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História Temptation among Stades - Lei de Murphy


Escrita por: Pechutti

Notas do Autor


Bom Dia! Aconselho vocês a aproveitarem minha semana do saco cheio e também minha inspiração! Capítulo gigante hoje! Boa leitura!

Capítulo 3 - Lei de Murphy


Fanfic / Fanfiction Temptation among Stades - Lei de Murphy

Eram cinco da manhã. Cinco da manhã e eu ainda não tinha conseguido dormir. Por Deus, o que eu havia feito? Só em pensar em Aspen já fazia meu coração disparar. Eu havia beijado outro homem, e ainda por cima, esse homem era ninguém menos que Maxon Schreave. Eu odiava aquele homem. Desde que era uma criança. Mas como era possível? Eu deveria tê-lo reconhecido no minuto em que o vi pela primeira vez. Mas ao invés disso o que senti foi...desejo. Desejo e afinidade quase que instantâneos. E, como se isso já não bastasse, eu ainda havia me colocado em uma situação comprometedora, dançando com um homem que eu sabia que me atraía, mesmo que me lembrando de Aspen um segundo antes de aceitar... eu havia escolhido dançar com ele. E, como se já não bastasse isso, ainda me coloquei em uma situação ainda mais comprometedora quando saí correndo em direção aos jardins da mansão. Como eu havia sido burra! Ele claramente estava me paquerando, e ao invés de cortá-lo, eu simplesmente me mantive imóvel. Mais que isso, eu praticamente o havia encorajado a sair correndo atrás de mim pelos jardins. O que havia de errado comigo?

Para a minha sorte, consegui encontrar minha limusine antes que ele me encontrasse, e Pedro entendeu minha cara assustada rápido o suficiente para entrar correndo no carro, dar a partida e estar pronto para partir no momento em que eu bati a porta da limusine com força. Claro, não consegui escapar das perguntas e dos olhares preocupados que ele me lançava. E claro, que como filha de governador, a primeira lição que minha mãe me ensinou foi “como mentir sem ser descoberta”, o que consiste em atuar bem o suficiente a ponto de acreditar na própria mentira. Sendo assim, tudo o que tive que fazer foi contar a Pedro que havia me desentendido com uma das primas distantes do governador de Tocantins, e demonstrar o quanto estava “devastada” por não ter conseguido fazer amizades com todos. Logo que a limusine começou a andar, não resisti em dar uma olhada através do vidro traseiro, e pude ver Maxon, ainda que bem distante, correndo em direção ao carro, ainda com a máscara na mão. Se Pedro viu o mesmo que eu, não demonstrou. Fiquei grata por isso. Quando ele estacionou, já na garagem, eu já havia conseguido me recompor. Ou quase. De qualquer maneira, consegui ser forte o suficiente para desejar a Pedro um boa noite de sono e subir até metade da escadaria, onde minhas lágrimas foram mais fortes que meu autocontrole e eu me entreguei aos soluços.

Arrancando a máscara com força do rosto, eu rasguei o vestido dourado, descalcei os sapatos coma maior velocidade que consegui e corri para o chuveiro. A água muito quente logo se misturou à maquiagem e as minhas lágrimas. Decidida a retirar todo e qualquer reptício de Maxon Schreave que existisse em mim, juntei o sabonete, a bucha e a coragem que me restava, esfregando cada centímetro do meu corpo. Meus pais ainda não haviam voltado da reunião, e agradeci isso mentalmente, quando não consegui mais segurar o grito de ódio entalado em minha garganta. Como os funcionários estavam de folga, e meus seguranças foram alertados sobre meu possível estado de nervos, ninguém apareceu para perguntar se eu estava bem. Agradeci silenciosamente por aquilo também. Depois de lavar o cabelo com calma, minhas lágrimas pararam de escorrer. Eu me sequei, e sequei meu cabelo sem fazer nenhum outro som. Precisava relaxar, então quando entrei no closet, escolhi uma camisola longa de cetim rosa clara, ela deixava meu corpo mais à vontade. Me deitei na cama segundos depois, mas, infelizmente, tudo o que consegui fazer foi rolar na cama. Até agora. Havia deixado meu celular na festa, pois não tive tempo de pegar a carteira com o mordomo, então não sabia ao certo as horas. Tudo o que consegui para me orientar foi ver, através faz frestas entre a janela e a cortina, os primeiros indícios do nascer do sol. Meu corpo parecia não querer se entregar ao sono, mas depois de horas me revirando entre os lençóis, o cansaço acabou falando mais alto.

Eu ainda estava com um travesseiro no rosto quando minha mãe entrou feito um furacão, escancarando a porta do quarto e me dando um susto.

- América! – Disse ela, bem alto. Minha única reação foi pular da cama, devido ao susto.

- Ahhhh! – Gritei. – Que susto mãe! – Coloquei a mão sobre o peito, na tentativa falha de me acalmar. – Aconteceu alguma coisa? – Antes que ela pudesse me responder, consegui lançar um olhar até o despertador. Eu geralmente acordava pontualmente as nove, porém, tinha quase certeza de que o ponteiro pequeno do objeto marcava seis. Que Diabos minha mãe fazia acordada as seis da manhã?

