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História The Book of the Sect - Último Capítulo


Escrita por: NamineRitsuTrap e ByunKuroki

Capítulo 8 - Último Capítulo


Fanfic / Fanfiction The Book of the Sect - Último Capítulo

Capítulo 7

A névoa se estendia sobre as ruas de Londres tomando conta de todos os cantos da cidade. Não era incomum nesses dias prostitutas e bêbados se recolherem mais cedo e até mesmo ladrões e assaltantes pensarem duas vezes antes de saírem de suas casas.

 

Alguns pobres trabalhadores de uma fábrica voltavam pra suas casas no meio da noite depois de um dia exaustivo de trabalho. Era o ultimo dia do mês, o dia em que recebiam seus salários. Seguravam suas bolsas coladas contra o peito temendo pela sua própria segurança. No nevoeiro não era possível ver nada a sua frente, o que os forçou a se unir para se sentirem mais seguros.

 

Um deles se despediu brevemente dos companheiros seguindo um atalho para sua casa, um beco escuro e fedorento, como se animais e humanos a usassem como latrina, mas hoje estava pior. Um cheiro de putrefação intensa inundou seu nariz lhe causando náusea instantânea. Pôs a mão na boca contendo o líquido amargo que subira pela sua garganta, comida era algo precioso de mais para ser despejada no chão e seu organismo precisava daquilo.

 

 Uma mulher morta apodrecia no chão, seu sangue estava espalhado por todo lugar e seus olhos fitavam o céu com terror. Seu corpo estava aberto e seu dorso completamente destroçado, como se aquela obra fosse findada por um animal selvagem, enquanto seus braços, pernas e rosto mostravam cortes profundos, chegando a mostrar articulações, músculos e veias.

 

***

 

Aquela matéria sem dúvidas era preocupante, a polícia disse que houveram pelo menos seis assassinatos como aquele mas somente agora vazou para a mídia. Mesmo que tanto Ciel quanto Elizabeth quisessem interferir já estavam ocupados de mais, e seu trabalho limitava-se as ordens da rainha.

 

Um único caso já estava dando trabalho de mais, aquilo parecia ser descomunal. Muitas perguntas, respostas levando a ainda mais perguntas, ambos os dois odiavam aquilo. Decidiram se empenhar no máximo -Ainda mais do que estavam fazendo.

 

Aquele caso de assassinatos teria que ficar somente por conta da Yard, Ciel aproveitaria isso para testar a capacidade criminal de seus "parceiros" pois tudo o que fizeram até agora fora mostrar a população que alguém estava lá para protegê-la e destruir o crime.

 

 

Ciel agora começaria a jogar a sério, o que significava usar todas as suas peças.

 

Novamente adentrara a loja de Undertaker com Elizabeth o acompanhando completamente empolgada com a idéia de conhecer um dos informantes de seu mais novo parceiro.

 

O lugar continuava o mesmo, fúnebre, tomado por um cheiro de formol e teias de aranha que estavam em quantidade tão grande que pareciam até mesmo serem usados como enfeire. Elizabeth olhava curiosa enquanto Ciel ia em direção ao Coveiro.

 

-Que prazer em revê-lo, conde. -Disse com um sorriso divertido nos lábios guardando seus biscoitos embaixo da mesa de recepção.- A quanto tempo não vem me ver. O que o traz aqui?

 

-O que sabe sobre os incidentes na floresta?

 

-Hum? Tão direto? -Rio divertido descansando seu dorço sobre a mesa- Você sabe o que eu quero conde. -Disse inclinando-se para frente aproximando seu rosto do de Ciel. -Minhas preferências continuam as mesmas e.... -Disse direcionando seus olhos para Elizabeth, que estava atras de Ciel vendo urnas Chinesas e Indianas com uma curioaidade digna de uma criança. -Quem é sua amiga?

 

-Bem...

 

-Elizabeth Arquifield, prazer -Disse aparecendo repentinamente a frente do conde estendendo a mão para Shinigami que a apertou rapidamente.

 

-Ainda gostaria da informação conde? -O olhou inclinando a cabeça em sua direção.

 

Ciel suspirou pesadamente chamando por Sebastian, que já se preparava removendo as luvas. -O que quer? -Perguntou Elizabeth curiosa.

 

-Uma bela risada -Disse o coveiro.

 

-Então pode deixe comigo. -Disse transbordando confiança.

 

-Elizabeth,  não é tão fácil quanto parece. -Disse Ciel olhando a mulher.

 

-Apenas deixe comigo e tenha certeza de não espiar, Bye. -Disse empurrando Ciel e Sebastian para fora logo fechando a porta.

 

-O que acha que ela vai fazer? -Olhou o mordomo com um misto de curiosidade e medo.

 

-Quem sabe....

 

Uma risada istérica foi ouvida que espantou tanto Ciel quanto Sebastian. Sebastian abriu a porta vendo o shinigami rir estericamente enquanto batia na mesa. -E foi um corset que causou a confusão toda. -Falou rindo descontroladamente.

 

-Hi Hi Hi... -Começava a se recompor. -Muito bom querida Elizabeth. O que desejam saber?

 

-O que houve com os corpos? Como queimaram? -Perguntou Elizabeth seria.

 

-Hum? Quantas Perguntas. -Disse pegando um biscoito e mordendo.- Nem mesmo eu sei por que os corpos estão queimando, uma de minhas fontes no mundo dos shinigamis disse que isso está dando um colapso no sistema de almas no mundo shinigami, tanto eles quanto você procuram o motivo disso.

 

-E o que isso tem a ver? -Perguntou Ciel incomodado pela demora.

 

-As almas das crianças queimaram com os corpos.  Isso está deixando o Conselho louco.

 

-Para o Conselho estar se envolvido nisso deve ser algo extremamente sério. -Disse Sebastian pensativo com a mão no queixo.

 

-Exatamente mordomo -Disse depositando o dedo indocador sobre o lábio que esbanjava um sorriso. -E parece que isso já aconteceu antes.

 

-O que? Como assim? -Perguntou em um misto de curiosidade e espanto.

 

-Sinto muito pequena Lisa, não posso lhe dar mais informações. -Disse a acomordar-ae atrás da mesa.

 

-Entendo, vamos embora então.

 

-Ei Ciel, já examinamos suas fontes, agora vamos as minhas. -Disse logo dando poucas indicações ao cocheiro logo entrando na carruagem.

 

-Aonde vamos? -Disse Ciel olhando pela janela percebendo que estavam tomando a direção do subúrbio pobre de Londres.

 

- Ao The Flavors of Sin. -Disse sendo retirada de seus devaneios pela pergunta.

 

-Aquele bordel? -a olhou.

 

-Sim, você frequenta? Sei que apesar se sua localização recebe homens de todas as classes, mas eu não esperava isso de você Ciel.

 

-Que?! Claro que não, nunca frequentei um lugar desses e nem pretendo. -Disse completamente embaraçado vendo Elizabeth rir de sua face corada. A carruagem parou repentinamente e ao sentir o cheiro de vinho e perfume sabia que haviam chegado. -Chegamos. -Disse levantando e saindo prontamente observando as pessoas que entravam e saiam do lugar movimentado. E pensar que a noite acabou de cair, pensou. -O que viemos fazer aqui? -Perguntou levemente irritado, odiava aquele tipo de lugar e o cheiro que emanava dele o enjoava.

 

-Comprar uma prostituta, oras. -Disse levemente divertinda recebendo um olhar completamente incrédulo de Ciel.

 

Elizabeth caminhou até a bancada da atendente sendo alvo do olhar de vários homens que não se esforçavam em disfarçar a luxúria em seus olhos, mas a mesma se tornava desconfiança ao verem o conde e seu mordomo seguindo a garota.  Aquele lugar recebia homens de todas as classes, desde condes e barões a ladrões e trabalhadores, era não era incomum ver homens bem vestidos, tão pouco homens vestidos a farrapos.

 

-Olá Cecilia. -Falou com um belo sorriso vendo a mulher o retribuir. -Quero ver Maria.

 

-Sei que já é cliente Hanna, mas o dinheiro vem primeiro. -Rio logo recebendo uma bolça cheia de dinheiro. -Você é a próxima, e seus amigos? Vão também?

 

-Claro que sim.

 

-Pela quantidade em que você paga dessa vez vai de graça. -Disse direcionando um olhar cheio de malícia a Ciel e Sebastian.

 

-Como assim Hanna? -Perguntou olhando-a assim que a mesma se aproximou dos dois.

 

-Você realmente acha que eu sairia dizendo por ai meu nome? Tenho cuidado com a minha identidade.

 

Um homem caiu da escada chamando a atenção de todos no salão. Ele levantou cambaleante, claramente bêbado, arrumando suas finas roupas, Ciel logo o reconheceu dando um pequeno sorriso de ironia.

 

-Quem é? -Perguntou levemente curiosa o perceber que ele o havia reconhecido.

 

-É o marques Rodberg. Esse homem vive nas igrejas dando um de santo.

