- E ai, como foi passar uma semana vivendo na casa do Luke? - minha mãe pergunta
- Foi uma loucura. Eu já estava me sentindo uma prisioneira naquela casa.
- Mas você sabe que ele só estava fazendo isso para te proteger...
- É, eu sei, mas ele exagera as vezes. - falo pegando um pouco mais de sorvete.
- Bem... as intenções dele foram as melhores possíveis. Vocês brigaram?
- Não posso chamar a nossa divergência de opinião de briga.
- E como ele ficou por você estar voltando pra casa?
- Não pareceu gostar muito, mas o que eu poderia fazer? Não podia viver na casa dele pra sempre, mãe.
- Eu sei querida. Eu só espero que vocês não tenham brigado por causa de uma coisa boba. Embora seja normal em um relacionamento.
- Eu sei... - falo deitando minha cabeça em seu colo. - Como foi essa semana longe de mim?
- Um tédio total. Você é a alegria dos meus dias.
- Acho que você precisa arrumar um namorado, mãe.
- Não vejo necessidade disso, Emily. Eu estou bem assim.
- Eu sei, mãe. Mas você não sente vontade de ter alguém pra sair, fazer coisas de casal?
- Não, nenhuma.
- Ah, qual é, mãe. É normal sentir saudades de coisas assim.
- Mas eu não sinto. - fala indo para a cozinha, eu a sigo.
- Ele te machucou muito, não foi?
- Quem? - pergunta fazendo de desentendida
- Você sabe quem. O doador do esperma que poderia ter sido meu pai.
- Sim. - suspira - As vezes eu acho que vai acontecer a mesma coisa caso eu saia por ai e tente encontrar alguém.
- Mas você sabe que não é verdade. Você não pode comparar outros homens com ele, mãe. Ele foi um idiota, egoísta que só pensou nele.
- Eu sei, filha. Eu era nova demais e coisas assim acabam marcando a gente.
- Eu imagino. Então que tal se pegasse mais sorvete pra gente e voltássemos a assistir o filme?
- Dessa vez eu passo, preciso descansar. - ela fala e eu assenti - Você vai sair pra algum lugar amanhã?
- Sim. Eu vou sair com a Vivian, Michelle e Catherine para resolver coisas do casamento.
- Ser madrinha da um trabalho, não é?
- Você nem imagina.
- Certo... eu irei dormir, não fique acordada até tarde mocinha.
- Pode deixar, mãe.
- Boa noite, eu amo você.
- Eu amo você também, mãe. - falo e ela beija minha testa, indo embora logo em seguida.
Termino de assistir o filme e logo vou para meu quarto. Com certeza amanhã será um longo dia.
(...)
-Mamãe me disse que você e o Luke brigaram... ta tudo bem? - Vivian pergunta no dia seguinte quando estou no seu carro.
- Sim, tudo bem. É só seu irmão querendo ser o macho alfa de sempre.
- Típico do Luke. - fala enquanto dirige. - E o que foi dessa vez? Eu ouvi vocês discutindo mais vezes do que o normal essa semana.
- Bem... acredito eu, que você já sabe porque passei uma semana morando com vocês. - ela assente - E seu irmão não queria me deixar voltar pra casa. Disse que não era seguro.
- Certo. Mas você entende o porquê dele ter feito isso, não é? Ele te adora e só quer te proteger. Quando ele decide proteger alguém, é melhor sair de perto, porque ele não vai desistir.
- Eu sei... mas infelizmente não é uma batalha que ele possa lutar.
- Diga isso pra ele, e ele dirá que se a batalha é sua é a batalha dele também.
- É, eu sei. Típico do Luke.
- Agora vamos melhorar esse humor , porque temos muitas coisas pra fazer hoje. - Vivian fala e assenti.
Alguns minutos depois paramos no shopping e encontramos com a Michelle, e logo tratamos de ir a algumas lojas, pois a Vivian não parava de falar que precisava de roupas e lingerie novas. Uma hora depois saímos da loja com algumas sacolas e vamos para um buffet provar doces e salgados para o casamento, mas a Vivian acaba detestando todos eles.
- Por que não vamos almoçar? Depois voltamos a procurar um buffet, Vivian. - Cath fala.
- Ok, vamos. Eu já estou morrendo de fome.
- Você não é a única, então. - falo
- Então vamos logo. - Vivian diz e vamos para a praça de alimentação.
Meia hora depois todas estamos comendo e conversando trivialidades, coisas de casamento, lua-de-mel, e dezenas de outras coisas.
- Emily, sua mãe tem um buffet, não é? - Vivian pergunta
- Sim, a Sweet Love.
