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História The boy in the suit - The boy in the suit - capítulo único


Escrita por: bruneviev

Notas do Autor


Provavelmente já faz mais de um ano que eu prometi postar isso aqui mas kk.
É gente, eu só cheguei a terminar de escrever isso aqui hoje, então, é.

Capítulo 1 - The boy in the suit - capítulo único


Acho que da próxima vez que um baile acontecer eu vou viajar e voltar sem aviso prévio.

Já não basta ter que quase morrer sufocado dentro de um terno, tenho que aguentar duas retardadas brigando por um secador de cabelo no banheiro da minha casa. Tomara que elas enfiem o dedo no tomada ou joguem o bendito aparelho na banheira, com água. Qualquer coisa que faça elas tomarem um choque e calarem a boca, porque eu não aguento mais.

- Pronto! Tá maravilhoso! - Minha melhor amiga diz, depois de ajeitar minha gravata, ignorando minha cara de bunda. - O que acham, meninas?

- Maravilhoso nem nascendo de novo, mas tá bom. - A xará da minha best zoa, rindo da minha cara.

- Maldade! - Gargalha Sophia, outra idiota.

De quem foi a ideia de trazer tanta mulher pra minha casa, hein? Eu ser gay não é motivo para o meu apartamento virar salão de beleza.

- Desfaz essa cara, Eduardo! Seu enjoado! Aproveita a noite pra sair da seca que tu tá, que tal? - Sabrina sai do banheiro, provavelmente depois de ter perdido a briga para Geovanna.

- Claro, vou pegar um monte de tio que não tem nada pra fazer e vai para o baile ficar bêbado. - Respondo com ignorância.

- A gente tá indo pra ganhar ponto extra, então é provável que muita gente da nossa idade vá também. - Camila argumenta. - Não é só nossa escola que existe nessa cidade, sabia?

Suspiro. Ou tento, já que mal respiro dentro dessa coisa. Sério, como as pessoas conseguem ficar com uma gravata apertada enforcando o pescoço desse jeito e um terno quente desse? Devia ser proibido isso.

As meninas já estavam praticamente prontas. Sabrina ainda tinha os cabelos molhados, esperava Geovanna terminar de se arrumar enquanto passava um batom vinho nos lábios. Por falar na loira, ela secava os cabelos no banheiro, deixando-os mais lisos que cacheados. Enquanto Camila Alves - minha melhor amiga - calçava os sapatos, a outra Camila passava rímel finalizando sua maquiagem. Já Sophia estava jogando no meu console enquanto esperava as gatas borralheiras da casa se transformarem em princesas.

Eu apenas lamento, pois sei que meu quarto vai ficar uma zona e nenhuma dessas pestes vai me ajudar a arruma-lo depois do baile.

E que grande ideia horrível eu ter escolhido ser burro. Poderia estar deitado, quem sabe dormindo, ou então assistindo uma ótima série nova da Netflix. Ser inteligente e não precisar de pontos extras, consequentemente sem precisar ir a um baile cheio de idoso comemorando sei lá o que no outono - outono cara, nem pra ser verão, já pensou uma festa na piscina? - vai ser minha meta para o ano que vem. Lógico, eu não vou conseguir cumpri-la, mas tentar e falhar é melhor que não tentar.

-

Eu devo ser uma piada, não é possível.

Invadem minha casa, abusam da minha hospitalidade, me enfiam em um terno desgraçado para ir a um baile sem graça e ainda roubam meu carro.

Eu com toda certeza sou uma piada.

- Eu não vou no banco de trás.

- Sim, você vai.

- Não, nem que me obriguem.

Foi o que eu disse antes da Sabrina me enfiar no carro à força - no meu carro - e sentar no banco do motorista, que tecnicamente era para ser eu.

E agora cá estou eu, sufocado por causa do terno e por estar dividindo o banco de trás com outras três garotas.

E olha que eu não pude nem abrir o vidro da janela, já que segundo as moças, “o vento estragaria o penteado delas”.

Esmagado, sufocado, abafado; parabéns Eduardo Gusmão, você é um cara de sorte.

A viagem felizmente não demorou muito, já que o baile aconteceria na quadra da escola a qual eu frequento, esta que é relativamente bem próxima da minha casa - dá pra ir a pé.

Abri a porta do carro e desastrosamente fui o primeiro a sair. Respirei fundo, tentando aproveitar do ar fresco que se espalhava nesse fim de tarde. Admirei o horizonte, o Sol que iluminava alaranjado dentre os diversos prédios e casas e as nuvens fofinhas que se coloriam em tons de laranja e rosa. Seria ótimo se eu pudesse apenas ficar ali, sentado na calçada, de preferência com essa blusa social desabotoada encarando o céu até o baile acabar.

Mas tanto esse pensamento quanto o fato de eu encarar o horizonte não duraram muito.

- Vambora, Duduzinho! O baile nos espera! - Camila segura meu ombro e me puxa pelo tecido do terno em direção à quadra.

- Uhul. - Ironizo, fingindo animação.