 

-Tsc, tem que pagar o dobro se quiser duas vezes. -Disse a mulher semi-nua a descer as escadas. Ela parecia estar na meia idade, os traços de sua idade começavam a aparecer, porem continuava bonita. Seu olhar desceu até o salão logo batendo em Elizabeth. -Venha Hanna. -Sorrio dando passagem a eles os guiando ao deu quarto logo se sentando no divã e acendendo um cigarro com filtro. -Quem são seus amigos Elizabeth?

 

-Esses são o conde Phantomhive e seu mordomo, Sebastian.

 

-Incrivelmente lindos. -Comentou- O que você quer?

 

-Você sabe de alguma espécie de tráfego de venda ou contrabando humano nos últimos dois anos?

 

-O trafego humano sempre foi grande você sabe... hm... A alguns anos quando eu estava arrumando o cabelo das meninas um homem estranho, que nunca frequentou o bordel, entrou no camarim para para usar o telefone.... Ele disse que a garota era muito rebelde e não parava de lutar.... Ele disse que ela iria para... Liverpoleu acho.

 

-Isso foi a uns.... Dois anos e 7 meses.

 

-Como era o homem? -Interrogou Ciel.

 

-Ele tinha barba ruiva e era careca. É tudo o que eu posso me lembrar. -Disse cruzando as pernas- Mais alguma coisa?

 

-Não, muito obrigado Maria. -Disse logo saindo.

 

-Então nossa próxima pista é Liverpool... Então talvez tudo tenha acontecido lá e depois as trouxeram de volta.-Falou Ciel fazendo o caminho de volta a carruagem. - Sebastian, traga um relatório sobre todos os transportes tanto marítimos quanto por terra indo para Brannigan.

 

-Yes, My Lord. -Fez uma referência logo saltando para a escuridão noturna.

 

-Seu mordomo é impressionante. -Disse a abanar-se com o leque.

 

-Calor?

 

-Sim, esse é o tipo de coisa que faz o meu sangue ferver. Agora, farei com que os olhos do Cão de Caça caiam sobre Liverplool vigiando-a como uma coruja vigia a noite.

 

Capítulo 8

-Como esperado. -Sorrio levemente- O trafego humano para Liverpool foi realmente.... Espantoso. -Falou a mulher lendo o relatório.- E mais que o natural... Mulheres.

 

-Então está confirmado... Vamos pra Liverpool e dar um jeito de entrar nesse Baile Fantasma. Ainda precisamos dar um jeito de entrar.

 

-Hm... Isso vai ser complicado...

 

-Por que não mostra suas habilidades? -Falou Lucius estendendo a bandeja para Elizabeth pegar um chocolate quente.

 

-Isso não iria adiantar muita coisa. Ciel também precisa entrar. -Disse tomando um gole.

 

-Que habilidade? -Perguntou o Conde pegando um chocolate recheado e dando uma farta mordida.

 

-A senhorita Elizabeth é um prodígio em piano. -Respondeu o mordomo sorrindo, metade por saber que ele despertara a paixão da mulher pelo piano quando ainda era criança e metade por saber o quanto é talentosa.

 

-O Jovem Mestre toca violino com maestria. -Disse Sebastian.

 

-Então iremos de tocadores. -Disse com um sorriso de entusiasmo.

 

-E como vamos de máscara mesmo que nos conheçam não vão nos reconhecer. -Falou Ciel indiferente.

 

-Venha comigo. -Pegou o braço de Ciel o puxando.

 

-Ei, Elizabeth!

 

-Quero te ouvir tocar!

 

Ela o puxou pelos corredores da mansão até uma área mais afastada onde ele nunca fora, ela era diferente do resto da mansão, ao invés das paredes vermelhas quase negras as mesmas eram beges e brancas. O levou para uma área mais afastada e adentrou uma porta que dava direto para um salão, o mesmo estava repleto de instrumentos musicais de diversos tipos, todos devidamente repousados em cima de cadeiras, assim como uma orquestra. Um grande piano branco de calda estava na frente dos outros no palco.

 

-Nossa... -Falou impressionado.

 

-Papai era um grande pianista sabe... Ele mandou construir outra parte da mansão só pros seus amigos tocarem quando o teatro onde tocavam foi fechado. -Não importava quantas vezes entrasse, o sentimento de nostalgia era o mesmo. -Escolha um violino.

 

Elizabeth passou pelo corredor de cadeiras acolchoadas vermelhas se dirigindo ao grande piano. Passou os dedos no nome escrito na madeira em letras finas e douradas, "Roger Arquifield". Ciel foi em direção aos violinos, e escolheu um de um tal Jonathan Rox.

 

-O que iremos tocar? -A olhou.

 

-Olhe a partitura, idiota. -Rio descansando os dedos nas teclas observando o face carrancura de Ciel. -Eu só falei a verdade. -Rio.

 

Era uma música calma e suave. As melodias dançavam entre si tornando o ambiente harmonioso e feliz. Elizabeth tocava com os olhos fechados absorvendo os sons. Ciel tentava se concentrar na partitura, mas era quase impossível ao observar Elizabeth tocar de olhos fechados, quando disseram que ela era boa não mentiram... Era quase... Angelical. E subitamente acabou e Elizabeth saiu do transe.

 

-Sobre o que pensava? -Não resistiu a sua curiosidade.

 

-Apenas em uma época feliz. -O olhou.

 

 

***

 

 

-Jovem Mestre, descobri onde as mulheres foram alojadas. Um cás abandonado em Liverpool mas não pude entrar.

 

-Por que?

 

-O lugar estava infestado de shinigamis. Quase fui descoberto.

 

-Por que shinigamis protegiam o lugar? -Disse fechando os últimos botões de seu paletó e amarrando seu tapa olho no lugar.

 

-Não sei, mas o comportamento deles era estranho, não agiam com a frieza shinigami. -Suspirou- Jovem Mestre, mesmo depois de tanto tempo ainda precisa de ajuda com isso? -Falou arrumando o tapa olho torto.

 

-Ciel, abra a porta! -Exigiu Elizabeth batendo fortemente na porta.

 

-Lady Elizabeth. Houve algo? -Perguntou Sebastian.

 

-Você está atrasado. -Disse entrando no quarto.

 

-Mas ainda falta bastante tempo para sairmos. -Disse conferindo o relógio no quarto.

 

-Não se esqueça que estamos no canto mais afastado do centro comercial da cidade, vai demorar pra chegarmos.

 

Depois de Lucius ter confirmado a presença deles no Baile Fantasma de uma forma um tanto duvidosa Elizabeth ficou completamente feliz com a ideia de comprar uma roupa a carater da ocasião e decidiu -sem consultar Ciel- que na mesma manhã iram a um alfaiate.

 

 

***

 

A mulher guiava a carroça puxada por um cavalo velho, já podia avistar a mansão. Mordeu o lábio apreensiva, sentia seu coração se apertar a casa passada e seu orgulho sendo fatiado. A carroça parou na frente da mansão e a mesma desceu batendo a porta.

 

-Por favor aguarde aqui senhorita Abgail. -Falou Lucius ao deixá-la na sala de visitas com uma xícara de chá nas mãos. Minutos depois Elizabeth e Ciel entraram observando a mulher, a mesma levantara deixando o chá intocado na mesa.

 

-Acho que não nos apresentamos. Abgail Marnov. -Falou apertado a mão de ambos os dois. Tentava conter o nervosismo e o tremor que percorria todo o seu corpo, apesar de indiferente por fora Abgail se encontrava desesperada por dentro.

 

-Quando disse que eu estava de vigia não sabia que seria uma vigilância tão severa. -Alfinetou Elizabeth ironica.

 

-Esqueça as mágoas, não estou aqui pra isso. Quero me unir a vocês.

 

-Como assim se unir a nós? -Falou Ciel sentando-se na poutrona.

 

-Estamos nós dois procurando o culpado, porém ao contrário de vocês eu não tenho tantos meios de encontrá-lo.

 

Ciel e Elizabeth olharam-se procurando a resposta um nos olhos do outro.

 

-Que vantagem traria a nós?

 

-Sou uma feiticeira. -Falou séria o olhando. A única reação de Ciel foi rir alto e relaxar sua postura enquanto Elizabeth a olhava como se fosse algo de outro planeta.

 

-Pareço com um palhaço? -Falou irritada.

 

-E nós parecemos estar brincando? Essa coisa de magia não existe. -Falou sério.

 

-E eu pareço estar brincando Phantomhive? -Falou seria.- Você mesmo já experimentou o sabor da feitiçaria e por favor não a confunda com magia por que assim como você falou ela não existe, mas a feitiçaria é tão real quanto eu e você. -Falou áspera e séria, lançando um olhar de frieza contante ao conde.

 

-Mas o que a sua feitiçaria traria de bom pra nós? -Falou Elizabeth.

 

-Posso tanto amaldiçoar quanto bem-dizer. Porém... Minhas habilidades são limitadas.

 

-Entendo... - Interassante, pensou. -Sebastian.

 

Chamou e logo o mordomo chegou. -Chamou Jovem Mestre?

 

-Sim. Veja se a nossa cara Abgail é tudo o que diz ser.

 

***

 

-Então Sebastian, essa coisa de feitiçaria existe mesmo? -perguntou Elizabeth.

 

-Claro que sim senhorita Elizabeth, ela é praticada desde muito antes do dilúvio, em Enoque, porém ela se espalhou e foi adaptada para os fins de cada povo. E além disso existem vários campos da feitiçaria. É interessante pois havia muito tempo que não via um humano com tais habilidades.