- Temos que correr, filha – Ela disse, calmamente. Como ela conseguia? Eu simplesmente não sabia. O fato era que estava completamente vestida, inclusive o cabelo estava escovado, o que me levava a questionar se ela havia de fato, dormido. Um medo absurdo tomou conta de mim no momento em que processei as palavras dela. Correr por que? Haviam entrado na casa? E os seguranças? Será que Marta, Pedro e Anna estavam bem?

- Tem bandidos aqui? – Sussurrei, em pânico. Minha mãe gargalhou, o que me fez soltar o ar com mais calma.

- Claro que não, filha. – Disse ela, calmamente. – Seu pai está no escritório do governador do Rio, eles precisam da minha presença lá quanto à alguns assuntos, e como hoje é o dia de folga dos funcionários e da maioria dos seus seguranças, tenho que te levar comigo. – Finalizou ela, sorrindo. Era só? “Graças a Deus! ” Pensei.

- Ok. – Forcei um sorriso. – Vou me trocar. – Disse, me levantando da cama. Ela, porém, me parou quase que instantaneamente.

- Filha, preciso voltar agora! – Disse ela, em seguida me olhando de cima a baixo. – Não dá tempo de trocar de roupa. – Olhei para ela indignada.

- Mãe – Disse, com a voz mais calma que consegui. – Me desculpa, mas eu NÃO vou aparecer na casa do governador do Rio de Janeiro às seis da manhã só de camisola! – Abanei meus braços, para que ela me compreendesse melhor. Ao invés disso, ela apenas me lançou um olhar intimidador.

- América – Silabou ela. – Eu preciso voltar agora, e não tenho tempo de esperar com que você troque de roupa. Nós vamos ir, Agora! – Ela encerrou a conversa, me puxando pelo braço em direção à porta.

Meu cérebro, no entanto, pensou mais rápido, e eu avistei minha bolsa de ginástica pousada na poltrona de couro branco, próxima à porta. Eu costumava ir à academia às terças e quintas feiras, de modo que as aulas de ginástica eram colocadas logo após alguns compromissos, ao final da tarde. Como me trocava na academia, costumava guardar minhas roupas do dia-a-dia na bolsa, e ia para casa com as roupas de ginástica. Sendo assim, a probabilidade de existirem algumas peças de roupa naquela mala também branca eram, no momento, minha melhor opção para escapar do ridículo. Mais que rapidamente, alcancei-a quando estava prestes a ser arrastada porta à fora, juntamente com o roupão, – também de cetim - que fazia conjunto à camisola longa.

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Vinte e cinco minutos – e muita briga – depois, a limusine estacionou nos jardins da casa do governador do Rio de Janeiro. Minha mãe saiu do carro graciosamente, no instante em que Pedro abriu a porta direita traseira. Quanto a mim? Consegui colocar o roupão no caminho, e segurava minha bolsa a minha frente como se a vida de milhares de pessoas dependesse daquilo. Havia conseguido calçar meus sapatos – uma espécie de chinelo, porém com um saltinho, transparente, e com uma tira de plumas também rosa que prendiam meus pés. – No caminho, e, devido à lei de Murphy provavelmente, não consegui me equilibrar o suficiente, e terminei quase caindo num arbusto que se localizava perto da porta principal da mansão. Ótimo, o dia podia se tornar pior?  Claro que podia.

Entrei na casa, rapidamente olhando em volta. Se eu mesma não houvesse estado numa festa ali mesmo na noite anterior, poderia jurar que nenhum centímetro da mobília havia sido movido em pelo menos uma década. Cada móvel estava em seu devido lugar, os tapetes e cortinas também. Nenhuma sujeira restava no chão. Uau! A equipe de limpeza do governador merecia meus cumprimentos pelo excelente trabalho e curto período de realização. As faxineiras estavam devidamente vestidas, os vestidos na altura dos joelhos seguidos por aventais brancos adornados com rendinha branca perambulavam pelos cômodos com a graciosidade de sempre. Felizmente, ao lançarem seus olhares para mim, tudo o que pareceram ver foi uma criança assustada que fora arrancada da cama por seus pais. De certo modo, eu era exatamente isso. Segui minha mãe até o segundo andar, me surpreendendo em como subir escadas com aqueles sapatos podia ser difícil. Malditos Louis Vuitton. 

Ao chegar ao corredor que levava ao escritório, eu tive minha primeira surpresa. Além de a porta estar aberta, muitos homens de terno e mulheres de saia lápis e camisa social de diversas cores andavam apressadamente de um lado para outro, as vezes saindo do escritório, em rumo à porta principal. Todos pareciam muito ocupados. Minha mãe se aproximou sem pedir licença há nenhum deles, e entrou no cômodo. Eu, porém, fui barrada na porta por um dos dois seguranças que lá estavam.

- Com licença, senhorita. – Disse ele, sério. – Preciso conferir sua bolsa. – Meu semblante ficou mais sério ainda no mesmo instante.

- Como é? – Rebati, indignada. Aquele homem não sabia quem eu era? Aparentemente não, pois seu semblante pareceu não sofrer nenhuma alteração depois da minha pergunta.

- Desculpe, senhorita- Disse ele, no mesmo tom. – São procedimentos de segurança. – Revirei meus olhos. Meu pai as vezes exagerava.

- Ok – Disse, claramente estressada. Em seguida, estendi a mão que segurava a bolsa para o homem, que olhou incomodado para mim de cima a baixo. Ele não olhou com desejo, pelo contrário, seu semblante demonstrou certa indignação pelo meu vestuário. Como se eu já não me sentisse envergonhada o suficiente. – Fique à vontade! – Silabei.

