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História The Bitch - Norminah - I will be Mom.


Escrita por: norminahanonimo

Notas do Autor


Hi. Vim mais cedo pra dizer que a fic nao está lá no seu fim, mas quase. Espero que curtem esse gostinho do final onde as duas estão as mil maravilhas.(Depois de tanto brigarem) Quero continuar agradecendo aos comentários, os favoritos e por tanta gente estar mencionando no twitter. E bom... Infelizmente a fic não terá uma segunda temporada, como a maioria dos pedidos, masssss, já tenho outra fic escrita pela metade e é Norminah, claro. Então, curtam bastante babys.


PS: Muitos estão reclamando pela demora de atualizar, mas é porque não quero que essa fic acabe logo. Ela é meu amorzinho também. :(

Capítulo 83 - I will be Mom.


Fanfic / Fanfiction The Bitch - Norminah - I will be Mom.

 

 

           POV DINAH 

 

                   10 de fevereiro de 2026

 

Respirei fundo e joguei minha cabeça para trás enquanto o sinal se mantinha fechado. Tocava uma música aleatória e baixa no rádio, o que me motivava a bater os dedos no volante. Eu estava derrotada, morrendo de dor de cabeça e com os ombros doloridos. Essa semana foi tão pesada nas reuniões, já que diversos bancos estão fazendo parcerias para diminuir alguns juros de empréstimos. Depois que cheguei de viagem, não tive tempo para parar e respirar um pouco. Mesmo que eu tivesse deixado Camila no comando, não era a mesma coisa. Eles queriam a minha presença também.

Quando o sinal abriu, pisei fundo para sumir no meio daquela escuridão. Normani deveria estar me esperando ou ainda de plantão no hospital, já que algumas doutoras haviam ficado em seu lugar enquanto viajava comigo. Apertei o botão do portão de casa, fazendo-o abrir lentamente e adentrei à garagem apressadamente. Eu precisava de um banho, um lanche e do amor da minha vida me enchendo de beijos. Tornei em meus calcanhares, procurando as chaves da porta de trás, já que resolvi entrar pela garagem.

:- Mani?— Perguntei ao avistar algumas luzes acesas. Abri a geladeira rapidamente, achando uma garrafinha de suco, na qual, eu esvaziei em segundos. Larguei a bolsa juntamente com as chaves em cima da mesa de mármore e subi as escadas rapidamente.

Abri a porta do nosso quarto, vendo-a deitada de bruços enquanto mexia super concentrada no notebook. Larguei meus sapatos de qualquer jeito e pendurei meu terninho no suporte ao lado da porta, fazendo-a despertar.

:- Oh, você já chegou.

:- Pensei que estivesse no hospital. 

:- Não, precisei resolver alguns negócios. 

:- Que negócios?!— Ergui a cabeça para encarar a morena se sentando na cama. Terminei de desabotoar minha blusa e retirei a saia envelope que usara. Eu precisava me livrar daquelas roupas e me sentir mais confortável. 

:- Diga oi para os novos sapatinhos do nosso bebê.— Parei o que fazia bruscamente e ergui a cabeça, encarando a mesma com pequenos sapatos entre os dedos. 

:- Isso quer dizer que... 

:- Bem, parece que tem alguém crescendo dentro de mim.— Alisou a barriga coberta por uma fina camisola roxa.

:- Não! 

:- Sim. 

:- Não! 

:- Sim, amor.

Corri apressadamente até a cama, enchendo-a de beijos e abraços. Céus! Eu iria ser mãe? Bom, passou uma semana do "teste", já que a doutora nos disse que se Mani aguentasse o feto por uma semana, com certeza ele estaria seguro para crescer sem nenhum risco. Ou seja...

:- Você não está brincando comigo, está?! O que a doutora disse?

:- Bom, pediu para eu ainda ter alguns cuidados, prestar atenção no que como e que logo logo nosso bebê estará crescendo.

:- Oh meu Deus! Isso é tão... 

:- Eu sei! Não via a hora de você chegar para contar. 

:- Quando você comprou esses sapatos? Eles são lindos.— Peguei as pecinhas em cima da cama, sentindo a maciez do tecido com alguns detalhes de bichinhos. 

:- Depois que saí do hospital. Ainda não sabemos o sexo, então peguei sem uma cor que defina menino ou menina.

:- Eu estava tão nervosa que nunca saía esse resultado. Na verdade, fiquei nervosa desde o dia que coloquei meus óvulos em você e fomos obrigadas à passar o teste de uma semana esperando esse bendito resultado.

:- Agora já passou, sabemos que nosso bebê está seguro e virá logo.— Alisou minha face com o polegar, mantendo aquele sorriso radiante de rasgar a boca. Sequei seus olhos mareados e mordi os lábios segurando a vontade de chorar.  

:- Já pensou em algum nome? 

:- Não acha que esteja cedo demais para pensarmos nisso? Faz uma semana e meia ainda. Vamos esperar pelo menos alguns meses para termos certeza?!

:- Tudo bem.— Suspirei exaustivamente. Observei Normani se arrastar até a cabeceira da cama se encostando alí.— Será que ele já nos escuta?

:- Amor, ainda não chegou à formar nada. 

:- Mas talvez já esteja apurando a audição para reconhecer a voz da mamãe Mani e da mamãe Dinah.— Engatinhei no meio de suas pernas e toquei sua barriga. A mesma riu calmamente e negou com a cabeça sem deixar de observar minhas ações.

:- Você deve estar derrotada.