 

-A questão é se ela é útil ou não. -Falou Elizabeth.

 

-Claro que sim, Abgail já tem muito conhecimento sobre a feitiçaria cigana, porém posso ajudá-la a se aperfeiçoar com as feitiçarias antigas.

 

-E ela iria aceitar? -Disse a Condessa indiferente.

 

-Ela não tem opção.

 

Depois de uma longa conversa Abgail finalmente aceitou as instruções de Sebastian, a mesma insistira diversas vezes que não queria abandonar seus conhecimentos Ciganos porém não teve muita opção.

 

 Suas aulas começaram primeiramente em aprender algumas línguas antigas, entre elas Latim, e mais três línguas que a mesma nunca ouvira falar, segundo o livro que Sebastia lhe dera a primeira era Kairós a língua dos anjos; a segunda era Raríssa, língua dos demônios; e a terceira Kiroo a língua dos feiticeiros. Em ambas essas três ela precisava de ajuda de sebastian pois seus dialemas e sílabas eram especialmente difíceis e sua pronúncia também.

 

Faltavam aproximadamente três semanas para o Baile Fantasma, e nesse tempo Sebastian auxiliou Abgail com seu aprendizado ficando realmente surpreso com a habilidade da mulher e como ela aprendia as línguas com velocidade e logo ela já estava lendo mais livros sobre teorias, feitiços, encantamentos, todos dados por Sebastian. Mas o mesmo mantinha certo cuidado, ninguém seria todo de ensinar a alguém algo que pode ser usado contra si mesmo.

 Capítulo 9

 Depois de duas semanas o dia do baile de aproximava. Foram para Liverpool com uma semana de antecedência ficando em uma antiga mansão Arquifielfd no centro da cidade para se prepararem melhor para o baile, pois em missões com disfarces qualquer coisa poderia dar errado. Abgail os acompanhou por segurança, os esperaria na saída do baile juntamente com Lucius e Sebastian. Por precaução tanto Ciel quanto Elizabeth esconderiam armas em suas roupas.

 

Como obrigação chegaram mais cedo se posicionando perto de seus instrumentos junto com os outros tocadores. Elizabeth treinava algumas notas mas vigiava atentamente os empregados que arrumavam o salão de festa, procurando atentamente o anfitrião que não dava as caras, porém outra coisa a preocupava. Os empregados pareciam preocupados e tensos, como se estivessem com medo de algo acontecer e talvez realmente acontecesse.

 

Depois de algum tempo os convidados começaram a aparecer e de imediato perceberam algo estranho. Todas as máscaras eram completamente idênticas, completamente o contrário dos Bailes Fantasmas onde os nobres do crime exibiam sua ostentação em mascaras enfeitadas com jóias ou feitas inteiramente de ouro. As máscaras eram feitas de porcelana branca, cobrindo apenas a parte superior do rosto deixando a boca e a mandíbula de fora dando uma aparência fantasmagórica aos convidados.

 

Ambos perceberam também que os empregados repentinamente haviam desaparecido deixando os nobres servirem a si mesmos, algo incrivelmente suspeito e incomum. Sem tirar o fato de que todos eram homens. Com o passar das horas mais e mais convidados chegavam e Ciel pôde perceber pelo seu sotaque que grande parte deles eram espanhóis e franceses.

 

O baile prosseguia animado, mas já se passava da meia noite e o anfitrião não dava sinal. Depois de um tempo uma jovem empregada sem mascara manifestara os convidados sobre a chegada do anfitrião, parando a música, a mesma parecia ansiosa e em choque, o que não passava batido sobre os olhos atentos dos infiltrados ao observar o homem descer lentamente as escadas do salão.

 

-Saudações meus caros irmãos. -Falou abrindo os braços de forma amistosa.- Todos nós nos orgulhamos do nosso império e no que ele está se tornando. Mas, infelizmente, animais imundos vem tentando derrubar nossa nação mas jamais permitiremos isso. Nosso império começa agora, mas durará para sempre! As provas disso são as tentativas de apagarem nossa chama eterna, mas assim como o pássaro sagrado viveremos para sempre! Mas agora... Eles foram pegos... E serão mortos como todos os nossos inimigos!  -Disse sorrindo perversamente.

 

Risos perversos encheram o salão enquanto o homem descia as escadas. Aquilo fez a mente de Elizabeth entrar em alerta máximo e um mal pressentimento tomar conta de si e logo sua atenção se dirigiu as várias portas distribuídas pelo salão mas logo se voltou para o líder o único que continuava no salão principal com os tocadores depois da saída dos convidados. O homem sorriu de uma forma perversa e triunfante. -Se divirtam, Cães. -Entrou rapidamente e trancou a porta.

 

Os outros tocadores com Ciel e Elizabeth ficaram alarmados mas logo das portas laterais entraram diversos homens armados fazendo os outros tocadores entrarem em um estado de pânico. A surpresa para Ciel durou pouco, em um movimento elegante a atlético Ciel lança o violino a frente, tomando a mira dos atiradores e os tiros. Antes mesmo que os atiradores percebessem Ciel e Elizabeth já haviam saído de seu campo de visão se escondendo atrás da escada.

 

-Maldição! Isso só pode ser alguma espécie de carma! -Falou Elizabeth a se lembrar de outras armadilhas enquanto tirava um par de pistolas e suas botas.

 

-Como descobriram? -Falou Ciel ao engatilhar a sua arma.

 

-Essa deveria ser a menor das suas preocupações! -Falou ao dar um tiro certeiro, que acertara a testa de um dos atiradores. Logo percebendo que os atiradores se aproximavam perigosamente.- Precisamos sair daqui!

 

-Por aqui! -Disse o conde a puxando para uma porta atrás da escada.

 

-Que lugar conveniente para uma porta! -Disse com um sorriso tenso.

 

***

 

Os dois mordomos e a feiticeira esperavam em uma carroça escondida nos fundos da mansão observando as carruagens chegarem, apostos caso algo desse errado. Lucius estava impaciente, irritado e impaciente. Era sempre assim quando Elizabeth se colocava em risco.

 

-Isso não vai adiantar em nada. -Falou Abgail ao descer da carruagem.- Veja, alí tem um poço d'água, vá lavar o rosto e beber um gole, está com um aspecto horrível. -Falou dando tapinhas nas costas do mordomo que contrariado fora ao poço.

 

-Descobri uma forma de entrarmos. -Falou o demônio surpreendendo os companheiros, saindo de trás do matagal. -Perto daqui tem uma gruta. -Falou abaixando as mãos de Abgail que segurava duas armas em posição ameaçadora.

 

-Já se passa da meia noi...

 

Lucius a impediu tapando sua boca a arrastando pra detrás dos arbustos. A mulher o olhou surpresa mas logo olhou para onde os olhos dos mordomos se concentravam. Vários homens segurando diversas armas passaram por eles sem percebe-los, alguns com armas e outros não. Abgail se perguntou como eles sabiam que eles estavam vindo, precisava perguntar depois. -Precisamos nos apreçar.

 

A gruta era extremamente escura, cheirava mal e estava infestada de ratos e baratas, o que encheu Abgail de nojo. Tiveram de improvisar uma tocha para Abgail, já que a humana não via no escuro. Antes que percebessem já estavam em um sequência

de corredores onde facilmente alguém poderia se perder, mas pelo menos era menos sujo que a gruta, para alívio de Abgail. Os olhos sensíveis de Lucius captou uma fraca luz a frente, vinda de um bueiro úmido que dava na adega. Logo eles subiram o porão indo direto pra cozinha, completamente vazia e silenciosa.

 

-Isso é estranho.... Muito estranho.

 

Olharam em todos os armários, completamente vazios, aquilo estava parecendo uma mansão fantasma, completamente desabitada.

 

-Oh... Deus... -Sussurrou Abgail chamando a atenção dos outros. O armário estava tomado pelos cadáveres dos empregados, a mulher horrorizada cobriu os próprios olhos.

 

-Não olhe Abgail. -Falou Lucius afastando a mulher. Mesmo que quisessem saber o motivo não poderiam ficar ali por mais tempo.

 

Ouviram diversos sons de disparos, correram avidamente a procura do som mas aquela mansão era maior que o esperado, seus corredores eram longos e recheados de portas, algumas não levavam a lugar algum, aquilo parecia mais um labirinto e quanto mais se esforçavam mais o som mudava de direção.

 

-Estava a nossa frente, depois do nosso lado e depois atrás. O que está havendo?! -Falou Lucius apoiando-se na parede, tonto, sentia-se estranhamente enjoado.

 

-Isso... Eu li sobre isso! É a casa da bruxa! Estamos girando e não saímos do lugar! -Falou Abgail em um estado não muito diferente.

 

-Muito bom Abgail. Senhor Lucius preciso da sua força.

 

-Sebastian.. Eu não tenho certeza do que pode acontecer.

 

Sebastian pousou a mão no ombro do outro sorrindo gentilmente. -Eu não sei quanto tempo nossos mestres podem aguentar sozinhos... Encare isso como uma missão de resgate, se não chegarmos o mais rápido possível Ciel e Elizabeth podem morrer.

