História The big three s faith - Remember me

Annabeth

A dor chegou em meu peito em dose dupla. Primeiro foi Jason, me dizendo que minha melhor e mais antiga amiga havia caído em batalha. A dor de perder Thalia foi pior do que tudo. Eu estava trancada no chalé de Atena e chorava igual uma criança pequena. Eu sei que deveria ser mais madura e responsável mais eu só não...conseguia. Em meio as lágrimas, pedi para que meus irmãos me deixassem sozinha.

Não bastava a perda da Filha de Zeus, eu comecei a me lembrar dos velhos tempos...quando Thalia, Luke e eu andávamos sozinhos por aí. Éramos uma família, e agora, só sobrava eu.

Será que Percy sabia disso? Porque ele não me contara? Lembrar do filho de Poseidon só piorou mais as coisas. Ele havia descoberto meu caso com Will. Justamente quando estávamos terminando, ele apareceu na porta. Peguei um lenço e limpei as lágrimas até ouvir alguém batendo na porta.

Engoli o choro e caminhei pacientemente até a porta. Era um garoto de cabelos negros e olhos cor de ônix. Ele usava uma jaqueta de aviador e uma calça jeans preta com uma corrente presa no bolso. A espada de ferro estígio embainhada.

– Nico? Entre. –Gesticulei e ele entrou. Por algum motivo ver o filho de Hades me fez lembrar de Will, que estava apaixonado por ele. Deu um riso leve, e me senti um pouco melhor por pensar em outra coisa.

– Annabeth, precisamos conversar. –Disse ele como se preferisse estar em qualquer outro lugar do mundo menos aqui –Acabei de voltar da casa grande e...

– E...? –Pressionei, ele estava me deixando curiosa. Mesmo com anos de experiência no acampamento meio sangue, eu sabia que se algum assunto envolvia a casa grande, deveria ser algo mais sério, como uma missão.

– É o Percy ele...faleceu –O menino não me encarava nos olhos. Por um momento pensei que fosse alguma pegadinha, mas o filho de Hades não brincaria com a morte.

Me senti sendo apunhalada por uma estaca de madeira cheia de farpas no coração. Essa era sensação. Lágrimas voltaram a escorrer de meus olhos involuntariamente. Será que foi minha culpa? Será que ele ficou muito transtornado ao descobrir minha traição? Droga Annabeth, você é uma filha de Atena, seja forte! Pelos deuses!

– O que...aconteceu? –Perguntei e Nico suspirou e segurou na minha mão, como se eu fosse apenas mais uma viúva que ele precisava consolar.

– Percy e eu fomos em uma missão ontem a noite, para vingar a morte de Thalia e... –Nico balançou a cabeça –É tudo minha culpa. Percy me avisou que só ele deveria ter ido naquela missão e eu não quis escutar e pressionei ele e... –Agora o filho de Hades não conseguia dizer mais nada. E nem precisava.

– Está tudo bem, não foi sua culpa. –Abracei o menor, que assim como eu, soluçava.

O pior de tudo eu não queria admitir: perder Percy não me parecia real, como se tudo isso não passasse de um pesadelo. Não parecia possível, mas eu acabara de perder meus dois e mais antigos melhores amigos. Ainda abraçada com Nico di Ângelo que até então não tinha se afastado, comecei a soluçar, ele me abraçou de volta. Doía muito. Mais do que quando Ethan Nakamura me acertou no ombro. Parecia que eu tinha um buraco no peito, me consumindo e tirando minhas forças.

Parecia que eu estava em estado de choque. Aquilo não estava acontecendo, não estava mesmo. Engoli o choro me convencendo de que era apenas um sonho e que logo eu iria acordar. Percy não estava morto, ele não poderia estar. Iríamos partir para nova Roma na próxima semana...ele não podia estar morto. Ainda abraçada ao filho de Hades, decidi seguir os planos do sonho.

– Nós vamos superar isso. –Tentei soar positiva –Vamos, precisamos queimar as mortalhas. –Falei sem humor –Por eles. –Nico assentiu, cabisbaixo.

Vesti meu moletom vermelho e caminhei com Nico em direção a fogueira. Todos os campistas estavam lá, mas nenhum deles parecia melhor do que eu. Os Stoll, Jason, Piper e todos os meus outros amigos estavam com uma aparência terrível. Quando Percy morreu parecia que todo o acampamento havia morrido junto. Quíron tocou meu ombro com gentileza e pediu para eu honrar a memória de Thalia, e queimar sua mortalha.

