"Isso não significa que..."

"Quando a Godaime nos procurou e solicitou ajuda para resgatá-los dos shinobis do Som, você insistiu para ser a que o resgataria, lembra?"

"Só queria mostrar pra ele a minha real capacidade!"

"Indo até o hospital quando ele tinha apenas um dedo quebrado?"

"..."

Olhamos para o sol que já despontava no horizonte, no céu livre de nuvens. A brisa fria da manhã logo daria lugar ao mormaço quente do deserto.

"A mensagem... Era dele, não era?"

"Hum."

Mordi o lábio inferior tentando conter as minhas aflições.

"E você não faz ideia de como responder", ele concluiu sabiamente. 

Droga! Ele realmente me conhecia. 

"Como eu vou responder algo como aquilo sem parecer uma completa idiota? Eu me sinto estranha, me sinto patética, me sinto... Me sinto... Me sinto perdidamente apaixonada por aquele desgraçado!", confessei sem conseguir me conter.

Baki gargalhou e me puxou para um abraço desajeitado.

"Minha garotinha cresceu!"

"P-para com isso!", reclamei me desvencilhando dele mas no fundo gostando daquela demonstração de afeto.

"Qualquer pessoa apaixonada age como uma idiota, Temari. Essa é a lei da vida e quanto antes você aceitar isso, mais intensamente poderá aproveitar a sua primavera."

"Você já se apaixonou?"

"Você acha mesmo possível chegar à minha idade sem ter tido tal expêriencia?"

O encarei curiosa. Ele nunca falava sobre sua vida pessoal. 

"Ela era de Iwa."

"E por que vocês...?"

"Naquela época era inconcebível um romance entre habitantes de duas vilas diferentes e inimigas."

Senti uma pontada no coração. Treinamentos com shinobis de outras vilas, amizades que se construíram, romances. Pontes emocionais que nos conectavam ao mundo. Um mundo totalmente novo feito por cada um de nós.

"Sinto muito!"

"Isso foi há muito tempo."

Ficamos em silêncio novamente observando a aldeia acordar. Crianças começavam a correr, barracas começavam a serem montadas nas ruas, vapores podiam ser vistos saindo de algumas janelas.

"Baki... Como você acha que os conselheiros irão agir quando souberem?", perguntei apreensiva.

Há tempos não pensava sobre aquilo mas agora que as coisas pareciam estar mais concretas entre Shikamaru e eu, não podia negar que aquela preocupação começara a querer a me assombrar.

"Tente manter isso longe dos ouvidos deles por um tempo, Temari. Eles poderão usar isso contra o seu irmão."

"Gaara?"

"Você sabe que alguns anciãos não o aceitam ainda como Kazekage. Imagina o que falarão e farão as pessoas pensarem sobre o namoro entre a irmã dele e um ascendente de Konoha! Sem falar que poderão tentar arranjar um casamento forçado para você nesse meio tempo."

Casamentos arranjados não eram incomuns entre a elite de Sunagakure. Os cidadãos da nata social não queriam que suas filhas se envolvessem com homens que não fossem dignos de usufruírem de suas riquezas, portanto, procuravam casá-las com aqueles que consideravam "homens de valores", mesmo que aquilo significasse ir contra a vontade delas.

"Eu mato alguém antes de me submeter a isso", retruquei com nojo.

"Apenas mantenha isso em segredo por enquanto. Pensaremos em uma forma de fazê-los aceitarem", ele respondeu com um sorriso calmo. "Você confia em mim, não confia?"

"Sempre!"

Desta vez, eu o abracei.


***


Quando retornei aos meus aposentos, minha alma parecia mais leve, os pensamentos fluíam melhor. Conversar com Baki e confessar sobre tudo aquilo que me afligia havia sido a melhor coisa que fizera.

"Qualquer pessoa apaixonada age como uma idiota, Temari."

Shikamaru havia agido daquele jeito quando resolveu me enviar aquela carta, certo? Agora era a minha vez.

Peguei a caneta e um pergaminho novo sentando-me em frente à escrivaninha em seguida.

Minha mão deslizava sobre o papel como se fosse algo natural. Não que escrevesse algo romântico, meloso ou sensível demais. Na verdade só tentava da melhor forma possível não deixar as coisas serem ditas pela metade.

Quando cheguei ao final do pequeno texto e o reli, um pequeno sorriso de satisfação curvou meus lábios.

Nas palavras, meu eu exposto de uma forma que somente ele poderia ver.


"Seria de fato esquisito começar uma carta daquela forma. Justamente por isso prefiro começar assim:

Como vai, Bebê Chorão?

Não se preocupe em parecer patético pois se isso te acalma, também estou da mesma forma. Na verdade, demorei uma noite inteira para conseguir escrever esta resposta sem soar como uma palerma.

Também não consigo esquecer daquela noite e todas as vezes que lembro dela, sinto como se o mundo possuísse cores que jamais havia visto antes, como se minha alma estivesse constantemente embriagada.

Passo os dias pensando em um jeito de não pensar em você e falho miseravelmente. É estranho e deveras desesperador na maioria das vezes, confesso.

Quanto a parte de querer te bater por ter tomado a liberdade de me mandar a mensagem, saiba que sequer cogitei essa possibilidade. Verdade seja dita, ela só aumentou ainda mais minha ansiedade de ver essa sua cara preguiçosa.

Enfim, sinto que você lerá essa carta com aquele sorriso convencido e debochado que me dá vontade de te esmurrar, mas qual outra forma teria para te dizer com sinceridade o que sinto? 

No momento apenas espero que o tempo seja nosso amigo e passe rápido para que possamos nos ver novamente.

Com carinho,

Temari."


Notas Finais


Se estou ansiosa e receosa com esse capítulo? Estou, sim!
Sei lá! Me sinto insegura quando estou escrevendo um capítulo sem interação direta entre os dois. Ainda mais depois de tantas emoções que eles passaram nos dois últimos, sabe?
O que vocês acharam?
Me digam sinceramente, pleaseeeee, ou vou morrer de ansiedade aqui! Kkk 😆😆😆

Ahhhh, esse lance do Gaara lendo o Icha Icha realmente foi mencionado no Gaara Hiden e gente, eu choro de rir imaginando ele lendo isso! Kkkkkkkk

Bem, por hj é tudo, amores!
Espero mtoooo que vcs tenham gostado do capítulo! ❤❤

Um beijão! 😘😘😘

Ps.
Link de Lost Stars:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/lost-stars-15905948


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