:- Estava. Depois que recebi essa notícia minhas energias voltaram.— Falei sem deixar de encarar sua barriga ainda definida. Desde o dia que a mesma se formou em medicina, havia retirado o piercing no umbigo, pois na mente dela, aquilo lhe lembrava muito a época da prostituição e se queria ser uma médica séria, teria que retirá-lo. Eu fui contra o tempo todo, pois aquele piercing a deixava mais sexy.

:- Até o bebê nascer morrerei afogada por tanta babação, né?! 

:- Não tenho culpa se serei mamãe.— Sorri abertamente, fazendo-a sorrir também. Afastei bruscamente de suas pernas quando a mesma resmungou de dores e se remexeu.— Doeu algo?

:- Não... Apenas estava de mal jeito. 

:- Sabe que não pode se esforçar muito, não?! Qualquer coisa que precisar eu faço por você.

:- Amor, não se preocupe. Eu consigo me virar com algumas coisas ainda. 

:- Eu sei, só...— Suspirei.— Não quero que corra riscos. Ainda mais agora que carrega nosso bebê. Não quero ele e muito menos você tendo problemas.— Sorri meio sem graça enquanto mexia meus dedos em meu colo.

:- Não irá acontecer nada, tudo bem?— Concordei com a cabeça.— Vem cá.— Abriu os braços para que eu me arrastasse até o seu lado e me encolhesse em seu leito. Fechei os olhos por alguns minutos e soltei um longo suspiro enquanto ouvia seu coração bater calmamente.

:- Quando daremos a notícia para todos? 

:- Vamos esperar mais um pouquinho? Não quero dar esperanças ao seus pais, acabar não dando certo e os decepcionar. 

:- Tudo bem.— Sussurrei um pouco sonolenta. Hoje havia acordado quase cinco da manhã e saí em disparada ao banco para terminar toda a proposta antes das reuniões com os outros presidentes de bancos da região. Como eu disse, essa semana foi muito conturbada. Além de resolver as coisas, tive que achar um tempinho para ir ao hospital fazer exames para o bebê que estava por vir.

:- Porque não toma um banho, coloca uma roupa quente, enquanto faço algo para comermos?! 

:- Você vai descer as escadas?

:- Acho que para ir à cozinha preciso descê-las, não?!— Respondeu de um jeito óbvio. Ergui a cabeça para encarar sua face limpa de qualquer vestígio de maquiagem.

:- Você não pode fazer esforços, lembra? 

:- Ok, eu sei que você está querendo ser cuidadosa com a sua esposa, mas não se esqueça que a médica aqui sou eu e...— Remexeu sob a cama, colocando as pernas para fora na intenção de se levantar.— Não estou com barrigão... Ainda. E descer escadas não é um grande esforço. Agora tome seu banho tranquilamente e volte cheirosa para mim. 

:- Mas amor...

:- Sem mas.

Bufei totalmente vencida e levantei em um solavanco da cama. A ouvi rir baixinho enquanto calçava seus chinelos e sumia do meu campo de visão. Pelo que conheço, Normani ficará cem mil vezes mais teimosa, o que lhe causará muitos puxões de orelha. Por Deus! Ela não entendeu que está carregando uma criança?! Espera! Ela está carregando uma criança. Oh, meu Deus! Eu irei ser mãe. Quero dizer, nós iremos ser mães. 

Olhei para o espelho à minha frente, observando uma mulher loira com traços envelhecidos e com um sorriso de rasgar a cara. Eu precisava muito contar para meus pais, Regina, Camila e Lauren. Meu Deus! Gina será tia, tem noção disso?! Minha pequena até ontem era o bebê da casa e agora está prestes à ser tia.

:- Oh, Droga!— Murmurei ao sentir a dor tomar conta dos meus dedos do pé direito. Me perdi em pensamentos e não percebi que havia começado à caminhar de um lado para o outro dentro do banheiro. Essa notícia havia me deixado louca, bem, louca no lado positivo. Claro.

Chacoalhei a cabeça na intenção de retirar uma parte do pensamento enquanto me despia para entrar ao box. Fechei o enorme vidro transparente, tornando em meus calcanhares para abrir o registro e deixar a água pré-aquecida respingar em meu corpo. Passei as mãos no suporte de sabonete, o levando até meu corpo e comecei à cantarolar qualquer música animadamente. 

Eu poderia pensar sobre alguns nomes, não? Tipo, se for menina, quero colocar um nome bem chamativo e diferente. Pois minha filha seria a única e mais linda princesa desse lugar. Se fosse menino, colocaria um nome forte, para que quando o mesmo abrisse a boca, causasse desespero pelas garotas que tanto o idolatrariam. Quando conversei com Mani antes de fazer alguns exames, ela preferia uma menina e eu optei por um menininho. Sabe, eu já tenho uma irmã, uma mãe, avós, esposa, acho que mulher já está cheio em casa. Quero ter a sensação de ter um garotinho pulando pela casa atrás da bola, pedindo para comprarmos carrinho, crescendo ao ponto de me passar e começar à pedir conselho sobre mulheres complicadas. Mas não importa, se for menino ou menina, será amado igualmente.

Abri os olhos lentamente depois de ter uma longa sessão para lavar os cabelos. Coitados, estavam tão sujos por conta de toda a semana conturbada, que não tive tempo nem de molhá-los. No máximo, a única água que havia passado teria sido a fina chuva que estava dando nos fins de tarde. Bom, pelo menos não eram as tempestades de neve que  impedia qualquer um sair de casa. Contraí os músculos do abdômen para impedir o começo do tremor por conta do ar gelado que acabara de invadir o box coberto de fumaça aquecida. Puxei a toalha pendurada na parte de cima, me enrolando no mesmo e saí para a parte seca do banheiro. Passei alguns cremes em meu cabelo, aproveitando que estavam molhados, pois secariam naturalmente e precisavam ter algo para ficar domados. 