Os únicos deuses presentes eram o Sr.D e Ártemis. A deusa da caça parecia abatida e estava sentada em meio as suas caçadoras. Já o Sr.D tentava parecer indiferente, mas eu sabia que a tal morte de Percy também o atingira. Eu passei minha vida toda tentando ler as pessoas e são tivesse tanta autoconfiança, detectaria decepção nos olhos do deus do vinho.

Subi ao palco e limpei a garganta. A mortalha de Thalia era linda: Tinha uma águia prateada no meio, com um arco e flecha cruzados atrás da ave. E claro, tinha seu escudo: o Aegis, um presente de minha mãe para a filha de Zeus. Nas bordas haviam estampas de raios prateados e azuis. Ver aquela mortalha me fez arquejar. Mas eu não iria falhar, devia isso a ela.

– Thalia Grace, sempre foi e sempre será minha melhor amiga –Iniciei respirando fundo. –Desde que eu tinha 7 anos sempre me senti com medo e insegura, até conhecer Thalia e Luke, os dois semideuses mais... -Fala de Luke naquela hora foi uma péssima ideia. Mudei de assunto. -Ela foi a amiga mais corajosa que eu já tive e... –Não conseguia continuar, tentei com todas as forças não desabar em lágrimas.

Quíron me puxou para longe e deixou os outros falarem. Depois de mim foram ás caçadoras de Ártemis e Jason, que parecia um pouco triste mas não deixava transparecer. Todos fizeram discursos enormes pela bravura da caçadora. Por fim, pegaram sua linda mortalha e a jogaram na fogueira. A chama se expandiu em 10 metros e se tornou azul. Raios cercaram o acampamento: O luto de Zeus pela morte da filha.

Finalmente chegou a hora de queimar a mortalha de Percy. Entre os campistas que haviam feito a mortalha estavam incluídos: O chalé de Poseidon que tinha somente Tyson, que chorava muito com seu único e grande olho, O chalé de Zeus: porque Jason queria honrar a morte do amigo, e o chalé de Afrodite, que se voluntariou. Eu tinha de admitir, a mortalha era linda.

Bem ao centro encontrava-se um tridente prata com duas espadas de bronze cruzadas. Nas bordas da mortalha verde haviam conchas lindas retiradas do fundo do mar.

– Ele foi meu melhor amigo –Começou Jason me tirando de meus devaneios –O melhor herói que eu já conheci.

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1 Ano depois

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Os anos no acampamento meio sangue pareciam passar depressa, o que eu achava melhor. Eu finalmente conseguia esquecer as perdas. Novos campistas chegavam e iam, missões eram dadas e os treinos continuavam. Graças aos deuses meus amigos continuavam no acampamento como mentores: Eu dava aulas de grego antigo, Jason de esgrima e Piper de equitação de Pégaso.

Após a morte de Percy eu não queria ir para nova Roma. Não fazia sentido eu construir um futuro sem o cara que me estimulou. Eu andava pelo refeitório e vi uma cena perturbadora: Um garoto com cabelos castanhos, filho de Deméter sendo incomodado por três filhos brutamontes de Ares.

Em outras condições eu deixaria o menino lhe dando com seus próprios problemas mas me lembrei do momento em que Percy chegara no acampamento e Clarisse tentara enfiar sua cabeça no vaso sanitário. Então, sem pensar em mais nada espantei os dois campistas sacando contracorrente. O filho de Deméter se levantou e limpou as roupas.

– Eu tinha tudo sobre controle –Gaguejou o menino e pude ver suas orbes azuis, como tulipas. Ri, irônica.

– Não foi o que me pareceu –Retruquei começando a andar.

– Por falar nisso eu sou Ryan, Ryan Smith –Ele ergueu o braço e eu franzi a testa. Comecei a andar e ele me seguiu andando de costas, desajeitado.

– Hm...você é a campista mais velha não é? –Ele perguntou e eu ergui a sobrancelha –Am, que dizer...não é porque você é velha não! É porque você mora aqui, e... e, tem muitos anos e não porque é mais velha –Enrolou-se ele.

E foi assim que eu conheci o idiota. O garoto não parava de me seguir, e admito vem sendo legal, ele me faz rir e ao mesmo tempo sorrir. Após um ano em luto, finalmente me sinto bem. Mais é claro nunca vou dizer isso a ele.