História The Beauty and the Beasts: bleed in love. - Blame

- Me responde, ANDREW! 

 Andy não respondeu.

 Demetria caminhou até o namorado pegando as folhas da mão dele nervosa. 

- Não tem que se meter onde não é da sua conta! 

- Mas...

- Isso é invasão de privacidade, Andrew. 

  A agente abaixou-se guardando as folhas novamente. 

- Mas será que eu vou ter que colocar um cadeado nas minhas coisas? 

 Demi levantou-se e saiu do quarto. 

- Demetria espere! - pediu Andrew a puxando pelo braço. 

- ME SOLTA! 

- Me explica, por favor. O que aconteceu? 

- Bom, você não sabe ler? 

- Sei, mas... 

- É isso Andrew, eu fui estuprada por um total estranho na rua. O que mais você quer saber? Se eu gostei? Se eu sai com ele depois disso? Não eu não sai com ele. Ele não é um dos milhares de caras que você pensa que eu sai. 

- N-nã-não é isso que eu queria saber. 

 Demi saiu do corredor indo para a sala.

- Demi! 

- O que mais você quer, Andrew? 

- F-foi... Foi aquela noite que... que você até a minha casa me pedir ajuda.

- Não foi. 

- Claro que foi.

- Você está confundindo Mylles. 

- Não! Não estou. A culpa é toda minha. Toda minha. 

- Não é não.

- Claro, que é. 

- Por isso eu não queria que você soubesse, Andy. 

- Eu sempre o maldito responsável por tudo de ruim que acontece na sua vida. 

 Andrew levantou-se e chutou a mesa de vidro de centro. Se o vidro não fosse temperado teria quebrado em vários pedaços. 

- Andrew, olha o seu pé.

- Eu não LIGO.

- Sente aí que eu vou fazer um curativo.

 Demi saiu da sala e voltou rapidamente com a caixinha de emergência. Aproveitou para usar sua bombinha de asma. 

- Isso arde. - reclamou Andy.

- Dá próxima vez tente quebrar algo com a testa, idiota. 

 Andrew não respondeu. Demetria terminou o curativo rapidamente, dando um beijo em cima do local.

- Vai melhorar, sim? 

- Me perdoe.

- Pelo o que, Andy?

- Por ter acontecido isso.

- Você não teve culpa. 

- Por...

- Vamos almoçar. Eu vou esquentar o que sobrou de ontem. Tem peito de frango, batatas, ervilhas e faço uma salada. Arrume essa bagunça que fez na sala. 

 O homem apenas assentiu e Demi saiu da sala. 

 Os dois almoçavam em silêncio. 

- Coma, Andrew.

- Eu não estou com fome.

- Eu não perguntei. É melhor já ir se alimentando.

 Andrew não respondeu, e Demi pegou o celular para olhar a hora. 

- Eu queria ter morrido no lugar de Nicholas. - disse Andrew.

- O que? 

- É isso. 

- Como assim? 

- Eu queria ter morrido no lugar dele. Por tudo que esta acontecendo e aconteceu. 

- Já entendi. Você está livre então! Pode ir embora. 

- O que?

- Você não aguenta o fardo de uma mulher doente. A qual você diz a ter a certeza de ter saído com todos da cidade. Ou melhor do continente, como você mesmo ja disse antes. E agora que chegou sua vez, esta doente caindo aos pedaços. Nada mais que as sobras de um lixo. Tudo bem, Andrew. É mais do que qualquer homem possa suportar. Pode ir embora. Você está livre! 

- Pare! Você sabe que não é isso.

- Claro que é. A culpa é sua que não quis antes. Você sabe que era só ter estralado os dedos e que eu estaria na sua cama.

- Demetria, não é isso. Eu odeio ver você sofrer. Eu sei que você sente dor. Eu sei que você quer parecer forte. Mas eu sei que você sente enjôo, dor, tontura. Eu sei que sempre que você sorri dizendo que está tudo bem, na verdade está com uma dor absurda. Você quer que pareça que está tudo bem. Mas não está. Eu sei que não está. E isso me mata por dentro, porque não posso fazer nada. Eu queria mandar a sua dor embora, mas eu não consigo. 

