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História Thank You »» Cockles a.u «« - Trinta e Seis


Escrita por: dannovak

Capítulo 36 - Trinta e Seis


Aromaterapia era uma coisa recorrente para Misha e seus pequenos pacientes. Alguns dos pequenos gostavam do cheiro da Alfazema e até mesmo do Sândalo. Eles dois descobriram a Lavanda.

O cheiro aconchegante fazia com que Misha conseguisse descansar um pouco no sono e com que Jensen tivesse sonhos maravilhosos.

Começou com defumadores no quarto do hospital, ainda na recuperação de Misha, e agora eles tinham aquele aroma em seu quarto todas as noites.

Assim que Misha voltou a trabalhar (o que aconteceu mais rápido do que deveria, devido à hiperatividade dele), Jensen também o fez. Logo quando voltou foi em dobro sim, mas estava tudo bem. Ele gostava dali, gostava da sua vida.

Ele acordava abraçado com Misha, com o cheiro deles misturado e um beijo de bom dia. Ele dormia abraçado por Misha, sentindo o cheiro dele junto com o da Lavanda, e um beijo de boa noite. Ele sonhava com Misha, sua casa com uma cerca branca e uma pequena garota de olhos verdes. O sonho se repetiu por algumas noites depois que Misha teve alta e eles viram a pequena Patty. Ela soube do que aconteceu e implorou para vê-lo. Desde então, Jensen não conseguia parar de pensar na garotinha.

Misha não sabia disso. Ele adorava o sorriso que ganhava pela manhã é a receptividade maior que estava recebendo de Jensen, mas por conta do outro sempre fazer questão de lhe dizer o quanto estava feliz por estar com ele, acreditou que fosse isso. De qualquer forma, ele não deixaria de amar o carinho que estava recebendo e nem de retribuí-lo.

Nos últimos dias, para manter a proximidade eles começaram a trocar mensagens de texto. Era mais sutil do que ficar em linha durante o dia todo (assim como queriam), principalmente porque o trabalho de Jensen não o permitia ficar com o celular -mas ele conseguia escapar e usar por alguns segundos antes de ser chamado de volta.

No começo ele ficou meio incerto quanto as mensagens. Conversando em ligações e ao vivo era algo com que ele podia lidar. Ele conseguia manter um nível e ser ele mesmo ao mesmo tempo. Mas em comunicação escrita era diferente. Ele sabia que o vocabulário de um médico seria diferente do de alguém não tinha nem mesmo terminado a escola.

Às vezes ele errava algumas coisas, mas Misha o corrigia (a seu pedido), e ele se sentia acolhido de certa forma. Era mais uma coisa em que Misha o ajudava, algo a mais para ser grato e feliz.

Jensen se rendia às gírias e abreviações que podia usar. Ele enchia o celular de Misha de "ILY", "XOXO", e "TTYL", enquanto o outro devolvia muitos corações, flores e sorrisos em forma de emoji.

◎◎◎

Misha olhava atentamente para cada rosto de cada homem atrás do vidro. Estremeceu ligeiramente quando reconheceu a cicatriz certa, na bochecha certa.

-É o número três. -respondeu rapidamente, querendo sair dali o mais rápido possível. Aquele rosto não trazia boas lembranças é o local não o deixava com boas sensações.

-O senhor tem certeza? -o oficial Novak perguntou. Ele era um daqueles policiais que tentam reconfortar as vítimas de qualquer forma. Havia sido muito atencioso, e seu olhar agora era um daqueles que se dá quando se quer incentivar alguém. Misha olhou novamente.

Seu carro havia sido levado para ser utilizado para mais roubos, o que não deu certo porque os bandidos acabaram batendo o carro no caminho. Eles machucaram ele para poder machucar mais pessoas. Um deles, que já havia sido identificado e preso, iria roubar para ajudar a pagar a dívida de jogo do pai. Quando soube da história, o coração de Misha se apertou pensando em quão longe o desespero poderia levar.

