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História The Bitch - Norminah - Family dinner... Shit!


Escrita por: norminahanonimo

Notas do Autor


Desculpem à demora. Estava revisando o cap para deixá-lo tinindo. Enfim, está aí. Espero que gostem! :)

Capítulo 70 - Family dinner... Shit!


Fanfic / Fanfiction The Bitch - Norminah - Family dinner... Shit!

 

 

           POV DINAH 

 

                       27 de Junho de 2015

 

 

:- Dada!— Ouvi a voz choramingada da minha irmã, fazendo-me virar no meio do caminho e olhá-la se debater no colo da minha mãe. 

 

Estava prestes à entrar na porta de embarque ao lado de Normani, Ally e professora Jilly. Oh, sim. Ela iria conosco, pois ficamos sabendo que esta noite teria jantar da família Hamilton e, professora Jilly levaria Normani, para não acontecer nada de errado. 

Fitei Regina ainda chorar enquanto eu acenava para ela do outro lado do vidro. Minha mãe fazia de tudo para segurá-la com força, mas a pequena queria à todo custo vir comigo. Era de partir o coração vê-la chorar tanto. Deveria estar achando que eu ia embora pra sempre. 

Dei uma última acenada e mandei beijos para minha mãe, Camila e Lauren que também estavam ali. Virei em meus calcanhares ao perceber a pequena fila começar à andar. Arrumei a alça da bolsa em meus ombros e suspirei ao sentir o ar gelado do avião invadir meu casaco sem pudor. 

Olhei para todos os lados à procura do meu lugar com o número do meu assento. Abaixei a cabeça para decorar aquela numeração e voltei à olhar para frente com calma. 

Observei Normani mais à frente largar sua bolsa nas cabines de guarda volume e se sentar apressadamente em um dos assentos ao lado da minha numeração. Parei em sua frente e suspirei enquanto encarava aqueles números. 

 

:- Eu não sabia que você iria querer... Q-uer ficar sentada na janela?— Perguntou quase num sussurro. Ela parecia bem nervosa. Esfregava as mãos pela calça, como se as duas coçassem o tempo todo. 

 

Neguei com a cabeça e passei direto por ela, fazendo-a erguer os olhos e seguir com a cabeça até onde eu ía. Parei na fileira da professora, onde a mesma ajeitava sua pequena mala de mão no alto de seu assento. 

 

:- Professora, por favor, troca de lugar comigo? 

 

:- Porquê?!— Se virou ao ouvir minha voz. Cruzou os braços acima dos seios e fitou Normani por cima dos meus ombros.— Ela parece nervosa, Dinah. Deve estar precisando da sua atenção, não ignore-a. 

 

:- Eu sei, mas a senhora é prima dela. Deve saber dar conselhos melhores do que eu.— Suspirei.— Por favor? 

 

:- Tudo bem...— Torceu a boca e tornou nos calcanhares para retirar a  bolsa que lhe deu tanto trabalho para pôr. Dei passagem com cautela, pois o corredor estava cheio de gente se arrumando para a longa viagem. Joguei minha bolsa no guarda volume com um pouco de dificuldade e sentei ao lado de Ally que, ficou me encarando surpresa. 

 

:- Nunca pensei que você fosse tão frouxa à esse ponto.— A pequena falou enquanto envolvia seu cinto no quadril. Arqueei as sobrancelhas e a encarei incrédula. 

 

:- Como?! 

 

:- Normani colocou vocês duas no mesmo assento para te ter mais perto. Ela está nervosa e precisa de você ao lado e não evitando-a.

 

:- Eu não quero criar mais problemas... 

 

:- Ora problemas.— Retirou a luva felpuda das mãos e voltou à me encarar.— Ela está lutando por você. Eu estou vendo-a fazer de tudo por você. A última vez que a vi fazer isso, foi por um namoro bosta com o Ar...

 

:- Eu já sei. Não precisa continuar.— A cortei, antes que me fizesse lembrar de tudo. Principalmente a traição. Se eu lembrasse de tudo, um arrependimento viria em seguida e a vontade de descer daquele avião também. A mesma suspirou e se remexeu na poltrona tentando deixá-la confortável. 

 

:- Enfim... Normani realmente está apaixonada por você. Eu conheço minha melhor amiga e sei que se preciso, ela traz até pedra da lua para te provar qualquer coisa.— Respirei fundo e abaixei a cabeça para mexer em meus dedos inquietos.— Se você não sabe, ela está com medo da mãe esculhambá-la como da última vez. Por isso, ela precisa de apoio das pessoas mais importantes de sua vida, e bom... Ela tem o apoio da melhor amiga, da prima e só falta o da namorada. 