O homem realmente não havia ido com a minha cara, porque resolveu revistar todo e qualquer compartimento da bolsa. Eu, por outro lado, não desejava olhar para a cara dele nem um segundo a mais. Então, dirigi meu olhar sala à dentro. Eu estava com os pés no batente da porta, então podia ter uma visão clara de tudo o que acontecia lá. O escritório do Governador era parecido com o do meu pai. Um carpete verde escuro cobria todo o piso, uma parede feita de janelas era coberta por cortinas também escuras. Ao lado, uma estante de livros ocupava toda uma outra parede, e bem a frente dessa, uma escrivaninha enorme de madeira estava repleta de papéis. Perto de onde eu estava, uma grande – na verdade, gigante – mesa também de madeira também estava repleta de papéis, e também muitas pessoas em volta. Elas moviam as folhas para todos os lugares, como se procurassem alguma coisa. Haviam pelo menos quinze pessoas ali dentro. Meu pai e o governador do Rio de Janeiro estavam em frente à janela coberta pelas cortinas, posando juntos e sorridentes para fotos que um fotógrafo – provavelmente francês, devido a boina que usava -. Minha mãe já estava entre as pessoas que manipulavam os papéis na mesa gigante. Ela parecia animada, por incrível que pareça.

Fiquei observando minha mãe por mais tempo do que me dei conta, e ainda olhava em direção ao meu lado esquerdo quando senti um baque súbito. Ora, alguém havia esbarrado em mim! Antes de me virar, pensei rapidamente em como daria a bronca na pessoa descuidada, porém, quando me virei de fato, a única coisa que saiu de minha boca foi o ar.

Bem diante de mim, centímetros na verdade, estava meu pior pesadelo. Maxon Schreave. Em carne, osso, e com o semblante de quem acabara de ver um fantasma. Eu pisquei, incapaz de realizar qualquer outra reação. Ele me fitou por pelo menos cinco segundos, os olhos caramelo, e os olhos caramelo intercalavam entre meus cabelos, olhos, e para meu desespero, boca. Depois, balançando a cabeça levemente de um lado ao outro, como se tentasse acreditar no que via, sussurrou, tão próximo que apenas eu pude ouvi-lo:

- .... Você? – Nunca havia visto um homem tão perturbado antes. Eu não sabia o que responder. O que poderia responder? “Sim, sou eu, e então, conseguiu dormir bem essa noite? Porque eu, sinceramente, passei a noite toda pensando em meu namorado secreto e na traição que cometi, me entregando aos seus lábios devastadores, macios, sensuais e....” Graças a Deus, meus pensamentos foram cortados por uma voz feminina antes que eu pudesse, de fato, responder alguma coisa.

- AMÉRICA! – Gritou a voz. Eu não a reconheci imediatamente, então rapidamente me virei para o lado esquerdo, conseguindo me desvencilhar do olhar de Maxon e concentrando-o na mulher elegante que se encontrava indo em minha direção. – Como você cresceu!

A mulher me puxou para um abraço apertado, então minha única opção foi abraça-la de volta.

- Mãe? – A voz dos meus pesadelos chamou. – Você conhece ela? – Ele perguntou, confuso. Bastou um olhar para aquele rosto perfeito para que eu percebesse a encrenca em que tinha me metido. A mulher era loira, os cabelos presos em um coque “banana” e as pérolas discretas em suas orelhas e seu pescoço anunciavam o que eu tanto temia. Aquela era Amberly Schreave. A esposa do governador, e mãe de Maxon. E, que Deus me ajudasse, porque ela estava sorrindo.

- Claro que sim, meu filho. – Disse ela, como se o filho fosse muito desatento. – Essa é America Singer, filha do Shalon, governador de São Paulo. – Ela olhou para mim, sorrindo, feliz como ninguém por nos apresentar. -  não é possível que não se lembre dela! Vocês já se conhecerem quando eram mais novos. Acredito que até tenham se juntado em pegadinhas contra sua prima Camille na época. – Engoli a seco. Aquilo realmente estava acontecendo? Ele me olhou de cima a baixo. Maxon no momento, vestia um terno cinza escuro completo e bem ajustado. A gravata preta combinava com os sapatos sociais, que eram da mesma cor. Eu, por outro lado, estava de camisola. “Meu Deus! ” Me lamentei, silenciosamente. Eu estava usando uma camisola rosa na frente daquele homem. Seu rosto passou por uma série de mudanças que provavelmente apenas eu notei. A surpresa de sua mãe me reconhecer tornou-se raiva, e depois ele pareceu procurar entre as memórias aquela que sua mãe acabara de mencionar, e, no momento em que ele pareceu encontra-la, seu semblante mudou drasticamente de presa, para predador. Ele sabia que havia descoberto meu segredo, o desgraçado!

- Claro. – Disse ele sério. – A menina que desejava “Brincar ”. – Meu coração parou. Deus, ele se lembrava daquilo? – É um prazer te conhecer America. – Ele se aproximou de mim, como o gavião que acabara de aprisionar sua presa – e tomou minha mão, levantando-a para pousar um beijo na mesma que fez com que a corrente elétrica se espalhasse pelo meu corpo novamente. Só que naquele momento, a corrente se devia ao medo que eu estava sentindo. – De novo. – Ele acrescentou.