 

Lucius olhou para sua frente pensativo logo tirou seu fraquê o dobrando e o dando a Abgail. Se afastou alguns passos e logo fechou os olhos, seus músculos começaram a crescer em uma velocidade monstruosa mas não o bastante para rasgarem suas roupas e logo pelos cresceram em seu rosto, seus caninos cresceram de forma dolorosa e logo seus olhos mudaram de cor, para um azul cinzento e brilhante. Correu em direção a parede a quebrando, e outra, e outra, e outra. Quando enfim achou o salão caiu no chão, cansado e ofegante, com seu corpo perfeitamente natural novamente.

 

Os salão estava em ruínas, as paredes coberta de buracos e o chão forrado de sangue e os cadáveres de alguns atiradores e os outros músicos. Subiram correndo para outro mar de corredores, mas dessa vez brutalidade não fora algo necessário.

 

Na procura acharam alguns homens perdidos ou até desmaiados pela força do giro mas logo foram liquidados. Finalmente acharam algo diferente, Elizabeth estava ali, tinha que estar, seu nariz jamais havia se enganado antes. Uma das portas no fundo do corredor estava manchada de sangue, de Ciel, pôde sentir pelo cheiro, seu coração se apertou preocupado com Elizabeth, arrombou a porta desesperado.

 

Elizabeth fazia uma bandagem no braço de Ciel, que continha uma expressão de dor.

 

-Bater na porta ainda é sinal de educação. -Falou de cara amarrada o olhando. Ele não poderia culpá-la, jamais o faria, ambos os dois estavam tensos e preocupados.

 

-Sinto muito... -A abraçou o mais forte que pode, tomando cuidado com suas frágeis costelas. Ela nunca iria admitir mas amava aqueles abraços, recheados de amor fraterno tão raro para alguém como ela.

 

-Jovem mestre, o senhor teve sorte, se fosse mais para a direita sangraria até a morte. -Comentou Sebastian ao olhar o braço do outro.

 

-Já passei por coisa pior. -Sentou-se. -Era uma armadilha.

 

-Precisamos sair daqui... -Falou Abgail sentando-se na cama, com um aspecto horrível.- Já estamos girando a muito tempo.

 

-Tsc... Eu deveria ter lhe dado um tiro na testa na merda da escada.

 

-Seria precipitado de mais Elizabeth ... Agora vamos sair daqui. Sebastian... você já sabe o que fazer..

 

-Yes, My Lord. -Disse reverenciando seu Mestre com um sorriso no rosto.

 

***

 

Todos já estavam fora, apenas esperando a chegada do Mordomo Sombrio, Abgail fitava os andares superiores que já queimavam, mesmo com as chamas reluzentes era possível ver as paredes do interior da mansão e os interiores de bambu nela usados tradicionalmente nas camaa interiores das paredes dessa construção, de origem oriental. Agora finalmente percebera o quanto gostava de observar o fogo, mas algo nele a atraia. O andar de baixo explodira em uma grande bola de fogo.

Podemos ir. –surgiu Sebastian com um sorriso de orelha a orelha assustando Abgail com sua chegada repentina. Quando diabos ele saiu? Se perguntou. Observara a mansão o tempo inteiro.

 

A mulher suspirou sentando-se na carroça dirigida pelos mordomos. -Acho que todos sabem de algo menos eu. -Comentou.

 

-Nem todos. -Bufou Elizabeth ao perceber o desconforto da outra.

 

Realmente, alguma hora aqueles três teriam de responder grandes perguntas.

 

Capítulo 10

 

Elizabeth estava perturbada, preocupada e perturbada, como algo como aquilo poderia acontecer? Seu informante a atraíra direto para uma armadilha, nesses momentos é quase impossível não suspeitar de traição mas ela precisava ter calma e cautela. Quem quer que tenha feito isso a queria morta, e pior, tinha certeza de que não sairia viva para caça-lo depois. Esse pensamento a fez abrir um ligeiro sorriso sarcástico enquanto fitava o nada em seu quarto escuro.

 

Poderia haver um traidor em sua rede e ela sabia o que eles representavam, uma maçã podre pode apodrecer todo o resto, por isso era melhor cortar o mal pela raiz. Esses pensamentos rondaram a mente de Elizabeth madrugada a dentro até o momento em que os dias ganharam seus primeiros raios.

O outono estava quase no fim, o que representava a chegada do inverno, a época do ano mais odiada por ela. Abriu as cortinas e as janelas logo sendo alvejada por um vento tão gelado que fez com que se arrepiasse e fitou os pequenos montinhos de neve a se acumularem nas árvores e chão.

 

Um gemido de dor escapou de seus lábios e logo a neve começara a se tornar vermelha de sangue enquanto o homem tentava desesperadamente tapar o rasgo em seu pescoço. Os estalos da madeira queimando encheram seus ouvidos e ela não pode fazer nada além de vomitar enquanto lágrimas de terror caíam pelos olhos da...

 

Ela fechou os olhos encostando a testa no batente frio da janela respirando ofegante, enjoada, olhou pra baixo uma última vez fitando as camélias floridas logo abrindo um ligeiro sorriso e fechando a janela. Não esperaria Lucius acordá-la essa manhã, tinha coisas em mente.

 

***

 

Já se passava da hora do almoço e ela ainda não havia aparecido o Mordomo Lobo estava nervoso, sabia sobre a inimizade de Elizabeth com a neve, somente a idéia daquela mulher desaparecer por três meses de novo o deixava tão aflito que a qualquer momento seu cabelo acabaria por ficar completamente branco.

 

-Acalme-se Lucius, não é a primeira nem será a última vez que ela sairá sem avisar a ninguém. -Disse Luka, uma das empregadas mais antigas da mansão acompanhando Elizabeth desde o momento em que se tornara Cão de Caça. -Ninguém pode prender aquele passarinho em uma gaiola senhor super protetor. -Rio meigamente apertando a bochecha do outro, seu cabelo loiro já apresentava sinal da idade com uns ou outros fios brancos mas seu sorriso meigo e carinhoso seria o mesmo.

 

-Certo, certo...

 

-Até lá ocupe sua mente que ela chegará logo, logo. -Rio voltando a depenar o frango degolado.

 

Para o alívio de Lucius ela voltou acompanhada de dois empregados trazendo sacolas amarrotadas de compras.

 

-As vezes tudo o que uma mulher precisa é de uma tarde de compras -rio ao se explicar pra Lucius logo pegando uma flor em um arranjo de uma mesinha pondo-a em sua orelha. -Bem mais bonito assim, ah, avise- o que hoje tomarei chá com ele....

 

Ela tomou um leve gole do chá logo fazendo careta. Ingleses tem o gosto muito estranho, pensou. Mesmo tudo aquilo tendo acontecido a duas semanas o braço de Ciel continuava recebendo fortes cuidados da parte de Sebastian e era possível ver o volume das bandagens pela manga de sua camisa. -Como está o braço?

 

-Bem melhor. Só continuo usando as bandagens por parte dele mas creio que não era sobre isso que queria conversar com tanta urgência. -Falou a olhando.

 

-Hum... -Olhou pra cima rapidamente e a memória lhe voltou como um flesh. -Ah.. Acho que posso ter sido traída por um dos meus informantes.

 

-Hum... Como sabe que não foi só uma coincidência? -A olhou com expressão séria.

 

-Primeiro, muitas pessoas estavam envolvidas, desde os empregados aos atiradores, meu próprio avô os ensinou técnicas de infiltrações, ele poderia ter entrado facilmente no meio desse grupo. Segundo, eu não acredito nem um pouco na total fidelidade de alguns deles, até por que alguns saíram de lugares tão sujos que nem eu quero me lembrar. Eu estou desconfiada de um, e ele já está na adega sendo devidamente interrogado mas agora eu te pergunto -o olhou friamente nos olhos-  percebeu algo que passou por mim?

 

Ciel concertou a postura assim como Elizabeth, era friamente impressionante a forma como ela poderia se transformar de uma pessoa para outra em instantes. -Eu não tenho certeza mas... Vi um homem altamente parecido com o Marquês de RodBerg.

 

-Como pode ter certeza?

 

-O homem já é velho, seus dentes estão caindo. Ele implantou dentes de ouro.

 

-É, tem razão, me lembro de um único homem com dentes daquele jeito. -Falou pegando um dos biscoitos que comprou na confeitaria e levando a boca.- Acho melhor eu por um olho em cima dele.

 

-Como assim? -a olhou.

 

-Vou por alguém da minha mais inteira confiança atrás dele, oras. No final pode acabar sendo divertido. -Sorrio levemente.

 

Ciel pode jurar que naquele sorriso havia maldade...

 

Capítulo 11

 

 A mulher jogara o jornal na mesa da outra, recebendo em troca um olhar afiado dando o mesmo em troca. Mesmo odiando Elizabeth e tendo certeza que seu ódio era retribuído teria de tolerá-la, pelo menos por enquanto. Elizabeth leu o título logo dando mais atenção ao artigo do jornal o lendo com atenção ficando um pouco mais surpresa do que deveria.

 

Homem acha local em que adoradores do diabo se reúnem para adorar seu mestre!