 

Fixei meu olhar em Normani  sentada um pouco mais à frente, ela estava deitada com a cabeça no ombro da professora Jilly que gesticulava algo com as mãos. 

 

Lógico que me senti culpada por ter deixado-a sozinha. Eu poderia estar naquele lugar fazendo-a se sentir melhor. O que eu menos queria era ter problemas. 

 

:- Espero que esse silêncio seja de arrependimento.— A pequena  concluiu. Voltei minha atenção para ela que, deitou a cabeça para trás e suspirou profundamente.  

 

Dei uma última olhada em Normani na mesma posição. Sua cabeça era sustentada pelos ombros da professora e sua mão afagava os fios de cabelo da morena.  Aos poucos, as luzes do avião foram diminuindo e dificultando minha visão para onde elas estavam. Acabei desistindo de forçar minha visão para ver mais o que elas faziam. Não que eu estivesse com ciúmes, era apenas... Arrependimento. 

 

Suspirei em exaustão, joguei minha cabeça para trás e fechei os olhos na tentativa de descansar até chegar no Texas. 

 

Adeus, Miami. 

 

 

 

                          [...]

 

 

 

:- Tudo bem... Então vai ficar nesse quarto você e Dinah. Eu vou para o outro menor, assim não atrapalho nada.— Ally decidia em quais quartos do hotel ficaríamos. Normani me encarou brevemente enquanto arrastava sua bolsa para um canto e se sentava em uma das camas de solteiro. 

 

:- Ally, cabe muito bem você aqui com a gente... 

 

:- Não quero atrapalhar nada entre vocês, Mani. 

 

Continuei olhando-as discutirem sobre onde Ally ficaria. Certamente, ela não iria atrapalhar nada, até porque, não rolaria nada à mais. O quarto tem duas camas de solteiro e um sofá, é bem espaçoso e cabe sim nós três. 

 

:- Vocês duas são melhores amigas, creio que querem conversar o tempo todo, então eu vou para o outro quarto.— Falei, despertando olhares curiosos. Peguei minha bolsa de cima da cama e caminhei até a porta. 

 

:- Dinah...— Virei rapidamente ao ouvir a voz de Normani.— Você pode ficar nesse quarto, não tem problema algum... 

 

:- Não se preocupe, Normani. É uma escolha minha e será melhor.— Sorri amigavelmente.— Ally, não é nada contra você. 

 

:- Se você quiser ficar...

 

:- Não se preocupe. Aliás, que horas professora Jilly vem nos buscar? 

 

:- As sete.— As duas responderam rapidamente. Fitei Normani deitar na cama e suspirar desapontada enquanto olhava o teto. Umedeci meus lábios com a língua e apertei a alça da bolsa sentindo borbulhas em minha barriga. 

 

:- Tudo bem... Nos vemos às sete.— Peguei o pequeno cartão em cima da mesa e encostei à porta atrás de mim. Olhei para o plástico em minhas mãos, vendo o número 4321 bem preto. Deveria ser o número do quarto também. 

 

"Quanto mais longe da tentação, menos pecado cometido."

 

Caminhei o corredor todo com essa frase em mente. Não que eu quisesse ficar longe de Normani, mas seria melhor. Eu cansei de sempre estar me arrastando para ela. Preciso mostrar que para me ter, terá que correr atrás. Se ela me ama, correrá dois mil quilômetros sem cansar. Aguentará qualquer coisa para me esperar. Aí sim, acreditarei nesse amor.  

 

Passei o cartão levemente na parte da maçaneta, fazendo a porta branca abrir e a imagem de um quarto escuro pairar diante dos meus olhos. Tateei a parede ao lado para subir o interruptor de luz e observei o pequeno quarto com uma enorme janela que, estara fechada no momento. Não me atreveria em abrir. O frio lá fora está de matar qualquer um. 

 

Joguei a bolsa por cima da cama e andei até a porta do banheiro para conhecê-lo. Tornei em meus calcanhares para conhecer todo o local. Cama de solteiro, televisão, um enorme espelho e penteadeira. Quarto para quem está sozinho. Perfeito. 

 

Retirei meu celular do bolso e o liguei, já que estara desligado por conta do vôo. Sentei na ponta da cama enquanto desbloqueava a tela, vendo algumas mensagens e ligações da minha mãe.

 

Mães... 

 

Disquei seu número pausadamente e o elevei até o ouvido para escutar a chamada. 

 

:- Dinah?! Finalmente! 

 

:- Oi, mãe. Acabei de chegar. 

 

:- E aí?! Como foi?! 

 

:- A viagem? Normal.— Me joguei de barriga para cima na cama, onde pude observar o pequeno lustre no teto.— Mais tarde tem um jantar entre os familiares. 

