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História Tempestades de Paixão - A bordo do Polar Tang - O retorno do filhote travesso e uma surpresa inesperada.


Escrita por: Aniayukari

Notas do Autor


Olá meus amores 💜💜

Desculpem o atraso, queria ter postado na sexta, mas a semana teve alguns imprevistos então fiquei atrasada na escrita. Mas espero que o capítulo compense o atraso.

Capítulo 84 - O retorno do filhote travesso e uma surpresa inesperada.


 

NARRADORA POV

 

Os primeiros raios de sol começaram a surgir no horizonte. Após se passar quatro dias em que Kaido foi derrotado, o povo de Wano ainda não conseguia conter a alegria de finalmente, poderem desfrutar da liberdade. Comida começou a ser distribuída para as pessoas, os carpinteiros deram início na reconstrução das cidades, as fábricas que poluem as águas foram desativadas, a verdade sobre o clã Kozuki foi revelada,, e para comemorar a vitória um festival estava sendo planejado. 

E por mais que o clima festivo estivesse predominando pelo país de Wano, uma nuvem de preocupação rondava sobre o Polar tang.

E isso se dava pelo fato de que após a batalha, Anny desmaiou e transformou-se em filhote… sem nenhuma consciência… e até o momento não voltou à forma humana, o que resultou, nos Heart terem passado os últimos quatro dias tendo que lidar com as travessuras da pequena.

— Volta aqui pestinha! — Ikkaku corria pelos corredores do submarino, perseguindo a lobinha. — Devolve a minha bandana, agora!

O filhote se divertia com a perseguição. Quando virou para a esquerda, passou por baixo das pernas do Clione, que assustou-se, caindo no chão e derrubando a lata de tinta que carregava, manchando seu macacão com tinta amarela.

— ANNY!! — Clione gritou, já imaginando todo o trabalho que teria para limpar as manchas do macacão e do piso onde a tinta respingo.

Assustada com o grito, a pequena sapateou na tinta e começou a correr. Ikkaku bufou, e voltou a perseguir o animal que tinha furtado sua bandana.

— Só pode ser brincadeira! — Penguin cortava um pedaço de carne de rei dos mares quando viu o filhote entrar na cozinha, pular na mesa, andar sobre ela deixando pegadas amarelas por todo o móvel. — Ikkaku, é assim que cuida dela?

— É impossível acompanhar o ritmo desse filhote. Sinto dores no corpo, não me recuperei da batalha ainda. — A morena olhou para a pequena sentada na mesa. — Droga, ela manchou minha bandana… devolve, sua pestinha! — A lobinha balançou a cabeça de um lado para o outro. — Para! Você vai rasgar!

— Se ficar perseguindo, é pior, vai achar que estão brincando… aqui pequena, come uma carninha. — Penguin deu alguns pedaços de carne para ela, que comeu alegremente. — Agora pega a bandana…

Ikkaku até tentou, mas o filhote foi mais rápido, mordeu a bandana, e correu para dentro da despensa da cozinha.

— Ah. não. Minha despensa, não. — Penguin bufou, seguindo o filhote. — Desce… desce agora, Anny… minhas prateleiras não são poleiros.

Depois de ser ignorado, Penguin ficou nas pontas dos pés, tentando alcançar o filhote, que tinha pulado na prateleira mais alta… Outro desastre… A bolinha de pelo, esbarrou no saco de farinha, derrubando na cabeça do cozinheiro que ficou coberto de farinha. 

— ANNY!! — Penguin cuspia farinha enquanto gritava.

— Que confusão é… — Law dispensou respostas ao ver a lobinha passar correndo pela porta da cozinha.

— Capitão!! Ela roubou a minha bandana. — Ikkaku cruzou os braços, emburrada. 

— Passei quatro horas em pé, fazendo uma operação. Eu não me importo se ela quer comer uma bandana, uma mesa, ou a roupa de vocês, apenas cuidem dela direito! — Law bufou.

— Oh Capitão, você está bem estressado, né? Deve ser falta de sexo, já que a Loira ta meio que “indisponivel”.  — Ikkaku zombou.

— Calada Ikkaku!! — Law lançou um olhar furioso para a morena.

— Capitão, não deveria descansar? Nos últimos dias, você realizou quatro operações complexas. Fez questão de examinar todos os integrantes do bando. Lutou contra um Yonkou e nem teve tempo de descansar e se recuperar dos ferimentos. E como se não fosse o suficiente, até agora a Anny não voltou ao normal… você deve estar no limite, durma um pouco. — Penguin limpava o rosto, tentando se livrar da farinha.