- Você não precisa ficar, Andy. Eu já disse. Não se prenda. - disse levantando-se e tirando a mesa.

- Mas que droga, Taylor! SE COLOCA NO MEU LUGAR! O QUE SENTIRIA SE ME VISSE MORRENDO AOS POUCOS? 

- NÃO GRITA COMIGO! 

- O que você sentiria se eu estivesse no seu lugar? Você iria embora? Iria me deixar? 

- Claro que não.

- Então não me peça uma coisa dessas! Nunca mais. 

- Você sabe que falei da boca pra fora. Que se você for embora, eu te quebro. 

 Andrew sorriu. 

- Vamos arrumar essa bagunça. Depois você vai para casa tomar um banho. E a gente fica juntinho no sofá, o que acha? 

- Uma ótima ideia. 

 Os dois arrumaram a cozinha rapidamente sem trocarem uma palavra. 

- Acabamos. Coloque um plástico no pé para não molhar o curativo. Antes de dormir eu troco. 

- Obrigado. 

  Demi saiu da cozinha e foi para um banho demorado. Quando chegou na sala Andrew já estava lá, usava camiseta vermelha e uma calça cinza. 

- Comprei essas capinhas de celular, Andy. Qual você quer? - perguntou Demi mostrando as capinhas do ursinho Pooh, Tigrão e Star Wars.

 Andrew dobrou a camiseta deixando parecida com uma baby-look e estudou a barriga, fazendo Demi rir baixinho. 

- Eu disse que vocês são parecidos. 

 Andrew também sorriu. 

- Eu juro que está tudo bem. Você não teve culpa. Eu superei. E o importante é que agora estamos juntos, sim? 

 O homem suspirou a puxando para os braços. Demi o abraçou de volta, sorriu ao receber um carinho nos cabelos e um beijo no topo da cabeça. 

- Está tudo bem, Andy. Eu juro.

- Okay, Taylor.

- Okay, Mylles.

- okay.

- Okay. 

 Os dois deitaram juntos no sofá-cama, e Demi colocou em um programa de TV que os dois gostavam. 

- Taylor? 

  Demi suspirou. 

- Andrew, eu já disse que você não teve culpa. 

- Mas...

- Eu quero ouvir o programa, Andy. 

 O homem não respondeu, e por mais que Demi lhe dissesse que ele não tinha culpa, ele jamais se perdoaria.

         ~~ Flashback on ~~ 

  A noite estava fria e tudo indicava que iria chover novamente. Uma Demetria de dezesseis anos caminhava pelas ruas vazias. Usava seu uniforme de líder de torcida, e uma jaqueta jeans que pertencia ao irmão. Na mochila apenas o material que usaria no dia seguinte no colégio, e mais três ou quatro peças de roupas, uma bolsa de maquiagem, e o celular. Tinha pouco dinheiro. Caminhava sem saber exatamente para onde, seu pai apenas a expulsou de casa. E como sempre sua mãe e irmão, não haviam feito nada para impedir. Passava pela rua Andrew, e por sorte o garoto estava para fora, pois saira para levar o lixo.

- Oi, Andy!

- Taylor? O que faz aqui? 

- Eu preciso de ajuda. Será que eu poderia dormir na sua garagem? Por favor! Juro que vou embora antes do seu pai acordar. 

- Não.

- Eu não tenho para onde ir. 

- E a sua cas... 

- Andrew, por que esta demorando? - fez Muriel saindo de casa.

- Eu já estava indo mamãe. 

- Demi, minha boneca! O que faz aqui?

- Ela estava indo para casa de uma amiga, mamãe. Até amanhã, Taylor.

- Sim, Sra. Mylles, é isso.

- Mas está tarde. 

- Não devemos atrasa-la. - disse Andy.