:- Você sabia que em inseminações artificiais há possibilidades de gerar gêmeos?— A voz de Normani ecoou todo o quarto antes mesmo de eu sair totalmente do banheiro. A mesma estava sentada na cama com o notebook no colo e as costas apoiada na cabeceira da cama. Apressei meus passos até o armário no fim do quarto, procurando algum pijama quente para me aquecer.

:- Sabia. Está ciente que essa possibilidade pode cair em você?

:- Não muito...— Virei em meus calcanhares enquanto terminava de pôr a calcinha. Normani não tirava os olhos da tela, mas se remexia impacientemente na cama, fazendo-a ranger.— Não que eu não queira, mas um só estaria ótimo. 

:- E se vier três?— Peguei um creme em cima do criado mudo, parando de frente à ela. Apoiei uma perna sob o colchão e o passei calmamente por minhas coxas, iniciando leves apertões, já que havia passado um bom tempo andando de um lado para o outro com salto. Normani que continuava sua atenção na tela, ergueu a cabeça com uma feição espantada  acompanhado de olhos arregalados.  

:- T-Três?! Dinah, é minha primeira gravidez, não me assuste. 

:- Não quero lhe assustar, mas há possibilidades e você como doutora sabe disso.— Ri diabolicamente enquanto alisava minha pele com o maravilhoso creme de algodão doce. Optei usá-lo, pois adorava o cheiro doce. Além de ser uma das coisas que me lembrava muito Normani.

:- Não importa.— Colocou o notebook ao lado, na mesinha que carregara o abajur e alguns de seus pertences.— Vindo um ou três, iremos dar amor igualmente.

:- Se vier três, essa casa nunca ficará esse silêncio. A piscina sempre estará cheia, nosso jardim com brinquedos e o quarto de cabeça para baixo.— Olhei para um ponto fixo e sorri imaginando toda essa cena. Eu sempre amei crianças, depois que Regina começou à crescer, senti uma certa carência por bebês. A Ally, melhor amiga de Mani, acabou de virar mamãe, mas não tive tempo de carregar a pequena Taylor nos braços. Dispersei meus pensamentos, curvando-me sobre a cama para engatinhar até a morena. 

:- Espero muito que nosso bebê nasça com essa sua carinha.

:- Bem, ele pode nascer um pouco, mas puxará mais traços seu, já que viverá um bom tempo grudado à você.— Me encolhi debaixo das cobertas, esquentando cada centímetro do meu corpo semi nu. Mesmo que nosso quarto fosse aquecido, ainda conseguia sentir o ar gelado do corredor passar pela fresta baixa da porta.

:- Talvez sim e talvez não. Inseminação é muito imprevisível, quando vão olhar o parceiro da paciente, eles reparam bem em cada traço para pegar um doador de esperma parecido. E claro que eles pegaram um mais mescladinho, para que o bebê pegue algo de mim e de você. 

:- Então quer dizer que nosso bebê vai ter a cara do doador também?

:- Sim, amor.— Umedeceu os lábios com a ponta da língua e virou-se cautelosamente.— Precisamos do esperma masculino para gerar um bebê. Infelizmente a medicina não inventou outro meio, então é provável que o bebê apareça com olhos claros e cabelos castanhos escuro. 

:- Olhos claros?! Mas a gente nem tem olhos claros e nem...

:- Estou brincando. Calma!— Gargalhou gostosamente enquanto eu quase me desfalecia em desespero.— Como disse, os médicos pegam o doador parecido contigo. Nosso bebê nascerá com os nossos traços, não se preocupe, não parecerá que eu lhe traí com um maravilhoso homem dos olhos azuis.

:- E-Eu não quis falar isso... Amor...— A olhei incrédula por achar que havia se chateado com algo. Eu não estava lembrando de tudo o que aconteceu, na verdade, nem passou por minha cabeça sobre traição ou algo do tipo. Normani apenas curvou-se para frente, me calando com um beijo.

:- Eu sei que você não quis dizer nada. Agora cale a boca e me beija.— Sussurrou. Fiquei mais alguns minutos processando tudo aquilo, e quando me liguei, já estava com os lábios grudados aos dela. Passei minha mão por sua nuca, puxando-a cuidadosamente para mais perto e me arrastei aprofundando o beijo. Seus lábios suavemente passaram pelos meus, separando-os para que sua língua passasse sem nenhum pudor. Alisei a ponta do meu nariz ao seu, fazendo-a cessar o beijo por alguns segundos e arquear a cabeça apreciando o simples toque.

:- A gente pode fazer amor mesmo você estando grávida? Digo, não irá te machucar?

:- Não, a gente não pode. Infelizmente precisamos nos controlar com isso, pois estamos no começo e qualquer coisinha mínima pode machucar o feto em formação. 

:- Então quer dizer que... 

:- Sem sexo por nove meses.

:- Nove meses?— Me separei rapidamente sem deixar de encarar seus olhos entreabertos.

:- Não consegue aguentar? 

:- Consigo, claro que consigo. Mas... É complicado. Você não sabe o quão complicado é te ver e não poder fazer nada.— Cocei a nuca, lhe demonstrando um nervosismo descomunal. Não que eu seja uma tremenda ninfomaníaca, é óbvio que consigo me controlar, mas... Meu Deus! São nove meses sem poder tocá-la, entende? Normani te deixa molhada com simples atitudes e eu simplesmente odeio me aliviar sozinha. É tão... Sem sentido. 

