América's POV
Estava correndo havia horas, e eu fiquei a me perguntar como ainda minhas pernas conseguiam se mover. Quando pensei em desacelerar os passos, ouvi a sirena do carro de polícia atrás de mim, me fazendo correr mais do que antes. Meu cabelo insistia em grudar em meu rosto, o que me deixava bastante irritada. Gotas de suor escorriam pela a minha testa até meu pescoço, me agoniando.
Pensei em dar uma parada para poder respirar, mas se eu fizesse seria pega, e era a última coisa que eu queria no momento. Acelerei os passos e aos poucos a sirena foi diminuindo. Olhei para trás e um sorriso rasgou meu lábios ao ver que o carro havia sumido. Voltei a olhar para frente e avistei um beco escuro a frente. Dei uma última olhada para trás e entrei no tal beco.
Me inclinei para frente com as mãos no joelho, minha respiração falhava, meu coração parecia que estava prestes a saltar do meu peito. Sentei no chão sujo e encostei minhas costas na parede de tijolos, nunca me senti tão aliviada na minha vida.
Fechei os olhos e tentei controlar minha respiração e meus batimentos cardíacos, que aos poucos foram voltando ao normal. Quando descidi abri os olhos me deparei com dois policiais a minha frente. Arregalhei os olhos, olhando em volta, vendo se tinha escapatória, mas para o meu azar, não tinha.
- Ah não... - Soltei um longo suspiro, fechando novamente meus olhos e batendo de leve minha cabeça na parede atrás de mim.
Me levantei do chão e pus as mãos atrás das costas e me virei, já sabia como funcionava a coisa toda, não era a primeira e nem a última vez que eu faria isso, disso tenho certeza. Senti colocarem as algemas geladas em meus pulsos e me levarem para fora do beco. Abri lentamente meu olhos e olhei para os lados, um estava a minha esquerda e o outro a minha direita. Eles tinha o triplo do meu tamanho, o que dificultava as coisas.
- Que coisa, non? - Abri um sorriso de canto, arqueeando as sobrancelhas. Eles me olharam pelo canto do olho, esperando que eu continuasse a falar. - Vocês me pegaram, de novo. Estou começando a me cansar dessa brincadeira. Nunca gostei de polícia e ladrão, vocês sempre me colocam pra ser a ladra. - Choraminguei.
- Se quiser poderemos brincar de esconde-esconde da próxima vez. - Disse William, o policial a minha direita, me fazendo rir.
- É, pode ser.
Chegamos no carro deles e abriram a porta de trás para mim. Agradeci pelo cavalheirismo e entrei. Me aconceguei no banco, observando-os entrar. William deu partida, indo em direção a delegacia local de Bristol. Sulivan, o outri policial e gordo, pegou um pacote de salgadinho de queijo, abriu a pequena janela que separava o banco da frente - aonde os polícias ficavam - do banco de trás - aonde os marginais ficavam, não que eu seja uma, que isso.
- Valeu. - Agradeci.
Levantei minha mão livre das algemas - deixando bem visível para eles - e a enfiei dentro do pacote de salgadinho, pegando um bocado e logo levando a boca. Sulivan me encarava com a boca em um perfeito O, o que me fez engasgar por segurar o riso.
- Como você se livrou das algemas? - Perguntou William, me olhando pelo retrovisor.
- Segredo. - Sorri travessa para ele, que riu pelo nariz.
[...]
Antes de irmos para a delegacia, fomos ao McDonalds, aonde eu pedi um combo. Fomos o caminho todo cantando e comendo, mas tivemos que parar ao chegarmos na rua da delegacia. Não seria bom para eles se os vissem tão "liberais" comigo. Nós nos conheciamos há exatamente 6 anos. Fui eu que lhes ajudei a prender a primeira pessoa em seu primeiro dia na delegacia. Bom, como vocês já devem estar a imaginar, esse "alguém" na verdade era eu. Desde então criamos essa nossa "amizade", que era mantida em segredo, para que eles não perdessem seu emprego e eu, bom, sofrer nas mãos dos outros policiais, que não eram nem um pouco legais como eles.
Quando chegamos na delegacia, pus as algemas em mim mesma e sai do carro. - Lar, doce lar. - Falei, arrancando risadas de William e Sulivan, que me levaram para dentro do prédio.
- Olha só quem veio nós dar o imenso prazer de sua companhia. - Josh me encarou com o mesmo sorriso idiota de sempre, o que me fez revirar os olhos.