- Dê uma corona a ela, Andy. - pediu Muriel.

- É logo ali, não precisa.

- Ele está certo, não precisa se preocupar. - mentiu Demi. 

- Ele leva você querida.

- Mas mamã...

- Agora, Andrew! 

 O garoto suspirou e saiu em busca da chave e carteira.

- Não precisava brigar com ele, Sra. Mylles. 

- Não se preocupe querida.

- Obrigada. 

 A mulher apenas sorriu abraçando a garota, que a abraçou de volta.  

 Logo os dois já estavam no carro de Andrew. 

 Mas ele não a levou. 

 Apenas a deixou em um lugar qualquer, e fez sair do carro. E se foi sem olhar para trás. Foi em um momento momento de raiva que durou alguns minutos. E quando passou ele voltou para busca-la. 

 Mas ela não estava.

 Ela estava sendo arrastada por entre as árvores. Tentou defender-se, mas foi em vão. Gritou, chorou, se debateu enquanto implorava por piedade. Sentia o medo e tremor tomar conta de seu corpo. De todas coisas ruins que passara na vida essa era uma das piores possíveis. Sua dor era tanta que ela pensou que morreria ali, com aquele ser desprezível em cima dela. Sentia medo, nojo, repulsa, bem mais do que ela achava que podia suportar."

            ~~ Flashback off ~~ 

- Taylor? 

 Demetria suspirou.

- A culpa não foi sua Andy. Quantas vezes terei que dizer? Se eu não tivesse encontrado você aquela noite ia acontecer de qualquer jeito. Eu tive muita ajuda na época. Kyle me ajudou, e por mais que você não goste dele Dustin também me ajudou e muito. Sem ele talvez eu não estaria aqui.

- Eu queria ter te ajudado.

- Você esta agora.

- Queria ter feito algo na época.

- Você era uma criança, Andy. Não se culpe. Não vamos pensar nisso. Eu estou bem agora. E estamos juntos. É o que importa para mim, só isso.

- Mas...

- Já chega, sim? Eu vou preparar o jantar. O que acha de uma lasanha?

- Quer que eu faça?

- Você não sabe, Andy.

- Então eu vou pedir a sobremesa.

- Tudo bem.

 Demi levantou-se e foi para cozinha, Andrew cuidou de Atena depois pediu a sobremesa fazendo o possível para que Demi não visse as embalagens rosa da Hello Kitty. Os dois jantaram praticamente em silêncio.

- Você vai me deixar gordo assim. 

- É meu objetivo, querido.

 O homem apenas riu. 

- Eu vou ver a Atena, sim?

  Andrew aproveitou para por a sobremesa que pediu. Os pratinhos eram rosa no formato da Hello Kitty, o bolinho branco era recheado de creme, e o sorvete de nozes com calda de chocolate, os cookies era baunilha em formato de estrelas.

- QUE LINDO, QUE LINDO! - gritava Demi eufórica. 

- Eu sabia que ia gostar. 

 Demi sorriu batendo palmas depois tirou algumas fotos.

- Eu amei tudo. - disse Demi enquanto comia.

- Então vai amar ainda mais. 

 Andy tirou duas bonequinhas que viera de brinde. 

- HELLOW!

- Sim.

- Eu amei ANDY. Você é maravilhoso, Andy. O melhor namorado de todos. 

 O agente apenas sorriu.

- Eu juro que está tudo bem, sim? - disse Demi deitada junto ao namorado. 

- Certo.

- Você é o melhor namorado do mundo todo. E o mais bonito também. Nós temos sorte de termos um ao outro. 

- Concordo com cada palavra.

- Convencido. 

- Você também é linda.

 Demi apenas sorriu abraçando-se no namorado. 

- Vamos jantar fora amanhã?

- Vamos. - respondeu Demi.

 Andrew lhe deu um beijo na testa e esticou o braço para desligar o abajur. Pensando que agora mais do que nunca tinha que fazer de tudo para deixa-la feliz.