- Meu deus, como eu não tinha pensado nisso antes? Assim que terminarmos de comer, vamos para o buffet da sua mãe. Hoje está aberto, não está?
- Sim, o único dia que minha mãe não trabalha é aos domingos. Ainda não entendo como ela consegue trabalhar tanto assim. - falo - Eu fiquei lá por alguns dias e quase surtei. É bem trabalhoso.
- Mas você acha que sua mãe tem tempo disponível para me encaixar?
- Eu tenho certeza que ela tem. E o seu casamento é pra daqui a dois meses e meio, temos tempo. - falo.
- Ótimo. Por que eu tenho quase certeza que já tenho o buffet. - Vivian diz sorrindo e eu sorrio também.
Alguns minutos depois saímos do shopping e vamos até a loja onde compramos os vestidos de madrinha, já que eu e a Michelle precisamos vestir outra vez e ver se as medidas estão certas.
- Ta tudo certinho, só você que emagreceu um pouco, por isso o vestido está mais solto no seu corpo. - a dona da loja diz quando provo o vestido.
- Eu estive doente, por isso o vestido está mais solto. Acho que quando chegar o casamento ele vai estar perfeito.
- Eu também acho, mas caso isso não venha a acontecer venha novamente que eu irei apertar o vestido.
- Certo. - falo sorrindo e vou para o trocador tirar o vestido.
- Pronto, agora precisamos ir ao buffet e escolher os doces e salgados. - Vivian diz toda alegre e sorridente.
- Eu já enviei uma mensagem para minha mãe e ela disse que poderíamos ir que ela já deixou tudo pronto, todos os doces e salgados para festa de casamento.
- Ótimo! Então vamos logo.
Saímos da loja e vamos direto para a Sweet love. A Vivian estava incrivelmente animada, e não parava de falar o tempo todo. Era notável a sua animação, ela tinha passado a semana inteira indo à buffets o seu noivo Henry e nenhum dos dois tinham gostado ou aprovado nada; talvez por estarem nervosos ao perceber que o casamento se aproxima, ou talvez os doces não estavam do agrado deles.
- Vocês podem se sentar nessa sala. - começo - ela é especial para ocasiões como essas. Essa sala é apenas para degustações e coisas relacionadas a casamento. Vocês podem ver aqueles modelos de bolo ali na frente. - aponto para o lugar e elas assentem - temos imagens de outros modelos de bolos e de doces também. Fiquem a vontade pra olhar tudo, vou chamar minha mãe porque ela explicará melhor que eu. Volto logo.
Saio de lá e ando até a cozinha, procurando pela minha mãe.
- Boa tarde, mãe. - falo quando a encontro cozinhando.
- Oi filha, elas já chegaram?
- Sim, já deixei elas na sala das noivas.
- Ótimo, avise que já estou indo pra lá. Preciso só lavar as mãos e pegar o calendário.
- Certo, já estou indo. - falo e volto para a sala especial das noivas. - Minha mãe já está vindo.
- Eu já adorei esses modelos aqui, são perfeitos. - Vivian diz.
- Fico feliz que tenha gostado, porque eu trouxe algumas fotografias e já estarão trazendo as amostras de doces que separei. Vamos sentar? - minha mãe fala e todas nós sentamos.
Alguns minutos depois Greg aparece com todas as amostras que mamãe tinha separado. Falo rapidamente com ele e logo volto minha atenção para os afazeres de madrinha.
(...)
Duas horas depois temos escolhido os doces, salgados e alguns bolos. Foi uma tarefa árdua, tanto é que a Vivian acabou chamando o Henry para participar e nos ajudar na escolha. Era um doce melhor e mais gostoso que o outro, e não é porque é do buffet da minha mãe que eu digo isso, mas é porque os docinhos estavam realmente deliciosos.
- Se não tem mais nada para fazer, eu vou ficar aqui no buffet. - falo
- Luke vai ficar um louco atrás de você. - Henry fala.
- Digam a ele onde estou e pronto. Ele tem que largar um pouquinho do meu pé também. - falo e todos riem, logo me despeço deles e eles vão embora.
- Você quis ficar pra me ajudar?
- Não muito. Só queria ficar um pouquinho longe dessa família, eles as vezes me enlouquecem ao extremo.
- Sei como é. Então vamos entrar.
Entro com minha mãe e decido ajudá-la a fazer algumas tortas e bolos que estavam encomendados. O tempo todo converso e brinco com o pessoal, já que eu estava com saudade deles. No começo eles ficaram meio receosos em conversar normalmente comigo e até tirar algumas brincadeiras, pois minha mãe estava no mesmo ambiente que nós, e eles achavam que ela falaria algo, advertiria, mas foi muito pelo contrário, minha mãe entrou na brincadeira e logo todos relaxaram. Foi maravilhoso.