Ele convivia com pessoas desesperadas todos os dias, e cada uma tinha uma forma de lidar com isso, todas elas com suas consequências. A sua esperança era que o homem pagasse pelo que fez sim -ele quase perdia a vida, não tinha como não desejar-, mas que ao sair conseguisse uma nova chance. Era difícil alguém sair com uma melhor consciência de um lugar tão hostil quanto a prisão, mas ele iria torcer para que aquele homem fosse a exceção.

-Tenho. -Misha disse, soltando o lábio de um apertão entre os dentes.

-Tudo bem. -O oficial Novak apontou para o homem que estava com o número três para os outros policiais e se voltou para Misha- Muito obrigado por vir. Qualquer coisa te ligamos certo?

-Certo.

-Tenha uma boa tarde, senhor Collins.

Misha somente assentiu com a cabeça e saiu pela porta, encontrando um Jared parecendo ansioso no celular.

-Misha! Como foi lá dentro?

-O reconheci rapidamente. -ele disse, coçando a cabeça- Eles vão fazer o que tiver de fazer e me chamar quando necessário.

-Você está bem?

-Vou ficar.

O homem maior abraçou o amigo e em seguida seguiram para a saída.

-Jensen está trabalhando, não é? Quer ficar comigo e Gen enquanto ele não chega?

-Não. Eu vou ficar bem sozinho por algumas horas.

-Tudo bem. Eu não posso te forçar, de qualquer forma. Apesar de que se eu tentasse, conseguiria. -eles riram e Misha revirou os olhos.

Misha entrou no carro de Jared e depois de alguns minutos já estava em casa.

Depois de um banho, voltou para a sala e ficou encarando o relógio por alguns segundos. Faltava cerca de uma hora e meia para que Jensen chegasse em casa. Foi quando ele teve uma ideia.

Misha ouviu o barulho da porta abrindo e cruzou as mãos pra trás sem saber o que fazer com elas. Jensen franziu a testa e logo entrou sem entender o que estava acontecendo.

-Boa noite, querido. -o de olhos azuis beijou o outro carinhosamente.

-Boa noite, Mish. O que você está fazendo? -perguntou, inclinando o pescoço para olhar para a cozinha.

-Depois você vê. -Misha puxou sua cabeça de volta em outro beijo- Agora você vai se trocar e colocar uma roupa confortável, certo?

-Certo. -ele subiu as escadas cumprindo com a sua promessa de não bisbilhotar.

Misha voltou a arrumar a mesa, tirando as flores escondidas no armário e colocando-as em cima da mesa. Colocou também o envelope cheio de fotos embaixo do prato que seria de Jensen, e acendeu algumas velas.

Ele estava mais nervoso do que achava que estaria. A alguns meses ele simplesmente riria se alguém lhe dissesse a volta que sua vida daria. Ele não percebeu a importância disso tão cedo. Não até quase morrer. Até quase perder tudo. Tudo o que ele tanto procurava, e logo depois de achar.

Jensen entendia seu amor pelas causas sociais e o seu amor pelas pessoas. Até porque eles se conheceram por conta disso e… Seu coração gelou. De repente tudo aquilo parecia errado. Ele só havia olhado o seu lado. E quanto a Jensen? Será que ele gostava dali, gostava da companhia dele, retribuía o mesmo sentimento? E se ele só estivesse ali por gratidão, e não por amor? Se estivesse se sentindo sufocado? Pior, e se tivesse sendo sufocado sem sentir? E se todas aquelas declarações fossem algo causado? Algo que as mente de Jensen entendeu errado?

Pânico atingiu Misha enquanto ele apagava as velas e escondia as coisas novamente, bem a tempo de Jensen descer.

-E então?

-Eu fiz o jantar. -Misha respondeu a primeira coisa que lhe veio à cabeça, enquanto recebia um olhar incrédulo, afinal de contas não havia nada de novo em fazer o jantar. Mas Jensen sorriu e se sentou.