 

O humilde trabalhador após um longo dia de trabalho deixara seus cavalos a descansar em frente a sua casa em um pequeno e improvisado estábulo, no dia seguinte após acordar vai conferir seus animais e nota a ausência de um dos cavalos, foi procurá-lo achando uma mancha de sangue nas redondezas. Um pouco temeroso o homem a segue por um longo caminho até achar o corpo de seu animal largado perto de uma antiga construção abandonada, entrando lá o mesmo encontra várias estátuas de criaturas demoníacas e um grande símbolo na porta de entrada.

 

Não se sabe ao certo o que esses adoradores de Lucifer querem mas o lugar está interditado e vigiado caso algum pagão queira entrar no local novamente.

 

 

Elizabeth leu tudo aquilo e não pode evitar achar que era uma grande piada, mas sendo ou não tinha o símbolo das mulheres o que significava que querendo ou não teriam de investigar. Elizabeth olhou mais atentamente o desenho preto e branco no jornal tendo agora certeza de que era o mesmo símbolo. Virou-se para Abgail perguntando se a mesma já informara a Ciel tendo uma resposta positiva. Algo nela agradecia por terem achado outra pista mas outro lado estranhava friamente o fato daquele símbolo se encontrar em Liverpool, uma cidade tão distante de onde tudo estivera acontecendo.

Talvez aquilo tivesse a ver com as duas cidades, algo interligando a mesma mas o que poderia ser? Algo lhe dizia que não se limitava aquelas duas grandes capitais mas não deu ouvidos, o que de tão tremendo poderia estar a envolver toda a Inglaterra? A maior potência global de seu tempo? Talvez fosse apenas uma transferência, as mulheres eram levadas de Londres a Liverpool e de Liverpool de volta pra Londres mas a pergunta que não queria calar era por quem. Teria de por sua mente pra trabalhar e seus subordinados também, principalmente no cais onde provavelmente as vitimas eram transportadas.

 

Escreve uma rápida carta, suficientemente explicativa para o remetente entender  o que a mesma queria. Mordiscou o lábio e saiu a procura de seu mordomo para que o mesmo pessoalmente entregasse e lhe dando algumas instruções. Assim que volta para seu escritório encontra Ciel sentado a frente de sua mesa a esperando pacientemente com seu mordomo ao seu lado.

 

-Abgail lhe mostrou? –Falou ao cruzar as pernas e unir suas mãos em seu colo, endireitando a postura.

-Sim, mas devo lhe informar que terá de investigar junto a ela. Tenho assuntos a tratar e com a ausência de Lucius terei de fazer certas coisas eu mesma. –Falou ao sentar-se.

 

-Posso saber que assuntos são esses? –Perguntou a olhando.

 

-É algo pessoal de mais pra ser contado assim. –Sorrio de canto o ohando.

 

-Pensei que agora que somos parceiros devêssemos confiar um no outro. –A olhou um pouco mais serio.

 

-Somos parceiros e não confidentes. Ciel, eu não confio nem em mim mesma. –Rio de sua própria fala logo pegando alguns papeis e juntando. –O que mais tinha a me falar?

 

-Nada. -Falou a levantar-se. –Só espero que certeza do que está fazendo, Elizabeth. –Seu mordomo abriu a porta e o mesmo saiu, de cabeça quente.

 

Se havia algo que Ciel odiava era que escondessem coisas dele, parte por desconfiança e outra por curiosidade. Mesmo sabendo que todos tinham direito aos próprios segredos, incluindo Eizabeth, a informação não era absorvida por sua mente e a desconfiança tola o irritava. Agora estava friamente motivado a descobrir que tipo se segredos Elizabeth guardava dele. Mas agora tinha algo mais importante a fazer, investigar o caso da rainha seria sempre sua prioridade.

 

Foi difícil convencer o agente da policia encarregado daquele caso que Ciel tinha um passe livre para entrar na cena do crime e depois de uma conversa longa e chata e uma explicação do chefe de policia sobre quem era Ciel Phantomhive e a que família ele pertencia Ciel finalmente fora autorizado a entrar junto a Abgail e Sebastian. Atravessou pelas faixas da policia e entrou pela porta de madeira velha e podre que por pouco não terminou de cair, o lugar por dentro era igual ao que se podia esperar, sujo, mal iluminado e com resquícios de móveis desgastados e quebrados. Ali dentro jamas poderia haver uma cede de seita satanica alguma.

 

Algo na mente de Abgail apitou e a mesma teve uma sensação estranha, algo como um imã a puxava para algum lugar e a mesma seguiu seus istintos passando a frente de Ciel e atravessando os corredores da casa até chegar a uma porta com um pentagrama, ela conhecia aquele símbolo, era de proteção contra seres que poderiam entrar lá dentro em sua forma espiritual, pelo plano astral, paralela a nossa onde fantasmas e entidades perdidas vivem. A mesma se conecta a nossa pelo tecido da realidade.

 

Após um chute de Sebastian a mesma fora destroçada mas o porão abaixo era muito escuro impossível de se ver um passo a frente, após procurarem um pouca acharam um lampião velho, mas que ainda tinha gás e desceram logo ascendendo as velas daquele porão. O lugar, ao contrario de toda a casa, estava bem arrumado e limpo. Seu teto era altíssimo, talvez maior que o do salão medindo mais ou menos 7 metros de altura.

 

Cortinas vermelhas cobriam as paredes a não ser uma, onde estava o enorme símbolo desenhado em dourado e um pequeno altar com velas, comida e algumas estátuas de barro. A comida não era recente então Ciel presumiu que aquele lugar não era visitado a pelo menos duas semanas, provavelmente fora abandonado.

 

Abgail se distanciou um pouco mais dos dois se aproximando de uma aparente mesa, coberta com um tecido fico que logo fora arrancado mostrando uma mesa de ritual, com símbolos em Raríssa, língua dos feitiços usada antes mesmo do latim ser criado. Ela passou a mão nas inscrições, mas as mesmas não pareciam ser antigas como as descritas nos livros, e a mesa estava nova, deveria ter no máximo 40 anos de idade e sua pedra estava polida, provavelmente nunca fora usada. Mesas como aquelas só eram usadas para um feitiço específico, e só poderiam ser usadas uma vez pelo mesmo feiticeiro.

 

Ela leu as inscrições mas eram somente uma sequência de palavras sem significado o que a decepcionou, queria por seus conhecimentos a prova. Virou-se percebendo que Sebastian não tirava os olhos dela logo percebendo o motivo. –Não destruírem essa cena, apenas queria por meus conhecimentos a prova, mestre. –Disse enquanto se aproximava dizendo a palavra debochadamente. A verdade era que Abgail não tinha nada contra Sebastian, na verdade até gostava de seu professor, só gostava de dar alfinetadas em todos.

 

-Parece que não há nada de interessante nesse lugar. –Disse Ciel ao agente Lucas Nets já na saída da mansão. –E quem quer que frequentasse aquele lugar não vai mais voltar, não é preciso guarda alguma.

 

-A verdade é que só estamos aqui para acalmar a população, parece que somente mensão ao diabo deixa a população em pânico. Assim que essa história esfriar isso não será mais necessário.

 

No jantar a ausência de Elizabeth se fez sentir, já que ela era sempre quem iniciava os assuntos e conversas. O silêncio que se instaurou pra Ciel se tornou incomodo o que o incomodou, já estava friamente acostumado a fazer todas as suas refeições só e em silêncio, tendo apenas como companhia Sebastian. E novamente sua curiosidade o atacara, onde ela poderia estar e o que estaria fazendo?

 

 

Capítulo 12

 

Abgail lavava as roupas junto com as outras empregadas, seus dedos já estavam adormecidos pela água fria mas ela gostava da sensação de um trabalho duro e bem feito. As empregadas conversavam animadamente enquanto faziam um trabalho bastante especial em um dos vestidos mais novos de Elizabeth e ela ouvia tudo silenciosamente.

 

-Você ouviu? Outra mulher acabou de desaparecer, acham que foi sequestrada, ela era sobrinha do dono da caravana. Ouvi dizer que ela estava tentando esconder a gravidez com medo. 

 

-Mesmo? Não foi só coincidência? Agora parece que tudo é por causa desses bebês e dos

 

-Não sei não. -Falou uma terceira- Fomos amigas a muito tempo. Tem um boato por aí que um demônio vem a noite e as leva. -Suspirou- Parece até obra de bruxaria.

 

Um estalo passou por sua mente e de repente tudo se tornou claro, e a mulher começou a criar mil hipóteses em sua mente. Um feitiço poderia ter sido lançado sobre as crianças, o que explicaria o fato de estarem queimando. Mas não existem feiticeiros em Londres ou Liverpool. Conforme os tempos antigos iam passando a feitiçaria era deixada de lado e ia gradativamente sumindo da memória dos povos conforme as eras iam passando. Feiticeiros além de tudo eram apenas conhecedores dos encantos do mundo espiritual e detentores de conhecimentos ocultos. Por que um feiticeiro faria algo assim?

 

Largou a roupa no tanque atrás da mansão avisando as outras que por agora havia acabado, secara as mãos em seu vestido entrando com pressa a procura de Sebastian, vagando pela mansão que inda lhe era muito estranha. Encontrou o mesmo na cozinha, preparando um bolo para seu mestre impressionando-se com a velocidade e despreza do mesmo. -O que acha que as fez queimar? -Perguntou sentando-se a mesa.