— É Capitão, a loira não vai ficar feliz de voltar e descobrir que você morreu de infarto. — A morena recuou dois passos quando Law bufou, irritado.

— Está muito quieto. — Law franziu o cenho, até alguns segundos atrás estava escutando os gritos dos companheiros que pareciam estar perseguindo o filhote.

— Captain, a Anny passou por aqui? — Bepo apareceu na porta.

— Não, porquê estavam gritando tanto? — Law especulou.

— Ela mordeu o meu rabinho. — Bepo apontou para sua cauda que mais parecia um pompom branquinho. — Eu gritei porque levei um susto e ela saiu correndo, agora ninguém  consegue achar ela. 

 

Uma…

 

Duas…

 

Duas horas se passaram. Os Heart vasculharam cada canto do submarino. O filhote tinha simplesmente desaparecido, e a única opção restante é que ela tivesse fugido para fora do Polar Tang, o que seria um problema ainda maior. 

— Hum… talvez… pode ser que…

— Fala logo mulher! — Shachi resmungou.

— A primeira vez que virou um filhote e ficou sem consciência… ela foi parar no navio do Ruivo Esquentado. — Ikkaku falou, com receio, pois sabia que Law não iria gostar nadinha.

— Faz sentido… talvez ela esteja lá ou alguém do bando dele a tenha visto, o que acha Ca…

— Merda… — Law saiu pisando duro.

Conforme andava em direção ao Victoria Punk, Law balançou a cabeça de um lado para o outro. Odiava aquela possibilidade, mas as chances do seu filhote fujão ter ido procurar o Eustass eram grandes. Ele nunca conseguia entender porquê toda vez que Kid estava por perto, parecia que Anny era atraída por ele, como se o magnetismo do ruivo fosse capaz de levá-la até ele.

Law subiu a rampa que dava acesso ao Victoria Punk. Penguin, Shachi e Ikkaku seguiram o Cirurgião preocupados que os dois Capitães arrumassem uma briga por causa da loira.

— Chamem o Eustass-ya! — Law falou em um tom autoritário.

 — Invade minha embarcação e começa a dar ordens aos meus subordinados,  quer morrer Trafalgar?! — Eustass apareceu no convés.

— Onde ela está?! Cadê a Anny-ya?!

— Perdeu a sua mulher outra vez Trafalgar?!

— Ela está aqui ou não Eustass-ya?!

— Estou começando a achar que você mantém a Princesa como prisioneira, é o único motivo pra ela viver fugindo de você.  

— Prisioneira…? Acho que esse é mais o seu estilo, Eustass-ya. — Law sorriu de canto.

— Depois do jeito que a encontrou em Onigashima, como pode deixar ela sumir outra vez, Trafalgar?

— Oh Ruivo, relaxa, okay?! — Ikkaku interrompeu. — Depois da batalha, ela se transformou em filhote, está sem consciência e com muita energia.

— Algo a assustou no submarino e ela fugiu, por acaso não veio para o seu navio? — Shachi falou em tom calmo.

— Eu não a vi, então podem dar meia volta e sair do meu navio.  — Kid bebeu o líquido da sua caneca enquanto sentava em cima de um caixote.

“Grrr” “ Grrr”... Kid levantou rapidamente quando escutou um ganido. Ele estranhou o barulho, e achou ainda mais estranho ver o casaco que estava sob o caixote, se mexendo, o ruivo puxou o caso e…

O pequeno filhote fofinho caiu rolando pelo piso do convés.

— Ah! Você estava escondendo ela! — Penguin acusou.

— E você acha que se eu a estivesse escondendo, teria sentado nela, seu idiota! — Kid ralhou, enquanto olhava para o filhote que estava com as bochechas infladas, não parecendo estar muito feliz por ter sido esmagado e depois jogado no chão. — Foi mal Princesa.

O filhote andou na direção do ruivo, abocanhou o casaco, tomando da mão do Kid e voltando a deitar nele. 

— Esse filhote parece gostar muito deste casaco. — Killer que estava na cozinha e escutou a confusão do lado externo aproximou-se do Kid.

— Não quer vender ele pra gente? Quem sabe assim ela fica mais tranquila no submarino? — Ikkaku sugeriu, mas pode sentir o olhar de reprovação do Law recair sobre ela.

— Se está sem consciência humana, como pretendem fazê-la voltar ao normal? — Kid questionou.