:- Quero ver você falar isso quando começar à ver minha barriga crescer e aparecer dobrinhas aqui e alí.— Riu sem um pingo de ânimo. Não que ela estivesse arrependida de gerar um filho, apenas não estava pronta para se olhar no espelho e ver as mudanças agindo. 

:- Eu aguento o tempo que for. Estarei aqui nos momentos de dores, quando o bebê se mexer e quando ele estiver prestes à sair. Não me importo se tiver dobras ou algo fora do lugar, o que importa é ter você e ele ou... Ela? 

:- Você é tão linda.— Riu divertida e se esticou para me dar alguns selinhos. Suspirei mais aliviada e a puxei para se aconchegar em meu peito. Ficando assim por longos minutos ouvindo apenas nossas respirações.— Amor, seu lanche.

:- Oh, verdade. Havia esquecido.— Me desvencilhei de seu corpo, virando-me para pegar o prato ao lado do abajur desligado. Me ajeitei na cama, começando à comer calmamente enquanto Normani me admirava.— Você vai trabalhar amanhã? 

:- Sim. Ainda tenho muitos pacientes  e uma bateria de exames para acertar.

:- Prometa que não irá fazer muito esforço?— Voltei à encarar seus olhos, dando-lhe uma fuzilada piedosa. Um suspiro lento saiu de suas narinas, fazendo seu peito contrair-se e os ombros relaxarem. 

:- Prometo. Apenas irei ficar carregando papéis de um lado para o outro e levando pacientes para as salas. Nada de cirurgias, nada de urgências de última hora e nada de plantões. 

:- Não extrapola no esforço, tudo bem? Não que eu esteja pensando apenas no bebê, não é só ele que corre risco e sim você. 

:- Você fica tão lindinha preocupada.— Sorriu radiante.— Prometemos que não iremos aprontar, né meu amor?!— Tocou a barriga e tornou à me encarar. Ri pela forma como havia afinado a voz para se comunicar com sua barriga. 

:- Tudo bem, estou confiando em vocês.— Fingi estar séria, intercalando olhares entre a morena e sua barriga. Continuei comendo o maravilhoso lanche de peito de peru enquanto a mesma alisava sua barriga calmamente sem deixar de me observar. 

 

                            [...]


 

:- Bom dia, senhorita Hansen.— Cooper, um dos sócios do Miami City Bank, se pronunciava enquanto deixava sua maleta de couro em cima da minha mesa. Levantei em um solavanco da minha poltrona para lhe dar um aperto de mão e assentir com a cabeça educadamente. 

:- Bom dia, Cooper. Como estamos? 

:- Bom...— Prontamente se sentou na cadeira à frente, soltando alguns botões de seu terno cinza e se ajeitando no macio couro preto.— Parece que as parcerias entre os diversos bancos estão indo bem. A senhorita teve uma mente brilhante em propor isso.

:- Isso é bom. Muito bom. 

:- A porcentagem baixa de lucro está aumentando, além de estarmos voltando à ser um dos maiores bancos de Miami.

:- Isso está sendo músicas para os meus ouvidos.— Suspirei.— Sinceramente, pensei que não fôssemos conseguir tampar todos os buracos de dívidas. 

:- Sabemos que não eram tão grandes, mas poderiam ficar cada vez que um cliente aparecesse pedindo empréstimo. Bom, agora com essas parcerias, iremos diminuir os juros e lucrar para transferir uma quantia boa para nossos parceiros. 

:- Não podemos esquecer do lucro para pagarmos todos os funcionários. Não que estejamos em crise, mas todos cooperaram e trabalharam duro até mais que o expediente normal. Nada justo do que dar uma simples recompensa, pois temos muitas mães e pais de família. 

:- A senhorita tem razão. Irei fazer alguns cálculos para ver quanto podemos transferir e montar uma pequena reunião comunicando-os.

:- Me mande cada detalhe para eu pensar antes de dar qualquer notícia. Ainda preciso ver algumas fichas de quem realmente merece receber o pagamento.— Fixei meu olhar na porta, onde era aberta calmamente por Camila. A mesma usava uma calça social bem apertada, uma blusa de manga comprida preta, onde por baixo usara uma social branca. Os cabelos estavam presos em um coque muito frouxo. Pelo que a conheço, acabou de chegar às pressas e veio primeiramente em minha sala contar as fofocas. 

:- Tudo bem, bom... Irei me retirar, creio que queiram conversar também. 

:- Muito obrigada.— O observei pegar sua maleta e assentir com a cabeça carregando um largo sorriso. Ele era um dos homens de muita confiança por aqui, já que começou no banco ainda jovem e foi aprendendo algumas coisas com meu pai. Ele fazia um trabalho espetacular e nunca me deixou na mão em questão de contas em ações e produções.— Cooper?

:- Sim?! 

:- Um dos funcionários que irá ganhar a recompensa será o senhor. Sei que tem uma família e o senhor merece por tudo o que fez essa semana. 

:- Muito obrigado, senhorita.— Novamente, o sorriso surgiu diante do bigode escurecido. Lhe dei um sorriso antes de vê-lo fechar à porta. Deixando apenas eu e Camila sozinhas.

:- O sexo foi bom?— Perguntei ao vê-la jogar a bolsa no sofá ao canto e soltar os cabelos, jogando-os de um lado para o outro. Seus olhos caíram sobre os meus, fuzilando-os com fúria.