 

:- Se comporte. Dê apoio à Normani

 

:- Porque a senhora está falando isso?— Arqueei uma sobrancelha desconfiada e me sentei rapidamente para ouví-la melhor. Um silêncio pairou do outro lado, obrigando-me à chamá-la novamente.— Mãe... 

 

:- Ela me contou sobre a mãe dela e todo o corrido, satisfeita? 

 

:- Só isso?!— Novamente aquele silêncio. Eu sabia que dona Milika escondia algo. Suas atitudes lhe entregavam. No fundo eu podia ouvir gritos de Regina e barulho de brinquedos sendo arrastados pelo chão. 

 

:- Dada? 

 

:- Oi, Gina. 

 

:- Dada, porque você foi embora?!

 

:- Não fui embora, meu amor. Apenas vim visitar uma pessoa. 

 

:- Você vai voltar, não vai?! 

 

:- Claro, e quando voltar, iremos brincar muito, okay? 

 

:- Ta bom.— Respondeu com tanta empolgação que cheguei à duvidar que aquela pequena alegre era a mesma criança chorona do aeroporto.— Gina ama Dada. 

 

:- E Dada ama Gina.— Sorri ao me lembrar de ter ensinado-a falar isso. Era um código que usávamos, quando pequena, Regina não conseguia me chamar de Dinah, e nem conseguia falar "Te amo" certinho. Um silêncio pairou no fundo e logo em seguida, a voz da minha mãe ficou mais próximo. 

 

:- Regina chorou até chegar em casa. 

 

:- Imaginei.—Suspirei. Peguei um fio de cabelo e o pousei em meu nariz para sentir seu cheiro.— O que a senhora fez para ela parar? 

 

:- Deixei ela pegar aquela foto nossa do seu quarto. Pelo menos a distraiu.— Pausou. A ouvi chamar a atenção de Regina sobre alguns brinquedos jogados no chão, fazendo-me rir baixinho só de imaginar a cena.— Você já comeu? 

 

:- No jantar eu como, mãe. 

 

:- Se você não comer nada, vou ligar para Normani e mandar ela te amarrar para comer. 

 

:- Estão tão íntimas assim ao ponto de trocarem números, é?!— A ouvi gargalhar mais alto ainda. Rolei os olhos e neguei com a cabeça.

 

 

 

                       .  .  . 

 

 

 

Olhei meu reflexo no espelho de parede pela última vez. Finalmente decidi qual roupa usar para esse jantar. Uma calça clara, coturno nos pés,  jaqueta preta e uma camisa branca larga não pegariam mal em um jantar, pegariam?!  

 

Era bem simples, mas era o único jeito de me esquentar. Vestido nem pensar, aquele lugar estava de congelar. Eu não me atreveria em deixar alguma parte do meu corpo descoberto. 

 

Acordei dos meus pensamentos ao ouvir batidas na porta, fazendo-me terminar de ajeitar meus cachos e caminhar até a porta. Respirei fundo antes de rodar a maçaneta e permitir que Normani tivesse a imagem da metade do meu corpo. Seu rosto era puro nervosismo, além de estarem em uma maquiagem suave. Os cabelos escorridos, batendo abaixo dos seios, onde eram cobertos por um vestido longo com listras cinza e branco. Por cima, uma jaqueta preta bem apertada. 

 

:- E-Eu posso... 

 

:- Claro!— Abri a porta rapidamente ao captar sua pergunta, lhe dando passagem. Ela caminhou para dentro do quarto com os dedos entrelaçados e a respiração alta. Tornou nos próprios pés enquanto abria a boca diversas vezes para falar algo. Cruzei os braços para me esquentar e voltei à encarar aqueles castanhos.

 

:- Eu estou nervosa. Jilly me disse que todos estão no jantar, inclusive minha mãe. 

 

:- Não se preocupe, ela verá que sua filha está maravilhosa com esse vestido.— A olhei dos pés à cabeça. Realmente, Normani parecia uma Deusa. Céus! Como tive tanta sorte em tê-la em minha vida?! 

 

:- Você está me deixando mais nervosa ainda.— Cruzou os braços abaixo dos seios e suspirou enquanto olhava em volta do quarto. Me aproximei aos poucos para tocar sua bochecha gelada com o polegar, fazendo-a me encarar totalmente nervosa. 

 

:- Todos devem estar sentindo sua falta. Tenho certeza que quem alegra a família é você. 

 

Um sorriso abobado surgiu em seus lábios, fazendo-me sorrir satisfeita em ter retirado aquele peso de seus ombros. Ela estava muito tensa e tentar adivinhar o que iria acontecer quando aparecesse para sua família. 

 

 

:- Eu nem sei como te agradecer. Você deixou sua irmã cho...