— Ainda não descobri uma solução. — Law massageou os olhos, tentando não deixar o cansaço abate-lo.

— Já tentou jogar ela na água? É provável que a água do mar anule o efeito da Akuma no Mi. — Kid sugeriu.

— É arriscado, ela pode se afogar, e se não funcionar, pode ficar na defensiva, não confiaria na gente e agiria por instinto, o que a afastaria ainda mais de recobrar a consciência. — Law suspirou, além do mais, lhe parecia cruel submeter sua namorada a esse tipo de situação.

— Não dá pra saber até tentar, né? — Dive comentou, com o filhote em suas mãos próxima a amurada do navio.

— Dive… nem pense em fazer…— Killer advertiu.

— Pirralha dos infernos!! — Kid esbravejou.

— Iihh, o bicho afundou igual pedra.  — A menina justificou, coçando a cabeça.

— ANNY!!! — Penguin, Shachi e Ikkaku, pularam no mar atrás do filhote. 

— Satisfeito, Eustass-ya! — Law esbravejou, saindo apressado do navio, indo em direção à margem do mar. 

— Eu não ordenei isso! — Kid rangeu os dentes.

Apreensivo, Law ficou aguardando que seus subordinados emergissem, trazendo Anny junto com eles. Era angustiante ter que esperar, mas não havia muito o que pudesse fazer a não ser aguardar que os outros salvassem o filhote.

—Capitão! Capitão! Preciso de algo para cobrir ela. — Ikkaku segurava Anny nos braços,a loira finalmente voltou a sua forma humana, porém, completamente nua, e para que a menina não ficasse exposta, permaneceu com ela dentro da água.

— Capitão me dê o seu casaco. — Shachi saiu apressado de dentro da água, pegou o casaco que Law entregou, e voltou a correr na direção da morena.

A morena enrolou o casaco no corpo de Anny, e entregou a menina para Shachi que a carregou para fora do mar indo em direção ao Trafalgar.

— Anny-ya… — Law observava a menina desacordada, pálida e completamente gelada por estar molhada. Ele colocou dois dedos no pescoço dela com a intenção de sentir a pulsação. — O pulso está um pouco fraco, leve ela agora mesmo para enfermaria.

— Trafalgar, ela está bem? — Kid se aproximou, preocupado.

— Está viva, mas tenho que examiná-la.  

— Então vai logo e pare de enrolar!

— Não fique me dando ordens Eustass-ya! — Law lançou um último olhar furioso para o ruivo e rumou apressado para o submarino.

— Oxi, que mal educado, nem agradeceu por eu ter ajudado a bonequinha. — Dive apareceu repentinamente ao lado do Kid com os braços cruzados.

— Agradecer?! Você quase matou a princesa!! — Kid apertou a bochecha da menina. 

— Ai! Ai! Funciona não funcionou?! Eu devia ganhar uma recompensa.

— Você vai ganhar é uns petelecos se não sair da minha frente!!

— Porqueeee?!

— Vaza daqui!!

.

.

Como de costume, Ikkaku preparou Anny para ser examinada. Secou os cabelos loiros da amiga e a vestiu com um pijama que não atrapalhasse Law a fazer o seu trabalho. Cuidadosa, a morena se atentou a trazer uma manta para que pudessem cobrir Anny, já que por ter caído na água, estava com o corpo gelado.

— Capitão, ainda precisa de mim? — Ikkaku ajeitou a manta, cobrindo o corpo da amiga.

— Não, pode ir tirar essa roupa molhada. — Law manteve a sua atenção na preparação dos instrumentos médicos.

— Vou aproveitar para organizar o quarto de vocês, a Loira vai gostar de acordar e ver tudo arrumadinho. — Ikkaku deu um beijinho na testa de Anny, e em seguida saiu da enfermaria. 

Law fez o check up inicial, escutou os batimentos cardíacos, aferiu a pressão, apalpou os ossos do braço direito, para certificar que nenhuma sequela ficou devido terem ficado quebrados por dias, em seguida coletou alguns tubinhos de sangue. 

 — Não deveria esperar ela acordar para coletar o sangue? — Shachi introduziu a agulha na mão dela, prendeu com fita para que Anny tomasse soro enquanto estivesse desacordada. — Você não prometeu que não ficaria fazendo exames nela a toda hora?

— Anny-ya passou mal várias vezes durante a luta, não sei em quais condições ficou enquanto esteve prisioneira, e para piorar, eles a doparam. Não posso mais esperar. — Law colocou os tubinhos de sangue na máquina que analisa o sangue, a dias estava angustiado por não poder certificar que não havia nada de errado com a menina.