No momento, tudo o que eu desejava era que, por algum capricho da ciência, um raio caísse bem em minha cabeça e eu pudesse ver o desfecho daquela conversa do paraíso. Infelizmente, tudo o que eu possuía naquele instante era a mãe de Maxon, que mudava o olhar entre ele e mim de uma forma tão doentia que eu podia jurar que se pudesse ler a mente dela, poderia ver, naquele instante, as cenas do casamento entre nós que ela planejava. Certo, agora minha situação não podia piorar. Consegui encontrar minha voz.

- Hã...Pra-prazer – disse, baixo. Comecei a rezar mentalmente para que a próxima fala dele não fosse algo como “E então, como se sente em ter me beijado e saído correndo? ”. Felizmente – ou não – Amberly resolveu aliviar o clima tenso que se instalara ali.

- Hã...Querida – Começou ela, como se fosse minha mãe. – Eu seu que vocês provavelmente têm muito o que colocar e dia – Ela olhada de Maxon para mim consecutivamente, e sorria. – Mas acredito que você prefira trocar de roupa primeiro, não? – Ela olhou para a minha camisola. – Provavelmente uma roupa mais...formal a fará ficar mais confortável neste ambiente. – Ela sorria. Eu podia ver o quanto havia se esforçado para dizer aquela frase sem me ofender. Meu respeito para com ela cresceu no mesmo instante. Ao lançar um olhar à Maxon, porém, pude vê-lo estudando... atentamente minha roupa novamente. Podia apostar que meu rosto estava vermelho como um pimentão no momento. Finalmente, porém, os céus pareceram atender as minhas preces, e um grito masculino ecoou por todo o cômodo, fazendo com que tanto eu, quanto Amberly e Maxon nos assustássemos.

- MAXON! – A voz chamou. – Onde estão os documentos que a advocacia enviou noite passada? – Olhei na direção da voz. Ora, eu nem precisava, na verdade, afinal, conhecia aquela voz com a palma da mão. Era Clarkson, o pai de Maxon. Ele olhava para o filho, esperando a resposta imediata, e graças a Deus, nem pareceu notar meu...vestuário. Maxon se empertigou imediatamente.

- Estão aqu...- ele olhou para a mão direita, que se encontrava vazia, e fez uma careta. Logo depois olhou para o chão, onde, para a minha surpresa, se encontrava uma pasta com o brasão do Rio de Janeiro aberta, e vários documentos se espalhavam pelo carpete. Ele havia derrubado os papéis? Mais que rapidamente, ele se abaixou, recolheu todos os papéis, e, depois de lançar um outro olhar para mim de baixo para cima, se levantou novamente e foi em direção ao pai rapidamente. – Aqui. – Disse ela, quando chegou perto da escrivaninha onde o pai se encontrava, e se sentou em uma das poltronas à frente da mesma. Finalmente, soltei o ar que nem percebi que prendia. Amberly pareceu voltar sua atenção para mim novamente.

- O que me diz? – Perguntou ela, sorridente. Eu pisquei.

- Me desculpe, o que disse? – Eu estava muito, muito confusa. Ela sorriu mais ainda. O que havia de errado com aquela mulher?

- O que me diz de encontrarmos um local para que você possa se trocar? – Ela Perguntou, gentilmente. Só então a ficha de que eu estava de camisola na frente de muitas pessoas caiu. Minha boca se abriu, em espanto e vergonha.

- Ah, ah sim! – Disse, envergonhada. – Claro, senhora Schreave. Por favor! – Acrescentei. Ela continuou a sorrir. Depois, lançou um último olhar em direção à escrivaninha onde o marido, o filho e meu pai trabalhavam. Mães. Sempre checando se está tudo bem. Sorri com o pensamento.

- Vamos, querida. – Disse ela, enquanto passava a mão esquerda por minhas costas e me indicava o corredor. O segurança mal-humorado da porta me entregou a bolsa, e nós seguimos em direção ao terceiro andar.

Assim que subimos, ela me encaminhou à penúltima porta do lado esquerdo do corredor.

- Todos os quartos estão ocupados com o restante da decoração da festa da noite passada, mas este irá servir. Fique à vontade, minha querida. – Disse ela, e então se virou e andou em direção às escadas novamente. Ahá!  Então aquele era o segredo para se organizar uma casa tão rápido depois de uma festa. Me virei novamente para a porta e girei a maçaneta.

O quarto era muito espaçoso. O piso era de madeira e parecia antigo. Ao centro, uma cama de casal sustentava uma colcha e travesseiros verde escuros. Uma das paredes abrigava uma janela enorme, que era coberta por cortinas. Do outro lado, duas portas abrigavam o que eu apostava serem o banheiro e o closet. Perto da Cama, uma escrivaninha um tanto estreita abrigava um notebook prateado, cuja proteção de tela era o brasão do Rio de Janeiro. Papéis e pastas de espalhavam pela escrivaninha também. Sem conseguir conter minha curiosidade, me aproximei da escrivaninha. E fiquei maravilhada. Cada uma das folhas apresentava desenhos de pontes, arranha-céus, estatuetas, e até mesmo um palácio antigo. Tudo era feito à mão, pois eu podia ver os lápis usados em um vidro próximo. Os desenhos pareciam mais perfeitos do que as construções reais jamais poderiam ser. Elogiei o engenheiro mentalmente. Segurei o desenho de uma ponte que mais parecia um morro nas mãos, admirando os traços perfeitamente retos. Num momento de curiosidade, passei meus olhos pela assinatura, e quase tive que me sentar. “Maxon Schreave, 2016”.