Eles comeram e conversaram normalmente. Misha não queria demonstrar que estava nervoso. Ele teria que explicar tudo, Jensen não ia gostar, e ele iria ficar sozinho de novo. Pior, ele ia ficar sem Jensen. Se aquilo tivesse de acontecer, não seria daquela forma.

Quando Misha retirou os pratos da mesa, seus olhos caíram direto para o envelope e o outro acompanhou seu olhar. Dentro de si, ele xingava todos os palavrões que conhecia.

-Isso é pra mim, Mish? -seu coração palpitou com o apelido, mas aquilo não durou muito, logo estava apertado de novo.

-Sim. -ele disse, saindo e ficando de costas para Jensen, indo até a pia. Mesmo sem olhar, ele sabia que Jensen estava olhando as fotos. Ele não sabia o que responder se…

-Elas têm algum motivo especial? -se essa pergunta viesse. Se virou devagar e encarou Jensen, que já estava em pé perto dele. Ele não podia dizer a reação dele, porque ele parecia não ter nenhuma. Misha odiava quando ele fazia aquilo, o que acontecia sempre que estavam conversando sobre algo importante. Aquela cara neutra que serviria muito bem se eles fossem jogar pôquer, mas eles não estava jogando pôquer.

-Eu ia te pedir… Eu ia perguntar se você queria ser meu namorado.

-Por quê? -aquela cara se “eu não sinto nada” continuava. E com aquela resposta, o pânico de Misha aumentava.

-Eu entendo se não quiser. Você não tem que ter nada comigo. Apesar de que já temos algo. Foi tudo muito rápido. Eu não fazia ideia de quando viramos amigos e de quando viramos… o que somos hoje. Eu só queria uma data. Algo para comemorar. Mas se você não quiser, tudo bem. Eu juro que tá tudo bem. Entendo que talvez tenha sido muito rápido. Talvez você precise de um tempo pra você, agora que você já tem seus documentos, e trabalho e… você não precisa ficar aqui se não quiser. Não me deve nada, se estiver aqui… se estiver por isso você… Eu estou falando muito, droga. -ele respirou fundo e tentou se acalmar- Desculpe. Eu fico um pouco paranoico quando planejo algo e não sai como eu queria.

-Você… -Jensen engoliu, seus olhos grandes e assustados- Você acha que estou aqui porque acho que sou obrigado?

Aquilo parecia ainda mais terrível quando ele ouvia da boca de outra pessoa.

-Eu não acho isso. Só estou com medo disso. Eu não quero te machucar, não quero ferir você de modo algum.

-Você não está me machucando. Se eu quisesse ir, já teria ido. Acredite em mim. Estou aqui porque eu preciso de você. Preciso de você sendo essa pessoa maravilhosa que você é, preciso me sentir importante, e preciso ficar perto do homem que eu amo. Eu te amo. Esse é um motivo egoísta para ficar na casa de alguém, mas é o que acontece. E se você quiser a data, tudo bem. Eu já sou seu de qualquer jeito. De corpo e alma.

Misha puxou Jensen para um beijo que era quente e doce ao mesmo tempo. As mãos passando por seu rosto, como se pra memorizar cada detalhe.

-Eu também sou seu, querido. Cada parte de mim, de qualquer forma que você precisar. Sempre. Ou não, se você não quiser.

-Não diga isso, Mish. Não vai se passar um dia sem que eu te queira. Sou seu namorado se quiser. Por favor, nunca tenha essa vergonha de me pedir algo, independente do que seja. Eu te farei tudo, te darei tudo. Não porque você fez por mim uma vez, mas porque eu amo quem você é. Cada detalhe de quem você é. Sempre.

As lágrimas de emoção dos dois brilhavam, dividindo o sentimento e a certeza. Aquilo era puro amor.



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