— Talvez devêssemos ficar uns dias em Wano… acho que depois de tudo, a Anny está precisando de um pouco de tranquilidade, o que acha, Capitão? — Penguin sugeriu, enquanto separava os remédios que Law solicitou.

— Talvez… merda… — Law analisava os resultados do exame conforme ele ia saindo.

— O que foi?! Algum problema?! — Shachi ficou alarmado. 

— A anemia dela voltou. — Law respirou fundo.

— É de se esperar, já que ela nunca come. — Shachi sentou em uma cadeira, ao lado da maca.

— Eu queria entender o motivo dela não gostar de comer. — Penguin cruzou os braços, encostando na parede.

— Um enigma que eu também gostaria de desvendar. — Law olhou para a fumaça que saia de sua xícara de café. Aquela seria a décima do dia? Não se lembrava. Enquanto bebia o líquido quente, voltou a atenção para os resultados do exame, foi então que…

— Capitão?!?!

Shachi e Penguin se assustaram quando Law cuspiu todo o café, e começou a tossir por ter engasgado. O Cirurgião fazia um enorme esforço para tentar respirar mas não conseguia, ele apoiou a mão na cadeira, tossindo sem parar até que Shachi deu um forte tapa  nas costas do seu Capitão, o que parecia ter solucionado o problema.

Law lançou um olhar furioso para Shachi, mas naquele momento tinha algo mais urgente para verificar do que dar uma bronca em seu subordinado.

— Não… não… não… impossível. — Os olhos acinzentados percorriam apressadamente os números e letras descritos no papel. Law jogou o corpo na cadeira, encarando Anny e depois o papel que tinha nas mãos.

— O que foi capitão?! Tem algo errado no exame? — Penguin ficou aflito, o desespero de Law só poderia sinalizar que os resultados não eram nada bons. 

— Ela não voltou a ficar doente, voltou?! — Shachi prendeu o fôlego, temendo que o pior pudesse ter acontecido.

— Só pode estar errado. — Law levantou apressado e foi em direção a maca que Anny estava deitada. Usando seu poder, ele escaneou o corpo da menina… estava lá… não havia erros… — Agora tudo faz sentido…

— Capitão diz alguma coisa… — Shachi suplicou.

— Onde está aquele aparelho de ultrassom?

— Guardado, graças aos seus poderes você quase não o utiliza.

— Pegue. — Law falou enquanto tirava a manta que cobria Anny. 

Law passou um líquido na barriga dela e em seguida pegou a ponta do aparelho, deslizando de um lado para o outro enquanto seu olhar permanecia fixo no monitor. Penguin e Shachi ficaram atrás dele, curiosos e apreensivos, tentando desvendar o que deixou o Cirurgião alarmado.

 

“Tum dum… tum dum… tum dum…”

 

“Tum dum… tum dum… tum dum…”

 

Aquele som… ele entrava pelos tímpanos do Law, causando confusão. 

Não podia ser… mas era… mas não podia ser…mas era… mas não podia ser!... Mas era!

As evidências eram sólidas e concretas, mas mesmo assim ele não conseguia aceitar que podia ser verdade. Passou novamente o aparelho pela barriga dela, procurando por aquele som.

 

“Tum dum… tum dum… tum dum…”

 

“Tum dum… tum dum… tum dum…”

 

Não podia ser!... Mas era!.. Law repetia essas palavras em sua cabeça. Ele soltou o aparelho e esfregou os cabelos, estava sem reação, não sabia o que dizer e muito menos o que fazer.

Agora tudo fazia sentido.

Os enjoos… as dores na barriga… as tonturas… a fome… sim, ele se lembra de tê-la escutado algumas vezes dizer que estava com fome, algo que não é natural dela.

— Por que o coração da Anny está batendo na barriga dela? —  Shachi tombou a cabeça de lado.

—  Ah não!! É isso que te deixou assustado Capitão?! O coração dela foi parar na barriga, isso deve ser grave, muito grave! —  Penguin andava de um lado para o outro, com a mão na cabeça. —  Espera… como que um coração pode ir parar na barriga?

— Quando se trata da Anny, tudo parece possível, coitadinha. —  Shachi levantou da cadeira, e também começou a andar de um lado para o outro. 

—  Capitão, arruma o coração da Anny!! —  Penguin balançou Law pelos ombros. 

— Calem a boca! Esse não é o coração dela… vocês são idiotas?! —  Law respondeu, sem nenhuma paciência com os dois que falavam feito maritacas. 