Maxon havia desenhado aquilo? Mais que rapidamente, localizei as assinaturas dos demais desenhos, e todos possuíam a mesma identificação. Imediatamente, soltei os desenhos de volta na escrivaninha como se eles fossem o Diabo em pessoa. Depois me virei para o restante do quarto. Pelos Céus! Aquele era o quarto do Maxon! Tinha que sair dali o mais rápido que conseguisse.

Rapidamente, retirei o robe e minha camisola, - me certificando de trancar a porta antes, claro – e rezei enquanto abria o zíper da bolsa de ginástica. “Por favor, uma calça e uma blusa. É tudo que eu peço. ” Retirei um par de scarpins preto. “Ótimo, os sapatos já são alguma coisa.”. Logo depois, avistei um emaranhado preto, que rapidamente puxei de dentro da bolsa. Uma saia preta de pregas, que batia cerca de uma mão acima dos meus joelhos. Também um blazer, conjunto da saia. Até encontrei um maxi-colar dourado. “Maravilhoso! ” – Pensei comigo mesma. Agora só precisava de uma blusa e meu problema estaria resolvido. Olhei novamente dentro da bolsa. Nada. Abri os demais compartimentos, mas não encontrei mais nada. Não podia ser. Como poderia haver um blazer na mala, e não uma blusa? “Claro! ”- me lembrei, repentinamente. Na última quinta, meus seguranças haviam me apressado na cafeteria devido há alguns homens suspeitos que rodeavam o local. Na pressa de entrar na limusine, acabei espirrando um pouco do meu cappuccino na blusa de seda verde clara que eu usava. Me lembro de tê-la levado nas mãos depois que saí da academia, e a entregado para Anne no momento em que entrei em casa.

Que beleza! A blusa não estava ali, e eu não sabia o que fazer. De repente, uma ideia completamente absurda e passou pela cabeça. Não. Eu não me atreveria àquele ponto. Eu já havia irritado Maxon o suficiente. Mas....se não fizesse, como iria sair daquele quarto? Então, minha mente poluída automaticamente imaginou o que Maxon poderia fazer comigo se entrasse no quarto repentinamente e me encontrasse naquele estado. Não. Não podia arriscar. Praguejando contra tudo e todos, me dirigi à porta que imaginava ser a do closet. Quando virei a maçaneta, me deparei com ao menos trinta ternos diferentes. Do outro lado, havia uma arara abarrotada de camisas de cores diferentes. A maioria era branca, claro. Uma poltrona se posicionava ao centro, e provavelmente era lá que ele se trocava. Outra arara menor acomodava calças jeans e camisetas polo. Bem atrás da poltrona, uma estante feita sob medida abrigava muitas, muitas gravatas. Abaixo, existiam gavetas onde eu imaginei que ele guardava…bom.... Peças de roupa mais pessoais.  Ok, ficaria bem longe daquela seção. Me dirigi à arara repleta de camisas. Bem ao final, localizei uma na cor goiaba, com os punhos pretos. Era a menor da arara toda. Bem, teria que ser aquela. Tirei-a do cabide com cuidado, e corri de volta à cama. Me vesti, calcei os sapatos, e me dirigi ao espelho. Meus cabelos estavam uma grande bagunça! Olhei para os lados, e encontrei uma escova de cabelos próxima do espelho. Penteei meus cabelos, que caíram lisos até abaixo dos meus seios. Corri de volta à bolsa, e abri o zíper da frente. Lá se encontravam um rímel e um batom a prova d’água.  É, parece que eu só havia me esquecido da blusa mesmo.  Corri para frente do espelho novamente. Dois minutos depois eu estava pronta. Claro, não era o que eu usaria no dia-a-dia, mas teria de servir. “Definitivamente melhor que uma camisola! ” – Acrescentei a mim mesma. Rapidamente, guardei minhas coisas de volta à bolsa branca, apaguei todas as luzes e girei a maçaneta do quarto. Agora, só precisava torcer para que Maxon não reconhecesse a camisa e pediria para que ela fosse devolvida a ele assim que chegasse em casa.

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Depois do almoço, eu praticamente não me aguentava mais. Não havia dormido a noite toda, e estava de pé, num salto alto, desde as sete da manhã. Decidi que precisava fugir daquele escritório. Eu sabia que não conseguia sair da mansão, mas precisava encontrar um lugar onde pudesse ficar descalça e....bom, curtir o silêncio. Me esgueirei lentamente pela porta – não que alguém estivesse prestando atenção em mim, mas estava decidida em evitar Maxon. – E desci o primeiro lote de escadas. Passeei pelo primeiro andar da mansão até que encontrei uma porta que não poderia ser um banheiro, nem uma sala de reuniões, nem um escritório. Bom, ninguém ia até lá, provavelmente. Olhei para os dois lados, certificando-me de que ninguém poderia denunciar meu esconderijo, e entrei. Para a minha surpresa, o cômodo parecia ser uma espécie de biblioteca. Sorri no mesmo instante. Eu poderia passar horas lendo, sem me importar. Rapidamente, retirei meus saltos, e meus pés doeram, devido ao alívio de finalmente pisar no chão. Suspirei, aliviada. Em seguida, retirei o blazer, já que a suposta biblioteca não possuía ar condicionado. Arregacei as mangas da camisa, e abri dois botões da mesma, aumentando meu decote. Ninguém iria ver mesmo!