 

-Pode ser qualquer coisa. -Respondeu virando-se com um frasco cheio de creme ainda não batido em mãos logo o entregando a mulher que prontamente começou a bater.- Física ou não temos que achar a causa.

 

-Acha que pode ser um feitiço ou coisa do tipo? -Perguntou tensa, arrumando alguns fios dourados que escaparam de seu coque. -A marca nas mulheres era a mesma daquele porão. Aquele lugar foi feito pra suportar algum tipo de ritual. Se isso for verdade as crianças podem ter sido enfeitiçadas ainda no ventre, o que acha?

 

-Seu raciocínio faz sentido mas me diga você, afinal você também foi sequestrada. -Disse ao pegar o creme já batido das mãos da mulher e começar a decorar o bolo lindamente.- Feitiços de qualquer tipo mexem diretamente com a alma de uma pessoa, você sabe. Examine sua alma, pode acabar encontrando algo nela.

 

-Tem razão, aquilo pode acabar significando alguma coisa.

 

 

 

Ela entrou em seu quarto e tirou seu vestido, ficando apenas com o corcet e suas roupas de baixo. Sentou-se na cama com a postura rija fechando os olhos tentando relaxar e esvaziar sua mente ao máximo. Nunca tentara entrar no Plano Astral. O Plano Astral é a camada mais rasa do mundo espiritual, que se conecta com o mundo físico pelo tecido da realidade. Por lá caminham fantasmas e almas perdidas as vezes usadas como espiãs por entidades malignas. Esse plano, apelidado de Mundo sem Cor, recebeu esse nome por tudo contido nele não pertencente ao mundo físico não possuir gravidade e o mesmo possuir um tom cinza e sem vida.

 

Era a primeira vez que tentara entrar lá, segundo os livros que lera era particularmente difícil para um iniciante, já que é preciso entrar em um estado de meditação intensa o que leva vários anos de treinamento, mas para Abgail foi incrivelmente fácil, o que a causou confusão e estranhamento. Abriu os olhos percebendo que flutuava sobre a cama, olhou para baixo e viu uma fina linha azul partida de seu corpo físico, imóvel, indo até sua alma. Sentiu-se assustada ao lembrar que qualquer um com uma adaga encantada poderia romper a linha e matá-la, mas logo riu de sua estupidez ao lembrar que ninguém naquela casa deveria ter algo como aquilo.

 

Olhou suas mãos maravilhadas logo se lembrando do por que estava lá. Flutuou até a mesa assustando-se por sua falta de reflexo logo lembrando que espelhos só refletiam o que havia no mundo físico. Lembrou-se de sua missão naquele plano logo olhando para suas pernas. Suspirou tristemente ao ver que a maldita fênix ainda estava lá. Estava marcada até a alma. Iria voltar para seu corpo quando teve a brilhante idéia de descobrir coisas sobre aquele Plano ela mesma.

 

Atravessou a porta de seu quarto logo se dirigindo onde as empregadas ainda trabalhavam, podia vê-las e também suas almas dentro de seus corpos que não passava de uma mancha azul dentro de seus corpos, emanava energia pura. Quanto mais forte a alma da pessoa mais intensa e detectável era sua energia, porém almas assim eram particularmente raras e chamavam intensa atenção no mundo espiritual. Estava se aproximando quando sentiu alg. Uma energia negativa forte e poderosa, cheia de ódio, rancor e mágoa. Aquilo a deixou intensamente assustada e nervosa, sentiu sua alma se abalar e quase vacilar voltando automaticamente para seu corpo.

 

Entrou novamente seguindo o rastro de energia que ia desde a cozinha até o escritório de Ciel, tudo dentro de si a dizia para não entrar e pensou bastante antes de fazer o mesmo, afinal o que quer que estivesse atrás daquela porta era forte e poderoso. Respirou fundo e logo entrou vendo uma enorme massa negra ao lado de Ciel. Braços afiados e escuros saíam da mesma ocupando quase todo o espaço dentro da sala. A energia daquele ser a atingiu como uma bala a fazendo tremular e cair no chão, apavorada. Fitou os olhos vermelhos como fogo do demônio que olhava Ciel.

 

Repentinamente tudo aquilo acabou, os braços voltaram rapidamente para a massa que sumiu gradativamente até sumir, e lá estava Sebastian sorrindo para seu mestre. Ele não tinha o brilho azul de uma alma humana, não possuía brilho algum mas também a energia escura havia desaparecido completamente e aquilo a deixara apavorada. Os olhos dele mudaram de forma para um risco negro mas Abgail sabia que estavam vermelhos  e ele a via mas logo o conde chamou sua atenção e eles voltaram ao normal. A feiticeira estava em choque quando passou a olhar Ciel.

A sua alma possuía um azul intenso e cintilante, maior que o de uma pessoa normal ocupando quase todo o seu dorso. Com a energia do demônio desaparecida podia agora sentir a do Conde, que era intensa e incrível mas logo ela também desapareceu, sendo contida por algo. Um sinal vermelho começou a pulsar sobre seu olho, completamente visível mesmo com o tapa olho, um pentagrama com diversas inscrições na língua dos demônios. Abgail temeu ler, aquilo poderia irritar profundamente o demônio. Para qualquer feiticeiro sensato a última coisa que se deve fazer é irritar um demônio.

 

Sua alma tremulou e antes que pudesse pensar no que estava havendo o cordão azul em seu corpo a puxou com fora, passando por todas as camadas da mansão até seu quarto, onde entrou abruptamente em seu corpo com velocidade e força. A mulher puxara o ar para seus pulmões com força engasgando-se no processo logo tossindo fortemente. Lagrimas caíam de seus olhos enquanto a mesma tentava recobrar a razão. Sentia o ambiente estranhamente abafado, logo percebendo que soava. Tomou um copo de água rapidamente da jarra da cômoda logo levantando-se cambaleante, convenceu-se de que era apenas por ter ido ao outro Plano.

 

Aquilo sem dúvidas esclarecia muita coisa. Sebastian havia mostrado sua verdadeira essência  para a mulher, ele queria que ela soubesse, mas agora tudo o que ela desejava era jamais ter visto aquilo, ver uma entidade demoníaca pode abalar verdadeiramente uma pessoa.

 

 

Capítulo 13

 

 O homem finalmente chegara ao subúrbio de Londres, mesmo correndo o dia e a noite toda ainda valera a pena. Mal se lembrava da última vez que correra daquele jeito, seus músculos estavam ficando desacostumados o que o garantiria uma bela dor na manhã seguinte mas não estava preocupado, já havia passado coisas piores e aquela altura aquilo não era nada. Agora andava calmamente, sem querer chamar atenção das mulheres que lavavam roupas nos tanques da vizinhança mas era quase impossível. Estava vestido como um homem da alta sociedade.

 

Finalmente havia chegado a casa de Antônio, muito provável que o mesmo ainda estivesse lá, o dia havia acabado de raiar. Havia sido uma noite corrida para ambos os dois, principalmente o que acabara de se divertir com uma prostituta e estava a olhá-la se vestir mandando beijinhos para a mesma que sorria para ele. Lucius bateu fortemente a porta chamando a atenção dos dois, a mulher assustada se escondeu perto do armário e o homem se levantara pegando uma antiga arma em um vaso de flores murchas. A porta se abriu rapidamente e uma arma saltou para fora direto na testa do visitante que sorria abertamente.

 

-Bom dia.

 

-Ah, Lucius, se estava tentando me matar do coração quase conseguiu. –Disse a sentar-se em um banquinho e servir-se uma bebida.

 

–Eu até lhe convidaria pra beber mas a Carrasca deixa a sua coleira bem presa. –Rio do próprio comentário observando a mulher sair de fininho mandando um beijo pra ele.

 

-Pois até eu acho mais seguro assim. –Respondeu permanecendo de pé e olhando em volta. –Foi muito difícil te achar dessa vez, andou tentando se esconder de mim?

 

-Oras, eu só pensei, se um demônio de quatro patas pode me achar facilmente melhor eu tomar uma providência quanto a isso. Mas agora me diga... O que ela quer de mim? –O olhou virando o copo de uma vez e puxando o ar pra seus pulmões diretamente. –Uf... Green Owl é realmente forte, vai pra minha lista de compras. –Rio.

 

-Eu gostaria de saber Senhor Antônio se algum de seus companheiros teve envolvimento no incidente que ocorreu em Liverpool a algum tempo. –Acabara de assumir tom formal dando mais ênfase a conversa.

 

-Adoraria dizer que sim, mas quem quer que tenha feito aquilo queria que soubéssemos e somente aquilo. Conseguiu burlar meus homens durante muito tempo mantendo-se nas sombras com navios fantasmas e tripulação única.

 

-O que isso significa? –O olhou mais seriamente.

 

-A mesma tripulação que vai volta por isso não sabemos ao certo a que navil pertence, não podemos seqüestrar nem um homem a bordo também. Estamos tentando achar o lugar onde ele descarrega e tenho certeza quase absoluta de que não é no porto, deve ser em outro lugar.