 

:- Não precisa agradecer. O que importa é te ver feliz ao lado de sua família novamente.— A cortei. Ela suspirou ao sentir meus polegares tocarem o ponto pulsante em seu pescoço. Continuei à encarar seus olhos enquanto minhas mãos eram aquecidas pelas suas. O contato entre nossos olhos foram cortado após Normani fechá-los para apreciar aquele momento. Umedeci meus lábios com a ponta da língua e   aproximei nossas testas, fazendo nossas respirações se colidirem em uma tempestade acima de nossos lábios. A ouvi suspirar pausadamente ainda com os olhos fechados enquanto apertava suas mãos acima das minhas. Com a ponta do nariz, toquei o seu, permitindo que a aproximação entre os nossos lábios ficassem menor. A puxei ainda mais contra a nuca, para finalizar toda aquela troca de carícias com um...

:- Mani, Jilly acabou de chegar.— Nos separamos bruscamente ao ouvir Ally bater na porta. Ela arrumou seu cabelo com cuidado e me encarou com as bochechas coradas. Lhe dei um sorriso sem graça e enfiei minhas mãos no bolso da jaqueta. 

 

 

 

 

                          [...]

 

 

Fiquei boquiaberta enquanto admirava a faixada da casa da avó de Normani. Uma decoração bem antiga, com madeiras raras em preto e branco. A porta em marrom claro com alguns desenhos, e também podíamos ver a varanda com piscina daqui. Uma enorme janela dando de uma ponta da casa até a outra, podia dar a imagem da sala de jantar e alguns carros estacionados na calçada. 

 

Deveriam ser de todos os parentes da Normani.

 

Falando nela, a mesma travou os passos enquanto atravessávamos a rua. Ela estava com crise de pânico e chorava sem parar. Ally tentava conversar com ela e convencê-la à voltar a andar. 

 

:- Eu não vou conseguir, Ally... 

 

:- Normani, olha pra mim...— Ergueu seu rosto, fazendo-a encará-la.— Tenho certeza que sua avó ficará feliz em vê-la depois de tanto tempo. Seu tio não disse que ela estava com saudades sua?! 

 

:- Ally, eu quero ir embora.— Ela se esquivou das mãos da baixinha e tentou sair, mas fui mais rápida e toquei seu braço para me olhar. Seu corpo estava trêmulo e os olhos brilhavam por conta das lágrimas. 

 

:- Estamos ao seu lado para qualquer coisa que acontecer.— Ela continuou me encarando com os olhos encharcados.— Naquele lugar não está só sua mãe... Pense na sua avó. Seus tios. Seus primos. Tias. 

 

:- Woe, estamos aqui para te dar qualquer força. 

 

Ela respirou fundo, fechou os olhos por alguns minutos deixando mais lágrimas caírem e os abriu com mais firmeza. Toquei sua mão, fazendo-a entrelaçar em meus dedos e a puxei parar sair do meio da rua.

Jilly passou em nossa frente para tocar a campanhia, já que estava mais acostumada com tudo daquele lugar. Apertei sua mão, fazendo-a me encarar por alguns segundos com os olhos ainda úmidos. Olhei para frente ao ouvir a porta destrancar e as luzes do local iluminar cada uma de nós. 

 

:- Mas olha quem veio. Minha querida Jilly.— Ouvi uma voz masculina ecoar e logo em seguida, a imagem  do doutor que cuidou de mim aparecer. O mesmo abraçou a professora fortemente enquanto olhava para a frente tentando nos reconhecer. Seus olhos arregalaram e um enorme sorriso surgiu em seus lábios ao ver Normani alí.— Não acredito que te convenceram à vir, minha pequena.

 

O senhor se desvencilhou de Jilly e  passou por nós para envolver Normani em um abraço apertado. A mesma afundou seu rosto no peito do senhor e soltou um suspiro aliviada. Talvez em saber que ele estara ali para lhe dar suporte. 

 

:- Senti sua falta, tio.

 

:- Eu também, minha pequena. Depois do acidente que ocorreu com aquela garota que você foi visitar, nunca mais te vi.— O senhor me encarou por segundos e franziu o cenho ao me reconhecer.— Você também veio? 

 

:- É... Vim.— Sorri. Ele soltou sua sobrinha por muito custo e me abraçou rapidamente. 

 

:- Ally, não te vejo à tanto tempo. Como você está linda. — Abraçou a pequena e beijou-lhe a cabeça.

 

:- Obrigada, tio Kam.

 

:- Vamos, meninas. Entrem! Aqui fora está frio.— Nos empurrou com cuidado, obrigando-nos à dar passos rápidos até a parte de dentro da casa. Senti a massa das minhas bochechas relaxarem ao entrar em contato com o lugar aquecido.