:- Engraçadinha. E não, não tivemos sexo essa noite. Lauren passou a noite toda escrevendo a maldita matéria sobre o Holocausto.— Bufou em irritação. Ela se jogou na cadeira onde o senhor estara sentado segundos atrás e começou à mexer em alguns papéis em sua cardeneta. 

:- Está explicado a irritação.

:- Não estou irritada por falta de sexo e sim por ter que procurar tudo sobre o casamento sozinha. 

:- Como?! Casamento? Vocês finalmente irão se casar?— Dei um salto em cima da poltrona, como se tivesse levado um baque. Bom, era um baque. Lauren enrolou Camila por um bom tempo, dizendo que não estava preparada para um casamento e que tinha muitos gastos, pois as duas estavam começando a vida morando juntas, juntando um dinheiro para acertar cada gasto. E um casamento não é nada barato. Eu bem sei disso.

:- Consegui convencer a fera. Ela disse que agora sim estamos prontas, além de eu ter me acertado no banco e ela no jornal. Então... Estamos com o pé no altar.— Sorriu animada. Continuei encarando-a um pouco surpresa. Certo! Minha melhor amiga está para se casar com a minha outra melhor amiga, sendo que até ontem não conseguiam trocar uma palavra. Eu acho que estamos envelhecendo rápido demais.

:- Fico feliz em vê-las finalmente tomando juízo e levando a vida na direção certa. Sinceramente pensei que não tomariam vergonha e viveriam como mulambeiras nas praias de Miami. 

:- Apenas um parabéns, estou feliz por vocês duas, já era o suficiente. 

:- Mas eu disse que estava feliz por vocês.

:- Disse ao modo Dinah Jane. O que ninguém curte.— Rolou os olhos, fazendo-me rir baixinho por tamanha irritação de sua parte. Não me lembro de ter ficado tão estressada em procurar uma parte das coisas do casamento sozinha. 

:- Eu quero muito te contar uma novidade, mas também não quero. Só que você é minha melhor amiga e preciso de alguém para surtar comigo e você é ideal.

:- Desembucha logo. Você matou alguém? 

:- Porque mataria alguém quando estou prestes à ser mãe?— Franzi o cenho e neguei com a cabeça. Camila que ia falar algo, parou bruscamente e arregalou os olhos. Umedeci meus lábios e lhe lancei um sorriso concordando com a cabeça. 

:- Você vai ser o que?! 

:- Mamãe. 

:- Você está grávida?— Camila praticamente saltou da cadeira e deu um berro. Fazendo-me piscar algumas vezes em susto.— Dinah, como você pôde?! Tudo bem que Normani te traiu quando mais nova, mas agora as coisas mudaram. Como você pôde traí-la e ainda por cima engravidar? 

:- Você está fazendo isso de propósito?!

:- Ok, estou. Eu sei que existe inseminação. Mas... Quando iria me dar essa notícia? 

:- Daqui um mês.— Dei de ombros. Camila que estava em pé, caminhou até o seu lugar novamente enquanto me encarava incrédula. 

:- Você iria esconder isso de mim? 

:- É por precaução. Eu e Mani preferimos contar quando o bebê estiver mais formad

:- Meu Deus!— Olhou por cima dos meus ombros, pousando as mãos na boca e arregalando os olhos.— Você será mãe. 

:- E você irá se casar. Não é o máximo?! 

:- Meu Deus!

:- Só vai falar isso em vez de me dar os parabéns?

:- C-Claro!— Levantou em supetão, dando a volta por minha mesa e se sentando em meu colo para me encher de abraços.— Você será uma ótima mãe, pois foi praticamente uma em minha vida. Eu amo você e espero que essa fase seja uma das melhores que já teve nessa vida. 

:- Eu também te amo.— Suspirei.— Parece ter ficado em estado de choque. 

:- E eu fiquei. Dinah, nos conhecemos desde a pré escola e hoje você se tornará mãe, tem noção disso?! Até ontem éramos as adolescentes cheerleaders que não ligavam para nenhum problema que não fosse namoros e festinhas e hoje estou à ponto de me casar e você se tornando mãe. 

:- Você está fazendo eu me sentir velha. 

:- É sério. O tempo passou rápido demais. Olha nossas irmãs, até ontem brincavam de barbies e gritavam pela casa. Hoje vivem saindo nas festas que até ontem costumávamos ir. 

:- Desde quando Sofi resolveu ir em baladas gays?!— Ri divertida, fazendo-a rolar os olhos e se levantar do meu colo. 

:- Foi um modo de falar. Sofi apenas está indo em festas nas casas dos jogadores, inclusive com a sua irmãzinha. 

:- Nem me fale. Te contei que um deles chamou Regina para um encontro no cinema e ela pediu conselhos à Mani?— Suspirei exaustivamente me lembrando do dia em que a mesma nos contou na pizzaria. Camila negou com a cabeça, carregando aquele sorriso sacana nos lábios.— Ainda a vejo como um bebê, não faça essa cara, por favor. 

:- O único bebê que você terá que ver daqui em diante, é o seu que irá nascer. Regina já está grande, deixe de ser a irmã mais velha chata.— Jogou um papel amassado em mim. Joguei minha cabeça para trás e soltei um longo suspiro. Não era hora de ficar preocupada com as tais festas que Regina frequentava. Até porque minha deve estar em seu pé com isso. Será que... Serei mãe coruja também?!— Aliás, é você quem está grávida? 

:- Não. Normani quis ter a sensação primeiro, quem sabe mais para frente eu não queira também. 