 

-Então um pedaço do trajeto da carga pode estar vindo por terra.. Melhor seja que investiguem isso também. Ah, minha senhora lhe mandou um presente. –Tirou de seu fraque uma garrafa de vinho com um pequeno bilhete ao redor de sua rolha e lhe entregou. O homem leu o bilhete e abriu um leve sorriso. Leu a inscrição no vinho Red Owl 1812.

 

-Ela sabe o que é bom. –Disse ao arrancar o bilhete e guardá-lo no bolso. –Qualquer dia me ensine esse truque Lucius.

 

-Só ensinarei quando ficar sóbrio. –Rio vendo seu companheiro alisar seu bigode grisalho contrariado logo se dirigiu a saída. –Se apresse, isso já está demorando de mais.

 

 

Elizabeth observava os pequenos flocos de neve caírem  um pouco trêmula, não pelo frio e sim pelo choro. Amaldiçoou-se por ser tão sentimental e fraca e voltou a olhar o porto e os navios que partiam de lá. Encheu outro copo e o bebeu sem parar pra respirar, sua garganta já ardia o que era bom, queria estar embriagada todo o inverno e só acordar na primavera, sua cabeça explodiria mas ao menos ela não lembraria de nada.

 

Nem uma pessoa além de Lucius sabia o real motivo da condessa viajar tanto, não era para visitar as outras cedes de sua empresa espalhados na Europa ou pra realizar os caprichos da rainha, Elizabeth queria ficar o mais longe possível da Inglaterra e das memórias perturbadoras que a mesma lhe trazia. Agora com esse novo caso e Ciel apertando sua mente estava confinada, engaiolada, com todos os tipos de pensamentos a perturbando todas as noites. Gostaria de ser como Ciel.

 

Seu próprio pai pouco antes de morrer lhe contara o que havia acontecido com a mansão Phantomhive e os pais de Ciel, aquilo pareceu ser uma grande perda para seu pai já que ele e Vincent pareciam ser amigos. Naquele dia não conseguiu evitar sentir uma profunda pena por Ciel e um forte desejo de serem amigos na sua inocência de menina mas mal sabia ela que assim como aquele garoto veria o inferno em pouquíssimo tempo. Mas se Ciel conseguia ser forte ela também conseguiria. Elizabeth é uma Arquifield e os Arquifield  jamais se deixam vencer .

 

Pegou a garrafa na beirada da mureta da varanda e a jogou o mais longe que podia, quase acertando em cheio a cabeça de um homem desatento que andava pela rua, antes de sequer pensar em voltar para a mansão teria de restaurar sua sobriedade e fazer algo ainda mais importante, algo que jurara jamais fazer.

 

 

A mulher chegara a antiga mansão Arquifield, nada lembrava seu antigo resplendor, tudo o que restava da antiga mansão eram paredes negras de tão queimadas, a vegetação se prendeu nas paredes exteriores e uma árvore acabara por nascer bem em sua entrada. A mulher foi caminhando para dentro lentamente com medo de cair ou o chão ceder abaixo de seus pés mas aos poucos fora percebendo que aquilo não ria acontecer. Quase nada dos andares superiores havia restado mas felizmente a escada ainda estava de pé, queimada e esburacada mas ainda estava.

 

Elizabeth subiu com cuidado e delicadeza, as memórias boas e infelizes  voltando a sua mente muito rapidamente. Não haviam muitas opções de onde ir e antes que percebesse estava no antigo escritório. Da janela que ficava atrás da mesa de seu avô não restava nada, somente um grande buraco onde a luz invadia e era possível ver o céu cinzento. Olhou em volta, não se lembrava muito daquele lugar, seu avô o proibira de entrar quando era criança depois de acidentalmente derramar vinho em documentos importantes da empresa. Mas lembrava-se muito bem de uma antiga pintura de sua avó, mesmo nunca a tendo conhecido já entrara no escritório varias vezes só pra olhar aquela pintura, seu sorriso gentil inspirava tanta confiança, era realmente uma pena não a ter conhecido.

 

Elizabeth virou-se para onde estava a pintura e como esperado nada havia sobrado, mas havia onde a pintura antes estava um pequeno  buraco, Elizabeth se aproximou curiosa olhando lá dentro onde havia um pequeno baú, mas o mesmo infelizmente estava trancado. O mesmo era de madeira verde, com alguns detalhes em prata pura incluindo o cadeado acoplado em sua estrutura. A curiosidade agora a consumia e a mesma agora saía da mansão rapidamente indo até a carruagem que a trouxera ordenando que a levasse de volta a mansão.

 

 

-Lucius, você sabe o que é isso? –Perguntou indicando o baú na mesa, agora limpo.

 

-Onde o achou senhora Elizabeth? –Perguntou inclinando-se para ver melhor o objeto.

 

-Estava no antigo escritório. –Disse a sentar-se olhando o objeto.

 

-Você voltou lá? –A olhou com um misto de curiosidade e surpresa com um incrível sorriso nostálgico em seu rosto.

 

-Sim, essa coisa me deixou incrivelmente curiosa Lucius, sabe onde está a chave? –O olhou interrogativa, com medo do mesmo a esconder. Lucius era super protetor, o que as vezes era muito inconveniente.

 

-Seu avô lhe deu a chave a muito tempo. –A olhou. –A senhora ainda a guarda?

 

-Chave? Mas meu avô nunca-... Espere um pouco.

 

Saio apressada de volta ao seu quarto, mexendo descontroladamente em seu armário onde algumas malas se quer foram abertas, abriu a maior de todas tirando algumas roupas mas logo viu o que procurava. Um pequeno baú rosa, decorado com flores de forma bastante infantil, Elizabeth o abriu e logo o virou na cama impaciente remexendo em pequenas conchas, pulseiras e brincos infantis até achar uma chave. Voltou correndo ao seu escritório onde seu mordomo a esperava. A curiosidade já a consumia aquela altura. Enfiou a chave na tranca dando um longo suspiro olhando Lucius e sua expressão impassível, girou a chave e abriu o baú tendo uma surpresa decepcionante.

 

-Cartas? O grande segredo era esse? –Suspirou decepcionada.

 

-Esperava algo mais emocionante? –A olhou.

 

-Esperava um verdadeiro segredo. –Disse a tirar algumas de dentro.

 

-Talvez até seja Senhora.

 

-O que? –Disse a virar-se, mas seu mordomo já havia partido. –Hump... Odeio quando faz isso Lucius.

 

O Mordo Lobo voltava ao escritório, já imaginando-o estar virado de ponta cabeça e estava. Várias cartas formavam uma linha ao longo da mesa enquanto outras estavam no colo de Elizabeth que lia uma enquanto segurava outra contra a luz virando o olhar várias vezes para a mesma. A marca d'água embaixo da assinatura do homem misterioso tinha a escrita "Anjo da Guarda" mas em algumas outras não tinha.

 

Poderiam ser duas pessoas diferentes? Mas a caligrafia era completamente idêntica, sem quaisquer traço de erro em qualquer letra e qualquer palavra. As cartas com a marca poderiam ter mais valor. Outra pergunta pairava sobre sua mente, por que seu avô não as havia destruído? Teriam elas a algum valor? Aquelas cartas tinham algum valor, só não sabia qual era.

 

Lucius cansara de observá-la, agora batera na porta já aberta anunciando sua presença logo fechando a porta, a mulher guarda as duas cartas em suas mãos na gaveta sem se importar com as outras caídas que logo foram pêgas pelo mordomo. Ela senta e observa a figura agora a sua frente incógnitamente, como uma criança que observa os pais procurando a melhor forma de lhes fazer uma pergunta. Lucius em resposta permite-se sentar um pouco relaxado a frente de sua mestra a olhando.

 

-Você sabe quem escreveu essas cartas? -Perguntou e o homem acenou negativamente

 

(Eu infelizmente acabei perdendo o final desse capítulo mas pelo que me lembro nada de realmente relevante aconteceu depois disso)

 

 

Capítulo 14

 

Era noite no cais, vários marinheiros comemoravam mais uma viagem bem sucedida e se gabavam da potência de seus novos barcos, a músicas tocavam altamente sem parar e seria um dia de lucro para as prostitutas, já que aqueles homem não sentiam um toque feminino a muito tempo. Noite mais corrida estava sendo para o jovem Piper e Antônio. Os homens vigiaram o barco atracado no porto durante dias e só hoje alguém saiu, seu porte era alto e robusto, trajava roupas nobres da marinha inglesa porém estava longe de ser um nobre, e freqüentava locais muito longe da dignidade da nobreza.

 

O trabalho estava sendo particularmente difícil pela paranóia do homem, olhando diversas vezes para trás ou até para os telhados. O homem não optara por usar uma carruagem, alugara um cavalo e fora por si só aquele bar no subúrbio, mas por que exatamente? Tirou o uniforme na porta do bar as trocando por roupas mais simples, o que era compreensível pois ninguém gostaria de entrar vestido assim em um ninho de foras da lei.

 

O homem entrou sendo seguido discretamente por Antônio. O jovem Piper teve de acompanhar tudo pela janela de fora por sua falta de idade.