Jilly logo se dispersou, caminhando até um grupo sentado de frente a enorme lareira. O tio de Normani a arrastou para perto daquele pessoal sentados em enormes poltronas e puffs enquanto tomavam algo quente em canecas decoradas e com fotos. 

Ally e eu caminhamos sorrateiramente até a pequena sala onde todos estavam conversando descontraídamente, inclusive Normani.

 

Não pude deixar de notar o quão decorado aquele lugar era. Luzes por todo canto, sofás dispersados pela sala, tapetes quentes e felpudos ao ponto de te dar vontade de dormir alí. Uma mesa de centro, onde continha uma jarra de porcelana com algo bem quente dentro. Talvez chá, ou café. 

 

:- Olha quem veio nos ver, mamãe.— Fixei meu olhar para onde o senhor estara com Normani. A senhora de cabelo branco que estava de costas, se virou para procurar quem era. Imediatamente, um sorriso surgiu em seus lábios e sem pestanejar, correu para lhe dar um abraço. 

 

Sorri ao ver a imagem diante dos meus olhos. Normani estava toda encolhida nos braços de sua avó e os olhos cerrados fortemente, aproveitando aquele momento. Eu sabia que sua avó não iria negá-la ou expulsá-la. 

 

:- Mani, como senti tanto a sua falta.— A senhora sussurrava enquanto apertava a moça contra seu peito.— Porque não veio antes? 

 

:- Não deu, vovó.— Ela secou o canto de seus olhos e respirou mais aliviada.— Mas já estou aqui para matarmos as saudades. 

 

:- Graças à Deus! Você não sabe o quanto pedi à Deus para te trazer aqui para ver se você estava bem. 

 

Pressionei meus lábios enquanto mantinha minha atenção para aquele momento de afeto. Eu estava me sentindo tão bem em vê-la parecer uma criança nos braços da avó. Dava para sentir sua felicidade daqui. 

 

Enquanto Normani andarilhava por algumas partes da casa ao lado de Jilly, Ally e eu resolvemos ir beliscar algo e tomar um chocolate quente. Bom, foi a vovó quem ordenou que nos alimentássemos até sair totalmente o jantar. 

 

:- E a mãe dela, onde está?— Perguntei em um sussurro para Ally. Estávamos sentadas lado à lado na mesa. 

 

:- Por enquanto ela não passou por aqui. Deve estar em alguma parte da casa. 

 

:- Como você acha que ela irá reagir? 

 

:- Eu sinceramente não sei.— Tomou um gole do achocolatado e ajeitou seu cabelo atrás da orelha.— Espero que ela corra e abrace a filha. 

 

Observei  Normani descer as escadas ao lado da professora e parar de frente à sua avó. Ela parecia feliz e sorria feito uma criança em seu brinquedo preferido. Isso estava me fazendo bem. 

 

Meu sorriso sumiu ao vê-las se aproximarem da mesa, deixando-me nervosa e um pouco sem graça ao ver a senhora me encarar profundamente nos olhos. 

 

:- E qual é o nome dessa preciosa?— Levantei em um solavanco totalmente assustada ao sentir suas mãos tocarem meus ombros suavemente. 

 

:- Me chamo Dinah... Prazer!— Estiquei a mão direita para compromentá-la, mas a senhora me puxou fortemente para um abraço aconchegante. 

 

:- Seja bem vinda à família, coração.

 

:- O-Obrigada.— Franzi o cenho e lhe dei um sorriso totalmente confuso. 

 

:- Dinah, preciso te mostrar uma coisa.— Encarei Normani em minha frente, abri a boca diversas vezes para lhe responder algo, mas a mesma me puxou pelas mãos, me arrastando para longe da senhora. A vovó ainda resmungou algo, fazendo Ally gargalhar gostosamente. 

 

Subimos uma enorme escada que saía no corredor. Passamos por um monte de porta até chegar à uma meia acizentada. Ela abriu rapidamente e me puxou para dentro com um sorriso nada normal. Engoli seco ao vê-la encostar a porta atrás de si e passar por mim para procurar algo em uma prateleira cheia de livros. 

 

:- Porque você me trouxe aqui? 

 

Fitei a mesma retirar um livro da capa vermelha, caminhar sorrateiramente até a mesa do escritório e sentar em cima enquanto encarava o objeto em cima de suas coxas. Respirei fundo quando ela abriu aquele livro grosso e me encarou. 

 

Essa sala estava mais fria ou era eu quem estava gelada demais?! 