— Hum… o que… onde… o que está…  —  Anny abriu os olhos parcialmente, resmungando palavras desconexas. 

—  Anny-ya… não levante. —  Law falou, tentando disfarçar o nervosismo.

— O que estão fazendo comigo?! 

Subtamente Anny começou a se debater, a luz acima de sua cabeça atrapalhava a visão. Ficar tantos dias desacordada a deixou desnorteada. Ela arrancou com força os fios do soro. Law tentou acalmá-la mas foi em vão, quando os olhos dela foram de encontro com o carrinho em que ficava os equipamentos médicos, Anny ficou ainda mais assustada. Por reflexo empurrou Law e tentou sair da maca, mas acabou por cair no chão. 

— Anny-ya… respire… você não está em perigo aqui. —  Law olhava para a menina, encolhida no chão como um animalzinho assustado. 

— Não me machuque… por favor…

— Ninguém aqui vai te machucar. —  Law aproximou-se calmamente, e agachou ao lado dela.

— Anny, somos seus amigos… —  Shachi também tentou se aproximar, o movimento a deixou alarmada, e ela recuou até um canto da parede.

— Saiam vocês dois. —  Law ordenou, e não houve protestos da parte dos meninos, eles sabiam que naquele momento Anny precisaria de espaço. 

Law sentou no chão, a um metro de distância dela. Anny parecia completamente perdida, como se não soubesse onde estava.

— Anny-ya… sou eu, Law… você está no Polar Tang… seus companheiros estão lá fora… você está em segurança aqui.

— Eu…não lembro… está tudo em branco… porque não lembro…irmão… irmão… irmão…. meu irmão morreu!! — Anny apertou os cabelos com força, enquanto mexia as pernas.

— Não Anny-ya, ele está vivo… o Mugiwara-ya, está vivo. — Anny ficou encarando ele por alguns segundos.

— Law! — Num movimento súbito, Anny se jogou nos braços dele. — Minha cabeça parece um borrão branco.

— O seu irmão está vivo… vencemos os Yonkou… e você ficou transformada em filhote por quatro dias, por isso não está conseguindo se lembrar dos acontecimentos.  —  Law apertou ela entre os seus braços.

— Meu Nii está vivo? — Anny ergueu a cabeça, deixando algumas lágrimas caírem.

— Sim, ele está no castelo, se recuperando. — Law afagou os cabelos dela.

—  Que bom… eu posso vê-lo?

—  Ele ainda não acordou, mas podemos ir até o castelo. —  Law sugeriu.

— Não! Não quero sair do submarino. —  Ela agarrou os ombros dele, apertando com força. — Não vou sair daqui de dentro nunca mais. 

— Okay… vamos ficar aqui dentro do Tang.  —  Law conhecia bem aquela reação, da primeira vez que foi sequestrada e torturada, Anny tinha ficado dias dando várias desculpas para não sair do submarino. —  Anny-ya, tudo bem se eu terminar de te examinar?

— Não! Não! Não! Não quero que fique pegando amostras minhas! Eu não quero! —  Anny tentava se livrar dos braços dele. —  Quero sair dessa sala!

— Não vou te obrigar a nada, será sem exames. —  Law ergueu as mãos para cima. —  Porquê não me diz o que gostaria de fazer?

— Um banho seria bom…

—  Otimo, então vamos para o quarto, pra você tomar um banho quente.

Os dois foram juntos até o quarto. Por fora, Law tentava demonstrar tranquilidade, mas por dentro…

.

Estava completamente desesperado.

.

Precisava dar a notícia para Anny, mas o assunto era tão delicado que não poderia dizer nada até que ela estivesse mais estável. 

— Quer ajuda no banho? —  Law sugeriu, seria bom que pudessem ter um momento juntos.

— Prefiro fazer isso sozinha. —  Anny mantinha os braços cruzados e um olhar triste. 

— Como quiser… vou buscar um copo de leite e alguns biscoitos para você comer. 

Anny esperou até que Law saísse para poder ir ao banheiro.

Ela abriu a torneira, e ficou apenas olhando a água encher a banheira. Prendeu o cabelo, tirou as roupas e afundou na água. 

Finalmente voltou para “casa”... Mas por quanto tempo? 

Anny sentia como se por dentro estivesse vazia. Apertou os olhos com força. As lembranças do que aconteceu nas últimas semanas começaram a tumultuar sua mente. As cenas do que passou enquanto esteve em cativeiro, vinham em sua cabeça, tão vívidas, que ela apertou o braço, sentindo uma dor incomoda nele. 

