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História The Answer to Our Life - Capítulo XVIII


Escrita por: didicarter

Notas do Autor


Olá!
O capítulo de hoje está bem mais curto, mas eu espero que vocês gostem!

Capítulo 18 - Capítulo XVIII


Fanfic / Fanfiction The Answer to Our Life - Capítulo XVIII

Helena

Março de 2010

As últimas semanas já se aproximavam e, nesse instante, eu me encontrava de pé, encarando a janela do quarto, todo pintado em tons suaves de rosa e branco e perfeitamente decorado, esperando apenas a chegada da pequena Clarisse, em nossas vidas.

O que eu mais acho incrível, é como as pessoas têm altas expectativas a respeito dessa grande chegada, especialmente direcionadas a mim. Todo mundo tinha uma visão a respeito de como eu deveria agir, de como eu deveria me sentir e do que eu deveria pensar a respeito do grande presente que nos foi confiado. Ninguém nunca dava os mesmos olhares, sorrisos ou conselhos invasivos para Henry. Era muito prático ser o homem, não só nessa situação, mas em todas.

Eu deveria ser a mãe amorosa que abriria mão dela mesma para, além de ter gerado uma vida, dispensar todo cuidado, amor e tempo que essa vida precisasse. Ele não. Ele poderia continuar sendo o homem bem sucedido, chefe da empresa, o mais jovem empresário a dominar o mercado imobiliário.

Tudo uma grande imbecilidade machista.

A gravidez foi algo extremamente cansativo, não só fisicamente, mas psicologicamente também. Especialmente porque eu não estava nada feliz a respeito disso. Não estava feliz com as mudanças no meu corpo, não estava feliz pelo fato dos hormônios roubarem o domínio sobre as minhas próprias emoções, não estava feliz com o fato de precisar abrir mão de todas as minhas atividades favoritas, nem passar todo esse tempo sem apreciar as minhas bebidas favoritas. Muito menos com o fato de que isso não mudaria depois que a coisinha nascesse.

O mais cansativo, era fingir que eu não sentia nada disso. Felicidade é a coisa mais desgastante, especialmente quando não era real. Henry, obviamente, nunca percebeu. Depois de ter descoberto a minha gravidez, ele nunca mais me viu. Ele via o que queria, via o que eu projetava, mas eu duvido que a ideia de eu estar miserável com aquela situação tenha sequer passado pela sua cabeça.

Nora já era o completo oposto. Essa me via como se a minha alma estivesse despida diante dela e eu não precisava nem mesmo falar qualquer coisa. Eu odiava essa sua capacidade de ver através de mim. Me surpreendi por ela nunca ter dito nada para Henry, mas acho que ela sabia muito bem que nem ela poderia me acusar, grávida da sua primeira herdeira, e sair ilesa dessa história. Henry ficaria furioso com qualquer um que ousasse falar mal de mim. Sei disso porque Kevin tentou e Henry ainda estaria sem falar com ele, se Kevin não tivesse dado o passo para a reconciliação dos dois, depois de meses sem se falar.

— Falta tão pouco... – Henry falou suavemente, deitado ao meu lado e encarando a única parte de mim que ele ainda enxergava, mas sem me tocar. Sabia bem que ele queria, mas desde o início eu o repeli. Proibi que ele me tocasse, pelo motivo que fosse. Conseguia muito mal lidar com a sua presença, com o seu cheiro, muito menos com o seu toque. Muitas vezes, ouvi Nora conversando com ele, consolando-o e o aconselhando a ter paciência, pois era comum que algumas mulheres enjoassem do marido durante a gravidez e que isso passaria quando a bebê nascesse.

Mas ela sabia muito que não passaria, talvez ela até torcesse pra isso, pra finalmente se ver livre de mim.

Não foram os hormônios da gravidez que me fizeram querer distância dele, mas sim pensar que ele era o responsável por eu estar vivendo essa experiência pavorosa. Eu odiava vê-lo tão feliz com algo que me deixava desesperada e furiosa. Aquilo estava acabando comigo!

Ele estava ansioso, mas sua voz era tranquila, como se não quisesse me aborrecer ou me agitar, muito menos fazer mal à coisinha dentro de mim.

Não me incomodei em interagir com ele, apenas me remexi na cama, buscando alguma posição confortável, o que era impossível naquele ponto da gestação e fechei os olhos, torcendo pra que todo o desconforto não me impedisse de dormir rápido.

Eu só queria que esse pesadelo finalmente acabasse.

Abril de 2019

O Arizona continuava tão quente quanto eu me lembrava. Desci do avião, retirei minha bagagem e fui diretamente para a saída do aeroporto, onde um carro preto me aguardava. Era um processo longo e eu tentava, ao máximo, encurtá-lo. Dentro do carro, fui recebida por Lydia que, apesar de contida e aparentemente calma, me reservava um caminhão de perguntas.