:- Quero deixar bem claro, Dinah Jane. A madrinha desse bebê se chama Karla Camila Cabello, se você colocar outra no lugar, eu arranco seu pescoço.— Falou entre os dentes, fuzilando-me com um olhar ameaçador. Ela apontava o dedo em meu rosto e com a outra mão, ameaçava de jogar o pequeno papel amassado. 

:- E se eu disser que já tenho outra em mente? 

:- Você estará assinando seu atestado de morte com letras garrafais.

:- Ok, você sabe, Mani sabe, todo mundo sabe quem será a madrinha.— Peguei algumas pastas em cima da mesa e levantei da macia poltrona. Caminhei rapidamente até o sofá no fim da sala, pendurando minha bolsa em meu braço livre e tornei em meus calcanhares para encará-la.— Agora preciso encontrar com minha esposa e resolver sobre esses papéis. 

:- Diga à ela que eu dei parabéns e que a amo muito. 

 

                           .  .  . 

 

 

Minha pele se arrepiou ao entrar em contato com o ar gélido daquele enorme hospital. Deixei a porta bater atrás de mim, criando olhares curiosos de alguns visitantes sentados nas cadeiras ao canto e algumas enfermeiras andarilhando pelo corredor. Rolei os olhos para a pequena bancada à frente, onde duas mulheres de cabelos negros mexiam pacientemente no computador enquanto tagarelavam em alguns telefones. Esse lugar era enorme e não parava um minuto sequer. Agora entendo porquê da Mani chegar derrotada em casa. Imagino quantos casos de emergências aparecem por aqui. Tomei fôlego e avancei alguns passos até a bancada, encostando meu abdômen. Pigarrei. 

:- Posso lhe ajudar, senhorita?

:- Sim. É, a doutora Normani está por aqui? Eu precisava conversar com ela.

:- Bom, ela está com um paciente agora. É algo grave?!

:- Não, não! É que eu queria conversar com ela por alguns minutos. Será que você poderia tentar falar com ela e avisar que estou aqui? 

:- Qual seu nome?

:- Dinah. 

:- Oh, você é a famosa Dinah? 

:- Eu não sei.— Franzi o cenho, demonstrando-lhe confusão. A senhora se apoiou na bancada, carregando um sorriso encantador.— Como assim, famosa Dinah?

:- A senhorita é a esposa que Mani tanto fala. Meu Deus! Aquela mulher fala de você vinte quatro horas por dia com um sorriso no rosto ao ponto de iluminar esse hospital e olha que tem algumas áreas aqui que são impossíveis.— Tocou minha mão em cima da bancada, dando-me um maravilhoso sorriso. Ri pela forma como falava das reações de Mani e inflei meu peito me sentindo a pessoa mais amada do mundo.

:- Obrigada, eu acho. 

:- Ela nos disse que você a deu uma viagem para París. Isso é tão romântico. Meu marido nem conseguiu sair de Miami direito.— Rolou os olhos, fazendo-me rir baixo.

:- Vocês estão falando de quê?— A moça ao lado, apoiou o telefone no ombro direito, se curvando para o lado e intercalando os olhares entre eu e a senhora. 

:- Lisa, essa é a Dinah, esposa da doutora Mani. 

:- Prazer, senhorita. A doutora fala muito de você para nós. Admiro a história das duas, ainda mais quando ela nos disse que era... 

:- Lisa!— A senhora a repreendeu. Mexi meus braços por cima da mesa, sem deixar de olhar para as duas que se entreolhavam.— Senhorita, a doutora está na sala dois. Virando a primeira direita já estará na porta. 

:- Obrigada. E bom trabalho para as duas. 

As duas assentiram com a cabeça e lançaram um sorriso amigável. Fazendo-me sorrir antes de tornar em meus calcanhares e começar à caminhar até um enorme corredor com um painel no teto. Bom, sala dois, virando a primeira direita eu estaria na sala, então estava próxima. Avancei mais alguns passos até chegar na porta entreaberta, onde podia ver Normani conversando animadamente com um garotinho de braço enfachado. 

:- E como está com as namoradinhas? 

:- Por favor, doutora. Eu não tenho namorada.— O garoto falou entre os dentes enquanto encarava uma senhora sorridente no canto da sala. Provavelmente sua mãe, já que os olhos que o garoto carregara eram parecidos com os dela. Ok, até eu estava me sentindo envergonhada com a pergunta da minha esposa. Ela estava parecendo aquelas tias que nunca te visitavam e quando lhe via, prontamente perguntava isso. Me escorei no canto da parede, cruzando meus braços abaixo dos seios e rindo da forma como ela conversava com o garoto corado.

:- Como não?! Estou vendo diversos nomes de meninas assinados em seu gesso. Senhora Palmer, terá que ficar de olho nesse garotão.

:- Ele passou a fase das cuecas de bichinhos, agora começou à usar de mais velhos. Palavras do mesmo.

:- Mãe! 

:- Não se preocupe, Will. Não contarei isso à ninguém.— A morena com um vestido branco, se ajoelhou para retirar o gesso em seu braço. Ela fazia cada detalhe com uma incrível paciência, o que me deixava admirada por sua agilidade e boba pelo amor que distribuía naquele hospital. 

Continuei admirando-a conversar descontraídamente enquanto terminava de retirar a faixa no braço do garoto sentado na maca. Algumas pessoas que passavam no corredor, me encaravam com um enorme ponto de interrogação na testa. Deveriam estar se perguntando o porque da idiota aqui estar espionando uma doutora enquanto carregava um sorriso besta na cara. Sim, eu estava assim. Aquela mulher me deixava tremendamente besta por simples coisas e aquilo era incontrolável. Pisquei algumas vezes em susto, pois a porta havia sido aberta, saindo o garoto sem o gesso e a senhora logo em seguida. Normani que estara na porta, ficou me encarando por alguns segundos antes de sorrir animada. 