 

:- Eu te trouxe até aqui para mostrar minha vida desde o começo. Quero te provar que nada do que disse foi mentira.— Bateu ao lado na mesa  para me sentar também. Mordi minha mandíbula e caminhei com receio até onde ela estara sentada. Criei forças e sentei ao seu lado encarando o livro entreaberto. 

 

Ela respirou profundamente e abriu o livro em uma pagina aleatória. A primeira imagem que apareceu foi de um bebê sentado em diversas almofadas e parecia chorar demais.

 

:- Deixa eu adivinhar... Essa aqui chorando é você.

 

:- Acertou.—  Tocou suavemente na foto e sorriu.— Eu não queria tirar foto. Fui meio que obrigada.— Fez uma careta de poucos amigos, fazendo-me soltar uma leve risada. 

 

Ela continuou folheando-o lentamente enquanto carregara um enorme sorriso nos lábios. Era como se estivesse voltando no tempo vendo aquelas imagens. 

 

Fixei meus olhos em uma foto onde Normani abraçara sua mãe e no fundo, uma enorme árvore de natal cobria quase toda a foto com os seus piscas-piscas. Ela deveria ter uns treze ou quatorze anos, deduzi por conta do formato de seu rosto. O sorriso sumiu de seus lábios e um suspiro longo ecoou todo o lugar. 

 

:- Essa foto foi tirada no natal, lembro-me de ter queimado o bolo, pois fiquei encarregada de tomar conta até ele  encher e pegar cor, mas eu acabei me distraindo, fazendo-o queimar.  

 

:- Agora tudo faz sentido.— Respondi pensativa. 

 

:- O quê?— Se virou para me encarar. Meu olhar caiu em seus lábios umedecidos por sua língua, e subiram rapidamente para fuzilar seus olhos.

 

:- Quando me convidou para dormir na sua casa, você pediu pizza. Porque sabia que se cozinhasse algo, seria um desastre e colocaria fogo na cozinha. 

 

Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou gostosamente. Fitei aquela imagem deslumbrada por tamanha beleza. Cada parte de seu rosto era bem desenhada. Tenho certeza que Deus caprichou muito para desenhar  Normani. Ele nem deve ter se importado com a demora, apenas estava inspirado no dia e a fez. Com calma e muita paciência. 

 

 As alianças em sua corrente se chocavam, fazendo um barulho na sala ecoar juntamente com sua gargalhada. Pisquei diversas vezes fazendo-me cair na real, curvei-me  para mudar a página do álbum e a imagem de um bebê totalmente nu aparecer em seguida. Normani arregalou os olhos e mudou a página rapidamente. 

 

:- Aquela não era... 

 

:- Você?! Oh, tenho certeza que sim.— Passei os dedos na folha para voltá-la. Imediatamente suas bochechas ruborizaram, enquanto eu me divertia vendo a imagem dela deitada na cama totalmente nua.  

 

:- Céus! Eu pedi para minha avó tirar essa foto.— Murmurou.—  Dinah, muda essa página, pelo amor de Deus.

 

Ela passou a mão no álbum, mudando-o rapidamente. Respirei fundo para cessar os risos e fixei meus olhos na imagem dela vestida de bailarina. Normani parecia ter uns oito anos. Ela fazia uma posição de dança com os cabelos em um coque apertado e um vestido rosa.

 

:- Bailarina?!

 

:- Sim. Comecei à dançar com oito anos e parei aos doze, porque coloquei na cabeça que queria ser modelo. 

 

:- Você seria uma ótima modelo. 

 

Ela me encarou rapidamente com um sorriso tímido e voltou à folhear o álbum. Não sei quanto tempo fiquei olhando seu rosto de perfil, mas imagino que durou alguns minutos. Era impossível fazer meus olhos obedecerem minha mente. Eles de qualquer forma queriam ficar admirando-a por horas. 

 

:- Oh, essa sou eu e Jilly. Eu tinha quinze anos aqui.— Sorriu abertamente. 

 

:- A puberdade pegou você de jeito.— Apontei para as enormes espinhas em sua testa. Ela soltou uma risada gostosa antes de voltar sua atenção para o livro.

 

 Folheou a página novamente e suspirou ao perceber qual imagem havia aparecido. Parecia ser um jantar em família. Ela estava ao lado de seu ex que, beijava seu rosto e Ally logo ao lado apontando para os dois.

 

:- Esse... É... 

 

:- Está tudo bem. 

 

:- Eu não sabia que essa foto estava aqui... 

 

:- Não se preocupe. Já disse.— Enquanto ela fechava o álbum, levantei em um solavanco e observei a mesma se afastar para guardar o livro em seu devido lugar. 

 

Ficou um clima super estranho, sabe?! Nem ela e muito menos eu, esperávamos aparecer a foto dela ao lado do ex. Claro que aquilo mexeu comigo. Eu sou perdidamente apaixonada por Normani, e ver aquela foto me deixou meia enciumada. 