Depois disso, me dirigi às prateleiras cobertas de livros. Encontrei um romance histórico que me parecia bem interessante em uma das últimas prateleiras, e caminhei em direção ao sofá de estofamento escuro que se encontrava ao lado. O sofá possuía quatro acentos, então eu pude me esticar, como numa cama. Graças a Deus, o sofá tinha almofadas, então eu pude encostar minha cabeça numa delas enquanto me concentrava na história. É de se esperar, que como estava muito cansada, acabei pegando no sono menos de duas páginas depois de começar a ler. Em meu sonho, Maxon era um vampiro muito escandaloso, enquanto Aspen era o amor da minha vida. E, para meu desespero, não importava o quanto amasse Aspen, Maxon simplesmente me hipnotizava com sua maneira de falar, me tratar, de me beijar... ah, sim. Os beijos de Maxon possuíam um quase imperceptível sabor de sangue, que ele causava enquanto dava mordidinhas durante os beijos. Ele era um vampiro, e se saboreava tanto com meu sangue quanto com meus lábios, sempre entregues aos dele. No momento, ele se encontrava em cima de uma árvore, comigo junto a ele. Ele me segurava para que eu não caísse, e me beijava como se não houvesse amanhã. Tudo ia perfeitamente bem, até que ele parou o beijo e começou a falar sem parar.

- Eu preciso desses documentos até hoje à tarde. – Sussurrou ele, em meu ouvido. Espera. O quê?

- C-como? – perguntei, ainda perdida nos lábios dele.

- NÃO! – Gritou ele. – Eu não quero saber se o escritório está em recesso ou não. Isso tem que estar aqui até as cinco da tarde, me entendeu bem, Alexis? – Ok, agora aquilo estava estranho. Eu não me chamava Alexis.

- Maxon – chamei, sorrindo, enquanto virava a cabeça dele de volta para que me visse. – Maxon, sou eu! America.

- JÁ DISSE QUE NÃO QUERO SABER! – Vociferou ele. – Ou esses documentos vão estar aqui até as cinco ou você vai estar no olho da rua! – Disse ele. Eu não estava entendendo mais nada, porém a voz dele ficava cada vez mais distante. De repente, então, ouvi um baque súbito. Um barulho enorme. Imediatamente abri os olhos. Eu estava sonhando. “Graças a Deus” – Pensei, quase em seguida. Mas bastou um olhar em direção à porta para que eu desejasse voltar ao país dos sonhos e nunca mais despertar. Ele estava ali. Bem a minha frente. Ocorreu-me tarde demais que as palavras do “vampiro” Maxon eram, na verdade, as palavras do verdadeiro. E que o barulho, na verdade era o som que a porta fez quando Maxon a bateu com toda a força, fechando-a de raiva. Agora ele havia guardado o celular no bolso e passava as mãos no cabelo, que estava bagunçado, seus olhos estavam fechados. Não usava o paletó do terno e nem o colete. A camisa branca, assim como a que eu usava, estava meio arregaçada até acima dos cotovelos, e a gravata estava frouxa, devido ao primeiro botão da camisa, que se encontrava desabotoado. Por tudo que era mais sagrado. Se eu pensava que ele era bonito usando o terno completo, não tinha palavras para descrever como ele ficava só com a camisa e calça. Ele suspirou, e eu gelei no mesmo instante. Como sairia daquela? Engoli a seco quando percebi que ele iria abrir os olhos.

Ele abriu os olhos, mas não me viu. Suas olheiras estavam bem visíveis, e ele parecia estar bem cansado. Era provável que não tivesse dormido também. Por um momento, quase senti pena dele. Quase. Ele olhou ao redor, e só depois que passou os olhos pelas prateleiras, é que fitou o sofá e me viu. Que Deus me ajudasse.

Ele olhou para mim e piscou. Provavelmente pensou que eu estar deitada naquele sofá fosse apenas um delírio, devido ao sono. Porém, depois de piscar suas vezes e contatar que eu ainda estava ali, seu rosto ficou branco. Cinco segundos depois, ficou vermelho. Eu já estava pensando em qual seria a próxima cor do arco-íris iria colorir seu rosto, quando ele conseguiu dizer alguma coisa.

- America. – Disse ele, com dificuldade. – O que está fazendo aqui? – Agora ele estava sério.

Eu ainda estava deitada no sofá todo, porém, depois daquela pergunta, me levantei mais que rapidamente.

- M-Maxon. – Gaguejei – Eu...Hã...- Respirei fundo. – Eu estava cansada, e então saí do escritório para procurar um lugar calmo onde eu pudesse descansar um pouco, e então eu encontrei essa sala, mas eu juro que não sabia que era uma biblioteca, me desculpa, eu já vou saindo e... – Falei tudo de uma vez, e bem rápido. Quando peguei meus saltos na mão e me dirigi para a porta, porém, ele entrou na minha frente. Oh, Céus.

- Não foi isso que perguntei. – Disse ele, ríspido. – O que você está fazendo aqui, America. Nessa casa?

Pisquei de novo. Ele, por acaso, era surdo?