Foi humilhada de tantas formas diferentes… que não conseguia encontrar refúgio em nada, até mesmo tomar banho lhe trazia memórias amargas.

— Anny-ya, o que está fazendo? —  Law entrou no banheiro e encontrou Anny esfregando o braço com a bucha tão forte, que a pele estava ficando toda vermelha.

— Nada. Porquê entrou aqui?—  Ela tapou os seios com a mão.

— Você estava demorando, fiquei preocupado. —  Law pegou uma toalha e entregou para ela, saiu do banheiro em seguida, dando privacidade para a menina.

Law sentou na beira da cama, pensativo. Se arrependeu de não ter tirado algumas horas para descansar e tomar um banho para relaxar. Sua cabeça doía um pouco, e ele não conseguia organizar os pensamentos, não conseguia decidir se aquele seria o melhor momento para dar a notícia para Anny… mas também sabia que independente das circunstâncias, ela tinha o direito de saber. 

Ele observou a menina saindo do banheiro, enrolada na toalha e indo até o armário. Ela parecia estar com vergonha de ficar sem roupa na frente dele. Vestiu uma camiseta, maior do que o seu tamanho, para só então tirar a toalha do corpo e vestir uma calcinha.

— Anny-ya… tem algo que preciso conversar com você… poderia sentar aqui? — Law apontou para a cama.

— Sim… — Ela sentou na cama, cruzando as pernas, estilo borboleta. — Sobre o que quer conversar…?

— Porquê não come algo primeiro. — Law entregou um copo de leite e um biscoito para ela comer, os biscoitos de chocolate eram os preferidos dela e Law tinha esperanças, que isso trouxesse conforto para sua menina.

Quente!! — Anny jogou o copo de leite na parede, o líquido e os vidros quebrados espalharam por todo o quarto. — Machuca, está quente!

Law conseguia sentir o desespero dela, as lágrimas caiam e ela tentava limpá-las rapidamente, todo aquele sofrimento, não era apenas por culpa de um leite quente, havia algo mais atormentando ela.

— Anny-ya, porque não compartilha comigo o que está sentindo? —  Law apoiou a mão no joelho dela.

— Não tem nada para ser compartilhado. — Ela virou o rosto encarando a parede. 

— Está bem, se não quer falar, eu respeito. — Law se aproximou e a abraçou forte.

— Law, me solta. — Anny tentou se livrar do abraço.

— Não, eu vou ficar te abraçando. — Law apertou ainda mais os braços ao redor do corpo dela. 

— Law…

Com um nó na garganta, e um vazio no peito, Anny sentia o calor dos braços do moreno lhe envolvendo, era aconchegante, quente, e queria ficar presa neles para sempre… mas seria impossível… ela queria poder dizer o que sentia, mas sabia que quando contasse o que aconteceu… perderia tudo…

Anny apertou os olhos com força, deixando as lágrimas rolarem livremente. Ela chorava desesperadamente, como uma criança, desolada, aflita, a garota sentia como se todo o seu mundo tivesse desmoronado, como se tivesse perdido tudo de bom que conquistou até aquele momento. 

Law apenas ficou em silêncio, permitindo que ela se expressasse da forma que lhe fosse mais confortável. Ver o desespero da garota que tanto ama, também lhe deixou com vontade de chorar, mas se manteve firme, para poder cuidar dela.

— Recusei a comida deles… fi-fiquei com medo que… que… tivessem colocado algum veneno. — Anny resolveu falar e as palavras saíram misturadas com soluços. — Consideraram uma afronta… me obrigaram a comer comida quente.

— Por isso se assustou com o leite… — Law soltou os fios loiros que estavam presos por uma presilha. —  Sinto muito, Anny-ya. 

— Eles, me bateram, me deram choques… eles ficaram muito bravos porque eu não chorava ou gritava... — A cada palavra, Anny se encolhia mais, como se quisesse ficar tão pequena, que poderia desaparecer. — Então eles me batiam mais, arrancaram minhas unhas e quebraram o meu braço em vários pedaços… eu fui fraca, porque tudo que consegui pensar é que queria muito que eles parecessem, eu só queria que parassem ou que me matassem de uma vez. 

— Você não foi fraca Anny-ya… foi mais forte do que qualquer pessoa. — Law não conseguiu evitar e deixou que uma lágrima escorresse.