:- Veio me ver?

:- Vim ver se minhas duas crianças não estão aprontando. 

:- Oh, sabe... A gente estava conversando sobre roupas e sapatinhos. Vimos algumas em uma loja. Lindos.— Disse empolgada. Desencostei da parede, dando alguns passos até a mesma e depositei um beijo em sua bochecha. 

:- É mesmo?! Vocês duas estavam se comunicando? 

:- Sim. Sabe o que ela me disse? 

:- O que?! 

:- Que está louca para sentir o abraço quentinho da mamãe Dinah.— Sorriu. Isso é um pouco louco ou meio bobo de nossa parte, mas ouvir aquilo me fez derreter de ansiedade em ver o rostinho do bebê e sentí-lo em meus braços.— Eu disse à ela que era maravilhoso a sensação de estar em seus braços e que ela se sentiria protegida. 

:- Então as duas estavam falando de mim?!— Dei alguns passos até Mani que estava próxima à uma pequena poltrona. Rapidamente sentei na mesma, fazendo-a se sentar em meu colo. 

:- Você deve estar me achando uma louca que conversa com a própria barriga que ainda nem cresceu.

:- Claro que não. Você está conversando com o nosso bebê. Isso é bom, já que dizem ter uma enorme comunicação corporal entre os dois. 

:- Sim... Um bebê reconhece sua mãe apenas com a batida do coração. 

:- Isso é incrível.— Pousei minha mão em sua barriga, fitando o pano branco um pouco avantajado. Será incrível ver sua barriga crescer cada vez mais. Por todos esses anos eu nunca imaginei que ela fosse tomar a iniciativa de querer ter o bebê, já que sempre se preocupou com o corpo e sempre fugia dessa conversa. 

Meus pensamentos foram dispersos com a voz de Mani e a porta entreaberta. A mesma se levantou rapidamente enquanto um senhor moreno, alto e de bigodes brancos surgiu na sala. Levantei em solavanco, vendo-a abraçá-lo ao ponto de fechar os olhos e soltar um som nasal. Ela sempre fazia aquilo quando se sentia confortável nos braços de alguém, o que é preocupante, pois a única pessoa que ela faz isso é comigo. Mordi minha mandíbula e respirei pesadamente.

:- Como você está, querida?

:- Bem, e o senhor, pai?— Pai?! Espera! Então ele é o senhor que ela reencontrou antes de nos casarmos? 

:- Levando como posso. E meus exames? 

:- Oh, estão aqui.— Deu a volta rapidamente na mesa, abrindo uma enorme gaveta e vasculhando algo. Continuei fuzilando o senhor de roupas sociais, que parecia desconfortável diante da forma como o analisava curiosa.— Vejo que está parando aos poucos de fumar e se cuidando mais.

:- Preciso ouvir minha filha ou não conseguirei vê-la sempre.— Suspirou. O senhor me encarou rapidamente enquanto apertava o envelope entre os dedos. 

:- Céus! Pai, essa é Dinah.— Apontou para mim. Me aproximei cautelosamente e apertei-lhe as mãos.— Minha esposa. 

:- Então você é a moça que estava esperando-a no altar? 

:- Sim. Prazer.

:- Fico feliz em ver que esteja fazendo minha filha feliz. 

:- Estou sim.— Soltei rapidamente suas mãos. O senhor parecia desconfortável ou... Preocupado. Na verdade, deveria ser ao contrário, pois ele é o sogro e eu quem deveria estar preocupada.— Vejo que está feliz em ter reencontrado sua filha. 

:- Sim. Ela está maravilhosa, como sempre. Nem parece a menininha que eu... Bem.— Pigarreou e afroxou a gravata em seu pescoço. Como se ela estivesse impedindo-o de respirar. 

:- Senhor Derrick, né? 

:- Sim. 

:- Eu posso conversar com o senhor? 

:- C-Claro!

:- Eu posso?— Virei para Normani que parecia inquieta. A mesma concordou rapidamente, pegou algumas fichas e se aproximou para dar-me um beijo.

:- Depois eu volto. 

:- Sem esforços.— Sussurrei. Ela sorriu radiante e caminhou rapidamente até a porta. Acompanhei cada passo com o olhar, antes de voltar à fuzilar o senhor com as mãos no bolso. Inspirei todo o ar preso em meus pulmões e encostei na ponta da mesa.

:- Pois então...

:- O senhor deve imaginar como fica a cabeça de Normani quando aparece aqui? 

:- Do que está falando? 

:- A minha esposa sofreu com a sua ausência, senhor. Quando ela soube do resultado da paternidade, ficou uma pilha de nervos e ao mesmo tempo feliz em saber que ainda estava vivo. 

:- Eu não tive direito de muitas notícias sobre ela durante esses anos. Fui muito burro em largá-la ainda recém-nascida, mas tomei coragem e tirei o medo que carreguei por tantos anos para procurá-la. Eu desisti achando que não a encontraria nunca mais e do nada, quando vou me medicar no hospital, dou de cara com a minha princesa e descubro que ela se tornou alguém que tanto desejou ser. 

:- Não. Antes dela ser doutora, ela era prostituta. Não por que queria e sim para arcar com as responsabilidades, já que havia sido expulsa de casa injustamente.

:- Como?! Andrea a expulsou de casa? 

:- Sim. Tem noção do quanto ela precisou do senhor? Enquanto estava com um simples medo de se mexer para procurá-la.