- Meu pai é o Governador de São Paulo. – Disse, antes de engolir a seco novamente. – Shalon Singer. – Finalizei. Minhas pupilas deveriam estar dilatadas há essa hora. No entanto, ele continuava me olhando seriamente. Por mais ou menos trinta segundos. Quando eu pensei que o silêncio iria acabar nos matando – ou nos forçando a fazer coisas piores – ele respondeu:

- Certo. – Disse ele, como se estivesse ouvindo fatos que levaram há um assassinato. – América Singer, certo? – Ele apontou para mim, enquanto perguntava. Minha respiração descompassada era praticamente audível quando assenti.

- S-Sim. – Respondi. Ele deu um passo em minha direção, e nem que minha vida dependesse daquilo, eu não conseguiria fugir dele no momento.

-    Então será que a senhorita poderia me explicar – Começou ele, em tom baixo, na verdade, quase um sussurro. -  POR QUE DIABOS NÃO SE SENTIU NA OBRIGAÇÃO DE COMPARTILHAR SEU NOME COMIGO SEIS HORAS ATRÁS? – Ele terminou gritando, e eu fechei os olhos. Sabia que ele estava zangado, mas não imaginava o quanto.

- E-eu não sabia que era você – Comecei, relutantemente, ao ver que ele tentava controlar a respiração. Maxon me olhou com cara de desprezo.

- Aham, claro. – Ele tombou a cabeça para o lado direito. – VOCÊ DISSE MEU NOME, AMERICA. – Silabou ele. – Tentei terminar minha versão da história.

- EU SEI. – Rebati. Ele pareceu surpreso com minha reação. Continuei. – Eu descobri que era você no momento em que tirou aquela máscara. Antes, porém...- Dei uma pausa, para que ele ligasse os fatos. – Não fazia ideia de com quem estava dançando...e tudo mais.

Ele deu mais um passo à frente. Oh, oh. Ele olhou em meus olhos pela primeira vez, desde o início da conversa. Eu pude lê-lo como uma janela aberta naquele momento. Ele havia sofrido. Estava confuso, perdido entre luxúria, ódio, ira, e outros sentimentos. Ele piscou, antes de fazer outra pergunta:

- Porquê? – Perguntou simplesmente. – Porquê você saiu correndo ontem à noite? – Ele mantinha os olhos nos meus o tempo todo agora, e eu não conseguia pensar numa desculpa boa o suficiente. Não podia, sobre hipótese alguma, contar a ele sobre Aspen. Seria o fim da nossa história, e ele poderia ser preso pelos protestos contra o governo. Até mesmo eu poderia ser presa por ter participado de alguns.

Mas então, porque estranhamente senti minha língua pinicar e as palavras se formarem em minha cabeça? Não importa. Nunca poderia contar à Maxon. Já que não podia contar, respondi a única coisa que sabia que ele consideraria.

- Eu não sou solteira, Maxon. – Disse, num sussurro. Ele piscou mais uma vez. Quase pude sentir o desgosto que tomava conta de sua expressão. No entanto, depois de cerca de dez segundos me encarando, a pergunta seguinte foi a única que eu não esperava.

- E onde ele estava durante o tempo que você passou comigo naquela festa? – Perguntou, ainda olhando em meus olhos. Daquele jeito ficava difícil.

- Ele...ele não é como nós. – Disse, sentindo o sangue se esvair do meu rosto. – Ele não tem família no ramo político. – Terminei, enquanto sentia gotículas de suor se formarem em minha testa.

 

E, justamente quando pensei que o interrogatório havia terminado, ele me pegou de surpresa mais uma vez. Surpreendendo-me totalmente, ele levantou a mão esquerda, segurou minha mão direita e me girou. Assim como na valsa, eu terminei de costas para ele. Seu corpo colado ao meu. Minha respiração falhou. A mão esquerda agora pousou sobre minha cintura, enquanto a direita tirava os fios ruivos do meu cabelo do rosto, e puxava-os para minhas costas. Ele aproximou o rosto do meu, e sussurrou ao meu ouvido:

- Eu não acredito em você. – Disse, simplesmente. Em seguida, para meu total terror, mordeu o lóbulo da minha orelha. Um suspiro inconsequente saiu de meus lábios, abertos pela surpresa. Ele soltou uma risada rouca. Por Deus, onde fui me meter? E não parou por aí. – E.…mesmo se acreditasse...- a barba dele estava por fazer, percebi tarde demais. Os pelos roçavam em meu rosto, enquanto ele deslizava o queixo pela lateral do mesmo. Nesse momento, não havia decidido ainda se estava prestes a encontrar o céu ou o inferno. Provavelmente o inferno. – Continuaria perguntando a você, ruiva. – Ele parou de se mover um instante. – Por acaso, o seu “namorado” consegue arrancar isso de você? – Ele perguntou, com a voz num tom inocente. Em seguida, ele deslizou a mão da minha cintura até minha axila, lentamente, roçando as unhas no tecido da camisa. Dessa vez o que saiu foi um gemido. Maxon pareceu gostar. - ... ou será que ele consegue arrancar isso?... -  Agora, além das mãos, ele começou a usar a boca. Usou a mão direita para puxar meu cabelo todo para o lado esquerdo, e beijou o meu pescoço. Se o inferno fosse daquela maneira, sinceramente não sei se ficaria chateada por ir para lá. O que era aquele homem?

Vagarosamente, ele traçou uma trilha de beijos, todos demorados, desde o meu pescoço até a minha clavícula. Depois, fez o caminho reverso, subindo até meu rosto, e terminando num beijo mais demorado que o habitual no canto da minha boca. E o que eu fiz? Nada, se é que se pode considerar gemidos como uma reação, de fato. Eu não tinha forças para protestar. Eu não conseguia pensar em nada. Literalmente.