— Se eu não fosse tão atrevida com as palavras, como você sempre diz, talvez tivesse apanhado menos. — Anny soluçava, sentindo seu coração pesar. — É tudo minha culpa.

— Não Anny-ya… eu sou o culpado… era minha responsabilidade ter cuidado de você e falhei… me perdoa… é apenas minha culpa, me desculpa Anny-ya. — Law tentou de alguma forma tirar dela a sensação de culpa.

— Sou eu que tenho que te pedir perdão… não me odeie…

— Anny-ya, eu não te odiaria por ter sido feita de prisioneira, não foi culpa sua.

— Eu te trai… me perdoa!

— Se você deu alguma informação para se livrar de ser mais agredida, eu compreendo, você aguentou demais. — Law sabia que existe um limite de dor que alguém possa suportar.

— Você tem que saber… tem o direito… mas não sei como dizer. — Anny se afastou dele, com medo da reação e envergonhada. 

— Anny-ya, o que eu tenho que saber?

— Eu juro… eu juro que não queria…  eu não queria… 

— Anny-ya… eu não entendo o que está dizendo. — Law não conseguia decifrar aquelas palavras desconexas.

— O Page One disse que eu pedi por aquilo… que eu até aceitei o presente dele… mas eu só usei a mantinha porquê estava com muito frio. — Anny tampou o rosto com a mão e voltou a chorar. 

— Foi o desgraçado do Page One que te bateu? — Law começou a lamentar por não ter ajudado Sanji a bater naquele dinossauro quando ele apareceu na cidade.

— É melhor não falar mais disso… você vai me odiar… vai ficar muito bravo. — Anny afastou-se encostando na cabeceira da cama.

— Anny-ya eu prometo que não importa o que aconteceu, não vou ficar bravo. — Law se via aflito por não conseguir desvendar o que se passava na cabeça da menina.

 — A Black Maria… ela…ela… mandou suas seguidoras me prepararem… ela iria me oferecer pro xogum e pros homens dele quando o banquete começasse.

— Continue… — Law falou com voz calma para não assustá-la, mas no seu interior podia sentir uma raiva crescente.

— E quando elas estavam me trocando… ele… ele chegou… e… me deixaram sozinha com ele… O Page me derrubou no chão, ficou por cima de mim… ele disse que eu queria aquilo, eu não queria, eu não queria… — Anny esfregava os cabelos, como se de alguma forma o gesto apagasse suas lembranças.

— Anny-ya, está querendo me dizer que ele te agarrou..? — Law suspirou… completamente aflito.

— Law, eu juro que tentei impedir… eu juro… mas eu estava algemada, e dopada… se não fosse por isso… talvez eu tivesse conseguido me livrar dele. — Anny já não conseguia mais ter noção do que acontecia ao seu redor, chorou tanto que sua visão estava completamente embaçada.

— Anny-ya…. você foi abusada por ele…? — Law sentia como se um abismo tivesse se abrido, aquilo não podia ter acontecido… não com Anny… não com sua doce menina. 

— Eu nunca teria deixado outro homem me tocar além de você… eu … eu… quando ele apertou meu seio e passou a mão pelo meu corpo… tentei empurrá-lo, mas não conseguia mexer o braço quebrado… quando ele desabotou o cinto… fiquei com tanto medo… implorei pra que ele parasse… eu nunca fiquei tão assustada.

Anny sentia como se estivesse sufocando, sua alma doía conforme relatava tudo que lhe aconteceu… O choro começou a se transformar em gritos… Um grito agonizante de alguém que se via completamente aterrorizada.

— Anny-ya… — Law estendeu a mão para tocá-la, a forma desesperada que chorava, era a primeira vez que Law a via tão despedaçada emocionalmente.

— Não me bate… por favor eu não quero mais apanhar.. — Anny estava tão desnorteada que quando ele estendeu a mão na direção dela, pensou que ele fosse bater nela.

— Eu nunca faria algo tão horrível… não vou te machucar. — Law limitou-se a tocar no pé dela.

— Sei que não vai mais querer ficar comigo depois disso… mas por favor… eu não tenho pra onde ir… me deixa ficar no Tang, por alguns dias, não posso contar pro meu irmão o que aconteceu… não posso ir com ele e não tenho nenhum lugar… eu não tenho mais nada.

— Você não vai a lugar nenhum. Nunca mais vou deixar você sair do meu lado. — Law a puxou, trazendo para seu colo, era difícil digerir aquele relato, ele sentia como se suas entranhas tivessem se transformado em chumbo e gelo… Anny era uma menina meiga e gentil, era difícil imaginar que alguém olhasse para ela e tivesse coragem de cometer tamanha violência.