— Achei que tivesse mandado você ir a Nova York – falei rolando os olhos por trás das lentes escuras dos meus óculos.

— E eu achei que você estivesse louca, por me pedir isso. – ela falou tranquilamente – Acho que podemos mandar alguém de confiança para lidar com o Henry, mas dos assuntos daqui... – ela falou pensando bem em suas palavras – Talvez seja melhor eu acompanhar de perto.

Ela tinha razão. Diante de tudo o que aconteceu, era melhor que Lydia fosse quem estivesse responsável por essa missão.

Eu definitivamente não sabia o que esperar, Henry passou todos esses anos procurando pela coisinha e nunca nem sequer chegou perto de encontrá-la. Eu tinha algumas vantagens, nessa situação, mas com todos os recursos que ele investiu para encontrá-la e, mesmo assim, ele fracassou, ficava pensando quais eram as minhas chances de encontrá-la aqui. Lydia continuava dirigindo silenciosamente, até ela própria decidir quebrar o silêncio.

— O que pretende fazer? – ela perguntou me olhando pelo espelho interno e eu suspirei – Não sabemos nem se sua filha está viva e, se estiver, não fazemos ideia de onde encontrá-la.

— Vamos procurar. – disse sem me aborrecer com nada do que ela disse – Vamos procurar bem e, caso a gente não encontre a Clarisse, colocamos outra Clarisse no lugar. – dei de ombros – Essa é a vantagem do Henry nunca sequer ter conhecido a filha. Ela pode, literalmente, ser qualquer pessoa.

— Não acha que ele vá querer um exame de DNA? – Lydia perguntou e eu ri pelo nariz

— Não acha que essa é a parte mais fácil de toda essa situação? – rolei os olhos outra vez – E eu duvido que ele se dê ao trabalho. Se eu aparecer com uma garota de nove anos e ela chamá-lo de papai, ele esquece até o próprio nome. – ri com a ideia – O homem é obcecado pela ideia de ser pai, chega a ser irritante.

— Como pode ser tão fria diante dessa situação? – ela perguntou surpresa e eu ri outra vez – Você também perdeu uma parte importante de você, naquele dia.

— Não perdi. – disse com convicção – Me livrei e não me arrependo. Não se faça de boba! Estava lá quando tudo aconteceu, não venha bancar a moral comigo agora. Não depois de todos esses anos. – falei com desdém e ela se manteve calada, com uma expressão que eu não fui capaz de decifrar – E só estou fazendo o que precisa ser feito para que Henry esqueça essa ideia estúpida de se divorciar. Se não fosse por isso, não haveria nenhuma busca pela herdeira perdida.

— Tem certeza que quer mexer nessa parte da sua história? – ela pareceu hesitar e eu suspirei irritada

— Eu não quero. – afirmei – Mas eu não tenho outra escolha. Henry me deixou completamente sem o que fazer. Preciso usar a artilharia pesada. Ele não pode sequer ter a chance de concluir seus planos ao meu respeito. Quando ele menos esperar, estarei pronta pra tirá-lo do eixo.

Não era difícil ter tanta indiferença reservada para um indivíduo que nasceu com o propósito de me tirar tudo o que eu mais gostava. Uma pessoa que sugou, de mim, tudo o que pôde por 40 semanas. Um pequeno parasita que viveu em mim, do qual eu tentei, mas nunca consegui me livrar.

Eu não conseguia sequer chamá-la de filha, rejeitava tudo e qualquer coisa que nos relacionasse de alguma forma e gostaria de poder esquecer as 40 semanas em que fui hospedeira daquele pequeno ser indesejado. No fundo, achava que se eu desprezasse o suficiente, ela simplesmente deixaria o meu corpo, mas ela era muito mais resistente do que eu lhe dava crédito.

Não lembro de ter sentido alívio maior do que o alívio que eu senti quando ela finalmente deixou o meu corpo. Era como se eu tivesse posto fim a uma grande sessão de tortura. Eu finalmente estava livre.

Ter que procurá-la, nove anos depois, era como se a vida estivesse me preparando uma enorme rasteira e eu não poderia fazer nada para evitar a queda que ela me causaria, mas eu não podia me desesperar ou então, isso sim, seria o meu fim. Eu precisava me manter calma e compreender que, na vida, devemos saborear uma vitória de cada vez.

Independente do que era necessário ser feito pra salvar o meu casamento, eu não pretendia permitir que esse fantasma me assombrasse por muito mais tempo.


Notas Finais


Hoje entramos um pouco na mente da madame Helena! E então, o que vocês têm a dizer? Dona Helena segue mais simpática que nunca, não é mesmo? Hahahahaha

Estou dentro do prazo, postei no fim de semana! Vamos comemorar o milagre! Semana que vem tem mais, espero que tenham curtido 💕


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