- Adoro fazer caridade. - O respondi sarcasticamente.
- Poderia fazer um e parar de fazer cu doce comigo. - O encarei com as sobrancelhas arqueadas. - Não responde as minhas mensagens nem retorna as minhas ligações. Estou com saudades, Am.
- Cada um com os seus problemas. - Sorri de canto e lhe mandei um beijo, antes de William me empurrar para dentro de um corredor que levava as celas.
Ao chegarmos em uma vazia, entrei na mesma e eles fecharam a porta da cela, deixando-a destrancada. Eles sabiam que eu não iria fugir, da última vez que eu tentei ganhei um belo de um olho roxo, que eu nem me lembro como eu o ganhei exatamente.
William e Sulivan se sentaram em uma mesa a que tibha en frente a minha cela e ficamos conversando sobre coisas aleatórias por um tempo, até ouvirmos gritos de uma mulher vindo da parte da frente da delegacia. Revirei os olhos, já imaginando quem seria.
- Essa garota só me trás problemas! - Ouvi a porta que separava as celas da frente da delegacia se abrir em um baque e logo em seguida um barulho de salto batendo no chão, a cada passo que se dava o som aumentava, mostrando que estava cada vez mais perto. - Ela tinha que ter puxado o pai dela!
Comecei a observar uma mosca sobrevoar um canto da cela, era algo bastante interessante de se ver. Deve ser uma merda ser uma mosca, sempre voando em volta de lixo e merda, pensei me aproximando do local, mas logo parei ao sentir olhares em mim. Abaixei a cabeça e um sorriso rasgou meus lábios. Me virei em direção da pessoa que me olhava e levantei a cabeça. Uma mulher alta, magra dos cabelos negros bagunçados e olhos azuis cansados me encarava atrás das barras de ferro da cela.
- Aonde foi que eu amarrei meu burro, senhor? - A ouvi dar um longo suspiro, abaixando a cabeça e negando com a cabeça, mostrando estar decepcionada.
- Olá, mamãe. - Me levantei da cama que tinha na cela e fui para perto da mulher, deixando apenas as barras de ferro nós separar.
Era em momentos como este que eu percebia o quão éramos bastantes parecidas, mas apenas na aparência. Olhei por cima do ombro dela e vi William e Sulivan babando enquanto olhavam para a bunda de minha mãe. Revirei os olhos e voltei a encarar-la, que até então estava calada. Arqueei uma sobrancelha, a espera de que ela pedisse para eles me liberarem - mesmo que não fosse preciso, mas ela não precisava saber o quão liberais os policias eram comigo.
- Podem soltar-la, polícias. - A ouvi dizer e meu sorriso aumentou ao perceber o tom hesitante em sua voz. Eu sabia o quanto ela queria me ter longe por um longo tempo, mas não poderia correr o risco de alguém da imprensa ver a "querida filha de Jullie Darkness" atrás das grades pela 107x no ano.- Por favor.
William balançou a cabeça em afirmação após sair de seu pequeno transe. Veio até a cela aonde eu estava e fingiu destrancar com a chave. Ele abriu a porta e eu sai, caminhando em direção da saída da delegacia.
- Até mais, Sra. Darkn... - William começou a se despedir, mas logo parou ao ver o olhar mortífero de minha mãe sobre ele. Ela não gostava de seu sobrenome, e deixava isso bem claro a todos. O homem encolheu os ombros e encolhiu em seco, acenando para ela. - Tchau.
Olhei para trás e a vi me seguindo, sem tirar os olhos de mim, como se eu fosse fugir a qualquer momento. Fui até o carro dela e abri a porta, sentando no banco do passageiro. Logo ela entrou e se sentou no banco do motorista, colocou a chave na ignição e a girou, dando partida em seguida.
[...]
O caminho da delegacia até em casa foi em total silêncio e eu a agradeci mentalmente por isso. Ao chegar em casa, ela estacionou o carro em frente a nossa garagem e ficou a encarar calada a rua pela a janela do carro. Abri a porta do carro e sai, logo batendo a mesma. Fui em direção a porta da frente de casa e passei a mão por cima da porta, procurando pela chave da mesma. Assim que a achei, destranquei a porta e entrei, sabendo que Jullie seguia meus passos com o olhar.
Fui até a escada e quando pisei no primeiro degrau, ouvi a porta ser aberta e ela me chamar. Me virei e a encarei, fazendo um aceno com a cabeça para que ela falasse o que queria.