— Porquê não está bravo? Ou com raiva de mim?

— Não foi sua culpa, porque eu ficaria com raiva? 

— Porquê as vezes que o Kid se aproximou de mim, você disse que era minha culpa por não afasta-lo e que eu permitia a aproximação dele… então achei que ficaria com ódio por eu não ter afastado o Page. 

— Se o Eustass-ya se aproximou de você foi por minha culpa, por eu não ter te assumido como deveria. — Law afagava os cabelos dela, puxando-a para mais perto do seu peito. — E você foi abusada, isso nunca seria sua culpa… não foi culpa sua, entendeu?

— Não fui abusada… O Drake me salvou… ele apareceu na cela, e tirou o Page de cima de mim. — Law sentiu um pouco de alívio, ao menos Page One não conseguiu chegar até o fim, mas isso não diminuía o quão repugnante Page One foi.

— Anny-ya… mesmo que ele não tenha concluído… não deixa de ser um abuso… se alguém te tocar sem sua permissão, é abuso.

— Mesmo se for só um beijo? 

— Mesmo se for só um beijo. — Law levantou o rosto dela, limpando algumas lágrimas. —  Porquê o Drake-ya te salvou?

— Não sei… ele só o arrancou de cima de mim, e ficou furioso, pegou o Page dizendo que o levaria até o Kaido, porque as ordens tinham sido para não me machucar… queria poder agradecer o Drake por não ter deixado o Page continuar.

— Por hora, apenas se preocupe em descansar. Você passou por muitos momentos difíceis.

— Então… eu ainda vou poder ficar na tripulação…? Você não vai terminar comigo…? — Anny se atreveu a encará-lo. De tanto chorar seu rosto estava vermelho e os olhos inchados.

— Não meu amor… tudo que vou fazer é cuidar de você… vamos passar por isso juntos, okay? — Law deitou na cama e a colocou apoiada com a cabeça em seu peito. 

— Posso te abraçar…? — Anny suspirou, sentindo seu corpo estremecer interior. 

— Claro… — Law passou o braço por baixo do corpo ameno, trazendo para perto de si.

— O que você disse que precisava conversar comigo?

— Vamos falar sobre isso depois…

 Anny não demorou para adormecer, o estresse lhe causou um esgotamento emocional e acabou por adormecer, sentindo-se protegida por estar nos braços do seu namorado. Para a menina seria difícil superar todos os traumas, mas saber que teria Law ao seu lado e que ainda poderia continuar no Polar Tang, amenizou seu sofrimento. 

Law tinha conseguido se manter centrado até aquele momento para conseguir amparar sua menina.

Mas agora que ela adormeceu, não conseguia impedir os pensamentos perturbadores de invadirem sua mente.

Sua menina estava completamente destruída… amedrontada… 

Só de pensar em todo pavor que ela sentiu, ele começava a sentir mais e mais raiva… Law reconhecia que Anny era uma das pessoas mais fortes que conheceu, ela conseguiu se reerguer das situações mais difíceis… mas aquilo era demais para sua menina.

Se soubesse de todos esses acontecimentos antes, teria se encarregado de acabar com a raça de Page One.

Mas agora a batalha acabou, e o fato de terem saído vitoriosos deveria ser o suficiente, todos que fizeram mal a Anny foram derrotados…

Mas não era  o suficiente…

Law não conseguia aceitar que a pessoa que se atreveu a encostar em sua garota estivesse vivo… ninguém merecia ter o direito de continuar vivendo depois daquilo.

 

Law olhou para Anny dormindo em seu braço, agora parecia calma, mas o rosto ainda estava inchado de tanto que chorou.


 

Law sentia a dor e a culpa pesar em seu peito.

 

Doía saber que Anny sofreu de todas as formas possíveis…

 

E tudo se tornava ainda mais pesado quando pensava que… 

 

Anny passou por todo aquele tormento estando…

 

Grávida.

 


Notas Finais


Um agradecimento aa X-Drake por ter salvado a Anny antes que o pior acontecesse, ela já passou por muita coisa e não merecia mais esse trauma... mas ela está bem abaladinha... vai precisar ser bastante mimada.

Law fez uma descoberta e tanto... e agora hem? Como todos vão lidar com essa notícia inesperada?

Pessoal, vou tentar trazer o proximo cap na sexta, mas pode ser que eu não consiga e post apenas no sábado ou domingo.


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