Subimos uma escada de poucos degraus, nos deparando com um portão de grade entreaberto que dava para um jardim. O jardim era bonito, bem cuidado, e calmo. Havia poucas pessoas sentadas na grama, alguns conversando, outros se beijando - o que é uma surpresa sabendo que o baile começou não faz nem meia hora, e alguns sozinhos bebendo. Queria eu fazer parte desses “alguns”.

Cruzamos o jardim e nos deparamos com outra escada, de dois espaçados degraus que levava para uma porta dupla, esta que estava completamente aberta. Havia uma faixa enfeitada por girassois acima da porta, onde estava escrito “entrada para o inferno”. Mentira, estava escrito “baile de outono”, mas para mim, dá no mesmo.

Finalmente pisamos dentro da quadra. Ela estava toda enfeitada por girassois e cores quentes: laranja, amarelo, marrom e vermelho. No centro da quadra havia um espaço aberto para dançarem, ao redor deste encontravam-se toalhas de mesa laranjas e amarelas cobrindo os móveis de madeira escura. As cadeiras eram tão escuras quanto as mesas e continham assentos almofadados de tom avermelhado. Lá na frente, onde podia-se ver um palco decorado de flores, estava uma banda tocando umas músicas alternativas brasileiras. Admito que eu não sou muito fã desse tipo de música, mas é um som legal, até conheço de cor algumas. Em frente ao palco, havia uma mesa retangular gigantesca cheia de comida, que seguia o padrão das outras: toalha de mesa vermelha em cima da madeira escura.

Quem decorou a quadra mandou bem, ficou bonito e sei lá, aconchegante?

- Caralho, olha aquela mina, mano. - Por incrível que pareça, não foi um cara que disse isso.

Camila Madeira tem uma facilidade incrível de pegar quem ela quiser. E por azar meu ou não, ela é bissexual. Ou seja, os caras bi com certeza vão na dela e eu fico aqui, igual um palhaço babando por eles.

Isso já aconteceu. Eu me apaixonei pelo ex dela, o Victor. Mas ele era um canalha, então eu acabei me livrando dele graças a ela.

- E lá vamos nós. - Sophia era melhor amiga dela, e sabia que teria que correr atrás da amiga a noite toda. Provavelmente ficaria sozinha no final, ou encontraria alguém para conversar. Porque por mais marrenta e chata que fosse, Sophia era carismática e fazia amizades facilmente.

As duas sumiram dentre as mesas e então sobrou apenas eu e a Camila. A Alves. Geovanna e Sabrina já tinham se separado de nós desde que pisamos no jardim. Pra onde elas foram? Só Deus sabe.

- Que tal se a gente sentasse pra beber? - Ela disse. - Vou buscar umas bebidas, e você acha uma mesa vazia pra gente.

Falando assim até parece uma santa. Mas ela só não sai na farra que nem as outras porque é comprometida. Christian, o namorado dela, é um cara até que legal. Eu não conheço ele muito bem, tive só uma primeira impressão dele, mas espero que ele seja tão fiel quanto ela, porque Camila é muito desejada pelos caras - e minas - da escola. Mas nunca o traiu com nenhum deles - e delas.

Concordei e fui andando pelo canto, para achar uma mesa que dê para a janela e de preferência uma janela aberta.

Enquanto procurava, pude ver no meio da multidão Geovanna dançando com uma taça de sei-lá-o-que na mão. A loira já parecia meio exaltada, e eu me pergunto como ela conseguiu se embriagar tão rápido assim. Geo sempre foi muito quieta antes de nos conhecer, mas com o passar do tempo ela foi pegando intimidade e descobrimos que ela é o verdadeiro capeta quando bebe. O que nunca demora muito pra acontecer, na verdade.

Meio perdido em meus devaneios, acabei me esbarrando feio em alguém.

- Ô buceta, Eduardo.

E esse alguém estava bem puto.

Era de se esperar, já que eu acabei derramando a bebida que ele trazia em nós dois.

E, bem, acontece que “ele” era “ela”.

Derramei vinho no vestido caro e brilhante da Sabrina.

Dei um sorriso amarelado e ela me encarou com uma careta de raiva daquelas. Sabia que, do mesmo jeito que Geovanna quando bebe vira o capeta, Sabrina quando fica com raiva vira o Lúcifer encarnado? Pois é.

- É uma pena, né? Um vestido tão bonito desse. - Ri sem graça, suando frio enquanto ando pra trás.

- Eduardo...

Olhei ao redor procurando uma solução enquanto puxava meu próprio colarinho que parecia me enforcar, de tão apertado que aquilo ficou de repente. Parecia se adequar a minha situação atual: prestes a me ferrar. Ou não, já que me deparei com uma perfeita solução, que estava mais pra uma desculpa.

- Opa, olha só, eu também me sujei, tá vendo? - Apontei em direção ao meu terno que, junto com minha blusa branca, estava sujo e manchado de vinho. - Vou ali no banheiro tentar limpar, e sugiro que você faça o mesmo, viu? Pode ser que se secar, fique manchado pra sempre.