- Deixe-me te contar uma coisa, America. – Disse ele, enquanto beijava minha nuca. – Esses calafrios, esses arrepios, esses... sons que você está fazendo – disse ele, parando gradativamente para beijar o local em que os fios de cabelo começavam a nascer. – São sinais. – Disse ele, por fim. – São sinais de uma verdade que você está negando para mim e para si mesma. – Minhas costas bateram contra a estante de livros. Espera. Como eu tinha ido parar ali? Agora ele estava me prensando entre seu corpo e a estante. – E essa verdade é que...- Ele beijou meu queixo. – Você quer isso. – Ele beijou meu nariz. – Você deseja isso. – Sua mão direita pousou sobre a minha esquerda, que se encontrava agarrada a saia preta, numa tentativa falha de me conter. Sua mão esquerda apertou a minha, que consequentemente, apertou ainda mais a saia, levantando-a alguns centímetros. Mas ele não olhou para baixo. Pelo contrário, estava concentrado em meu rosto, e eu tinha certeza do que ele via. Os olhos vidrados nos dele, com as pupilas dilatadas ao extremo, os lábios semiabertos, as maçãs do rosto coradas e nenhuma, absolutamente nenhuma resistência da minha parte em detê-lo. – Admita, America. – E agora, para que eu perdesse totalmente meus últimos reptícios de controle, ele roçou os lábios nos meus. Não me beijou. Apenas roçou nossos lábios, tão demoradamente que eu poderia caracterizar como tortura. Uma tortura tão deliciosa que já não me fazia pensar como deveria. E, por um momento, me peguei considerando o que aconteceria se, de fato, perdesse a razão e o beijasse como estava fantasiando. E posso dizer que foram milésimos de segundos que me impediram de fazer aquilo. Milésimos de segundo e duas batidas na porta da biblioteca.

- Maxon? – Uma voz feminina chamou. Uma voz que eu conhecia bem até demais. Ele sorriu, e se afastou um pouco de mim para que pudesse responde-la.

- Sim, senhora Singer? – Ele piscou para mim, e minha consciência automaticamente voltou. O que eu estava prestes a fazer, Deus?  

- Por acaso você viu minha filha America por aí? Não consigo encontra-la para convidá-la para o almoço. – Minha mãe pareceu preocupada. Oh, céus.

- Já verificou todos os banheiros? – Perguntou Maxon. Era incrível como sua voz não se abalava com a respiração pesada daquela maneira.

- Bom, não todos. – Admitiu minha mãe. Maxon riu alto.

- Ah, então eu sugiro que vá procurar Mary na cozinha, ela conhece tudo por aqui, e tenho certeza de que ficará feliz em lhe mostrar todos os banheiros da casa. – Eu o olhava com o semblante fechado, e ele sorria para mim, o demônio.

- OK, Obrigada Maxon. – Disse minha mãe, provavelmente envergonhada. - Ah, me desculpe por atrapalhar, sei que disse lá em cima que iria descer aqui para tirar um cochilo. - Então foi por isso que ele havia entrado lá?

- Acredite, eu estava acordado há um bom tempo, senhora Singer. – Disse ele. Minha mãe murmurou desculpas mais uma vez e o som se seus saltos sob a madeira ficou cada vez mais distante, até que não pudemos mais ouvi-lo.

- Onde estávamos? – Perguntou Maxon, se virando para me fitar novamente.

 Eu, porém, já havia conseguido escapar e estava há dois metros – e uma cadeira – longe dele.

- Estávamos na parte em que você me deixa em paz. – Disse fria. Já havia conseguido recuperar minha capacidade de pensar, e ele não iria me seduzir mais uma vez.

- E por que eu ouviria seu apelo? – Perguntou, dando um passo em minha direção. Recuei mais um.

- Porque minha mãe está me procurando, e a não ser que ela não me encontre em exatos três minutos, vou gritar e contar a todos que você estava me mantendo aqui à força. – Ele gargalhou.

- E por que Diabos você acha que acreditariam em você, não em mim? – ele me desafiou.

- Simples. – Disse sorrindo maliciosamente. – Com que foi que minha mãe falou?

- Comigo. – Respondeu.

- Exatamente. – Sorri novamente. – Posso dizer a ela que você tapou minha boca até que ela fosse embora. Você conhece a casa, eu não. Em quem acha que vão acreditar, senhor Schreave?

Ele pareceu ponderar durante alguns segundos, e em seguida fechou a cara.

- ok. Disse ele ríspido. – Você ganhou essa. – Meu sorriso foi genuíno. Ele caminhou até a porta, e antes de rodar a maçaneta, olhou novamente para mim.

- Ah, a propósito. – Disse, voltando a sorrir. – Minha camisa ficou muito sexy em você, mas eu apreciaria mais se essa saia não estivesse atrapalhando tudo. – E, depois de sorrir perante meu rosto vermelho como um pimentão, ele saiu e fechou novamente a porta, me deixando perdida em meus pensamentos. 


Notas Finais


Ui! Maxon sedutor? Essa é novidade hahahahaha. Espero que tenham gostado! Favoritem a história e comentem o que estão pensando! Obrigada pelos comentários, fiquei muito feliz. Mesmo! Xoxo.


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