 

Caminhei em meio à pensamentos até uma mesa cheia de troféus e porta-retrato. Fotos de crianças, adolescentes e adultos por todo canto. Tinha foto de tudo quanto é época. Até aquelas antigas que ainda eram pintadas. 

 

Subi o olhar para a parede, onde havia um enorme quadro pendurado na parede. Na parte de cima, era uma foto antiga com toda a família reunida, e na mais recente, estavam todos, nas mesmas posições que na imagem anterior, menos Normani. 

 

Virei bruscamente ao ouvir fungadas vindas por ela. Sua feição  mudou enquanto encarava a foto acima, dando a imagem de tristeza e olhos cobertos por lágrimas. 

 

:- Não chora, é apenas uma foto.— Caminhei apressadamente para lhe envolver em um abraço apertado. Afaguei seus cachos e deitei seu rosto na curva do meu pescoço. 

 

:- Combinamos de refazer essa foto depois que crescêssemos. Todos prometemos não tirá-la enquanto não estivéssemos todos reunidos. 

 

:- Eles acharam que você não voltaria. 

 

Ela não respondeu nada, apenas continuou fungando em meu pescoço. Continuei acariciando seu cabelo suavemente enquanto a abraçava fortemente. Talvez assim, um pouco da sua dor passava para mim. 

 

Aos poucos, seu choro foi cessando, fazendo-a se afastar para secar os olhos. Coloquei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e fitei os olhos de uma criança magoada me fuzilar. 

 

Ela realmente entristeceu ao ver aquela foto. 

 

Despertei dos meus pensamentos ao ouvir a porta do escritório ser aberta. Normani virou o rosto para observar quem era, obrigando-me à fitar para o mesmo lugar. Engoli seco e prendi minha respiração ao ver a senhora vulgo, mãe da Normani parada. 

 

:- Mas o que... O que essa garota faz aqui?— Sua voz saiu em um tom alto e bruto. Suas sobrancelhas desceram imediatamente e seus olhos cerraram.— Quem permitiu a entrada dessa traidora? 

 

Normani respirou fundo com dificuldade e fechou os olhos enquanto ouvia cada palavra daquela senhora. 

 

:- Mãe... 

 

:- Mãe? Depois de tanto tempo longe, você lembrou que tem uma mãe?! 

 

:- Foi a senhora quem me expulsou.— Sua voz saiu trêmula. Ela deveria estar tão nervosa quanto eu. Aquele não era um bom momento para um reencontro. Deveria ter sido em um lugar mais reservado e com menos impacto. Foi tudo muito desprevenido. 

 

Eu realmente estou assustada. 

 

:- Você quer que eu lembre o porquê?— Um silêncio ecoou toda a sala. Apenas a respiração falhada de Normani transparecia algumas vezes.— Não seja tola. Você nunca mais apareceu aqui, porque agora quer se infiltrar nos jantares familiares? 

 

:- Eu também faço parte dessa família. Eu sou sua filha. 

 

:- Não... Você deixou de ser depois que concretizou toda a sua fama de vagabunda virando prostituta. 

 

:- Eu virei porque minha própria mãe disse que preferia ter uma filha prostituta. Preferia que eu pisasse nos homens, arrancasse dinheiro deles para não sofrer de amor por um.— Esbravejou. Eu olhava aquela cena atentamente e morrendo de medo do que poderia acontecer. Eu nunca havia visto-a tão irritada como agora. 

 

:- Eu disse por conta da raiva. Você preferiu virar por conta própria. Suas primas não precisaram se prostituir para esquecer de homem. Jilly é professora e Zendaya está fazendo curso para medicina. 

 

Normani negou com a cabeça e secou seus olhos encharcados de lágrimas. Dei um pequeno passo na intenção de ajudá-la, mas ela se afastou, ficando mais próxima da senhora. Ela parecia desafiar sua própria mãe apenas com o olhar. 

 

:- Jilly sim merece reconhecimento, agora Zendaya, não. Era eu quem deveria fazer o curso. Você tem uma sobrinha louca, sabia? Ela quer ter tudo o que eu tenho. 

 

:- Agora não venha com ataque de inveja para cima de suas primas. 

 

:- Inveja?!— Gargalhou pausadamente. Por um momento, pensei que era Scarlet em minha frente. Normani havia mudado a forma de olhar, de andar e até mesmo de conversar. Nem lágrimas escorriam em seus olhos mais.— Mamãe, eu não preciso ter inveja de ninguém. Eu tenho capacidade o suficiente para..

 

:- Para dar o... 