Tá certo que essa última frase não ajudou muito, já que a morena ficou ainda mais irritada comigo, mas serviu como uma ótima desculpa pra eu fugir e me trancar no banheiro até amanhã, se necessário.

Sai quase correndo me esbarrando nas pessoas enquanto tentava escapar da endemoniada. Consegui chegar no banheiro com muito custo, por ter que passar pela pista de dança - onde eu quase morri sufocado por tanta gente - e pela fila de pessoas que esperavam para se servirem na mesa farta de comida. Dentre essas pessoas, estavam Camila e Sophia - provavelmente a Madeira conseguiu ficar com a garota e sumiu por ai, deixando a amiga sozinha - que me olharam confusas, já que supostamente era pra eu estar guardando uma mesa pra gente.

O banheiro era meio abafado, mas isso não seria um problema pra mim. Eu acho.

Fui até o espelho e desabotoei a blusa social, além de relaxar a gravata. Finalmente pude respirar. Obrigado, meu Deus.

Passei uma água no rosto e tirei o terno e a blusa para tentar lavar a mancha de vinho que se espalhou conforme eu corri. É, não deu muito certo e acho que acabei sujando a blusa mais ainda. Quanta sorte.

Sou brasileiro, e por isso eu deveria nunca desistir. Mas acima de tudo, eu sou preguiçoso e então deixei a ideia de limpar a blusa de lado na segunda tentativa.

Não poderia sair dali vestido com a roupa toda suja porque, além da Sabrina implicar comigo achando que eu teria mentido só pra escapar do sermão dela - o que não é de todo mentira, eu teria menos chances ainda de pegar alguém. Passou pela minha cabeça a ideia de vestir a roupa de um jeito desajeitado e sentar no chão do banheiro mesmo pra sei lá, dormir ou jogar alguma coisa no celular.

Parecia uma boa ideia, mas antes de tentar concretizá-la, acabei prendendo minha atenção em um cara refletido no espelho. Ele acabara de entrar no banheiro e olhava pra mim também pela visão do espelho.

E cacete, ele era gostoso pra caralho.

Não era o cara mais bonito que eu já vi no mundo, mas nossa.

E ele ficava muito bem de terno.

Bem até demais.

- Olá. - Ele me cumprimentou.

Oi, espera, ele me cumprimentou? Caralho, porra.

- Olá, oi, oi. - Gaguejei, admito.

- Vai ficar ai babando por mim a noite toda? - Ele deu um sorriso convencido.

E caralho, que sorriso lindo.

Babando?

- Babando? - Repeti em voz alta, igual a um mongoloide. Eu realmente estava babando.

Fechei minha boca e balancei a cabeça. Liguei a torneira, fazendo uma concha com as mãos e enfiando água na cara, pra ver se eu acordava.

- É. Eu sei que eu sou incrível, e gato, e perfeito... - Eita carinha convencido, hein. Pior que isso, ele falava igual a um demente, de um jeitão todo relaxado e esquisito. - E gay.

Mas opa.

Parece que o jogo virou.

Não é mesmo?

- Um gay convencido. - Sorri, exalando meu charme que eu esperava ter.

- E disponível. - Ele sorriu também, e foi aí que eu ganhei minha noite.

Bom, pelo menos eu consegui ficar no banheiro até o dia seguinte, sem precisar dormir pra fazer o tempo passar.

-

Sai do banheiro acompanhado do Felipe.

Acabei descobrindo o nome dele enquanto fazíamos pela terceira vez.

Já ele, já me conhecia. Descobri que ele estava afim de mim faz mó cota, e acabou entrando em contato com minhas amigas. Entendi agora o porquê de tanta insistência em me fazer vir pra esse baile.

- E aí, Edu. - Era Cami, sorrindo descaradamente pra nós dois.

- Dormiu aqui, senhorita Alves? - Perguntei sarcasticamente.

- Meu namorado acabou chegando ai depois que você sumiu. - Ainda com o sorriso de cúmplice no rosto.

- Era tudo armação, né? - Agora as peças se encaixaram.

- Ou você fode, ou você é fodido, meu caro. - Felipe me abraçou pelos ombros e me fez andar junto aos dois até a saída da quadra.

Sorri. Estava feliz, afinal sai da seca e ganhei pontos de graça na minha média.

Creio eu, que essa foi a melhor noite da minha vida.

Caralho, nunca me senti tão gay.

Mas isso não é uma coisa ruim.

Na verdade, é bom pra caralho.

Acho que da próxima vez que um baile acontecer eu vou obrigar todo mundo a ir comigo.

E dessa vez, eu dirijo.

-

 

 

 


Notas Finais


KKKKK eu achei tão divertido escrever isso.
Enfim, as personagens foram inspiradas em pessoas reais - do meu cotidiano - mas nada na história é verídico, ou seja, é apenas uma ficção inspirada na minha realidade.
Até algum dia, dois beijos.


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