Antônio sentara no banco do bar seguindo o homem pelo reflexo nas garrafas, o mesmo começou a conversar com algumas mulheres enquanto lhe eram servidos mais e mais copos cheios de bebida.

 

Antônio percebeu seu sotaque dos vindos da Holanda ao conversar com as moças, o homem não fez nada de mais naquele pequeno bar o que gerou um forte estranhamento para os dois agentes. Conforme o tempo ia passando até os marinheiros mais bêbados iam embora, acompanhados de prostitutas, mas o homem continuava sentado na mesa tomando seu caneco lentamente, a espera de algo.

 

O homem na mesa agora dormia silenciosamente, ou pelo menos fingia, para não gerar suspeitas. Até o dono do bar o chutar para fora como um cão, teve de se fingir de bêbado pra não levantar suspeitas. Saiu cambaleante andando até os fundos onde achou o adolescente sentado em um dos barris o olhando ligeiramente bravo. –Você viu algo que passou por mim?

 

-Não, nada. –Disse com seu forte sotaque francês. –Acho que vir aqui foi uma perda de tempo.

 

-Ele veio aqui só pra beber... Infernos!

 

-Oh... Qui est la dame? –Comentou o jovem rapaz a olhar a mulher que passava pelo beco que dava para os fundos. O rapaz correu sorrateiro para olhar melhor a mulher. Seus cabelos loiros desciam em pequenos cachos até seu busto e mesmo por trás pôde ver o chapéu vermelho que usava combinando perfeitamente com seu vestido. Ela olhou pra trás e o jovem teve de se esconder novamente mas logo voltou a espiá-la até quando entrou no bar.

 

-Que pedaço do paraíso. –Comentou Antônio atrás do jovem.

 

-Nem vem, eu vi primeiro. –Correu até a janela onde estava antes e passou a observar a mulher que ia até o homem.

 

O homem levantou-se ao ver a mulher que sorriu para ele e tocou seu ombro. Os dois subiram as escadas do estabelecimento até um dos quartos, o homem prontamente sentou-se na cama a espera de qualquer coisa que a dama a sua frente pudesse lhe fazer. Piper escalara pelos pequenos vãos das pedras na estrutura da parede de entrara, se apoiando em canos e até em um poste olhando agora os dois pela janela, pendurado em uma posição perigosa. A mulher desfilava pelo quarto olhando do aposento de forma esnobe, tocando em objetos alheios até finalmente se virar para o marinheiro.

 

-Tudo o que tem a me oferecer é essa espelunca?! –Sua indignação era clara e não mediu palavras. –Isso é tudo o que tem a me oferecer, depois de tudo o que eu fiz por você e ele?!

 

-Sinto muito mas se não quiser chamar tanta atenção é isso o que deve fazer... Madame. –Riu alto e grosseiramente vendo a mulher a sua frente corar de raiva indo até ele com fortes passadas sobre o piso de madeira.

 

-Escute aqui, rato, se dá valor a sua vida ou o que restou dela é melhor deter sua língua dentro da sua boca suja. –Falou ao segurar fortemente o pescoço do homem na sua vez de vê-lo corar. Acenou com a mão rapidamente e todas as cortinas do cômodo fecharam-se velozmente.

 

O garoto no lado de fora assustou-se, perdendo o equilíbrio de uma forma tão voraz que não conseguiu recuperá-lo de forma alguma caindo pra trás. Seu triste destino teria sido o chão se o mesmo não tivesse se agarrado a um poste com todas as forças deslizando até o chão com um sorriso no rosto. –Não deves se preocupar caro Antônio, Piper sempre tem tudo sobre controle.

 

-O que viu? –Olhou o jovem o levado ao beco novamente.

 

-Nada de mais, só parece que ele veio aqui somente para encontrar com aquela mulher, sem dúvidas ela vai se hospedar aqui.

 

-Se hospedar aqui? Ela tem jeito de nobre. Deve ter ficado furiosa. –Antônio começara a andar sendo seguido pelo garoto.

 

-E ficou, só faltou matar o homem. Onde vamos?

 

-Onde vamos não, onde eu vou. Você fica de guarda vigiando tudo.

 

-O que?! Mas isso é chato, por favor deixe-me ir contigo.

 

-Você não disse que queria ser meu ajudante? Não era você quem iria fazer tudo o que eu mandasse? –Rio tirando o chapéu  acenando para o garoto. –Au revoir et à bientôt.

 

Elizabeth,

Levou algum tempo até finalmente alguém sair daquele maldito barco, e quem saiu foi justamente o capitão. Eu o segui eu mesmo até uma espelunca perto do cais, ele içou até o amanhecer e quando saímos uma dama apareceu ao seu encontro. Ao que parece ele está hospedada lá. Agora mesmo tenho homens vigiando o navio e o bar a sinal de qualquer movimento.

                                                                                                                           O Bêbado Alegre

 

Ciel suspirou ao ler a carta, ao que parecia aquele barco ficava atracado por semanas inteiras no cais depois partia, supostamente esse era o barco que levava e trazia as mulheres, mas além não saberem quem é o verdadeiro responsável pelas viagens do barco sabiam menos ainda do responsável por tudo. Tudo apontava para a existência de alguma espécie de seira maligna mas ainda faltavam muitas evidências para terem certeza.

 

Mesmo com o símbolo da fênix estando naquele porão e Abgail ter visto a mesa de pedra com o suposto encantamento não poderiam apontar diretamente para uma seita. E mesmo que ela existisse por que uma seita seqüestraria mulheres para um suporto ritual em que fariam as crianças queimarem anos depois. Não fazia sentido, era somente uma carnificina macabra de adoração a um demônio. Isso fez Ciel lembrar de seu tempo cativo naquele lugar, das pessoas mascaradas e da sua dor, juntamente com o alívio depois de seu contrato ter sido firmado e saber que todas aquelas pessoas estavam mortas.

 

Se para a invocação de um demônio como Sebastian era preciso de um sacrifício humano talvez estejam tentando invocar outro demônio. Mas que tipo de demônio brutal precisa de tantos sacrifícios? Ainda mortos de forma tão terrível e desumana? As crianças estavam apenas no inicio de sua vida, o que gerou em Ciel um sentimento de vingança, queria achar o responsável por suas mortes e vê-lo queimar até morrer. Agora também precisariam descobrir o motivo de quererem supostamente invocar uma entidade demoníaca.

 

-Mas.. E se não for uma entidade demoníaca e sim divina? –Pensou alto Abgail.

 

-Muito pouco provável, nem uma espécie de invocação divina precisa de sacrifícios humanos ainda mais em quantidade tão grosseira. Anjos abominam sacrifícios humanos tanto quanto seu criador. –Respondeu Sebastian olhando a mulher.

 

-E se estiverem tentando trazer uma divindade etérea a vida? –O olhou.

 

-Divindade etérea? –Perguntou confusa Elizabeth.

 

-Depois explicarei. Mas se esse for o caso por que usar o símbolo de uma casta de demônios? Não faz sentido.

 

-Talvez o demônio esteja tentando trazer essa entidade de volta a vida ou algo do gênero. –Comentou Lucius.

 

-Claro, o demônio estando por trás disso explicaria isso, ele pode muito bem fazer algo contra a vida das crianças. –Falou Elizabeth.

 

-Mas... Demônios não podem fazer feitiços, ou podem?

 

-Não, esse dom foi reservado apenas a humanos. Apesar de demônios poderem usar sua energia para contaminar a mente humana e os obrigar a fazer coisas inimagináveis e suas ordas terem diferentes especialidades isso é impossível para um demônio comum, até mesmo para um Príncipe Infernal.

 

-Príncipe Infernal? Pensei que Lúcifer fosse o líder. –Comentou a mulher.

 

-Mas ele é o líder. O termo Príncipe do Inferno é usado por que cada um dos demônios controla um salão do inferno e as principais ordas de lá.

 

-Entendi tudo. –Ironizou Elizabeth.

 

-O inferno, assim como o céu, é dividido em camadas. Mais precisamente salões com diversas profundidades dependendo da gravidade do pecado, cada um contendo cada tipo de pecado, os salões também se dividem em camadas dependendo da gravidades de seus pecados como Ira, Inveja, Gula ou etc. –Explicou a mulher. –Em cada camada desses salões existe um tipo de demônio especializado em certos tipos de torturas reservadas as almas. E os demônios que controlam esses salões são os 7 Príncipes do Inferno, certo? –Olhou Sebastian que lhe confirmou silenciosamente.

 

-Confesso que é interessante, mas como tem certeza de que essas informações são verdadeiras?

 

-Mefistófeles nunca ensina a uma pessoa apenas aquilo que ela quer saber. –Rio ligeiramente Sebastian. –Faustos escreveu esse livro e tentou empurrar para o demônio em troca de sua alma. Mas ele mal sabia que demônios como Mefistófeles odeiam quem não os paga.

 

-Sebastian, responda-me uma coisa com completa honestidade se possível. –Disse Elizabeth chamando a atenção do mordomo. –Você é humano? –Um silêncio estranho foi percebido pela mulher até finalmente o mordomo responder.

 

-Sou o que o meu mestre desejar. –Respondeu pondo a mão no peito fazendo uma leve reverência. –Até um monstro se precisar.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, beijos.
Trap~


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