Por volta das 17:30 mamãe começa a fechar o buffet e temos uma surpresa quando estamos indo em direção ao carro.
- Será que eu poderia roubar ela um pouco, Angelina? - olhamos para trás e encontro Colin sorrindo com as mãos nos bolsos da calça jeans. Alguns anos atrás, vê-lo assim me deixaria babando, de quatro por ele, mas agora, eu não me sinto tanto dessa forma.
- É claro que sim, Colin. Só se você traze-la de volta pra casa inteira. - mamãe fala e eu reviro os olhos.
- Você tem minha palavra. - ele fala sorrindo.
- Tchau querida, tenham cuidado. - mamãe diz, beija minha testa e entra no carro indo embora.
- Eu não ganho nenhum abraço, nem um beijinho na bochecha? - pergunto como se fosse um garotinho bobo.
- É claro que ganha. - falo indo em sua direção e o abraço.
- Como você está? Eu soube que aquele filho da puta está de volta. Você até perdeu a festinha do Stefan.
- Eu sei, mas pedi pra minha mãe comprar um presentinho pra ele; eu não pude sair. - falo entrando no seu carro.
- Eu entendo. Ele ficou incrivelmente feliz por ganhar aqueles carros de controle remoto. - Colin fala dando partida no carro. - Você foi uma das poucas que não lhe deu algo tecnológico ou roupa, ele amou.
- Fico feliz em saber disso, devemos preservar a criança interior dele. Ele só tem 5 anos, merece ter uma infância parecida com a que tivemos.
- Uma infância épica.
- Exato! - falo - Onde você está me levando?
- Pensei em te fazer um jantar na minha casa, já que você é a única que ainda não conhece.
- Sinto muito por isso. Eu iria adorar jantar com você.
- Ótimo, porque você não tinha o direito de recusar. Você me deve. - fala sorrindo.
- Justo. Então vamos logo que eu estou morrendo de fome.
- Será um prazer alimentá-la.
Embora tenhamos nos afastado um pouco por um tempo, eu e Colin mantivemos nossa amizade como sempre foi. Nos conhecemos desde criança e Colin já esteve presente em praticamente todos os momentos incríveis da minha vida. E mesmo ele dizendo ainda ser apaixonado por mim, sempre colocamos a nossa amizade na frente desse suposto sentimento; essa é uma das razões por eu adorar tanto o Colin.
- Bem, o jantar está quase pronto. Fiz massa, já que você ama massa. - Colin diz quase uma hora depois que estamos no seu apartamento.
- Graças a deus, eu já estava esperando o momento em que eu desmaiaria no chão com fome. - falo e ele rir.
- Você ainda mantém o mesmo senso de humor. Adoro isso em você.
- Eu sei, idiota. Você não deveria está descanso para mais tarde ir para a boate?
- Um amigo meu está me ajudando hoje, então não tem problema.
- Ah, sim. - falo me sentando no sofá. - O seu apartamento é lindo. Estou arrependida de não ter vindo te visitar antes.
- Agora você pode vim quando quiser.
- Ok. Mas ligarei antes para você ter tempo de expulsar as vadias que você traz.
- Assim você me ofende. - diz sentando ao meu lado. - Eu não trago nenhuma vadia pra minha casa.
- Sério?
- Seríssimo. Aqui só trago as pessoas importantes pra mim. Não quero nenhuma vadia contaminando essa casa.
- Ahh, entendo.
- Você está linda, sabia?
- Obrigada. - falo quando ele se aproxima mais.
- É uma pena que não é minha.
- Colin... - falo quando sinto sua respiração em meu ouvido.
- Diga que você não quer ele... diga que você quer que eu te beije agora. Diga Emily.
- Colin... eu...
- Você quer sentir o gosto do meu beijo outra vez, não quer? - ele sussurra e morde de leve minha orelha, eu me arrepio toda - Você está arrepiada... você quer meu beijo... diga que quer.
- Colin, eu não.... - falo me virando para encara-lo e ele aproveita a oportunidade e me beija.
O beijo é calmo, lento e explorador; o que não me deixa raciocinar direito. Quando menos percebo estou no seu colo e Colin beija meu pescoço, só me desperto da luxuria quando ouço meu celular tocar.
- Meu deus, eu não acredito... - falo levando meus dedos para meus lábios.
- Emily.... - Colin fala quando me levanto e afasto dele.