- Não dá mais para continuar assim, América. - Ela encarava uma fotografia nossa pendurada na parede do hall de entrada. - Já estou cansada de ser acordada no meio da madrugada para ir lhe buscar na delegacia.
- Ninguém lhe obrigou a nada. - Disse, grossa mesmo.
- Está certa. Ninguém me obrigou a nada, eu fui por conta própria. Eu não poderia lhe deixar naquele lugar imundo. E outra, o que a imprensa pens...
- Você só se importa com a sua imagem perante a comunidade, não é mesmo? - ri pelo nariz. Olhei para o topo da escada e balancei a cabeça negativamente. Sorri e voltei a encarar-la. - Você é tão patética, sabia? Não pode peidar sem se perguntar o que as pessoas achariam de você se descobrissem. Vive se importando com opiniões aleias, e deixando de lado as coisas realmente importantes. Isso é tão ridículo, que não sei nem o que falar sobre.
Ela parou de encarar a tal fotografia e me encarou por longos minutos, provavelmente pensando em alguma resposta para me dar. Arqueei apenas uma das sobrancelhas e pus um pé no próximo degrau, ameaçando subir.
- Bom, era só isso? - Perguntei me virando para poder subir o resto da escada.
- Iremos nós mudar para Los Angeles amanhã. - Ela disse de uma vez. Arregalhei meus olhos e congelei aonde estava.
Claro. Todos aqueles sites de corretoras de imóveis no computador dela, as passagens de avião em cima da cama dela. E eu boba achando que ela planejava viajar com o novo namorado dela. Ela já havia programado tudo, e decidiu para me contar um dia antes de nós mudarmos. Eu não podia deixar Bristol da noite pro dia, deixar meus amigos, minha vida aqui.
- Eu não irei. - Dei de ombros e voltei a subir os degraus da escada.
- Claro que irá! - ela começou a me seguir, de novo - Até por que você ainda é de menor e como sua mãe você ainda é da minha responsabilidade.
- Foda-se. - Atravessei o corredor e fui em direção do meu quarto, logo adentrei o mesmo.
Peguei meu notebook em cima da cômoda e me joguei em minha cama. Liguei o notebook e entrei no Skype, verificando de alguém estava on-line.
Jullie estava parada no batente da porta com os braços cruzados. Me segurei para não rir da cara que ela fazia quando estava impaciente.
- Eu irei ficar aqui, em Bristol. Posso muito bem morar com meu pai. - Disse sem encarar-la.
- Seu pai está na preso, América! - berrou, me fazendo pegar meus headphones e conectar-los em meu notebook.
Fui em minhas músicas e coloquei para tocar The Neightorhood - Say My Name. Coloquei os headphones e comecei a batucar os dedos no notebook acompanhando a melodia da música. Senti o fone ser tirado de minha cabeça com força, quase levando minha cabeça junto. Encarei Jullie indignada, como ela ousa tirar o fone de mim? Principalmente quando estava chegando no refrão da música?!
- Mas que porra! - Gritei, ficando em pé em sua frente. - Eu não irei para porra de Los Angeles algum, principalmente com você. Não quero saber se sou de menor e essas porras toda, não quero saber de merda alguma! Não vou e não vou. Quero é ver quem é que vai me tirar dessa merda aqui, pois só saio dessa cama - me joguei na mesma, abrindo os braços de uma forma dramática - arrastada.
Ela revirou os olhos e saiu de meu quarto, jogando os meus headphones em cima de minha cama ao fechar a porta. Algo em seu olhar me mostrou que ela não desistiria fácil, mas que se foda. Não vou largar a minha vida
[...] Algumas horas mais tarde...
- Tem certeza disso, senhorita? - Ouvi vozes desconhecidas dentro de meu quarto, mas eu logo tratei de ignorar-las, achando que faziam parte de meu sonho.
- Sim, tenho.
Senti alguém me pegar pelos braços e jogar pelos ombros, como se eu fosse um saco de bosta qualquer que iriam se livrar. Gritei, olhando a minha volta, sem entender o que estava acontecendo. Meu olhar caiu em um par de sapatos pretos da Prada que estavama abaixo de meus olhos, e bufei, já imaginando quem seria.
- Pode me falar mas que merda está acontecendo? - Perguntei, sentindo a montanha-humana me carregar para fora de meu quarto.
- Estamos indo para Los Angeles. - Ouvi Jullie dizer, me fazendo bufar novamente.
Não acredito que isso está mesmo acontecendo.
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