 

:- Senhora, por favor.— Lhe chamei a atenção. Ela iria insultar Normani, e eu não aceitaria aquilo. Normani já está machucada demais, não precisa ficar pior com certos insultos. A senhora me fitou com uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados abaixo dos seios. 

 

:- Quem é você? 

 

:- Me chamo Dinah. 

 

:- Então, Dinah... Você faz parte da família? 

 

:- N-ão. 

 

:- Pois então não se intrometa! 

 

Mordi meu lábio inferior e senti uma pontada no estômago. Voltei para trás sentindo meu coração inflar pausadamente em nervoso. Aquilo doeu, senhora. Eu só queria ajudar... 

 

:- Não fala assim com ela. Dina é da família, assim como Ally. 

 

:- A outra traidora? Oh, céus! Três traidoras agora?!— Jogou a cabeça para trás e fitou o teto como se conversasse com Deus. 

 

:- Me desculpe intrometer, mas...— Respirei fundo tomando à frente de Normani. Eu estava em meu modo automático.— Você não sabe o quão perfeita sua filha é. Normani se tornou uma mulher incrível, verdadeira amiga e nunca, nunca mesmo te odiou por tudo, pelo contrário, ela te ama ainda mais e chora ao se lembrar de momentos ao seu lado.— Fitei à morena atrás de mim com os olhos marejados.— A senhora realmente fez uma filha de se orgulhar, não é porque ela se tornou prostituta que é uma má pessoa. Normani tem traços fortes vindas da senhora e se orgulha em dizer isso. 

 

:- Mas você de novo, garota?!— Rolou os olhos.

 

:- Infelizmente, a senhora não conhece sua filha tão bem como conhecemos. Ela não é esse bicho que você montou na cabeça. Ela é uma mulher bem vivida, com o próprio dinheiro e responsável.— Fitei a senhora balançar a cabeça em reprovação.— Dê valor à sua filha. Eu sei que um filho não esquece sua mãe, mas pode aparecer outra mulher para cuidar do que a senhora não se propôs por orgulho. Normani é sua única filha e  podem roubar o amor dela por você. Inclusive, minha mãe se apegou à ela. Cuidado, senhora, cuidado. 

 

Ela não respondeu nada, apenas olhou para o lado e acendeu um cigarro. O tragou com força e jogou toda a fumaça no ar, ignorando tudo o que havia lhe dito, era como se eu conversasse com as paredes. 

 

:- Quem é que se apega à ela?— Me encarou brevemente. 

 

:- Eu, Ally, Jilly, minha mãe, minha irmã, o tio dela e a avó.

 

A fitei soltar uma risada irônica e tragar novamente aquele maldito cigarro. Enfiei meus dedos em minha franja, jogando-o para trás e tornei à encarar à moça em minha frente. 

 

:- Só quem se apega à ela são os clientes que pagam uma grana para tê-la por horas. Na verdade, eles não se apegam, apenas gastam dinheiro com seu brinquedinho.

 

:- A senhora está enganada, sua filha não vai mais para a avenida. 

 

:- Porque? Se aposentou? Ou sua vagina está desgastada? Coitada, esqueci que o que vier é lucro, e com isso, você aceita até cabo de vassoura por dinheiro...

 

:- Senhora, por favor... Converse como uma mulher de verdade. Sem insultos. 

 

Observei rapidamente Normani atrás de mim encarando sua mãe sem piscar um segundo sequer. Seus olhos não saíam de cima da senhora que continuava à tragar de seu cigarro. 

 

:- Estou conversando com gírias de rua. Não é aonde ela mais vive?— Olhou para os lados.— Vamos lá, Normani. Está tudo suave pelas redondezas? 

 

Neguei com a cabeça em reprovação. Aquela senhora está fazendo tudo sem pensar. Fazendo com que, Normani fique ainda mais machucada e se afogue em seu silêncio. Nunca que ela ficaria assim diante de qualquer pessoas, mas com sua mãe... Parecia que guardava cada palavra juntamente com a dor. 

 

:- Senhora...— Lhe chamei a atenção após ouvir choros vindo de trás. Virei em meus calcanhares para vê-la com as mãos no rosto enquanto choramingava mais alto e tremia em nervoso. 

 

:- Olha que cena linda. Foi assim mesmo que ela fez da última vez.— Riu irônica.— Pensei que putas não chorassem. 

 

Arregalei os olhos ao ouvir a última frase. Ela não acabou de xingar a própria filha, né?!

 

Dispersei meus pensamentos ao sentir meu ombro doer ao se chocar com o corpo de Normani. Ela saiu chorando em disparada daquela sala. Não faço idéia para onde foi, mas eu não podia deixá-la sozinha.  

 

Droga! 



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