- Meu deus, o Luke.
- Emily, eu...
- Eu traí o Luke. Meu deus, Colin.... - falo e meu celular volta a tocar. - É ele.
- Atende.
- Eu não vou conseguir.
- Vai sim, atende ou ele vai saber que algo está errado. - Colin fala e eu assenti.
- Alô?
- Ems, onde você está? Pensei que ficaria em casa.
- Eu... hmm... eu vim jantar com o Colin. - falo e ouço ele suspirar
- O Colin? O que gosta de você?
- Luke...
- Eu to indo te buscar.
- Não Luke, eu já estou indo pra casa, não precisa. - falo um pouco desesperada.
- Eu vou e ponto.
- Me espera na sua casa, então.
- Por que esperar em minha casa?
- Porque eu... eu quero dormir ai. - falo
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada aconteceu.
- Sua voz está estranha...
- Eu acho que to ficando resfriada, é isso.
- Tem certeza? Você não parece estar bem.
- Eu to sim, só quero passar um tempo com você.
- Isso está estranho... - ouço ele sussurrar. - Ok, vamos fazer assim, quando você chegar em casa me liga que ficamos por ai mesmo, ok?
- Certo, ok.
- Tchau Ems, tenha cuidando ao voltar pra casa.
- Eu terei. Beijo.
- Beijo. - ele fala e desligamos.
- Emily....
- Não Colin, eu estou indo embora.
- Por favor, fica, me desculpa.
- Você tem noção do que acabei de fazer? Eu traí meu namorado, Colin. Eu não sou assim.
- Eu sei, é minha culpa.
- Sim, a culpa é sua!! Eu nem acredito que te beijei, Colin... meu deus.
- Me desculpa Emily, eu agi no calor do momento. Me perdoa! Eu juro que não faço isso nunca mais.
- Eu vou embora, não vou ficar mais um minuto aqui. - falo
- Emily...
- Não vem com Emily, Colin. Você sabia que eu tenho namorado e ainda assim me beijou.
- Foi sem querer.
- Que seja, eu vou embora.
- Emily...
- Conversamos outro dia, Colin.
Saio do seu apartamento e vou para casa, onde chego 20 minutos depois.
- Que cara é essa? O que aconteceu? - minha mãe pergunta quando entro em casa.
- Nada mãe. - falo
- Aconteceu alguma coisa na casa do Colin?
- Não! - aumento o tom de voz e vou em direção ao meu quarto, onde encontro o Luke sentado na minha cama.
- Então... o que aconteceu??
(...)
Hoje é terça-feira e o Luke não fala comigo desde sábado, quando cheguei da casa do Colin. Dizer que ele estava chateado era um eufemismo, ele estava com raiva, puto e magoado. Ele sabia que o Colin tinha me beijado.... ter contado sobre o beijo pra ele foi uma das piores coisas que fiz na vida, a primeira foi ter namorado o Daniel, mas eu tinha que contar.
Ele foi embora na mesma hora e até agora não consigo falar com ele. Já fui em sua casa inúmeras vezes, já mandei mensagem, liguei, fui até na sua faculdade e em seu trabalho mas ele não queria falar comigo. Partiu meu coração.
Eu não entendi a sua reação quando falei do beijo. Tudo bem que se alguém soubesse disso ele se passaria pelo corno, pelo homem traído, e foi exatamente isso que ele me disse. Não sei por qual motivo mas quando ele saiu pela minha porta eu me sentia exatamente assim: que o tinha traído.
Eu pedi desculpas mas ele não me ouviu, me ignorou e foi embora. Não me deixou explicar um segundo sequer e agora, eu fico sem saber o que fazer.
Eu sou a errada pelo beijo que aconteceu?
Isso martela minha cabeça vinte e quatro horas desde sábado.
- Odeio quando você e o Luke brigam. - Logan fala quando saímos da escola naquele dia.
- Eu também odeio, Logan.
- O que aconteceu dessa vez? - Jane pergunta
- Nada.
- Isso é mentira, o que aconteceu? Você está abatida demais, parece que não come a dias.
E isso era verdade. Eu não comia direito a dias, mas isso eles não precisavam saber.
- Vamos lá, Emily. Somos seus amigos, pode nos contar.
Parei por um tempo e pensei se não era melhor eu contar tudo pra eles. Se não era melhor contar que meu relacionamento com o Luke era uma farsa.
- Eu e o Luke.... - abri minha boca pra falar, mas sou interrompida pelo toque do meu celular.
- Alô? - falo
- Ems... so-so-socorrooo.
- LUKE??
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