:- Eu me arrependo muito por ter deixado-a. Sinceramente, se pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente e aproveitado mais a minha filha. Meu Deus! Eu perdi tantas coisas. 

:- A senhora não fala com Normani até hoje, seu Derrick.— Cruzei os braços abaixo dos seios e o encarei de forma séria. Ele engoliu seco e mordeu a mandíbula em nervoso.— Normani tentou falar com ela muitas vezes, mas em todas foi xingada e expulsa novamente. 

:- Mas... Mas porque todo esse ódio de Andrea? 

:- Longa história.— Suspirei.— Se o senhor reaparecesse bem antes, sua filha teria xingado-o ao ponto de lhe chatear. 

:- Ela me odiava? 

:- Não era odiar e sim medo. Ela queria entender porque a deixou tão precocemente. Por longos anos, retirei esse medo de tentar falar com dona Andrea e a fiz retirar o ódio que sentia pelo senhor ou por qualquer outra pessoa.

:- Justo, pois fui um completo idiota.

:- Enfim, eu só quero que... Não suma mais. Não a encha de esperanças e depois largue-a. O senhor viu o quão preciosa sua filha é. Ela já não tem a mãe por perto. Aproveite o tempo perdido e a faça se sentir a filha mais perfeita desse mundo. 

:- Eu entendo sua preocupação. Entendo perfeitamente que queira vê-la ter a sensação de uma família completa, e eu farei de tudo para mostrar isso.

:- Por favor, faça-a retirar esse medo da ausência dos pais. Ela já sofreu demais nessa vida e a única coisa que pretendo é fazê-la sorrir vinte e quatro horas por dia. 

:- Você realmente ama minha filha. 

:- Mais do que possa imaginar. Ela é tudo para mim, seu Derrick.

:- Isso é bom. Muito bom. Então posso ficar tranquilo. 

:- Apenas quero que seja presente e não a deixe mais. Estou tentando com todas as forças que dona Andrea volte à falar com ela, mas é complicado.— Emaranhei meus dedos em meu cabelo, jogando-os para o lado e soltando um longo suspiro.— Queria muito fazê-las se encontrarem sem brigas e Mani se sentir a mulher mais amada desse mundo. Sua filha tinha receio de amar as pessoas, sabia? 

:- E os culpados são seus pais... 

:- Exatamente! Não quero que ela se sinta só, quero que fique feliz em saber que no verão irá para a casa dos pais e mostrar suas antigas fotos para o bebê que está esperando. 

:- Para o quê?! 

:- Sua filha vai virar mamãe.

:- Oh meu Deus!— Pousou a mão no peito e arregalou os olhos totalmente surpreso. Pude ver seus olhos encherem de lágrimas e um tímido sorriso surgir em seus lábios. Pressionei os lábios e concordei com a cabeça.— Mas esse bebê é de vocês? Digo, quanto tempo? Meu Deus! Estou em pânico.

:- Descobrimos à pouco tempo. Esse era o sonho dela e o senhor não sabe o quanto ela está radiante com essa notícia. 

:- E-Então estou prestes à ser avô? 

:- Sim. Está.— Sorri. O mesmo caminhou rapidamente, fazendo-me observar seu rosto molhado pelas  lágrimas enquanto suas mãos trêmulas percorriam meus ombros, iniciando um abraço com direito à leves batidinhas nas costas. 

:- Obrigado. Obrigado por fazê-la bem, por estar lhe dando amor verdadeiro. Obrigado por estar me dando um neto. 

:- Estou atrapalhando?— Normani apareceu entre a porta, fazendo o senhor se separar rapidamente e secar o rosto. 

:- Então é isso, espero muito que esteja fazendo-a feliz, pois sou seu sogro e não admito que faça minha princesa chorar.— Falou de forma firme, tentando disfarçar sua voz trêmula e os olhos marejados. Observei Normani se aproximar com as sobrancelhas arqueadas e uma feição duvidosa. 

:- Já estão tão íntimos assim?! 

:- Apenas estamos conversando de sogro para nora, não é, senhor Derrick?!

:- É... É sim. Estou muito feliz em saber que esteja bem ao lado dela, Mani. Dinah é uma ótima mulher.

:- Nossa!— A morena me encarou enquanto se aconchegava em um abraço de lado. Toquei seu ombro suavemente e suspirei.— O que você falou para deixá-lo tão confiante?

:- Nada, apenas aquelas conversas para conseguir ganhar o sogro por completo, sabe?!

:- Filha. 

:- Sim?

:- Estarei aqui sempre quando precisar, tudo bem? Eu sou seu pai e te amo muito, não precisa ter medo em falar nada. Você sabe meu número e o endereço. Não irei fugir para lugar algum.

:- Mesmo? 

:- Mesmo, querida.— Seus olhos marejaram novamente.— E-Eu soube que está grávida. Isso é o máximo. 

:- Como o senhor... Oh, Dinah.— Me fuzilou de rabo de olho. Contraí os ombros, dando-lhe um sorriso sem graça.— Sim, papai. Eu estou, mas não era para o senhor estar sabendo. Por favor, não conte à ninguém ainda. 

:- Porque não?

:- O bebê ainda está se formando, tem alguns dias que descobrimos, não quero criar falsas esperanças. 

:- Tudo bem, mas saiba que estou orgulhoso e muito feliz. 

:- Eu sei.— Sorriu abertamente. A mesma desvencilhou-se dos meus braços e caminhou até o senhor com os olhos molhados. Os dois se abraçavam fortemente, como se matassem a saudade de anos em um simples e aconchegante toque.— Obrigada por voltar. Eu te amo.



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